domingo, 9 de fevereiro de 2014

O Permanente e o Transitório


Vivemos em um mundo temporário, habitamos um corpo perecível e buscamos coisas efêmeras. Nada obstante, somos, em essência, permanentes, imortais. Percebe-se, então, um paradoxo entre o que somos e aquilo que buscamos. A esse respeito, encontramos, no Evangelho de Jesus, uma passagem muito profunda em que o Mestre nos ensina a dar importância àquilo que é do espírito, que não nos será retirado.

A passagem referida é a da visita de Jesus à casa de Marta e Maria. Enquanto aquela se preocupa com os afazeres domésticos, Maria se aproxima de Jesus para nutrir os Seus ensinamentos. Dessa forma, a primeira se sente incomodada por não receber a ajuda da irmã, porém Jesus a esclarece dizendo: "Marta, Marta, inquieta-te e te agitas a respeito de muitas coisas. Porém é necessária uma. Assim, Maria escolheu a boa parte, que não será tirada dela."

A partir desse ensinamento, depreendemos que existem dois aspectos que somos convidados a refletir, o aspecto do espírito e o da matéria. O primeiro é o permanente, enquanto o segundo, transitório e, o que de fato, nos atrai mais, pois, como nos esclarecem os Sábios Espíritos da codificação Espírita, nas perguntas 712 e 712a de O Livro dos Espíritos, Deus pôs atrativos no gozo dos bens materiais para nos instigar ao  cumprimento de nossa missão e também para nos experimentar por meio da tentação, servindo esta com o objetivo de desenvolvermos a razão a fim de nos preservamos dos excessos.

Para que possamos fazer a escolha entre o espírito e a matéria, Deus nos dotou do poder de decisão, ou seja, o livre-arbítrio. Entretanto, em decorrência do nosso nível evolutivo, vivemos uma inversão de valores, colocando aquilo que é supérfluo em primeiro plano em detrimento das escolhas permanentes, necessárias, essenciais. O Espírito Joanna de Ângelis, na mensagem "Psicologia da Oração", inserida no livro "Rejubila-te em Deus", corrobora essa questão ao nos dizer que "o ser humano, enriquecido pela faculdade de pensar e dotado do livre-arbítrio, que lhe proporciona escolher, atado às heranças do primarismo da escala animal ancestral pela qual transitou, experiência mais as sensações do imediato do que as emoções da beleza, da harmonia, da paz, da saúde integral."

Ao permanecer nesse caminho do imediatismo, das questões materiais, o ser humano se aproxima cada vez mais das mortes física e moral, conforme nos orientam os Espíritos na questão 714a da primeira obra básica kardequiana. "As doenças, as enfermidades, e, ainda, a morte, que resultam do abuso, são, ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da Lei de Deus.

Portanto, o grande convite é priorizarmos às questões do espírito, aquelas que são de natureza permanente, desenvolvendo as virtudes em nosso mundo íntimo, trabalhando pelo autoencontro amoroso conosco mesmo. Jesus, ao ser indagado pelo jovem rico, quais as condições para adquirir a vida eterna, respondeu: "vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me." Demonstrando que a renúncia aos bens materias é de fundamental importância para desenvolvermos a perfeição relativa do Espírito Imortal que somos.

Por Matheus Amorim

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