segunda-feira, 31 de março de 2014

Pressentimento é uma vaga intuição das coisas futuras

Conta-se que Francisco de Assis, notável missionário cristão da Idade Média, estava tratando de seu jardim, quando um amigo se aproximou, perguntando-lhe: – Francisco, o que você faria se soubesse que iria morrer hoje? Ao que ele teria respondido, com a maior naturalidade: – Continuaria a fazer o que estou fazendo: cuidando do meu jardim! Será que nós, diante de um pressentimento sombrio ou ditoso, cultivaríamos a mesma serenidade de um Francisco de Assis?

É possível conhecer o futuro?
O pressentimento, a premonição, a precognição, a presciência, o presságio, são diferentes palavras utilizadas para designar um só fenômeno: o conhecimento do futuro, que repousa sobre “um mesmo princípio: a emancipação da alma, mais ou menos desprendida da matéria”.Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 8, p. 282, jul. 1865. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006."  O conhecimento do futuro depende da elevação dos Espíritos que, muitas vezes, apenas o entreveem, “porém nem sempre lhes é permitido revelá-lo” ao homem (Espírito encarnado), porquanto “a certeza de um acontecimento venturoso o lançaria na inação. A de um acontecimento infeliz o encheria de desânimo. Em ambos os casos, suas forças ficariam paralisadas”.
Logo, “em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado”, com o objetivo de facilitar “a execução de uma coisa, em vez de estorvar, obrigando o homem a agir diversamente do modo por que agiria, se lhe não fosse feita a revelação”.
Muitos creem que a existência física é regida por um determinismo ou fatalidade irrevogável, e que, independentemente de como agirmos, ninguém escapará do destino que lhe está reservado. Um pouco de reflexão sobre o assunto, entretanto, é suficiente para afastar tal ideia. Ensina o Espiritismo que a fatalidadeexiste unicamente pela escolha que o Espírito faz, ao encarnar, desta ou daquela prova física. Elegendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é o resultado da posição em que vem a achar-se colocado, como homem, na Terra “nas funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão”.
Por conseguinte, não se pode dizer que tudo já está predeterminado em nossas vidas. Assim fosse, seríamos meros autômatos e de nada adiantaria nosso esforço para nos melhorar, de forma que tanto o que fizesse o bem, quanto o que fizesse o mal, teriam a mesma compensação ou o mesmo futuro, o que estaria em desacordo com a Justiça Divina incorruptível. A fatalidade a que todos estamos submetidos, sem exceção, é a morte física: chegado esse momento, de uma forma ou de outra, dela não podemos nos esquivar, contudo, “nunca há fatalidade nos atos da vida moral”, porque somos senhores, por nossa vontade, de ceder ou não às tendências inatas que trazemos de encarnações pretéritas e às influências de outros Espíritos. O resultado da má utilização do livre-arbítrio é que retardará o nosso progresso, protelando o encontro com a Verdade, mas todos chegaremos lá, muitas vezes pela dor, que é um aguilhão a nos impulsionar à correção de nossas imperfeições e a nos mostrar o roteiro de nossa emancipação espiritual.
Considerando a margem de liberdade que o Criador nos confere, dentro de suas leis imutáveis, para exercitarmos o livre-arbítrio e as faculdades, não há incoerência alguma em dizer que somos responsáveis pelo nosso passado e os artífices de nosso futuro.
Quanto mais evoluído o Espírito – encarnado ou desencarnado –, melhores condições tem de prever o futuro, baseado na experiência acumulada dos fatos do passado e na análise dos acontecimentos do presente, considerando que, à luz do princípio de causa e efeito, tudo o que fazemos acarreta resultados que se projetam no tempo. Por isso, “o futuro não é surpresa atordoante. É consequência dos atos presentes”.
Ao ensino dado em O Livro dos Médiuns, os benfeitores acrescentam que os pressentimentos são uma espécie de mediunidade:

O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as consequências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. [...]
Ou ainda:
São recordações vagas e intuitivas do que o Espírito aprendeu em seus momentos de liberdade e algumas vezes avisos ocultos dados por Espíritos benévolos.




O fato de um pressentimento não se confirmar nem sempre significa que se estava enganado a respeito das premonições, visto que as ações dos Espíritos (encarnados ou desencarnados), antes de ocorrerem, são concebidas na mente, cujos pensamentos são captados por determinadas pessoas, durante o sono, por meio dos sonhos, ou durante a vigília. No entanto, pode haver desistência da ação planejada, por parte do agente, ou é possível haver alguma circunstância que o impeça de concretizar seu desejo.
Isto é,


[...] como a sua realização [da ação planejada] pode ser apressada ou retardada por um concurso de circunstâncias, este último [o médium ou vidente] vê o fato, sem poder, todavia, determinar o momento em que se dará. Não raro acontece que aquele pensamento não passa de um projeto, de um desejo, que se não concretizem em realidade, donde os frequentes erros de fato e de data nas previsões. 

