Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda
a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a floração mediúnica
espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as
melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade psíquica
a mais humilde de todas.
A mediunidade não deve ser fruto de
precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal
assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas
mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.
Emmanuel - 1940
Alguns médiuns parecem sofrer com os
fenômenos da incorporação, enquanto outros manifestam o mesmo
fenômeno, naturalmente.
Nas expressões de mediunismo
existem características inerentes a cada intermediário entre os homens e os
desencarnados; entretanto, a falta de naturalidade do aparelho mediúnico, no instante de exercer suas
faculdades, é quase sempre resultante da falta de educação psíquica.
Emmanuel - 1940
DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO
Tentando definir a mediunidade, podemos ainda interpretá-la
como sendo a capacidade de fazer-se alguém intermediário entre pessoas e
regiões distintas. E assim como existem agentes de variada espécie para
variados assuntos da vida humana, temos medianeiros de especialidades múltiplas para a vida espiritual.
lnformados hoje de que a morte física não expressa sublimação, não
podemos assim admitir que o desenvolvimento das faculdades psíquicas constitua, só por si,
credencial de superioridade.
Daí, o imperativo de fixarmos no aprimoramento pessoal a condição primária do êxito
em qualquer tarefa de intercâmbio.
·
Aqui, encontramos clarividentes notáveis
· e além somos defrontados por excelentes médiuns_falantes, mas se aquele que vê não
possui discernimento para o esforço de seleção e se aquele que se faz portador
do verbo não consegue auxiliar a obra de esclarecimento construtivo, o trabalho
de transmissão sofre naturalmente consideráveis prejuízos, desajudando ao invés
de ajudar.
Nesse sentido, somos obrigados a reconhecer que o espírito do Cristianismo
jamais foi alterado, em sua pureza essencial, mas os representantes ou
medianeiros dele, no curso dos séculos, impuseram-lhe cultos, interpretações,
aspectos e atividades, simplesmente artificiais.
O médium de agora deve exprimir-se em
mais altos níveis.
Acham-se, frente a frente, os dois grandes grupos da Humanidade — encarnados e
desencarnados e, em ambos, persistem os “altos e baixos” do mundo moral...
Se o intermediário entre eles não se aperfeiçoa,
convenientemente, permanece na posição do aprendiz retardado, por tempo
indefinível, nas letras iniciantes, quando lhe constitui obrigação avançar
sempre, na direção da sabedoria.
·
O artista é o representante da música.
·
O violino é o instrumento.
Mas se o violino aparece irremediavelmente desajustado, como revelar-se o
portador da melodia?
·
A força elétrica é o reservatório de poder.
·
A lâmpada é o recipiente da manifestação luminosa.
Mas se a lâmpada estiver quebrada, como aproveitar a energia para expulsar as
trevas?
·
O benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição
e da beleza.
·
O homem é o veículo de sua presença e intervenção.
Todavia, se o homem está mergulhado no desespero ou no desalento, na
indisciplina ou no abuso, como desempenhar a função de refletor dos emissários
divinos?
Há muita gente que se reporta ao automatismo e à inconsciência nos estudos da mediunidade,
perfeitamente cabíveis no círculo dos fenômenos. Não podemos olvidar,
entretanto, que o serviço de elevação exige:
·
esforço e boa-vontade,
· vigilância e compreensão daquele que o executa, a
fim de que a tarefa espiritual se sustente em vôo ascensional para os cimos da
vida.
Por esse motivo, quem se disponha a cooperar em semelhante ministério,
precisará buscar no bem a sua própria razão de ser.
Amando, arrancamos no caminho as mais belas notas de simpatia e fraternidade,
que constituem vibrações positivas de auxílio e apoio, na edificação que nos
compete efetuar.
A bondade e o entendimento para com todos representam o roteiro único para
crescermos em aprimoramento dos dons psíquicos de que somos portadores, de
modo a assimilarmos as correntes santificantes dos planos superiores, em marcha
para a consciência cósmica.
