segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - O Livro dos Médiuns e a prática mediúnica - Leda Marques Bighetti

XXI - O Livro dos Médiuns e a prática mediúnica

As reflexões contidas nesta série, têm como diretriz e base "O Livro dos Médiuns", publicado em 15 de agosto de 1861.
Na tradução da Segunda Edição Francesa (Paris, 1862) da LAKE por J. Herculano Pires encontramos logo acima do nome de Allan Kardec a frase: "Espiritismo Experimental". Abaixo no título, em letras menores e entre parênteses ("Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores"). Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da Mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo. Continuação de "O Livro dos Espíritos".
Antes deste lançamento, havia sido publicado em 1858 um pequeno volume "Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas", sob a revisão pessoal de Allan Kardec, "com o concurso de Espíritos e acrescida de grande número de novas instruções" e elaborada essa edição definitiva tal como conhecemos e considerando superada o "Instruções Práticas".
O desejo desse novo trabalho era exatamente de que os espíritas estudassem, se aprofundassem na questão mediúnica, não ficando nas informações iniciais daquele pequeno volume, um livro importante sim, mas sintético.
Apresentado por Kardec como continuação de "O Livro dos Espíritos", onde "(...) grande parte da obra deles (...)" como podemos ler na Introdução. Os Espíritos o reviram, modificaram, aumentaram, acrescentando-lhe "(...) número muito grande de observações e instruções do mais alto interesse". O segundo volume da Codificação do Espiritismo é, como assinala Kardec, o desenvolvimento da parte prática da Doutrina. É o livro básico da Ciência Espírita, um tratado de Mediunidade indispensável a todos os que se interessam pela boa realização de trabalhos mediúnicos. A tese fundamental: existência do "perispírito", elemento de ligação do Espírito ao corpo material. Essa ligação, de tipo energético ou vibratório, é o princípio da mediunidade "(...) Assim como o nosso Espírito anima o corpo através do perispírito, constituindo em vida o que chamamos de alma, os demais Espíritos de mortos ou de vivos podem influenciá-lo. Em sintonia com o nosso Espírito podem mesmo utilizar-se do nosso corpo para as suas manifestações. Dessa maneira, a Mediunidade, é uma condição natural do homem, uma faculdade geral da espécie humana, que se revela em dois campos paralelos de fenômenos: os anímicos, decorrentes das atividades do nosso próprio Espírito fora do condicionamento orgânico; e os espíritas, decorrentes das relações naturais do nosso Espírito com outros Espíritos".
Por seu conteúdo "O Livro dos Médiuns" torna-se imprescindível à prática mediúnica; um livro que abre horizontes às concepções científicas dos nossos dias; alerta, chama a atenção daquele que se interessa pelo trabalho mediúnico face a necessidade do conhecimento, do estudo, das avaliações, do intercâmbio entre grupos, participação em seminários, palestras, trocas visando uma estruturação segura, um aprimoramento na qualidade do servir no amor.
Mas onde em "O Livro dos Médiuns" essas preocupações e cuidados se manifestam?
Todo conteúdo dele reflete, no ensinar, essa preocupação para que se conheça, de que haja preparo, que se faça melhor. Especificamente em várias seqüências, em muitos pontos encontraremos citações como: "(...) Sua finalidade (do livro) é indicar os meios de desenvolvimento da mediunidade em quem a possui, segundo as possibilidades de cada um, e sobretudo orientar o seu emprego de maneira proveitosa. Mas não é esse o nosso único objetivo. Aumenta todos os dias, ao lado dos médiuns, o número de pessoas que se dedicam às manifestações espíritas. Orientá-las nas suas observações, apontar-lhes as dificuldades que certamente encontrarão, ensinar-lhes a maneira de se comunicarem com os Espíritos, obtendo boas comunicações, é o que também devemos fazer para completar o nosso trabalho. Ninguém estranhe, pois, se encontrar ensinamentos que poderão parecer descabidos. A experiência, mostrará que são úteis. O estudo atencioso deste livro facilitará a compreensão dos fatos a observar (...)"
Mais adiante "(...) Dirigimo-nos aos que vêem no Espiritismo um objetivo sério, compreendendo toda a sua gravidade e não pretendem brincar com as comunicações do outro mundo".
Prossegue "(...) Acrescentaremos uma importante consideração: a de que as experiências feitas com leviandade, sem conhecimento de causa, provocam péssima impressão nos principiantes ou pessoas mal preparadas, tendo o inconveniente de dar uma idéia bastante falsa do mundo dos Espíritos, favorecendo a zombaria e dando motivo à críticas quase sempre bem fundadas. É por isso que os incrédulos saem dessas reuniões raramente convencidos e pouco dispostos a reconhecerem o aspecto sério do Espiritismo. A ignorância e a leviandade de certos médiuns têm causado maiores prejuízos do que se pensa na opinião de muita gente".
Nesse linguajar franco, nessas assertivas e exortações transcorre todo o texto. Uma das situações que é para muitos médiuns ainda causa de insegurança está há mais de cem anos ali esclarecida "(...) que a alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra (...)" ou que "(...) um médium de inteligência bem reduzida poderia transmitir comunicações de ordem elevada como também escrever numa língua que não conhece (...)" prosseguindo nas explicações de como, quando ou porque isso pode acontecer, evidenciando o papel do médium, as condições que ele necessita apresentar para que o exercício da faculdade atinja seus objetivos.
Esse médium conscientizado, no grupo também envolto nesse propósito, formará o "todo coletivo", será a conseqüência natural da vivência das instruções estudadas, refletidas. É por isso que, as reuniões espíritas diferirão uma das outras, segundo os propósitos daqueles que constituem, podendo dar-lhe a natureza "frívola", "experimental" ou "instrutiva", discorrendo em seguida sobre detalhes que caracterizam cada qual.
Sobre a importância do estudo e do médium estar ligado ao grupo na casa espírita "(...) o médium pode-se deixar enganar pelas palavras bonitas, pela linguagem pretensiosa, deixando-se seduzir pelos sofismas, tudo isso na maior boa fé. Eis porque na falta das próprias luzes, deve modestamente recorrer à luzes dos outros, segundo os ditados populares de que "quatro olhos vêem melhor do que dois" e de que "ninguém é bom juiz em causa própria". É desse ponto de vista que as reuniões são de grande utilidade para o médium (...)". Segue-se "(...) Todo médium que sinceramente não queira se transformar em instrumento da mentira deve procurar produzir nas reuniões sérias (...)".
E em relação às reuniões "(...) toda reunião espírita deve pois procurar a maior homogeneidade possível. Falamos, bem entendido, das que desejam chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis. Se simplesmente se quer obter quaisquer comunicações, não se importando com a qualidade, é evidente que todas essas precauções não são necessárias. Mas então não se deve lamentar a qualidade do produto".
"Se a reunião encaminhar-se mal (...) nada se diz, aprovando pelo silêncio? (...) o que fazer? (...)". Sobre os cuidados à admissão de novos elementos "(...) aqueles que mais particularmente se devem acautelar são as pessoas dotadas das idéias preconcebidas, os incrédulos sistemáticos que duvidam de tudo, mesmo da evidência, os orgulhosos que pretendem ter o privilégio da verdade e procuram impor sempre sua opinião olhando com desdém os que não pensam como eles. Não vos enganeis com seu pretenso desejo de esclarecimento (...)".
Oportuníssimas as reflexões próximas quando ressalta que instituições grandes ou pequenas não podem se esquecer, estarem vigilantes, atentas contra outra dificuldade onde os fatores de perturbação poderão advir também através do mundo invisível onde Espíritos malfeitores poderão ligar-se aos grupos e aos indivíduos. "Ligam-se primeiro aos mais fracos, aos mais acessíveis, procurando transformá-los em seus instrumentos e pouco a pouco vão envolvendo a todos, porque sua alegria maligna é tanto maior quanto maior o número dos que tenha subjugado".
Prosseguem pensamentos nesse enfoque chegando que "(...) o mais poderoso antídoto desse veneno é a caridade (...)". Não de deve pois esperar que o mal se torne incurável para aplicar o remédio. Nem mesmo se esperar os primeiros sintomas, pois é necessário sobretudo prevenir. Para isso há dois meios eficazes, quando bem aplicados - a prece feita de coração e o estudo atento dos menores sintomas que revelem a presença de Espíritos mistificadores.
A primeira atrai os Espíritos bons que só assistem zelosamente aos que sabem secundá-los pela confiança em Deus; o outro prova aos maus, que se puseram em relação com pessoas esclarecidas e bastante sensatas para não se deixarem enganar. Se um dos membros do grupo cair sob a influência da obsessão, todos os esforços devem tender, desde os primeiros sinais, a lhe abrir os olhos, antes que o mal se agrave a fim de levá-lo à compreensão de que foi enganado e ao desejo de ajudar os que procuram livrá-lo".
Nesse passar entre itens aqui e ali em "O Livro dos Médiuns"; dirigentes, médiuns, componentes dos grupos espíritas encontrarão indicativas de como fazer, da necessidade do conhecer, de estar alerta, na ênfase que dá quando reflete que "(...) a influência do meio decorre da natureza dos Espíritos e da maneira que agem sobre os seres vivos, Dessa influência cada qual pode deduzir por si mesmo as condições mais favoráveis para uma sociedade que aspire a atrair a simpatia dos Espíritos bons, obtendo boas comunicações e afastando as más. Essas condições dependem inteiramente das disposições morais dos participantes. Podemos resumi-las nos seguintes pontos:
  • perfeita comunhão de idéias e sentimentos
  • benevolência recíproca entre todos os membros
  • renúncia de todo sentimento contrário à verdadeira caridade
  • desejo uníssono de se instruir e de melhorar pelo ensinamento dos bons e aproveitamento de seus conselhos. Quem estiver convencido de que os Espíritos Superiores se manifestam com o fim de nos fazer progredir e não para nos agradar, compreenderá que eles devem se afastar dos que se limitam a admirar o seu estilo sem tirar nenhum fruto das suas palavras e só são atraídos às sessões pelo maior ou menor interesse que elas oferecem, de acordo com os seus gostos particulares.
  • exclusão de tudo o que nas comunicações solicitadas aos Espíritos só tenha por objetivo a curiosidade
  • concentração e silêncio respeitoso durante as conversações com os Espíritos
  • concurso de todos os médiuns, com renúncia de qualquer sentimento de orgulho, de amor próprio, de supremacia, com o desejo único de se tornar útil
Essas condições são tão difíceis de preencher que não se encontre quem possa satisfazê-las? Não pensamos assim. Esperamos pelo contrário, que as reuniões verdadeiramente sérias, como as já existentes em diferentes lugares, se multiplicarão e não exitamos em dizer que a elas o Espiritismo deverá sua mais ampla divulgação. Unindo os homens honestos e conscenciosos elas imporão silêncio à crítica e quanto mais pura forem as suas intenções, mais serão respeitadas, até mesmo pelos seus adversários. Quando a zombaria ataca o bem, deixa de provocar o riso e torna-se desprezível. Entre as reuniões dessa espécie e que se estabelecerão laços de real simpatia, uma solidariedade mútua, pela própria força das circunstâncias, contribuindo para o progresso geral".
Possam os tópicos transcritos, despertar no médium, no dirigente da casa espírita, no dirigente do trabalho e participantes do grupo mediúnico, o desejo de buscar em "O Livro dos Médiuns" a seqüência, o aprofundamento dos assuntos abordados, formando grupos de estudo, suspendendo trabalhos, se essa for a necessidade reestruturar, mudar, organizar segundo as orientações de Allan Kardec. Que suas palavras continuem a nos exortar, ainda mesmo quando escreve: "Diariamente a experiência confirma a nossa opinião de que as dificuldades e desilusões encontradas na prática espírita decorrem da ignorância dos princípios doutrinários. Sentimo-nos felizes por verificar que foi eficiente o nosso trabalho para prevenir os adeptos quanto aos perigos do aprendizado, e que muitos puderam evitá-lo com o estudo atento desta obra (O Livro dos Médiuns).