Por isso, devemos desconfiar de mensagens proféticas que anunciam precisamente, com data e hora marcadas, o acontecimento de coisas fantásticas.
Sendo assim, o pressentimento nada tem de sobrenatural, posto que “se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do mundo visível com o mundo invisível, que o Espiritismo veio dar a conhecer”. Kardec traz um interessantíssimo exemplo de pressentimento.
Trata-se de uma carta, dirigida ao Codificador, pela Senhora Angelina de Ogé, que foi avisada, com seis meses de antecedência, sobre a morte de seu genitor. Eis algumas considerações dadas a respeito deste caso pela Sociedade Espírita de Paris:

“O Espírito do pai dessa senhora, em estado de desprendimento, tinha um conhecimento antecipado de sua morte e da maneira por que ela se daria. Sua vista espiritual abarcando um certo espaço de tempo, para ele é como se a coisa estivesse presente, embora no estado de vigília não lhe conservasse qualquer lembrança. Foi ele próprio que se manifestou à sua filha, seis meses antes, nas condições que deviam se produzir, a fim de que, mais tarde, ela soubesse que era ele e que, estando preparada para uma separação próxima, não ficasse surpreendida com a sua partida. Ela mesma, como Espírito, tinha conhecimento disto, porque os dois Espíritos se comunicavam em seus momentos de liberdade. É o que lhe dava a intuição de que alguém devia morrer naquele quarto. Essa manifestação ocorreu igualmente com o objetivo de fornecer um assunto de instrução a respeito do conhecimento do mundo invisível”.


O progresso intelecto-moral confere ao ser humano maior amplitude de percepção sobre as coisas, à semelhança de uma pessoa que, situando-se no topo de uma montanha, de posse de um potente binóculo, pode prever algum acontecimento em certo trecho da estrada, que não é dado a outro descortinar, se estiver em plano mais baixo, por falta de uma visão panorâmica do que se passa à sua volta.
Não sem razão, o Codificador destaca:

O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo lhe é presente.


Kardec, lembrando a forma misteriosa e cabalística de certas predições antigas, de que Nostradamus é o exemplo mais completo, ressalva:

[...] Pela sua ambiguidade, elas se prestam a interpretações muito diferentes, de tal sorte que, conforme o sentido que se atribua a certas palavras alegóricas ou convencionais, conforme a maneira por que se efetue o cálculo, singularmente complicado, das datas e, com um pouco de boa vontade, nelas se encontra quase tudo o que se queira.


Na atualidade, porém, as previsões dos Espíritos “são antes advertências, do que predições propriamente ditas e quase sempre motivam a opinião que manifestam, por não quererem que o homem anule a sua razão sob uma fé cega e desejarem que este último lhe aprecie a exatidão”.
A perplexidade de muitas pessoas ante os fenômenos relacionados com o futuro, entre eles o pressentimento, demonstra o quanto o homem ainda desconhece a sua própria natureza espiritual. O Espiritismo veio projetar luz sobre esta questão, trazendo a chave para o seu entendimento: “o estudo das propriedades do perispírito”.
Se há um determinismo, na acepção absoluta da palavra, este é o determinismo do progresso, para a felicidade de todos nós. Mesmo que façamos mau uso do livre-arbítrio, fatalmente, mais cedo ou mais tarde, nos arrependeremos, expiaremos e repararemos nossos erros, motivo por que sempre estaremos jungidos ao resultado final estabelecido pelo Criador, que instituiu a Lei Maior de que “o bem é o fim supremo da Natureza”, o que implica na acepção de que “determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens”.


domingo, 30 de março de 2014

Onde estão os nossos familiares desencarnados?

Onde vivem, de fato, os Espíritos que constantemente estão perto de seus familiares encarnados? Estariam eles no chamado Umbral?

Os Espíritos, ainda que estejam desencarnados – isto é, desligados completamente do corpo físico –, podem permanecer no plano terrestre por algum tempo, fato que dependerá, em última análise, do seu nível evolutivo.

Há criaturas tão apegadas à matéria que não apresentam condições nem mesmo de ir para uma cidade espiritual próxima da Crosta terrestre. A densidade do corpo espiritual – ou perispírito – a isso se opõe.

Vencida essa fase, lembremo-nos da célebre lição dada por Ernesto Bozzano em seu livro “A Crise da Morte”, segundo a qual os Espíritos dos mortos gravitam fatalmente, e de modo automático, para a esfera espiritual que lhes convém, por virtude da “lei de afinidade”.

Parece-nos óbvio que o Espírito seja conduzido para o local no mundo espiritual em que estejam seus reais interesses e onde vivam as pessoas que fazem parte da família espiritual a que pertença, não importando o lugar em que se verifique a morte do seu corpo.

Muitos pessoas ignoram o que seja realmente o Umbral, que nada mais é do que uma região espiritual de transição, a que André Luiz se refere no livro “Nosso Lar”, cap. 12, págs. 71 a 73.

Debatem-se na zona umbralina Espíritos desesperados, infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias.


Segundo André Luiz, cada Espírito ali permanece o tempo que se faça necessário ao esgotamento dos resíduos mentais negativos, mas seus habitantes separam-se dos encarnados tão-somente por leis vibratórias. Fisicamente falando, eles se encontram muito próximos do plano em que nós, os encarnados, vivemos. 
O Umbral faz parte do campo magnético da Terra, o qual, segundo alguns autores, estaria dividido em sete regiões ou esferas: 1. Umbral “grosso”. 2. Umbral médio. 3. Umbral superior, que é onde fica a colônia “Nosso Lar”. 4. Região da arte, da cultura e da ciência. 5. Região do amor fraterno universal. 6. Esfera em que se definem as diretrizes do planeta. 7. Abóbada estelar.
Heigorina Cunha, no livro “Cidade no Além”, com fundamento em informações transmitidas pelos Espíritos de Lucius e André Luiz, por intermédio de Chico Xavier, refere-se ao assunto.


sábado, 29 de março de 2014

Por que encarnamos?