·
Não há bom médium, sem homem bom.
· Não há manifestação de grandeza do Céu, no mundo,
sem grandes almas encarnadas na Terra.
Em razão disso, acreditamos que só existe verdadeiro e
proveitoso desenvolvimento psíquico, se estamos aprendendo a
estudar e servir.
Emmanuel - 1952
Quase todos os que se abeiram das atividades espíritas estimariam o desenvolvimento rápido das faculdades psíquicas de que são portadores e, por
vezes, quando não atendidos, padecem nocivo arrefecimento de ideal.
Esmaece o fervor dos primeiros contactos com a fé, porque o propósito fixo de surpreenderem o milagre
transforma-se neles em aflitiva obsessão.
Contudo, há singularidades no assunto, que não podemos menosprezar.
Que seria da ordem e do equilíbrio dos serviços terrestres, se a totalidade das
criaturas, instruídas ou não, se pusessem a investigar quanto à vida nos outros
mundos?
Toda colheita exige preparação e sementeira.
· Imaginemos um avião moderno, perfeitamente
equipado, sobrevoando pacífico vilarejo do século XIV, sem aviso prévio. Que
lucraria a ciência náutica, de imediato, senão espalhar o terror?
·
Que recompensa adviria, em nosso favor, se
constrangêssemos uma taba indígena a ouvir um concerto de Paganíni, sem
oferecer-lhe os rudimentos da educação musical?
O progresso, como a luz, precisa graduar-se para não ferir ou cegar as pupilas
que o contemplam.
Compreendamos, acima de tudo, que a existência não é fenômeno que se articule à
revelia dos Grandes Responsáveis da Evolução.
A liberdade do homem ainda está longe de atingir os princípios cósmicos que nos
presidem os destinos.
·
A inteligência humana interferirá nos domínios da matéria densa, alterando o que pode ver;
·
todavia, jaz extremamente distante das regiões do
espírito puro, onde se guarda o controle das leis universais.
Desdobrando novos painéis da vida, diante da mente sequiosa de conhecimento e
renovação,...
·
não é o mundo espiritual que deve descer para o
homem
·
e sim o homem que precisa elevar-se ao encontro
dele.
E semelhante ascensão não será simples serviço da mediunidade espetacular. É obra de sublimação interior,
gradativa e constante, sobre os alicerces do bem, ao alcance de todos.
As portas do tesouro psíquico estão vigiadas com segurança.
A direção de uma central elétrica não pode ser confiada às frágeis mãos de um
menino.
Como conferir, de improviso, ao primeiro candidato à prosperidade mediúnica a chave dos interesses
fundamentais e particulares de milhões de almas, colocadas nos mais variados
planos da escada evolutiva?
Naturalmente que as grandes responsabilidades não são inacessíveis, mas a
criança precisa crescer para integrar-se em serviços complexos; e o colaborador
iniciante, em qualquer realização, necessita do tempo e do esforço a fim de
converter-se em auxiliar prestimoso.
Nos problemas de intercâmbio com a Esfera Superior,
desse modo, antes do progresso medianímico, há que considerar o
aprimoramento da personalidade para melhor ajustar-se à obra de perfeição
geral.
·
O grande rio, sem leito adequado, ao invés de
correr, beneficiando a paisagem, encharca o solo, transformando-o em pântano
letal.
·
A ponte quebradiça não suporta a passagem das
máquinas de grande porte.
A mediunidade, como
recurso de influenciar para o bem, não se manifesta sem instrumento próprio.
·
Só o grande amor pode compreender as necessidades
de todos.
·
Só a grande boa-vontade pode trabalhar e aprender
incessantemente para servir sem distinção.
Antes de nos mediunizarmos, amemos e eduquemo-nos.
Somente assim receberemos das ordenações de mais alto o verdadeiro poder de
ajudar.
Emmanuel - 1952
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