Bibliografia:

  • O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Introdução, cap. XIX: 222, 223, 224 e cap. XXIX: 325 a 341.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica -- Reunião Mediúnica Espírita - II - Leda Marques Bighetti

XX - Reunião Mediúnica Espírita - II

Haveria outros aspectos a serem observados nos trabalhos, sejam eles de educação mediúnica ou das reuniões propriamente ditas?
Sem dúvida. Além desse processo educativo a desenvolver-se no campo íntimo do médium, alguns outros cuidados são importantes como um local que ofereça condições básicas de:
  • silêncio, arejamento, iluminação, higiene, espaço, etc.
Importa sobremodo o estabelecimento de horário para início e término das reuniões porque:
  • os responsáveis espirituais não podem ficar à nossa disposição.
  • os participantes encarnados também têm hora e outros compromissos particulares a atender.
Dessa forma - o horário das reuniões deve ser rigorosamente observado, lembrando que ao chegarmos ao local das reuniões, todo um contingente de desencarnados já está a espera, trazidos pelos amigos espirituais, ansiosos por ajuda, socorro, auxílio. Lembrar que os mentores espirituais nunca se atrasam, daí não retardar o início dos trabalhos para esperar este ou aquele, não se aceitando a participação dos retardatários que além de não terem participado da preparação inicial, ainda interrompem a concentração daqueles que já estavam unidos. Na quebra desse clima, série de emoções despertadas muda o clima espiritual, produzindo oscilações diferenciadas de variável intensidade.
Recomendável portanto, que se chegue dez, quinze minutos antes do início, tempo este que não é para ser usado em conversas estranhas à finalidade da reunião ou às efusões dos reencontros, mas, para ensejar algum descanso e preparação da mente, ocupando-se de leituras evangélico-doutrinárias ou simplesmente no aquietamento da meditação.
Entender o porque de todos esses cuidados e detalhes, só o estudo prévio, que esclarece e instrui, leva a que se compreenda que esse respeito não se constitui imposição ou arbítrio de um dirigente exigente mas compromisso para o equilíbrio vibratório do todo.
b) A reunião mediúnica de socorro espiritual/desobsessão há que ter um dirigente para coordenar exatamente os detalhes referentes ao campo material. Para isso precisa de alguns requisitos:
  • conhecimento doutrinário, para poder entender e agir frente a cada circunstância surgida bem como proceder as avaliações.
  • qualidades morais que o capacita através do exemplo a servir de estímulo aos demais participantes. (ver O Livro dos Médiuns - 279)
  • facilidade de expressão e clareza das idéias para diálogos com encarnados e desencarnados.
  • trato fraterno, com firmeza ou tolerância, conforme for a necessidade.
Suas funções serão as de despertar e manter a boa vontade do grupo. Interessando-se por todos, procura orientar o estudo doutrinário, representando para os encarnados a direção espiritual.
Na reunião, preside os trabalhos mantendo a calma e disciplina no ambiente. Caso haja necessidade intervém, tanto em relação aos Espíritos, como médiuns ou demais participantes, procurando despertar para um desempenho cada vez melhor, no aprimoramento pessoal através do dia-a-dia, nas atitudes comuns, de quem se renova no Bem.
Jamais será ou deverá ser considerado como alguém superior aos demais componentes do grupo; ele está sim, investido de maior parcela de responsabilidade, cabendo-lhe estar atento e ativo.
Um dirigente, por isso mesmo, não funcionará como médium. Como cuidará dos detalhes, acontecimentos, situações que normalmente ocorrem se como médium deve abandonar-se, confiar, ser instrumento e servir? Como exercer as duas funções ao mesmo tempo. Outras reflexões a respeito do dirigente das reuniões "Conduta Espírita" aprofunda em belíssimas exortações que encerra com "(…) fugir de julgar-se superior somente por estar na cabina de comando. Não é a posição que exalta o trabalhador, mas sim, o comportamento moral com que se conduz dentro dela".
Quanto aos médiuns, as reuniões que visam o diálogo com Espíritos, basicamente serão médiuns de psicofonia. Para atuar no trabalho mediúnico espírita, precisa ele ter a experiência (daí mais uma vez a necessidade da educação mediúnica) conhecimento doutrinário e boa moral.
Como conhecer ou verificar se o médium possui essas qualidades?
Em "O Livro dos Médiuns - 2.ª parte - cap. XVII - 200" ensina-nos que experimentar será o melhor meio de avaliar. Daí, antes de se colocar o médium em trabalho efetivo, observá-lo em tempo de estágio, com avaliações/conversas constantes onde de ambas as partes serão aferidas/avaliadas disposições para integração ou não no grupo.
É necessária uma mesa? Necessariamente não. Ela apenas oferece maior apoio e conforto aos participantes que se sentam ao seu redor. Os lugares necessariamente não precisam ser fixos. Normalmente as pessoas se habituam e invariavelmente ocupam os mesmos lugares, não sendo isso, causador de aborrecimento se alguém ocupar-lhe o lugar de costume ou o dirigente fizer alguma modificação.
O que determina a ligação dos Espíritos com os médiuns, será a sintonia mental, a afinidade fluídica e não o lugar que ocupe à mesa.
As atividades do intercâmbio entre encarnados e desencarnados se desenvolvem em campo fluídico e não apenas no espaço físico da sala. Aí estão ou permanecem Espíritos que servem, trabalham, ajudam, aprendem e os que são trazidos para tratamentos e esclarecimentos.
No intercâmbio das trocas fluídicas entre encarnados e desencarnados, providências delicadas se desenvolvem como:
  • coleta de energias animalizadas.
  • cirurgias/tratamentos perispirituais.
  • diminuição das fixações mentais.
  • regressão de memória.
Consta ainda a instalação de aparelhagem fluídica especial, formação de quadros fluídicos onde o comunicante vê as próprias situações vividas, facilitando o entendimento das dores, com que conviveu ou convive. Recorde-se que todo esse tratamento não é improvisado mas atendem a uma programação do mundo espiritual e que já está todo preparado para ser usado no momento do atendimento. Inclusive o painel, a terapia a quem essas providências se destinam pode já estar ligado ao médium antes da reunião. Daí mais uma vez a importância da assiduidade dos médiuns, tanto o que intermediará a comunicação como aquele que vai conversar. Para melhores e maiores detalhes estudar o cap. VI de "Memórias de um suicida".
O componente de um trabalho mediúnico, no dia da reunião, desde a noite anterior, unir-se ao grupo, situando-se mentalmente na sala mediúnica, lembrando os companheiros encarnados, confiando-se aos amigos espirituais. Durante o dia, exercer as atividades comuns da vida em si, em doce vigiar espiritual, mais cuidadoso nas palavras, ações, sentimentos, pensamentos, evitando excessos, buscando manter-se sereno bem disposto para a tarefa espiritual.
Durante a reunião, asserenar o íntimo, esquecer as preocupações pessoais, sentir-se amigo, fraterno, solidário. Abandonar-se e servir dentro das leis divinas na constante sintonia com os Espíritos Superiores.
Iniciada e encerrada por uma prece, qualquer dos componentes pode fazê-la de forma simples porém partida do coração.
Normalmente antes da prece, inicial é feito o estudo doutrinário seguido do texto evangélico também feito por todos, cada um à sua vez, dando oportunidade a todos, nas discussões, conversas que esclarecem, fortalecem e unem.
"Abrir e fechar os trabalhos mediúnicos, no campo material compete ao dirigente encarnado e no plano invisível aos dirigentes espirituais".
Não há necessidade de se evocar, exigir ou esperar que os Espíritos dirigentes se manifestem, para termos certeza de que eles aí estão ativos e atuantes. É prática portanto, desnecessária chamar os Espíritos "protetores" para que dêem comunicações/orientações. Espontaneamente, caso haja necessidade, algum médium receberá um Espírito que fará exortações, sempre gerais, nunca em particular. Esse geral, porém, será tão abrangente que cada um entenderá a mensagem como se fora ela direcionada a si.
A prece de encerramento agradecerá a Deus, aos Bons Espíritos, as bênçãos recebidas, pedindo que os Espíritos necessitados, ali trazidos, possam continuar sendo socorridos e atendidos segundo suas necessidades.
Encerrada a reunião, avalia-se desempenhos dirigente/médiuns/atendentes em relação a providências, encadeamentos e atitudes havidas. Não é o momento de se contar "casos" atendidos que somente serão trazidos ao conhecimento do grupo, quando pelo inusitado, pela peculiaridade, houver sido dada permissão pelo Espírito para esse tipo de comentário onde se tornará conhecida pelos outros suas dores e problemas.
Ao sair, evitar os grupos que se detém na porta do Centro, cada um, voltando feliz para seu lar, num trabalho que continua se nos dispusermos para tal.
Assim, na reunião mediúnica ou no preparo para ela, "(…) estudar sempre e incessantemente a fim de amar com enobrecimento e liberdade" preparando-se sempre para servir melhor.

Bibliografia:


  • Celeiro de Bênçãos - D. P. Franco, pág. 33
  • Pureza Doutrinária - Ari Lex - cap. I - VI
  • Diretrizes de Segurança - D. P. Franco/J. Raul Teixeira - cap. II
  • Reuniões Mediúnicas - Therezinha de Oliveira
  • Diálogo com as Sombras - H. C. Miranda
  • Conduta Espírita - A. Luiz/W. Vieira
  • O Livro dos Médiuns - 2.ª parte
  • Mediunidade - D. P. Franco

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Reunião Mediúnica Espírita - I - Leda Marques Bighetti