A finalidade da encarnação dos Espíritos em planetas como a Terra é algo bem definido na doutrina codificada por Allan Kardec, como provam os textos que se seguem.
O Codificador do Espiritismo perguntou aos Espíritos: – Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, 132.)
Em momento distinto, o Codificador indagou: – Como pode a alma acabar de se depurar? Resposta: "Submetendo-se à prova de uma nova existência". A finalidade da reencarnação é: "Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?" (O Livro dos Espíritos, 166 e 167.)
Em artigo publicado em 1863 Kardec examinou a tese de que os Espíritos não teriam sido criados para encarnarem; a encarnação não seria senão o resultado de sua falta. O Espiritismo afirma o contrário, ou seja, que a encarnação é uma necessidade para o progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive, e não uma forma de castigo, como ensina o roustainguismo.  (Revista Espírita de 1863, pp.164 a 166.)
Comunicação obtida em 1864 na Sociedade Espírita de Sens diz que a reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual, a que Kardec acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o melhoramento do mundo em que habita.
Em Paris, o mesmo tema foi focalizado por outro Espírito, que explicou que a reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o Espírito. Do momento em que o Espírito chegou a dominar a matéria, a reencarnação não se torna mais necessária; é o estado dos chamados Espíritos puros. (Revista Espírita de 1864, pp. 48 a 50.)
Colhemos desta última comunicação os ensinamentos seguintes: I) À medida que as sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações espirituais também despertam e crescem. II) Sendo os fluidos os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais. III) Esses fluidos compõem o corpo espiritual do Espírito que, uma vez encarnado, age por meio deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar. IV) O Espírito possui livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá, assim, um impulso aos fluidos materiais. V) Como necessita de depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque - depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos - deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la.  (Revista Espírita de 1864, p. 52 a 55.)
Comentando a mensagem, Kardec ensina que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida do Espírito apresenta três períodos principais:
1o) O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito. 
2o) O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem simultaneamente.
3o) O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores. (Revista Espírita de 1864, pp. 52 a 55.)
Emmanuel assevera que a reencarnação, em si mesma, representa uma estação de tratamento e de cura de certas enfermidades d’alma, às vezes tão persistentes, que podem reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores. (O Consolador, pergunta 96.)
E é exatamente isso que se vê nas trovas seguintes, psicografadas por Chico Xavier, constantes do livro “Na Era do Espírito”, cap. 4:
"Para quem sofre no Além
Sob a culpa em choro inglório
O regresso ao lar terrestre
É a bênção do purgatório" (Oscar Leal)
"Não adianta fugir
Do débito que se atrasa,
Reencarnação chega logo
Cobrando dentro de casa" (Cornélio Pires)
"Quando um sábio das Alturas
Necessita reencarnar
Ninguém consegue impedir
Nem adianta evitar" (Casimiro Cunha)
"De quaisquer provas na Terra
 A que mais amansa a gente:
Inimigo reencarnado
 Sob a forma de parente" (Lulu Parola)

sexta-feira, 28 de março de 2014

Que ocorre com uma pessoa em estado de coma?

Como fica o Espírito de uma pessoa em estado de coma. Ele se desprende do corpo o tempo todo? Fica ali perto do corpo? Pode trabalhar na condição de Espírito? Pode estudar? Qual o objetivo de semelhante estado que costuma, às vezes, durar anos a fio?

O assunto é tratado no artigo intitulado Vinte dias em coma, de Orson Peter Carrara, publicado recentemente na revista “O Consolador”.

No artigo, Orson alude ao romance Vinte Dias em Coma, de autoria de nosso confrade Wilson Frungilo Jr., que examina exatamente as questões propostas pela leitora. Na obra em questão o personagem principal é vaidoso e arrogante empresário bem sucedido que é levado ao estado de coma e, nesse estado, ouve tudo que se passa à sua volta, o que produz expressiva renovação em seus sentimentos, ao perceber realidades que seu orgulho não permitia ver. Ao retornar do coma, ele dá outro rumo à própria vida.

O romance citado pode, pois, ajudar-nos a compreender o que se passa durante esse estado e deduzir quantos benefícios, em termos morais e espirituais, pode o coma trazer à alma de uma pessoa, uma vez que, examinando o assunto tão-somente pela ótica materialista, não é possível vislumbrar no fato nenhum benefício, salvo quando o coma seja necessário e, por isso, induzido pela equipe médica responsável.

São inúmeros os relatos de pessoas que voltaram do coma e afirmaram ter podido acompanhar, como se estivessem perfeitamente acordadas, os fatos que se passaram a seu lado durante aquele estado.

No livro Plantão de Respostas – Pinga Fogo II, publicado em 1995 pela Editora CEU, Emmanuel, valendo-se da mediunidade de Chico Xavier, respondeu a uma pergunta semelhante, expressa nos seguintes termos: “O que se passa com os Espíritos encarnados cujos corpos ficam meses, e até mesmo anos, em estado vegetativo (coma)?”

Eis a resposta dada por Emmanuel, constante da obra mencionada:
“Seu estado será de acordo com sua situação mental. Há casos em que o Espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores espirituais. São pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação.

Em outros casos, os Espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do perispírito, dispõem de uma relativa liberdade. Em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos.

Em qualquer das circunstâncias, o Plano Espiritual sempre estende seus esforços na tentativa de auxílio. Daí a importância da prece, do equilíbrio, da palavra amiga e fraterna, da transmissão de paz, das conversações edificantes para que haja maiores condições ao trabalho do Bem que se direciona, nessas horas, tanto ao enfermo como aos encarnados (familiares e médicos)”.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Crianças desencarnadas também se comunicam?

É possível receber comunicações transmitidas por crianças desencarnadas.
Sim, o fato é possível, embora não seja comum.

Entendemos que nesse caso duas situações podem ocorrer. A primeira é a comunicação de Espíritos que se fazem crianças para poderem, com a linguagem própria da criança, atingir com maior facilidade as pessoas a quem se dirigem.

