quarta-feira, 4 de maio de 2016

SEXO NA VISÃO ESPÍRITA

S e x o 

Primeira parte de duas

Por que a busca do prazer sexual é condenada por muitas religiões? Se buscarmos o prazer sexual, estaremos procedendo de maneira pecaminosa? A prática sexual deve objetivar apenas a reprodução? Será que a atual liberdade sexual tem proporcionado a satisfação que o ser humano tanto deseja? Como os postulados espíritas entendem tão controversa questão?

Falar sobre sexo ainda é se aventurar tanto para o moralismo repressor como para a liberalidade irresponsável.
A mais antiga função da sexualidade humana é a reprodução e, a mais moderna, o prazer. Entretanto, relacionado a esse assunto, ainda existe um sistema de preconceitos, tabus, mitos e culpabilidade, decorrente de ideologias religiosas e culturais, segundo o qual somente no casamento o sexo é parcialmente liberado.

As religiões, que no passado se faziam responsáveis pela orientação filosófica e comportamental dos indivíduos, em razão da austeridade de seus conceitos e crenças, controlaram a expressão sexual através de proibições e punições, e, ao condenarem a busca de satisfação física e emocional, permitiram apenas que ela fosse considerada em seu aspecto reprodutivo. Apesar de muitas dessas normas estarem bastante modificadas, ainda existem religiões que, ao encararem com excessivas restrições o prazer, impedem, por exemplo, o uso de anticoncepcional ou de preservativos, mesmo nas relações conjugais. No entanto, na prática, a atividade sexual tem dois aspectos distintos: o reprodutivo e a busca de satisfação física. Segundo pesquisas, atualmente, 99% das relações que um casal tem durante sua vida em comum visam ao prazer.

Allan Kardec, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 719, pergunta à Espiritualidade Maior: “É repreensível ao homem procurar o bem-estar?” [1]

Resposta:

O bem-estar é um desejo natural. Deus não proíbe senão o abuso. Ele não incrimina a procura do bem-estar, se esse bem-estar não é adquirido às custas de ninguém, e se não deve enfraquecer, nem vossas forças morais, nem vossas forças físicas.

O prazer, em si mesmo, não é condenável, visto que o ser humano sempre se encontra empenhado na obtenção de alguma forma de bem-estar, seja na realização de uma atividade, na aquisição de novos conhecimentos, ao sentir-se com boa saúde, durante a alimentação, em seu repouso. Com isso, podemos deduzir que a inconveniência na busca do prazer sexual não diz respeito a algo inerente ao sexo propriamente dito, mas a quem o pratica, quando essa criatura é movida por vulgares sentimentos e desequilibradas motivações. Complementando as considerações acima, apresentamos o parecer de três entidades espirituais sobre tão “desconcertante” assunto. Para muitas pessoas ele ainda o é.

1 – Joanna de Ângelis:

Freud, com muito acerto, descobriu na libido (desejo sexual) a resposta de inúmeros transtornos psicológicos e físicos, psiquiátricos e comportamentais que afligem o ser humano. (…) Examinando a sociedade como vítima da castração religiosa ancestral, decorrente das inibições, frustrações e perturbações de seus líderes, que através de mecanismos proibitivos para o intercâmbio sexual, condenavam-no como instrumento de sordidez, abominação e pecado, teve a coragem intelectual e científica de levantar a bandeira da libertação, demonstrando que o gravame se encontra mais na mente do indivíduo do que no ato propriamente dito.

(…) A contribuição de Freud para a libertação da criatura humana, arrancando-a da hipocrisia vitoriana e clerical anteriores, dando-lhe dignidade, é de valor inestimável. (…) O que tem faltado é conveniente orientação educacional para a vida sexual, assim como equilíbrio por parte de religiosos e educadores, líderes de massas e agentes multiplicadores sociais, que sempre refletem as próprias dificuldades de relacionamento e vivência sexual. [2]

2 – Cairbar Schutel:

Sexo tem um sentido de troca positiva de sensações e vibrações carnais e fluídicas. (…) Não se retira do ato sexual, com isso, o seu característico de prazer. É prazer e continuará sendo no mundo material. Deve ser, inclusive, para justificar e incentivar a sua prática. Não é fonte exclusiva para a procriação, mas, sobretudo, para troca de energias e sentimentos entre os seres que se unem para um consórcio de vida, permutando experiências e desenvolvendo projetos. [3]
Silvia Helena Visnadi Pessenda

REFERÊNCIAS:

[1] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996. [2] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). O despertar do espírito. 4. ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2000. Cap. “Problemas psicológicos contemporâneos”. [3] SCHUTEL, Cairbar (espírito); GLASER, Abel (psicografado por). Fundamentos da reforma íntima. 3. ed. Matão: Casa Editora O Clarim, 2000. Cap. “Sexualidade”.