XIX - Reunião Mediúnica Espírita - I

I - Ao estudar o tema, para não repetir conceitos já vistos no início desta série, algumas retomadas se fazem necessárias. Entre elas destaca-se ressaltar a função básica do Centro Espírita:
  • estudo
  • prática e divulgação da Doutrina Espírita
onde as reuniões mediúnicas se desenvolverão como decorrência (não como fato principal) da consciência do servir, que vai se ampliando mais e mais, na proporção em que entendendo, nos renovamos moralmente. Procurando, viver, o conteúdo doutrinário, que objetiva a transformação moral, passa o homem a sentir necessidade de oferecer o melhor de si para que o outro, encarnado ou desencarnado, fique melhor.
Todos os enfoques serão conforme o Espiritismo, doutrina revelada pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec, contidas em ‘O Livro dos Espíritos" e demais obras básicas.
Por que essas colocações?
É necessário que se distinga intercâmbio mediúnico e Doutrina Espírita, assim como é preciso que se diferencie a prática espírita da não espírita.
Nessa distinção, a prática mediúnica espírita é a que se orienta e rege pelos princípios da Doutrina Espírita obedecendo, portanto, a alguns padrões como:
  • seriedade e bom senso
  • sinceridade, simplicidade, doação, desinteresse e amor
  • visa o despertamento, auxílio e progresso espiritual de encarnados e desencarnados
  • não usa símbolos, vestes especiais, altares, imagens, sons ou qualquer outro fato indutor
  • não tem rituais, cerimônias, cantos, danças, oferendas
  • não usa a mediunidade para respostas, indicações de interesse pessoal ou a serviço/ benefício individual do que quer que seja
  • busca somente benefícios espirituais
  • não é imediatista e ao oferecer o melhor de si nas reflexões que propicia, respeita o livre-arbítrio do outro sem impor, coagir forçar, fazer acordos ou ameaças.
A prática espírita assim orientada é fruto de consolação, progresso moral e ajuda recíproca para encarnados e desencarnados.
II - Como atingir esses objetivos?
A Codificação Espírita aconselha que, antes de se encaminhar alguém à prática mediúnica, se ofereça o estudo para conhecimento da Doutrina Espírita. Esse cuidado encontra-se desde o início do Espiritismo quando na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec, destinava uma das primeiras salas para os neófitos, justamente para que se processasse através do estudo esse conhecimento inicial básico.
Mesmo que esse indivíduo, não se incorpore aos trabalhos da casa, ou ao mediúnico no caso, o conhecimento do que é Doutrina Espírita, seu objetivo, seu estudo, completo, lógico, racional, despertará visão nova da importância da vida, satisfazendo a anseios íntimos das respostas que consolam e libertam.
No caso da reunião mediúnica, esse cuidado dará elementos, a que mesmo se encontre erros humanos, vícios mediúnicos, dor, malícia, ignorância dos Espíritos comunicantes, saberá entender e trabalhar esses aspectos, identificando e compreendendo que cada Espírito reflete expressões próprias do seu momento evolutivo.
Sem esse preparo, encaminhando-se alguém que chega imediatamente ao trato com o fenômeno, saltando essa etapa de verdadeira formação de consciência, produzir-se-ia o "espírita" místico, sobrenatural, mágico, maravilhoso e como conseqüência o mau médium.
III - O que caracteriza uma reunião mediúnica
Exatamente o intercâmbio ostensivo com os desencarnados onde estes se manifestam através dos médiuns, exteriorizando dores, sentimentos, incompreensões, necessidades enfim.
Essas reuniões são privativas, isto é, sem público porque:
  • exigem dos participantes preparo específico. Presença de público dividido entre neófitos, curiosos, descrentes, outros buscando recados ou interesses pessoais etc., dificultam, impedem ou conturbam a formação/manutenção do bom ambiente necessário, prejudicando um trabalho que pede, pela sua delicadeza e natural dificuldade, calma, tranqüilidade, união de sentimentos/pensamentos no ideal de melhor servir com Jesus.
  • é desconsideração, falta de caridade expor dramas pessoais dos comunicantes que estão ali necessitados do auxílio fraternal, discrição, respeito e consideração.
IV - Dentro desse tema, conforme a finalidade a que se destinam, podemos estudar as reuniões mediúnicas em dois momentos:
a) reuniões de educação da mediunidade
b) reuniões de reequilíbrio emocional ou desobsessão
a) Da necessidade e importância da educação mediúnica, aprofundam-se, continuam, aqui os raciocínios abordando "O Livro dos Médiuns" quando Allan Kardec inicia-o com a interrogação - "Há Espíritos?" Daí decorre toda uma análise, pois se como iniciante ou interessado no Espiritismo, não entender, aceitar esse questionamento, como prosseguir para formação de uma consciência no real objetivo do trabalho? Como levar alguém a se preparar, se empenhar para comunicar-se com Espíritos se não se acredita na existência deles?
Para adentrar na atividade mediúnica e educar a faculdade temos que conhecer o que é o Espiritismo, para que se desenvolvam ou decorram a orientação, o conhecimento, aceitação e entendimento do fato mediúnico.
Será nesse processo, verdadeira série, seqüência de acontecimentos, onde um fato vai abrindo campo para outro que vai se aprofundando, apresentando-se nuances várias, onde o médium, o participante vai aprendendo a lidar com seus esgares, trejeitos, na busca de um comportamento educado que substitui as comunicações ruidosas, espalhafatosas, pelo intercâmbio equilibrado. Apresentando-se um Espírito turbulento o médium sabe filtrar a comunicação; se o Espírito é vulgar, não usará linguajar grosseiro.
Poder-se-á questionar - mas nesse caso não estará o médium interferindo na comunicação? De modo algum - se por exemplo, enviamos um recado a alguém com expressões vulgares, sendo o portador, pessoa digna, apresentará a mesma mensagem, com palavras equivalentes, mas não chocantes ou deselegantes.
Será ainda nesse preparo que o médium, o trabalhador entenderá a seriedade do trabalho - a necessidade do preparo pessoal, da serenidade, ordem, disciplina, assiduidade, importância, alcance e relevância do compromisso assumido, do trato fraterno entre todos, sem prevenções ou ciúmes, detalhes aparentemente sem importância, mas que se constituem como condição fundamental para o êxito do empreendimento.
À medida que essas experiências vão se renovando, que o médium vai trabalhando consigo, começa a exteriorizar-se no modo de ser mais responsável, traduzidas em assiduidade, disciplina, interesse que indicam estar a caminho para num futuro ser encaminhado para as reuniões convencionais de mediunidade.
Será ainda nessas reuniões de educação mediúnica, que aqueles que irão conversar com os Espíritos, aprendem, desenvolvem, educam a técnica do saber ouvir, do falar pouco, do dar chance ao outro para que fale da sua dor ou revolta, interferir, entrar, perguntar na hora certa, levando o Espírito a descobrir a raiz da própria dor, e, nesse momento, ele, Espírito desejará saber como poderá ser ajudado, como fazer para libertar-se de situações tão sofridas.
Essa técnica, esse modo se aprende, na análise, na discussão, nas avaliações, nas trocas uma vez que sem isso, num primeiro momento, tão logo o Espírito se manifeste, tendemos a chamá-lo de irmão, falar-lhe de Deus nosso Pai, de Jesus, dos princípios doutrinários, da importância da prece, à alguém que, não só não está interessado, como vive em meio a dores que atribui justamente a um Deus injusto que ainda privilegia seu antagonista, o causador de seus males. Não está interessado em um Jesus que nunca se ocupou dele, de alguém desconhecido que o chama de irmão. Tais colocações, exacerbam, irritam, afastam, somam problemas à situação já existente. Aprende ainda a trabalhar com aqueles que se apresentam de forma inconveniente, discutidores nas comunicações demoradas em diálogos inconseqüentes a prejuízo do tempo em que poderia ser usado no atendimento de tantos outros necessitados.
Todas essas diretrizes, a educação mediúnica, contida principalmente em "O Livro dos Médiuns" assim como em outros autores específicos do assunto, formam o cabedal de conhecimento/prática que configuram o bom médium, aquele que se qualifica para as reuniões mediúnicas nos trabalhos de socorro espiritual/desobsessão.

Bibliografia:


  • Celeiro de Bênçãos - D. P. Franco, pág. 33
  • Pureza Doutrinária - Ari Lex - cap. I - VI
  • Diretrizes de Segurança - D. P. Franco/J. Raul Teixeira - cap. II
  • Reuniões Mediúnicas - Therezinha de Oliveira
  • Diálogo com as Sombras - H. C. Miranda
  • Conduta Espírita - A. Luiz/W. Vieira
  • O Livro dos Médiuns - 2.ª parte
  • Mediunidade - D. P. Franco

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - O Centro Espírita e o Prolema Mediúnico - Leila Marques Bighetti VIII

XVIII - O Centro Espírita e o "problema mediúnico"