A segunda é a comunicação de Espíritos que ainda conservam no plano espiritual a forma infantil, um fato que é mencionado por diversos autores, como Cairbar Schutel (A Vida no Outro Mundo, págs. 93 a 100), Irmão Jacob (Voltei), André Luiz (Entre a Terra e o Céu, cap. X, págs. 64 e 65) e o próprio Codificador do Espiritismo(Revista Espírita de 1859, Edicel, pág. 236).

Há no meio espírita pessoas que acham que o Espírito de uma criança desencarnada retoma de imediato sua personalidade de adulto. Isso, de fato, em muitas ocasiões é o que acontece. Tal é o caso do Espírito que já alcançou elevada classe evolutiva e, portanto, é capaz de manter o comando mental de si mesmo. Espíritos assim têm o poder de facilmente desprender-se das imposições da forma, superando as dificuldades da desencarnação prematura.

Para a grande maioria das crianças desencarnadas o caminho não é, porém, o mesmo.

Segundo podemos ver no cap. X do livro Entre a Terra e o Céu, de André Luiz, as almas ainda encarceradas no automatismo inconsciente acham-se longe do autogoverno e são conduzidas pela Natureza, à maneira das criancinhas no colo materno.

Não sabendo desatar os laços que as aprisionam aos rígidos princípios que orientam o mundo das formas, exigem tempo para se renovarem no justo desenvolvimento. Necessitam, portanto, de um período mais ou menos longo de recuperação, e a variação desse tempo dependerá da aplicação pessoal do aprendiz à aquisição de luz interior. É por isso que existem escolas no plano espiritual nas quais as crianças desencarnadas se desenvolvem e se aprimoram, com vistas aos desafios futuros.

Com respeito à manifestação mediúnica de crianças desencarnadas, o livro Crianças no Além (capa ao lado), psicografado por Chico Xavier e publicado em 1976 pela GEEM Editora, constitui exemplo expressivo.

Sobre seu autor espiritual (Marcos), Emmanuel escreveu no prefácio as seguintes palavras:
“Marcos é o companheiro em readaptação na Vida Maior, após haver deixado o corpo de menino num acidente de trânsito.

Ainda a sentir-se criança, no degrau evolutivo em que se acha, escreve aos pais, de modo comovedor, trazendo notícias dele mesmo e dos irmãos que se lhe associaram à prova.

A palavra simples e eloquente do garoto amigo, a identificar-se, quanto possível, para reconforto dos entes queridos, aqui se encontra, demonstrando que, além da morte do corpo, o Espírito prossegue atendendo aos condicionamentos indispensáveis à conquista da evolução que não dá saltos.

Marcos-menino continuará Marcos-menino, por algum tempo, na Espiritualidade, qual acontece ao Espírito, mesmo quando procede de Altos Cimos da Vida Superior, ao retornar à Terra, para certos fins, sempre compelido a passar pela estação da infância.”

quarta-feira, 26 de março de 2014

As tentações existem e é possível vencê-las


As tentações que acometem o homem, não há por que duvidar, são inegáveis.
Miguel Vives dedicou ao assunto o cap. IX do seu livro “O Tesouro dos Espíritas”, traduzido para o idioma português pelo saudoso confrade J. Herculano Pires.
A Bíblia faz referência a várias delas.
O Gênesis narra no cap. 3 a tentação exercida sobre Eva, no Paraíso, de tão tristes consequências.
Lucas alude no cap. 4 de seu Evangelho às tentações de Satanás sobre Jesus.
O Eclesiástico trata do assunto nos capítulos 2, 33 e 34 e até mesmo nos oferece uma receita para rechaçá-las.
O Cristo reporta-se ao tema na conhecida passagem que faz parte da oração dominical: “Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
Tiago menciona o assunto em sua extraordinária epístola, cap. 1, versículo 14.
Jesus retorna à temática quando ressalta a importância da vigilância e da oração para que não caiamos em tentação.
A Doutrina Espírita examina o tema em três questões sucessivas constantes d’ O Livro dos Espíritos, a saber:
Questão122:
“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Ele não teria mais liberdade se a escolha fosse determinada por uma causa independente da sua vontade. A causa <de seguir o caminho do mal> está nas influências a que cede em virtude de sua vontade livre. É a grande figura da queda do homem e do pecado original; alguns cederam à tentação, outros lhe resistiram.”
Questão 122-A:
De onde provêm as influências que se exercem sobre ele? “Dos Espíritos imperfeitos, que procuram se aproximar para dominá-lo, e que se alegram em fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás.”
Questão 122-B:
Essa influência não se exerce sobre o Espírito senão em sua origem? “Ela o segue na sua vida de Espírito, até que tenha tanto império sobre si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo.”
Vale ressaltar que não é somente nas questões citadas que “O Livro dos Espíritos” se refere ao assunto, porquanto a principal obra do Espiritismo fere o tema em 27 oportunidades diferentes, como se pode ver nas questões 459, 460, 461, 465, 466, 467, 468, 469, 472, 497, 498, 511, 525, 567, 644, 645, 660, 671, 720 “a”, 753, 845, 851, 872 (1o parágrafo), 909, 971, 971 “a” e 972.
Emmanuel disserta sobre as tentações em dois de seus livros: “Religião dos Espíritos” (cap. 88) e “Caminho, Verdade e Vida” (cap. 129).
André Luiz as examina diretamente em três obras bastante conhecidas: “Nos Domínios da Mediunidade” (cap. 16), “Ação e Reação” (cap. 7, 14 e 18) e “Sexo e Destino” (cap. VI).
Como vimos, o assunto é por demais conhecido no meio espírita, e a tese exposta pela Doutrina dos Espíritos é bem clara: Ninguém na Terra é perfeito, logo estamos todos sujeitos às tentações, que nos acompanham pela vida afora, consoante dito claramente na questão 122-B d’ O Livro dos Espíritos. O Eclesiástico explica o porquê disso.
Temos, portanto, de lembrar e pôr em prática continuamente a lição ensinada por Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Se fugirmos disso, não tenhamos dúvida, certamente cairemos de novo nas mesmas redes em que já sucumbimos no passado.

