Por Carlos Augusto
Abranches
Na vida
de muitos, todavia, a grande questão existencial está em encontrar a tão
esperada alma gêmea. Há os que acreditam na eleita e no eleito, que chegarão um
dia pelas vias do destino. Alguns dedicam tanto tempo à procura que, cansados
de não encontrar a(o) parceira(o) ideal, passam a zombar da vida, desiludidos. Outros
encontram dezenas delas(es) e, a cada nova conquista, percebem que a anterior
não era bem aquilo que esperavam, transferindo para a próxima todos os anseios
de um coração imaturo, ainda sem estrutura para aprofundar sentimentos e
consolidar afetos reais.
A
pergunta a se fazer nesta circunstância é esta: diante do homem em elaboração
que ainda somos, em processo de crescimento rumo à integridade plena do ser,
estamos preparados para conviver em absoluta harmonia com nosso ser amado?
Levando-se em consideração a herança de vidas anteriores, em que nem sempre
fomos felizes nas relações amorosas, merecemos essa convivência, nós que ainda
não aprendemos a dizer com disposição um "bom dia" para o vizinho?
Os
Espíritos nos orientam a voltar um pouco a atenção para nossas tendências de
caráter emocional e observar se, nos meandros da conduta particular, ainda
tropeçamos na falta de equilíbrio emotivo, dando mostras claras de que estamos
longe da possibilidade de desfrutar integralmente de uma relação plenamente afim,
por falta de lastro evolutivo em termos espirituais.
É óbvio
que existem casais felizes, fortalecendo vínculo através do tempo,
relacionamento que nos serve inclusive de lição, para que aprendamos como agir,
de nossa parte, junto ao parceiro que elegemos para a partilha das horas.
Uma
certeza, porém, o Espiritismo nos traz: a de que se vencermos a dura batalha
das diferenças pessoais com os que estão sempre conosco, estaremos preparando
terreno para o começo de um convívio repleto de paz e felicidade, em futuro
próximo. Que não se despreze aqui a decisão, muitas vezes dolorosa, do divórcio
que, em determinadas circunstâncias, é a única alternativa para se evitar o
agravamento da situação conjugal.
O
Espírito Maia de Lacerda, no livro Seareiros de Volta, pg. 159, faz uma
afirmação esclarecedora e corajosa. Ele diz que "é necessário meditar no
estudo da afinidade sexual e espiritual, porquanto muitos irmãos, além de
adotarem o comportamento de lesar almas dignas que lhe merecem a afeição, se
desvairam à procura de outros parceiros de novidade emotiva, interrompendo
serviços absolutamente imprescindíveis para eles no quadro da reencarnação, com
a desculpa de haverem encontrado afinidades queridas do passado ou Espíritos
eleitos pelo destino, fantasiando aventuras perniciosas com o rótulo de
conquistas superiores que ainda não fizeram por merecer".
Pensemos
um pouco nisso, para avaliar com maior profundidade se temos encontrado boas
soluções para melhorar nossos relacionamentos.
Carlos Augusto Abranches é escritor e
jornalista.
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