De uma ou outra forma, reportagens, filmes ou outros enfoques publicitários, abordam amiúde questões pertinentes à comunicação com os Espíritos. Dificilmente atendem à serenidade, importância e pureza doutrinária, permanecendo na superficialidade ou nos enfoques do fantástico, sobrenatural, maravilhoso.
Tal fato, desperta em muitos o desejo de explicações, de achar remédio para crises, dores, respostas enfim. Entre ir aqui e ali acabam chegando ao Centro Espírita.
Cresce a responsabilidade da casa espírita uma vez que esta não poderá, sob pena de diluir a grandeza doutrinária, improvisar a respeito de passado e futuro; explicar raízes e porquês das conjunturas pessoais em respostas imediatistas e simplórias.
O Espiritismo não tem compromisso em fazer proselitismo, converter, convencer alguém a que mude de crença tornando-se espírita. Requererá muita leitura, estudo, análise, reflexão, requisitos imprescindíveis, insubstituíveis para sua compreensão e talvez um dia, incorporar-se ou não, porém voluntariamente, a família espírita.
Daí a tarefa do Centro, daqueles que também por adesão consciente, racional e voluntária, militando nas várias áreas do trabalho, auxiliam os recém chegados, num verdadeiro processo de alfabetização.
Espiritismo exige dedicação ao estudo disciplinado, permanente, atualizador, aberto ao outros campos do conhecimento em inter-relacionamento com a Doutrina Espírita. Não dá para ficar só no que se ouve. Deter-se aí, leva a elaborar, emitir, explicações pessoais, transformadoras estas dos conceitos espíritas em preconceitos, onde as descrições controvertidas, vulgarizadas nas conversas sem base, expandem, disseminam um "entender" bitolado, dogmático que nada tem a ver com o doutrinário.
Comunicação de Espíritos; mediunidade é um dos assuntos que se enquadram nesses raciocínios. Além de ser percebida, divulgada, como já vimos, no campo do mistério, também entendida como problema, doença, fraqueza mental. Um parente, um amigo, o vizinho, diz que a dor de cabeça, a insônia, a irritabilidade, a impaciência que alguém sente, pode ser proveniente de um desencarnado que em desequilíbrio, necessitado de algo ou vingando, se "encosta", provocando as mazelas e dores. Aceita essa ação, após várias outras providências busca-se o Centro Espírita.
O espírita, isto é, aquele que estuda, que trabalha em si o conhecimento, sabe que ninguém "encosta" em ninguém, sem que haja conveniência, aquiescência, conivência mútua, onde, sentimentos, pensamentos, vibrações estabelecem as ligações psíquicas em sintonia "(…) na identidade ou harmonia vibratória, no grau de semelhança de dois ou mais Espíritos encarnados ou desencarnados".
Essa sintonia tem como fundamento, a afinidade moral, decorrendo desta, o estabelecimento e manutenção das relações. Conforme os sentimentos/pensamentos mantidos tal a companhia espiritual atraída.
Em "O Espírito e o Tempo", o prof. Herculano Pires trabalha magnificamente essa situação explicando a "fusão fluídica" que se dá entre o perispírito do encarnado e desencarnado, ocorrendo daí alterações no psiquismo de ambos, que se mantém juntos alimentando-se mutuamente.
Sem esse conhecimento básico, muitos centros e pessoas que se dizem espíritas, agem, interpretando esse acontecimento no mal, corriqueiro, na afirmação categórica de que, os acontecimentos são devidos ao problema mediúnico, Necessário "desenvolver" essa mediunidade para que desapareçam os sintomas.
Piora, quando se apresenta o diagnóstico de obsessão, encaminhando-se para trabalhos específicos, a fim de que, se manifeste o Espírito que está incomodando e seja daí "retirado".
Entenda-se que a Doutrina Espírita, tem como real essa influenciação dos desencarnados sobre os encarnados (e vice-versa), mas daí a diagnosticar, já num primeiro contato, que os acontecimentos menos felizes, sejam de ordem física, moral ou financeira, como decorrentes da mediunidade, convenhamos que no mínimo, está implícita leviandade, onde sobremodo ressalta-se o encarnado como vítima indefesa de desencarnados perversos.
Pelo conhecimento da lei natural, física da afinidade/sintonia onde "(…) semelhantes se atraem, contrários se repelem", abre-se vasto campo de série de procedimentos, a requerer ações conscientes que iniciar-se-ão na mudança, sutilização do clima psíquico.
Em "O Livro dos Espíritos", cap. IX, ensinam os Espíritos a Allan Kardec, que os encarnados não são seres passivos na influenciação mediúnica. Explicando como e porque os desencarnados são capazes de incitar o homem ao mal, colocam:
  • "Nossa missão é a de te por no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, pelo desejo do mal porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer. Eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal".
Sobre a indagação de como ou se é possível afastar essa ação, ensinam:
— "Sim (é possível), porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos".
Se somos inclinados ao mal, se nos comprazemos em aspectos menores colocamo-nos em meio, atraímos nuvem de Espíritos que incrementarão esses pensamentos. Rodear-nos-ão também outros que tentarão despertar-nos para o Bem (…)" o que faz com que se reequilibre a balança e te deixe senhor de ti"
Por superficial que seja a leitura destas respostas, ressalta que, a vontade do encarnado é que estabelece os vínculos espirituais; é ele o ser totalmente ativo, é o agente. Se não fosse assim, como ficaria o livre-arbítrio?
Mediunidade em si mesma, é uma faculdade neutra, um instrumento de trabalho do Espírito que tanto pode ligar-se e ser usada para o Bem ou para o Mal.
O indivíduo, o médium despreparado, desconhecedor pode deixar se envolver, ficando sob a influência de mentes inferiores, vingativas, inimigas, que, do outro lado da vida planejam, esperam o momento propício (quando a sintonia se abre) para levar sim, pessoas ao desespero.
A Doutrina Espírita, estudando, sistematizando leis que norteiam o fenômeno, dá condições para que se trabalhe esses acontecimentos, de modo que o envolvido não venha a perder-se na complexidade de situações que ignora, tanto as causas, como a maneira de interpretar e lidar.
Mediunidade é apenas uma das manifestações do psiquismo. Seu exercício ordenado e tranqüilo é perfeitamente compatível com as atividades normais, no dia-a-dia da existência.
Exige cuidados?
Como toda potencialidade em ação, seu uso exige atenção, critérios, firmeza, bom comportamento humano, estudo metódico e bem orientado dos livros básicos e dos subsidiários comprometidos com a Doutrina Espírita, exercício, hábito da prece; designação de hora e local para exteriorização da faculdade em trabalho no grupo harmonioso; nunca sozinho exposto às fantasias e influências de encarnados ou desencarnados menos avisados. Esse processo de renovação moral que decorre, desencadeia o processo educativo, na formação de hábitos sadios no Bem.
Não sendo portanto - problema, tragédia conflito destaca-se como tarefa nobre, onde através da intermediação, fluirá socorro, ajuda, despertamento, auxílio, esperança para tantos que também, desconhecedores ou invigilantes, caminham em dores e enganos.
O Centro Espírita necessita conhecer, pensar, avaliar com sua Diretoria, em que linha caminha com a Mediunidade, tendo claro que a casa espírita necessita ser, cada vez mais, núcleo de libertação, que se alcança através do estudo aprofundado que dialoga, pondera, esclarece; das avaliações que se mostrando realidades indica as renovações, adequações ou mudanças que se façam necessárias.
Nesse trabalho, sem impor, forçar, o Centro Espírita desperta o freqüentador a conhecer-se e achar em si os pontos frágeis a serem fortalecidos, trabalhados.
Não mais o Centro Espírita que se detém nos atavismos, cultivando a mentalidade do medo no desconhecido, no maravilhoso, no mistério, no medo, onde só alguns "sabem", detendo em círculo vicioso, processos que se arrastam sem encenar com libertação.

Bibliografia a acrescentar:

  • Editorial SBEE - 1989
  • Evolução para o 3.° milênio - C. T. Rizzini, cap. IV
  • O Espírito e o Tempo - J. H. Pires - IV parte
  • O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - cap. IX
  • Crônicas de um e de outro - Luciano dos Anjos
  • H. C. de Miranda, estudo 74

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - O Passe Pergunta II - Leila Marques Bighetti VIII