terça-feira, 25 de março de 2014

A importância de tratar bem nossos filhos especiais

Há pessoas preparadas para qualquer desafio, até mesmo quando ele se manifesta na enfermidade de um filho ou nas deficiências que o nosso rebento possa trazer desde o berço. Evidentemente nem todos são assim, havendo criaturas que não apenas lastimam ter gerado filhos fisicamente deficientes como têm vergonha de mostrá-los à sociedade.
Nancy Puhlmann di Girolamo reporta-se a isso em seus dois primeiros livros dedicados ao tema crianças excepcionais.
Uma revista de grande circulação nacional mostrou, anos atrás, alguns exemplos comoventes de postura oposta, em que pais mostraram o carinho, a dedicação e o afeto real que nutriam por seus filhos, independentemente da condição em que vieram ao mundo ou do grau de excepcionalidade que apresentam.
A vida de uma criança com retardamento mental, diz Nancy Puhlmann, é muito mais rica do que imaginamos.
Allan Kardec demonstrou, ao estudar o caso do menino Charles Saint-G... (Revista Espírita de 1860, pp. 181 a 183), que as crianças que até pouco tempo chamávamos de excepcionais têm consciência do seu estado e compreendem por que nasceram assim. A imperfeição de seus órgãos constitui somente um obstáculo à livre manifestação de suas faculdades, mas não as aniquila, esclareceu o Codificador do Espiritismo, antecipando-se ao que hoje é sabido, ou seja, que a criança especial entende perfeitamente se é bem ou maltratada e reage à atenção e ao afeto que lhe damos.
Nancy Puhlmann menciona a respeito do assunto um caso bastante elucidativo que se passou com um menino portador da síndrome de Down. Num momento de desprendimento da alma em virtude do sono corporal, o jovenzinho lhe disse que sua desencarnação estava próxima, por lhe faltar o alimento indispensável à vida. Nancy imaginou que ele falasse de comida, mas não era disso que o garoto tratava. O alimento era o apoio, o incentivo, que ele percebia faltar em seu próprio lar, onde as pessoas, com pena do seu estado, intimamente rogavam a Deus lhe encurtasse os dias.
Coisa curiosa! O pequenino entendia até o que nas entrelinhas era dito em casa, o que torna claro que o excepcional não é um ser condenado à vida vegetativa e que o amor por nossos filhos, em qualquer situação, é alimento indispensável à vida e à saúde da alma.


segunda-feira, 24 de março de 2014

Nossos filhos não são obra do acaso

Um amigo nos pergunta se um casal tem o direito de limitar o número de filhos.
Pensamos que a resposta a essa questão, que continua sendo atual e preocupa tanto o homem, já foi dada com clareza por Joanna de Ângelis no cap. 10 de seu livro “Após a Tempestade”, psicografado por Divaldo Franco.
O homem – afirma Joanna, em sua privilegiada posição de Espírito que vê as duas faces da existência humana, a visível e a invisível – pode e deve programar a família que lhe convém ter, o número de filhos e o período propício para a maternidade, mas jamais se eximirá dos imperiosos resgates que deve enfrentar, tendo em vista seu próprio passado.
Os filhos não são realizações fortuitas. Procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros pais, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria evolução.
É, evidentemente, lícito aos casais adiar a recepção de Espíritos que lhes são vinculados, impossibilitando mesmo que reencarnem por seu intermédio. Mas as Soberanas Leis da Vida dispõem de meios para fazer que aqueles rejeitados venham por outros processos à porta de seus devedores ou credores, em circunstâncias talvez mui dolorosas, complicadas pela irresponsabilidade dos cônjuges que ajam com leviandade, em flagrante desconsideração aos códigos divinos.
Afirma o Dr. Jorge Andréa, no livro “Encontro com a Cultura Espírita”, págs. 77, 105 e 106, que o planejamento familiar é questão de foro íntimo do casal. Mas pergunta: Será preferível um Espírito reencarnar num lar pobre com as habituais dificuldades de subsistência, ou ficar aturdido e acoplado à mãe que lhe fechou os canais, criando, nessa simbiose, neuroses e psicoses de variados matizes?
Respondendo a isso, ele próprio esclarece – em “Forças Sexuais da Alma”, cap. V, págs. 124 a 126 – que na maioria das vezes, quando vêm para a reencarnação, os Espíritos de há muito se encontram em sintonia com o cadinho materno. Se os canais destinados à maternidade são neutralizados e fechados, é claro que haverá distúrbios, principalmente no psiquismo de profundidade, isto é, na zona inconsciente ou espiritual, no qual as energias emitidas por essas fontes não encontram correspondência em seu ciclo. Seria melhor, portanto, não opor obstáculos à volta dos Espíritos a um corpo de carne, pois o espírita não ignora a seriedade da planificação reencarnatória.
É, pois, razoável pensar que antes de retornarmos às experiências físicas nos tenhamos comprometido a receber, como filhos, um número determinado de Espíritos. A prole estaria, assim, com sua quota previamente estabelecida quando ainda nos achávamos nos planos espirituais. Rejeitar alguém convidado para vir seria equivalente a romper um compromisso, um contrato, um acordo, como fazem os que desertam das responsabilidades, o que não é raro na sociedade em que vivemos.