SEXO NA VISÃO ESPÍRITA


O Livro Gênese, do Velho Testamento, mostra claramente que, a simbólica perda do paraíso, foi ocasionada pelo pecado de Adão e Eva ter experimentado O FRUTO DA ÁRVORE DA CIÊNCIA (CONHECIMENTO) DO BEM E DO MAL (Gênese, 2:9). Mais tarde, os teólogos encasquetaram que o pecado exercitado pelo casal se tratava de sexo, mais exatamente o prazer sexual. Sexo, portanto, passou a ser sinônimo de pecado.

Quanto maior o prazer, maior o pecado. Os casais deveriam estar convenientemente vestidos, evitando a sensualidade pecaminosa; não era prudente casar-se com mulher muito bonita, porque aumentava o desejo; carícias sensuais nem pensar! Era mais prazer pecaminoso. Tomás de Aquino (em Súmula Teológica) leva aos extremos a ideia, proclamando que o homem que ama a esposa com muita paixão transgride o Bem do casamento e pode ser rotulado de adúltero; Agostinho (em Solilóquios), afirma que nada afasta mais o homem das alturas do que os carinhos da mulher e aqueles movimentos do corpo, sem os quais ele não pode possuir sua esposa.

Os teólogos buscavam fórmulas para que o sexo, que não podiam proibir, sob pena de extinguirem a raça humana, fosse diminuído na vida familiar e exercitado não como parte da comunhão afetiva, mas exclusivamente para a procriação. O sexo era proibido aos domingos, dias consagrados ao Senhor; no jejum de quarenta dias, antes da Páscoa; vinte dias antes do Natal; dias antes de Pentecostes; três ou mais dias antes de receber a comunhão; durante o período menstrual, semanas entes e depois do parto. Quanto menos tempo disponível, menos pecado. Para conter os fiéis apregoava-se que o sexo nos períodos proibidos gera filhos deficientes físicos e mentais e doenças como a lepra e a tuberculose.


ENTÃO, O SEXO DEVE SER LIVRE?

O sexo sempre foi livre e deve ser livre. Portanto, não devemos concordar com a promiscuidade e a vulgaridade com que ele é exercido, mas à liberdade com responsabilidade, mediante a consciência da sua finalidade. Hoje a mente das pessoas está no sexo; é a cabeça sexual. O estômago, quando se come demais, tem indigestão. Qualquer órgão de que se abusa, sofre o efeito imediato. O problema do sexo é a mente. Criou-se o mito que a vida foi feita para o sexo, e não o sexo para a vida. Depois da revolução sexual dos anos 60, o sexo saiu do aparelho genésico e foi para a cabeça. Só se pensa, fala respira sexo. E quando o sexo não funciona, por exaustão, parte-se para os estimulantes, como mecanismos de fuga, o que demonstra que o problema não é dele, e sim, da mente viciada. Se o problema fosse do sexo, as pessoas ‘saciadas’ seriam todas felizes, o que, realmente não acontece. Ou a criatura conduz o sexo, ou este a arruína. Ou se disciplina o estômago, ou se morre de indigestão.

SEXO É AMOR?

Não, sexo é um fenômeno biológico de atração magnética, porque os animais o praticam e não se amam. O amor é um sentimento, o sexo é um veículo de sensações. Quando irrigado pelas superiores emoções do amor, ele ilumina a alma e, sem o tempero santificante desta emoção, ele atormenta o Ser.

E O SEXO ANTES DO CASAMENTO?

A sugestão ao jovem espírita é a atitude casta. Uma atitude casta não quer dizer isenta de comunhão carnal, mas sim, de respeito, de pureza. Deve-se colocar o amor acima do sexo, porque quando o sexo é moralizado pelo amor, sabe-se quando, como e onde atuar. Quando mencionamos castidade, não nos referimos à abstinência total e absoluta, mas ao respeito. Um casal que se respeita vive castamente. Amem, e o amor dirá o que fazer. Se tiverem o sexo pré-conjugal, procurem honrá-lo através do matrimônio. O Espiritismo nos ensina a “amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo”.

Temos que nos amar, e a melhor maneira é a de nos respeitarmos. Portanto, sexo, sim, mas, amor também. Amor com responsabilidade. Sexo com responsabilidade, assumindo-se as conseqüências: filhos, compromissos com o parceiro(a) até quando possível, para evitarmos dramas piores com a separação. Portanto, sexo não é um ato pecaminoso, errado ou sujo; o erro está na maneira que, algumas pessoas, fazem uso dele. Dúvidas sobre o assunto?

Leiam o livro “VIDA e SEXO”,

psicografado por Francisco Cândido Xavier,

com ensinamentos do Espírito Emmanuel.

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