XVII - O Passe II - Perguntas

40 - Pontos a serem observados para uma boa organização doutrinária no trabalho de passes:
a) A aplicação do passe deve ser sempre no Centro Espírita; é o local adequado e adredemente preparado pela Espiritualidade para os atendimentos fluídicos.
O Centro terá equipes preparadas para o passe a domicílio, isto é, aplicação de energias fluídicas em pessoas enfermas impossibilitadas de freqüentarem o Centro. Este atendimento será feito, desde que seja solicitado, num número mínimo de duas pessoas e ideal de três, uma vez por semana ou mais, segundo a necessidade avaliada ou solicitada. Esse trabalho será também, discreto, disciplinado, com todos os cuidados que regem a boa educação. Atenção para que não se transforme em sessão mediúnica ou reunião social, cafés, mesas de doces, convite, condicionamentos ou imposições para que freqüentem o Centro, promessas de curas, recados, etc.
b) O passe deve ser discreto, simples, sem exterioridades - por ser ato eminentemente cristão, dispensa todo formalismo; baseia-se no poder da vontade em transmitir fluidos.
c) Aplicação em câmara de passes - por oferecer esta a condição de ambiente favorável estando (pelo fato de ser para tal trabalho destinado) saturarada de elementos fluídicos espirituais, isolada ou preservada da curiosidade do público em geral e conseqüente dispersão fluídica.
d) Exposições evangélico-doutrinárias acontecem antes da aplicação dos passes e necessitam ser exercidas por companheiros preparados e que se esforçam para desenvolver qualidades morais utilizando nas exposições linguajar acessível a todos. Esses estudos não só esclarecem as pessoas com respeito à realidade espiritual, despertando-as para melhoramento do padrão moral, como também para mudar o clima mental daquele que busca o passe, tornando-o mais propício ao benefício fluídico.
e) Médiuns-passistas devidamente preparados sob o ponto de vista moral e doutrinário - é indispensável o cuidado na formação desta equipe constituída por elementos conscientes e preparados quanto aos objetivos do trabalho. Conhecimento doutrinário, moral elevada, saúde física e psíquica conseguidas pelo esforço próprio de disciplina, equilíbrio, vigilância, oração e prática do Bem.
f) Disciplina, recolhimento e elevação de pensamentos, horário no início dos trabalhos: silêncio, ,leitura, meditação, formação e manutenção de atmosfera espiritual adequada na Câmara de Passes.
g) Atitude do passista - as atitudes exteriores não contam uma vez que a movimentação e a qualidade dos fluidos repousam na mente, na predisposição interna, continuada dos passista, ponto inicial para obtenção dos resultados desejados.
h) Esclarecimentos aos que buscam o passe - que devem antes de passar ao trabalho propriamente dito na recepção das energias, ouvir quanto à necessidade de preparação espiritual, pela prece, busca da renovação íntima, da confiança, da mudança de pensamentos, enfim, abertura (e manutenção) de todo um clima que possibilitam melhor aprofundamento fluídico.
i) Quantidade de passes transmitidos poderá levar o médium a cansaço físico, mas nunca à exaustão fluídica. O trabalho do Bem só faz e traz bem.
j) Toda encenação, gestos, movimentos coreográficos toque no corpo do paciente, estalar de dedos, esfregação de mãos, palminhas, respiração ofegante, sopros, posições convencionadas, incorporação mediúnica, ou outros quaisquer aparatos externos constituem-se como práticas esdrúxulas introduzidas ou originadas da ausência de conhecimento doutrinário, de viciações ou condicionamentos criados por assimilação e reflexo de outras práticas que nada tem a ver com a Doutrina Espírita. Vem daí também o uso de roupas, aventais especiais para o médium bem como outras enxertias decorrentes.
Quando se acreditava que o passe era simples transmissão magnética, criaram-se certas crendices que o estudo e conhecimento da transmissão fluídica desfez. Poderíamos lembrar: dar as mãos para que a "corrente" se estabelecesse, alternância dos sexos, levantar as mãos para captar fluidos, necessidade do passista libertar-se de objetos metálicos (relógio, jóias) exigência de que aquele que recebe deveria estar com as palmas das mãos voltadas para cima, etc., etc., etc., práticas essas despropositadas face aos princípios doutrinários espíritas.
l) Passe em roupas, toalhas, objetos ou fotos constituem-se como práticas esdrúxulas e supersticiosas que fogem à simplicidade do passe espírita. Não tem justificativa doutrinária uma vez que a transmissão das energias se caracteriza como ato fraterno de pessoa para pessoa, em clima de confiança e elevação. Os objetos não tem função alguma quando se entende que a transmissão fluídica pode dar-se através do pensamento em prece, que vencendo distâncias, busca seu alvo, levando as vibrações fraternas movimentadas pela ação do amor.
Conclusão: A transmissão fluídica, no ato do passe, com base nos fundamentos doutrinários espíritas se processa segundo os seguintes conhecimentos:
1 - O Fluido Cósmico Universal é o elemento primitivo do Perispírito e do Corpo físico que são transformações dele. Por essa razão, esse fluido condensado no Perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo.
2 - O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados e se transmite de Espírito a Espírito pelas vias e conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes.
3 - Sendo o Perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade "(...) como uma esponja se embebe em líquido (...)", dependendo da lei de sintonia e afinidade. Esses fluidos exercem sobre o Perispírito uma ação tanto mais direta, quanto por sua expansão e irradiação, o Perispírito com eles se confunde.
4 - Atuando esses fluidos sobre o Perispírito, este a seu turno reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular: se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus a impressão é penosa.
5 - Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode ser dirigido pela vontade do médium passista ou atraído pelo desejo ardente, fé, do paciente. Ideal será quando se dê a simultaneidade, a conjugação das suas forças.
6 - Um fluido mau não pode ser iluminado por outro igualmente mau. Necessário se faz expelir o fluido mau com auxílio de um fluido melhor.