domingo, 23 de março de 2014

Filhos adotivos na visão espírita

POR SAMARITANOS 

Pela visão espírita, todos somos adotados.
Porque o único Pai legítimo é Deus.
Os pais da Terra não SÃO nossos pais, eles ESTÃO nossos pais.
Porque a cada encarnação, mudamos de pais consangüíneos, mas em todas elas Deus é sempre o mesmo Pai.
Mas, para entendermos melhor a existência desta experiência na vida de muitos pais, é necessário analisá-lo sob a óptica espírita, sob a luz da reencarnação.
A formação de um lar é um planejamento que se desenvolve no Mundo Espiritual. Sabemos que nada ocorre por acaso. Assim como filhos biológicos, nossos filhos adotivos também são companheiros de vidas passadas.
E nossa vida de hoje é resultado do que angariamos para nós mesmos, no passado. Surge, então, a indagação: “se são velhos conhecidos e deverão se encontrar no mesmo lar, por que já não nasceram como filhos naturais?”
Na literatura espírita encontramos vários casos de filhos que, em função do orgulho, do egoísmo e da vaidade, se tornaram tiranos de seus pais, escravizando-os aos seus caprichos e pagando com ingratidão e dor a ternura e zelo paternos.
De retorno à Pátria Espiritual (ao desencarnarem), ao despertarem-lhes a consciência e entenderem a gravidade de suas faltas, passam a trabalhar para recuperarem o tempo perdido e se reconciliarem com aqueles a quem lesaram afetivamente.
Assim, reencontram aqueles mesmos pais a quem não valorizaram, para devolver-lhes a afeição machucada, resgatando o carinho, o amor e a ternura de ontem. Porque a lei é a de Causa e Efeito.
Não aproveitada a convivência com pais amorosos e desvelados, é da Lei Divina que retomem o contato com eles como filhos de outros pais chegando-lhes aos braços pelas vias de adoção.
Aos pais cabe o trabalho de orientar estes filhos e conduzi-los ao caminho do bem, independente de serem filhos consangüíneos ou não.
A responsabilidade de pais permanece a mesma. Recebendo eles no lar a abençoada experiência da adoção, Deus sinaliza aos cônjuges estar confiando em sua capacidade de amar e ensinar, perdoar e auxiliar aos companheiros que retornam para hoje valorizarem o desvelo e atenção que ontem não souberam fazer.
Trazem no coração desequilíbrios de outros tempos ou arrependimento doloroso para a solução dos quais pedem, ao reencarnarem, a ajuda daqueles que os acolhem, não como filhos do corpo, mas sim filhos do coração. Allan Kardec elucida: “Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias”.

DEVEMOS ESCONDER QUE ELES SÃO ADOTIVOS?

Um dos maiores erros que alguns pais adotivos cometem é o de esconder a verdade aos seus filhos. É importante, desde cedo, não esconder a verdade.

Ás vezes, fazem por amor, já que os consideram totalmente como filhos; outros o fazem por medo de perder a afeição e o carinho deles. Quando os filhos adotivos crescem, aprendendo no lar valores morais elevados, sentem-se mais amados por entenderem que o são, não por terem nascido de seus pais, mas sim frutos de afeição sincera e real, e passam a entender que são filhos queridos do coração.
Revelar-lhes a verdade somente na idade adulta é destruir-lhes todas as alegrias vividas, é alterar-lhes a condição de filhos queridos em órfãos asilados à guisa de pena e compaixão.
Não devemos traumatizá-los, livrando-os do risco de perderem a oportunidade de aprendizado no hoje. André Luiz esclarece-nos quanto a este perigo: “Filhos adotivos, quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas”.
Identicamente ao que ocorre em relação aos nossos filhos biológicos, buscar o diálogo franco e sincero, com base no respeito mútuo, sob a luz da orientação cristã de conduta. Pais que conversam com os filhos fortalecem os laços afetivos, tornando a questão da adoção coisa secundária. Recebendo em nossa jornada terrena a oportunidade de ter em nosso lar um filho adotivo, guardemos no coração a certeza de que Jesus está nos confiando a responsabilidade sagrada de superar o próprio orgulho e vaidade, amando verdadeiramente e desinteressadamente a criatura de Deus confiada em trabalho de educação e amparo.
E, ajudando-o a superar suas próprias mazelas, amanhã poderá retornar ao seio daqueles que o amam na posição de filho legítimo.
É CERTO A ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS?

Raul Teixeira responde: “O amor não tem sexo. Como é que podemos imaginar que o melhor para uma criança é ser criada na rua, ao relento, submetida a todo tipo de execração, a ser criada nutrida, abençoada por um lar de casal homossexual? Muita gente assevera que a criança corre riscos. Mas como?

Nós estamos acompanhando as crianças correndo riscos nas casas de seus pais heterossexuais todos os dias.
Outros afirmam que a criança criada por homossexuais poderá adotar a mesma postura, a mesma orientação sexual. O que também é falso. A massa de homossexuais do mundo advêm de lares heterossexuais. Então, teremos de concluir que são os casais heterossexuais que formam os homossexuais. Logo,não devemos entrar nessa discussão que é tola e preconceituosa. aquele que tem amor para dar que dê.”

Amemos nossos filhos, sem cogitar se nos vieram aos braços pela descendência física ou não, como encargo abençoado com que o Céu nos presenteia. Encerremos com Emmanuel: “Recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus”.

-----------------------------------------------------------------

"Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes
            podem ser mais irmãos pelo espírito do
            que se o fossem pelo sangue"
            Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo,
            cap. XIV, item 8.

            A família é uma instituição divina. Sob a supervisão de Espíritos moralmente elevados, formam-se na espiritualidade os agrupamentos familiares.