O poder terapêutico está na pureza da substância inoculada, na energia da vontade que quanto maior for, mais abundante emissão fluídica provocará e maior força de penetração dará aos fluidos.
7 - Os fluidos são também veículo do pensamento, o qual pode modificar-lhes as propriedades, impregnando-os de qualidades boas ou más, conforme sua pureza ou impureza.
8 - O médium passista porta-se tranqüilamente diante ou atrás do paciente que deve estar sentado ou que permanecerá deitado, caso esteja acamado, doente. Manter-se-á em qualquer dos casos regular e conveniente distância, condicionada pelo comprimento dos braços; impor as mãos sobre a cabeça (sem tocar ou emaranhar os cabelos) sem toque no corpo de espécie alguma; vibrar profundamente buscando no Amor e pela vontade, oferecer o melhor de si em benefício dele e a ser usado pelos Amigos Espirituais segundo as necessidades que Eles sabem quais são ou mais urgentes.

9 - O passe é transmissão de energias psíquicas e espirituais, dispensando qualquer contato físico na sua aplicação. Desse modo são dispensadas todas as formas exteriores, valendo aquelas que forneçam maior porcentagem de confiança de quem dá e quem recebe atendendo aos princípios da ética, simplicidade e discrição cristã do passe. Daí que, a simples imposição das mãos, na sincera e elevada atitude mental voltada para o bem, como exemplificou Jesus, é a forma que melhor corresponde às orientações doutrinárias.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - O Passe Pergunta I - Leila Marques Bighetti VIII

XVI - O Passe I - Perguntas

38 - Quando procurar receber o passe? Qual a forma de aplicá-lo? O que pensar da atitude do médium que toca o paciente na transmissão dos passes?
Pelo fato de, muitas vezes, não se entender o que é o passe;
- pelo fato de, a casa espírita não esclarecer, ensinar o que é o passe, é comum haver aqueles que buscam-no indiscriminadamente, pessoas que podendo ter a honra de dar de si, se colocam na posição de só receber.
Entenda-se bem - dar passe não é requisito, não é necessário ser médium de mediunato. O ideal é que, todo aquele que possua saúde física, mental, moral e que tenha regular conhecimento do Espiritismo se integre ao trabalho, aplicando passes naqueles que têm necessidades reais.
Essa é a tese, entretanto, muitas vezes, desfrutando dessa situação de ideal, convivemos em meio a momentos difíceis, onde necessitamos receber essas energias que fortalecendo, restauram e consolam. Daí o bom senso onde cada um sabe, sente se irá ou não ao passe.
Nesse respeito e nesse entender, a casa espírita não pode impor, criar condicionamentos, na obrigatoriedade de que todos os que ali estão, têm que receber o passe. Não" se toma" passe porque o outro toma ou para, segundo uma mentalidade não espírita, acumular fluidos, para quando fique doente, se desequilibre ou precise.
Passe é terapia de superfície, remédio emergencial para os momentos oportunos (para que sua duração se prolongue, se intensifique e permaneça beneficiando, há que contar com a manutenção do clima radiante oferecido pelo receptor) sem as dependências que se transformam em abusos, como aqueles que tomam remédios ou porque têm mania deles ou por falsa idéia de que, tomando-os não adoecerão.
Quanto a forma de aplicá-lo, não há regra padrão. Jesus apenas impunha as mãos. Toda exterioridade, toda encenação e gestos, não têm razão de ser, são inúteis. Basta a simples imposição das mãos para se obter o efeito desejado, para que as energias fluam, e isto não decorre do gestual, mas do desejo sincero na ação de uma vontade que oferece o melhor de si, visando ajudar, servir e amar, segundo a necessidade daquele que ali está. Os Espíritos Responsáveis por esses tratamentos é que "dosam" a quantidade, a qualidade dos fluidos, visando restaurar, reequilibrar o que e aonde, isto ou aquilo. É necessário ao médium esse estado confiante de total abandono, no posicionamento do intermediário do amor, num trabalho que não é dele e que não tem condição de perceber necessidades, nuances e detalhes
Quanto a tocar o paciente, envolve situação delicada onde convém se refletir que:
1.° - não se toca porque não é necessário, não tem razão de ser.
2.° - é princípio básico de educação não se encostar, ficar muito próximo ou tocar pessoas.
3.° - em se tratando, principalmente de sexos opostos, pode produzir, gerar idéias, sensações ou certo mal-estar. Desde que haja um pensamento que modifique a natureza dos fluidos a transmitir, impregna-se ele de vibrações negativas, prejudiciais a quem recebe ou a quem dá o passe.
"Não precisamos tocar o corpo dos pacientes de modo direto. Os recursos magnéticos aplicados a reduzida distância penetram no "halo vital" ou aura dos doentes provocando modificações subitâneas" 1
Evitar ainda certos defeitos, modismos, enxertias como fungar, resfolegar, bocejar, fazer gestos bruscos ou violentos.
39 - É importante para quem dá ou pretende dar passes conhecer sua fundamentação? Por que?
Não só é importante como necessário aprender, conversar, discutir esses aspectos com quem pretende aplicar passes, como o reciclar, aperfeiçoar para quem já participa do trabalho. Dificilmente a casa espírita pára para avaliar essa atividade. É porém, no processo do conhecimento que se aprende e recorda que as energias sutis do passe, não atinge a massa, mas os plexos, os centros vitais, os centros de força, o perispírito, envoltório fluídico do Espírito, que capta a energia e a canaliza, direciona para os departamentos correspondentes.
Será através do estudo, no aprender, no reciclar que se aprende, incorpora a noção, certeza de que passe é atitude de grande unção e que deve ser dado religiosamente, isto é - unção, no sentido de respeito, dignidade, olhando, sentindo o receptor como alguém que se entrega para receber o que temos de melhor, e, religiosidade no sentido de que o encarnado se preparou para oferecer os frutos de um trabalho pessoal que busca renovar-se em Jesus.
Ainda será pelo estudo que se entenderá ser desnecessário o ruído, a gesticulação, o estalar dos dedos, o ritual, o tirar os sapatos ou qualquer outro costume visando o "descarregar energias acumuladas", levantar as mãos para captar fluidos, encostar a cabeça na parede para "recarregar", o tomar passe depois de haver dado passes - superstições, modismos, enxertias - que não encontram respaldo, explicação na Doutrina Espírita.

1 - Mecanismos da Mediunidade - André Luiz

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Pergunta VIII - Leila Marques Bighetti VIII

XV - Perguntas VIII

36 - Junto ao conhecimento o que mais seria desejável?
Como decorrência, aliás, desse conhecimento é imprescindível, prudência, crivo de um julgamento severo (rejeitar nove verdades a aceitar uma mentira - LM, Erasto); caminhar passo a passo sem abdicar da razão, do direito de verificação e exame; buscar aperfeiçoar-se no conhecimento das leis superiores da vida e na prática das virtudes; ter vida reta procurando a verdade com o coração sincero; lutar por conduta elevada, simultânea ao cultivo da inteligência, meditação, desprendimento, e recolhimento "(...) aperfeiçoando-se de dentro para fora".
37 - Haverá situações que não se caracterizando propriamente como perigo, poderiam significar inconvenientes para a boa prática mediúnica?
Sim, há leviandades que se configuram como inconvenientes. Poder-se-ia recordar:
  • o desenvolvimento mediúnico em crianças onde soma-se ao perigo, a imprudência, em razão do organismo débil, imaginação excessiva, inexperiência, falta de discernimento, impressionabilidade etc., etc.
  • o estado físico e mental do médium, onde esse esgotamento, por debilitar-lhe as energias pode torná-lo não tão vigilante, preparado e fragilizado abrir campo a ação de Espíritos inescrupulosos.
  • o estado moral - mediunidade como faculdade independe da moral, contudo sob o ponto de vista de frutos resultantes, esse fator caracteriza-se como importantíssimo, imprescindível, pois sinaliza abertura de campo para sintonizar com Espíritos Bons, devotados ao trabalho do Bem.
  • evocações - porta aberta para que entidades desocupadas, zombeteiras, mistificadoras tragam notícias às vezes espetaculosas, inverídicas ou mirabolantes.
  • os interrogatórios - o objetivo do trabalho mediúnico é servir com abstenção de toda curiosidade. Ao atender os Espíritos que se comunicam oferecer amor, tolerância, respeito, compreensão, levando-o a querer refletir sobre sua atuação e não, à maneira de cadastristas, fazer inquirições que apenas atendem às curiosidades inferiores ou mórbidas.
  • as futilidades - dirigentes, médiuns, cooperadores ligados a assuntos banais, não devem esperar a companhia dos Bons Espíritos e por conseqüência, bons resultados. Trabalho mediúnico não comporta irresponsabilidades, desrespeito, superficialidade, curiosidades, comparecimento por obrigação. É um trabalho de amor onde o entendimento leva a buscá-lo como "privilégio"; a entendê-lo como bênção. Como tal é ele valorizado, sobretudo como oportunidade de aprendizado, de servir oferecendo ao semelhante tudo o que em si já tem ou trás de melhor.
  • desarmonias - ocorridas estas no grupo mediúnico, desestabiliza-o prejudicando o trabalho. Não se busca o grupo perfeito, mas aquele onde haja entendimento, onde se estimem, equilibrados, corretos nas intenções, sinceros, apesar dos naturais problemas humanos, que, em surgindo são trabalhados buscando o equilíbrio no bem-estar de todos.
  • gratuidade - em função do bem, com total desinteresse pelas coisas materiais (entenda-se como interesse qualquer forma de recompensa que abrange qualquer coisa em espécie até simples reconhecimentos, elogios, agrados, aplausos, referências, etc.). Servir em constante doação, dar de si com integral desinteresse.
  • trabalhos isolados em reuniões domiciliares ou recintos estranhos ao Centro Espírita. Nos lares apenas o "Evangelho no Lar", estudos, leituras, a prece.
  • médiuns dirigentes - aquele que detém recursos mediúnicos da psicofonia, psicografia, etc., não dirige trabalho. Como aliás, fazê-lo e simultaneamente abandonar-se ao ato mediúnico? A tarefa do médium é a que corresponde à sua própria condição - oferecer sua faculdade aos desencarnados para que, através dela possam ser ajudados da melhor forma possível, ou dirigir, atento à paz, harmonia tão necessários ao bom desempenho de todos.
  • animismo - fenômeno no qual o médium arroja do passado seus próprios sentimentos, ou se expressa como se ali estivesse um desencarnado a se comunicar. É comum acontecer, principalmente no início do afloramento da faculdade onde o companheiro ainda não tem total discernimento, segurança ou confiança em si mesmo. Pacientemente deve ser amparado, ajudado e certamente transformar-se-á pelo trabalho conjunto em valioso companheiro.
  • mistificações - onde mentes despreparadas, corações invigilantes, propósitos inferiores, cooperam para que as ilusões circulem.
Somar-se-iam ainda várias outras situações que fugindo ao equilíbrio e bom senso poderiam abrir portas, criar situações indesejáveis que desvirtuariam as finalidades do trabalho.
André Luiz em "Instruções Psicofônicas " (46) a respeito das sessões mediúnicas oferta-nos interessantes apontamento que transcrevemos:
"Amigos, cooperando, de algum modo, em nossas tarefas, registraremos algumas notas, que supomos de real interesse para as nossas sessões mediúnicas habituais:
1.° - Acenda a luz do amor e da oração no próprio espírito se você deseja ser útil aos sofredores desencarnados.
2.° - Receba a visita do companheiro extraviado nas sombras, nele abraçando com sinceridade um irmão do caminho
3.° - Não exponha as chagas do comunicante infeliz à curiosidade pública, auxiliando-o em ambiente privado como se você estivesse socorrendo um parente enfermo na intimidade do próprio lar.
4.° - Não condene, nem se encolerize.
5.° - Não critique, nem fira.
6.° - Não fale da morte ao Espírito que a desconhece, clareando-lhe a estrada com paciência, para que ele descubra a realidade por si próprio.
7.° - Converse com precisão e carinho, substituindo as preciosas divagações e os longos discursos pelo sentimento de pura fraternidade.
8.° - Coopere com o doutrinador e com o médium, endereçando-lhes pensamentos e vibrações de auxílio, compreensão e simpatia, sem reclamar deles soluções milagrosas.
9.° - Não olvide, a distância, o equilíbrio, a paz e a alegria, a fim de que o irmão sofredor encontre o equilíbrio, a paz e a alegria em você.