            Allan Kardec elucida: "Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços da família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias".

            Pais e filhos biológicos ou adotados não são almas estranhas umas às outras. Sabemos que o acaso não existe, o processo de ligação entre eles inicia na espiritualidade, e, certamente, em encarnações anteriores. Pais e filhos adotivos são companheiros, prováveis membros da mesma família espiritual.

            Segundo esclarecimentos da espiritualidade, aqueles que aguardam a oportunidade da adoção, podem ser filhos que, em função do orgulho, em outras vivências, se tornaram tiranos de seus pais, pagando com ingratidão e dor a ternura e zelo paterno.

            Como toda a relação onde prevalece o bom senso, a moral e o amor, os filhos adotivos devem saber a verdade sobre a sua situação, esclarecendo que o amor não nasce de um processo químico-físico e sim no coração das criaturas.

            Reforçando a importância do diálogo fraterno e sincero, André Luiz, esclarece-nos: "Filhos adotivos quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas".

            É sabido por todos que pais que desenvolvem o diálogo franco e sincero, com base no respeito mútuo, sob a luz da orientação cristã, fortalecem os laços afetivos, tornando a questão "adoção", como secundária.

            A adoção, além do caráter social, resulta em um amadurecimento dos sentimentos existente nos membros da família que recebe o filho alheio. É ato de amor extremo, além da confiança de Deus na possibilidade de amar e ensinar, perdoar e auxiliar aos companheiros que retornam para hoje valorizarem o desvelo e a atenção que ontem não souberam fazer.

            Os adotados trazem, no coração, muitas vezes, desequilíbrios passionais de outros tempos ou arrependimento doloroso para a solução dos quais pedem, ao reencarnarem, a ajuda daqueles que os acolhem, não como filhos do corpo, mas sim filhos do coração.

            Recebendo em nossos lares um filho adotivo, guardemos no coração a certeza de que Jesus está nos confiando a responsabilidade sagrada de superar o próprio orgulho e vaidade, amando verdadeiramente e desinteressadamente a criatura de Deus confiada em trabalho de educação e amparo.

            Amemos nossos filhos, sem cogitar se nos vieram aos braços pela descendência física ou não, como encargo abençoado que Deus nos presenteia.

            Por fim, lembremos Emmanuel: "Recorda que, em última instância seja qual a nossa posição nas equipes familiares da terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus".
Texto baseado nas obras: Um Desafio Chamado Família
Joamar Zanolini Nazareth - Minas Editora
Evangelho Segundo Espiritismo - Allan Kardec 





sábado, 22 de março de 2014

A paixão amorosa do ponto de vista do espiritismo

Por Ivan Paulo Salgado
Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos“, na seção "Paixões" do capítulo "Da perfeição moral" pergunta “Será intrinsecamente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza?”.
É Importante notar que, primeiro, Kardec indaga acerca do princípio originário das paixões, e não delas próprias, ou seja, procura esclarecimento sobre a origem, a fonte de onde nascem as paixões.  Segundo, há na pergunta uma afirmação categórica, o princípio do qual provêm às paixões está na Natureza, isto é, faz parte da ordem natural das coisas. Terceiro, o livro trata todas as paixões, como paixão pelo dinheiro, paixão por futebol e etc. Enquanto o foco aqui é a paixão por uma pessoa, paixão amorosa.
O conceito ordinário de paixão traz consigo uma conotação negativa, associando paixão a desequilíbrio, tumulto emocional ou desvios patológicos do sentimento. Frequentemente se ouve frases como “Isto não é amor, é paixão”, ou “Fulano está cego de paixão”. A questão proposta por Kardec motiva-se exatamente pelo conflito entre essa acepção vulgar do termo paixão e a análise filosófica das paixões, que indica serem elas provenientes de causas naturais. Considerando que tudo aquilo que pertence à ordem natural obedece a uma sabedoria e a uma bondade supremas, tendo, em outras palavras, sido instituído por Deus.

Está implícito na afirmação de Kardec de que o princípio originário das paixões é bom, tendo sido "posto no homem para o bem". O mal que vulgarmente se associa às paixões é o resultado de uma distorção do sentimento original. Do contexto é justo depreender que essa distorção corre por conta do livre arbítrio humano na condução de seus sentimentos, não podendo ser imputada à fonte natural e neutra de onde provêm.
Para Kardec as paixões são como um corcel que tem utilidade quando governado e perigoso quando se perde o controle dele. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que se perde o poder de governá-la, o que resulta em prejuízo qualquer para si, ou para outrem.
O Espiritismo modificou e complementou a descrição da paixão sem atribuir-lhe um automatismo total, centrado na estrutura fisiológica, mas dando residência as paixões no próprio espírito, em sua existência que antecede e sucede à do corpo denso, com possíveis influências também do seu envoltório perisspiritual. Ainda, segundo o Espiritismo, se constata por observação direta que os Espíritos desencarnados continuam tendo sentimentos aparentemente semelhantes às nossas paixões. Isso indica que a causa imediata das paixões não se pode reduzir a processos referentes ao corpo denso. O fato de que diante de determinados estímulos externos ou internos a alma é automaticamente objeto daqueles sentimentos que chamamos paixões deve-se a uma faculdade inerente à própria alma, que tem uma razão de ser providencial.
Pelas investigações científicas dos fenômenos espíritas, conhecemos inúmeros fatos e leis da realidade espiritual. É indubitável que alterações diversas do corpo, especialmente do sistema nervoso, podem de fato fazer surgir sentimentos ou paixões na alma. No entanto, sabemos que em muitas ocasiões em que não encontramos sua causa última naquilo que explicitamente observamos, quer no mundo exterior e em nossos corpos, quer em nossa alma, deve-se a fatores espirituais, tais como as vivências no mundo espiritual durante o sono, as influências obsessivas e telepáticas de um modo geral, ou a volta parcial de nosso passado (outras reencarnações).
Ainda no Livro dos Espíritos, (questões 907 e 908), Kardec afirma que as paixões "são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência". À primeira vista, é fácil reconhecer que o amor provém de princípios bons e concorrem para o nosso bem.
Importante pontuar que essa visão é bem formal uma vez que se fundamentou a discussão no livro-base do Espiritismo. Outro ponto é que estamos falando de paixão como um bom sentimento e não de "obsessão amorosa", que, segundo o Espiritismo, é causada por espíritos inferiores que tem prazer em praticar o mal.

* KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, 64a ed., Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, s.d.)

sexta-feira, 21 de março de 2014

Influenciações Espirituais Sutis

POR QUE AS COISAS MUDAM DE REPENTE?
De repente, o que estava bem começa ir mal. O que era alegria vira tristeza, o que era estímulo se transforma em fardo.
O que houve? Por que aquela pessoa tão importante para você sem mais nem menos tornou-se dispensável, até insuportável? Por que o lar, outrora feliz, agora é poço de irritação, despesas e preocupações?
E o trabalho? Como pode? Você sonhou tanto para chegar lá! Fruto de estudo, sacrifício e dedicação, seu trabalho diz de sua determinação e capacidade. No entanto... agora, como custa chegar até ele todos os dias, como você sonha com alguma licença, alguma ocorrência, um milagre até que o leve para bem longe dos afazeres que hoje raramente lhe dão algum prazer.
Aliás,  você gostaria de ficar longe de sua família também... Pai, mãe, todo mundo... Gostaria igualmente de dar um tempo com a companheira, com o companheiro, com as amizades, com os lugares que freqüenta, com a cidade em que mora, com sua casa...
Pensando bem, com a casa não. Melhor ficar em casa, na cama que é lugar quente e lá não acontece nada. Melhor dormir. A vida anda uma droga mesmo!...

Meu amigo, minha amiga, pense um pouco: tem alguma coisa errada aqui, não tem?
Afastada a ocorrência de alguma doença física, é pouco lógico que tudo o que lhe era mais caro num momento, deixe de sê-lo completamente no momento seguinte, não é mesmo?
Vamos ver o que é isso com um grande professor na matéria, nosso querido André Luiz? Na mensagem abaixo, ele enumera várias situações que todos nós já enfrentamos ou enfrentaremos, às quais devemos estar atentos para não perdermos o que é nosso de direito, para não sofremos golpes imerecidos e para não desperdiçarmos oportunidades valiosas de crescimento afetivo e profissional: as sempre perigosas influenciações sutis advindas do plano espiritual inferior. (Instituto André Luiz)

FIQUE ATENTO:
INFLUENCIAÇÕES ESPIRITUAIS SUTIS
Sempre que você enfrente um estado de espírito tendente ao derrotismo, perdurando há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil.
Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você. Essa é a verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe.
Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se:
- dificuldade de concentrar idéias em motivos otimistas;
- ausência de ambiente íntimo para elevar os sentimentos em oração ou concentrar-se em leitura edificante;
- indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressentimentos de desastres imediatos;
- aborrecimentos imanifestos por não encontrar semelhantes ou assuntos sobre quem ou o que descarregá-los.
 - pessimismos sub-reptícios, irritações surdas, queixas, exageros de sensibilidade e aptidão a condenar quem não tem culpa;
 - interpretação forçada de fatos e atitudes suas ou dos outros, que você sabe não corresponder à realidade;
 - hiperemotividade ou depressão raiando a eminência do pranto;
- ânsia de revestir-se no papel de vítima ou de tomar uma posição absurda de automartírio;
- teimosia em não aceitar, para você mesmo, que haja influenciação espiritual consigo, mas, passados minutos ou horas do acontecimento, vêm-lhe a mudança de impulsos, o arrependimento, a recomposição do tom mental e, não raro, a constatação de que é tarde para desfazer o erro consumado.

São sempre acontecimentos discretos e eventuais por parte do desencarnado e imperceptíveis ao encarnado pela finura do processo.
O Espírito responsável pode estar tão inconsciente de seus atos que os efeitos negativos se fazem sentir como se fossem desenvolvidos pela própria pessoa.
Quando o influenciador é consciente, a ocorrência é prepara com antecedência e meticulosidade, às vezes, dias e semanas antes do sorrateiro assalto, marcado para a oportunidade de encontro em perspectiva, conversação, recebimento de carta, clímax de negócio ou crise imprevista de serviço.
Não se sabe o que tem causado maior dano à Humanidade: se as obsessões espetaculares, individuais e coletivas, que todos percebem e ajudam a desfazer ou isolar, ou se essas meio-obsessões de quase obsidiados, despercebidas, contudo bem mais freqüentes, que minam as energias de uma só criatura incauta, mas influenciando o roteiro de legiões de outras.
Quantas desavenças, separações e fracassos não surgem assim?
Estude em sua existência se nessa última quinzena você não esteve em alguma circunstância com características de influenciação espiritual sutil. 
Estude e ajude a a você mesmo.

ANDRÉ LUIZ
(Estude e Viva, 35, FCXavier, Waldo Vieira, FEB)
http://www.institutoandreluiz.org/ani_bar_estrelinhas_prateadas.gif
"Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você. Essa é a verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe." - André Luiz.
Sempre que se sentir influenciado ou se reconhecer nas indicações fornecidas acima, procure um Centro Espírita. Na palestra, no passe ou no estudo, o socorro adequado virá através do Plano Espiritual a serviço de Jesus.