10.° - Não se esqueça de que toda visita espiritual é muito importante, recordando que, no socorro prestado por nós a quem sofre, estamos recebendo da vida o socorro que nos é necessário, a erguer-se em nós por ensinamento valioso, que devemos assimilar, na regeneração ou na elevação de nosso próprio destino".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Pergunta VII - Leila Marques Bighetti VIII

XIV - Perguntas VII

30 - Há no trabalho mediúnico necessidade de metodização, regras a serem observadas?
Grande parte dos problemas encontrados no exercício mediúnico provêm da: falta de estudo, de conhecimento, causador do uso indevido, irregular e desvirtuado que o médium faz das suas faculdades.
Todo trabalho, seja qual for sua natureza, o fim a que se destine - se pretende imprimir-lhe seriedade, alcançar determinados resultados, haverá de ter organização, método, regras a serem observadas.
Em mediunidade, essa necessidade se faz imperiosa, marcante, uma vez que sem observância de pequenos cuidados surgirão ou teremos:
1 - a improvisação - isto é, tudo aquilo que é feito de repente, sem preparação prévia e que no caso do trabalho mediúnico pode torná-lo estéril, sem frutos, não atendendo às legítimas aspirações da sessão em si, decorrendo disso as banalidades, os resultados insignificantes, as mistificações e outros tantas situações que levam ao comprometimento.
2 - se ao contrário, há resultados satisfatórios, tudo passa a ser atribuído exclusivamente aos desencarnados. Com o tempo, haverá decepções, necessárias aliás, pois fazendo surgir a dúvida, o espanto, restabelecerão o equilíbrio no senso crítico indispensável, nas avaliações do final de cada trabalho, onde continuamente se percebem pontos, situações, acontecimentos a serem mantidos, incentivados, corrigidos ou restabelecidos.
3 - sem regras que norteiem, podem surgir as críticas levianas, imperar o misticismo, a dependência e as comunicações gerarem em torno do trivial, destituídas do interesse de, ao servir indistintamente, levar o crescimento ao todo.
Ao invés disso, quando se estabelece atmosfera de estudo, simpatia, união, discussão, aprendizado e busca conjunta para a solução dos problemas ou dúvidas surgidas, esclarecendo posições, definindo papéis, criar-se-á sustentação, estímulo, proteção e auxílio recíproco que leva os participantes encontrar no espírito analítico, fraterno, caridoso, vigilante e prudente o meio termo entre o demasiado ceticismo e a credulidade excessiva, ambos extremos igualmente perigosos.
"A todos que desejam nos trabalhos mediúnicos chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis essa metodização é necessária. Se se desejar apenas comunicações sejam estas quais forem, sem atenção à qualidade do trabalho, essas preocupações são desnecessárias". (LM - 331)
31 - Haveria alguns outros cuidados a serem lembrados?
A direção terrena, pela disposição moral conhecimento, caráter, etc. liga-se, une-se à uma direção espiritual, sintonizadora, afinizada pelos propósitos de que se imbui e exterioriza. Mutuamente se completam, inspirados neste caso em objetivos igualmente elevados unidos na busca de fins comuns.
Assim - o dirigente encarnado do trabalho não será o médium psicofônico, psicógrafo, etc. Sua atenção estará toda voltada para atender a tudo e a todos durante o desenrolar dos trabalhos.
Velará no respeito aos horários, na assiduidade, freqüência, faltas, licenças dos componentes do grupo.
Sessões mediúnicas de improviso, quer por necessidades de momento, por curiosidade ou para atender a quaisquer objetivos não devem ser realizadas.
Entre todo grupo, há que reinar a harmonia do prazer de estar juntos, no equilíbrio das opiniões, sem exigências pessoais ou possíveis rivalidades (ciúmes - antipatias - divergências - etc.).
Através do estudo, nas reflexões que o mesmo propicia, manter o clima de união em ambiente moral superior do trabalho que a todos eleva.
Uma vez iniciada a reunião, não mais permitir entrada de possíveis retardatários.
Essas lembranças são detalhes, porém importantíssimos porque estabelecem sim a diferença entre trabalhos. Como regra geral, evidencia-se que, todo aquele que se dispõe ao trabalho mediúnico, deve estar imbuído do propósito de desenvolver um trabalho coletivo e nunca pessoal.
32 - A necessidade de um padrão moral tão enfatizado quer indicar que deva ser o médium alguém "santificado"?
Não. O médium não é uma pessoa diferente e nem deve afastar-se do mundo para exercer seu compromisso.
Justamente pelo entendimento que possui do que significa a bênção da faculdade em si, nesse presente momento da existência, será ele pessoa alegre, espontânea, natural, criatura normal que, na medida em que se esforça, mais e mais aprende a selecionar suas relações espirituais, aprimorando-se, tornando mais seguro o exercício da faculdade. O médium que se renova é aquele que se mantém em equilíbrio e procede no dia-a-dia dentro de ambiente espiritual de amor ao próximo. Em "O Livro dos Médiuns" 252, ensinam os Espíritos, que o esforço que se faz, a luta que o indivíduo envida para alcançar e manter tal campo é que atrai os bons Espíritos.
A medida que as mudanças vão acontecendo, de dentro para fora, lentamente vão decorrendo as experiências vitais, conscenciais, estabelecedoras das mudanças profundas, na visão íntima do mundo e da vida, a se refletir em escolhas, procedimentos, atitudes, ações, que espelham aquilo que está se processando na essência, no íntimo do ser.
33 - Qual a maior necessidade do médium?
Segundo Emmanuel em "O Consolador" 387, a primeira ou maior necessidade do médium, é antes de entregar-se às tarefas doutrinárias, evangelizar-se, pois sem isso, conviverá com inúmeros aspectos (personalismo, vaidades, melindres, etc.) que contarão pontos negativos em relação a si e ao trabalho que desenvolva.
Não podemos falar em Mediunidade sem lembrar Jesus, que vem ao mundo para despertar o homem ao trabalho da sua própria libertação em função da própria imortalidade. Chega sem qualquer prestígio material mas com magnitude moral. Imprime novos rumos à vida por dirigir-se acima de tudo ao Espírito. Transmitindo as ondas mentais das esferas de onde procedia e com as quais se mantinha unido, transita entre os homens, despertando-os para as energias da vida maior.
34 - Em síntese, o médium que desejar comunicações sérias do que não pode se esquecer?
Há que se lembrar que a condição básica para granjear a boa vontade dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação e o mais absoluto desinteresse moral e material. O médium evangelizado, melhora espiritualmente e beneficia não somente a si mas, a tantos quantos o rodeiam. Assiduidade, perseverança, pontualidade, fidelidade a Jesus, a Kardec são compromissos do médium evangelizado.
"Força mediúnica sem Evangelho é fenômeno sem amor.
Força mediúnica sem Doutrina Espírita é fenômeno às cegas sem esclarecimento.
Força mediúnica com Espiritismo mas sem evangelização é realização incompleta.
Força mediúnica com Evangelho mais Espiritismo é penhor de vitória espiritual e valorização dos talentos divinos".
35 - Há perigos em se lidar com os Espíritos?
Não se pode contestar que não haja perigo aos imprudentes que sem estudo prévio, sem conhecimento, sem preparo e método se entreguem às investigações. Também àqueles que fazem do trato com o fenômeno passatempo, frívola diversão, sem dúvida atraem elementos não moralizados, oportunistas do mundo invisível, cujas influências fatalmente se farão sentir. Ainda aqueles que, inadvertidamente, inspirados pelos interesses materiais, sejam estes do teor que for, tornar-se-iam objeto de infinidade de mistificações, joguetes de Espíritos pérfidos, oportunistas, interesseiros ou frívolos, que lisonjeando suas inclinações, seduzindo com brilhantes promessas, captariam confiança, para depois tê-los em suas malhas.
Se há perigos, entretanto, não são eles específicos ao Espiritismo. Qualquer mecanismo que nos disponhamos a manipular sem a devida precaução e conhecimento, implica em perigo.
Aliás, reflete a Revista Espírita de 1858, não há uma só coisa que seja em si, boa ou má - o uso que se faz é que as torna boas ou más, perigosas ou não. Se quisermos proscrever da sociedade tudo quanto possa causar perigo, tudo quanto possa dar margem a abusos, praticamente pouca coisa restaria, mesmo aquelas consideradas de primeira necessidade como o fogo, uma faca, uma estrada de ferro, etc., etc.

Se analisarmos porém, que as vantagens compensam e superam os inconvenientes e que para lidar com os diferentes aspectos são necessários precauções, conhecimentos, aprendizagem, equilíbrio, bom senso, etc., certamente nos garantiremos contra inevitáveis perigos.