Frase que dá título a este artigo é de autoria de Cairbar Schutel e consta do livro de sua autoria, Parábolas e Ensino de Jesus.
Estudando sobre a vida na Terra e a vida
eterna, o autor ensina que “o escopo da vida na Terra é o
aperfeiçoamento do espírito. Aquele que assim compreende, eleva-se,
dignifica-se, e, livre dos entraves materiais, sobe às alturas
inacessíveis ao sofrimento, alcançando a felicidade eterna”.
No entanto, são poucos, muitos poucos, os
que têm essa compreensão e que desde logo procuram aproveitar a
oportunidade que a presente existência nos oferece para realizar, com
verdade e denodo, a transformação moral, objetivo principal da vida
terrena.
Todos nascemos e renascemos em obediência
ao comando divino chamado Lei do Progresso. Por conseguinte, “não
estamos aqui para derrotas, mas para sermos vitoriosos”, conforme feliz
afirmação da pedagoga Heloísa Pires.
De fato, todos aqueles que se dispõem a
trabalhar no terreno do bem, perseguindo, incansavelmente, em cada
gesto, a renovação e a reforma íntima, conseguirão dar largos passos no
caminho traçado por Deus. Eis a fórmula da felicidade, tendo em conta
que, na esteira do que ensinou Jesus, “a cada um será dado segundo suas
obras”.
Acontece, porém, que a grande maioria da
humanidade não procura conhecer as verdades contidas nas lições
constantes que a vida nos oferece. Lançam as suas preocupações e os seus
esforços para amealhar as efêmeras alegrias do mundo. Acumulam tesouros
em local errado, como diria o Mestre, onde não há sorriso que não
comporte a herança de uma lágrima, nem gozo material satisfeito que não
recaia no enfado, no fastio. Mas o destino do espírito não é se
enfastiar, nem tombar exausto no abismo da saciedade. O corpo, esse
poderá saciar-se, mas o espírito não se aquieta enquanto sedento de luz,
faminto de justiça e de saber, ansioso por conquistar a felicidade que
não passa.
As festas dos prazeres materiais, que
privilegiam os sentidos, levam o homem a uma felicidade fictícia,
irreal, as quais, em contradição com as suas aparências, são muito
tristes. Quantas responsabilidades contraem os que navegam sem bússola
nos mares do gozo! Quanta degradação! Quanta obcecação! Pobres aqueles
que buscam flores onde só se pode encontrar espinhos.
O espiritismo não condena o gozo. Embora
estejamos sujeitos a expiações e provas, das quais necessitamos e com as
quais nos comprometemos, Deus quer que sejamos felizes. Mas esse gozo
deve ser racional, belo. Não se confunde com a concupiscência, com a
irresponsabilidade, com a leviandade de quem só conhece direitos e não
enxerga obrigações.
Todos necessitamos almejar uma vida
melhor, usufruindo os bens que a Terra nos oferece. Mas para isso
exige-se discernimento, sabedoria. Quem opta por degradantes deslizes,
certamente colherá conseqüências que nos serão cobradas na volta para o
mundo espiritual, nossa verdadeira morada e, ainda, em novas
reencarnações aqui ou em outros mundos para onde seremos levados pela
Lei de Afinidade.
Os que reconhecem seus erros, os
arrependidos e submissos, precisam tomar o caminho de volta à “Casa
Paterna”, como ensina Jesus através da parábola do filho pródigo. Este
retorno representa o reinício de uma nova vida, preparando-se para a
viagem que todos teremos que fazer através do fenômeno morte ou
desencarnação, como leciona o espiritismo.
Na mesma trilha, ainda lembramos as
palavras de Cairbar Schutel: “Quem luta pelo seu aperfeiçoamento no
campo do saber e do amor, eleva-se, dignifica-se, e, livre dos entraves
materiais, sobe às alturas inacessíveis ao sofrimento, alcançando, dessa
forma e só assim, a felicidade real, tão desejada por todos. Aquele que
não quer compreender rebaixa-se, desmoraliza-se, e, absorvido pelas
paixões, desce às voragens da dor, para expiar e reparar as faltas, as
transgressões das leis divinas. (…) A vida na Terra, para os que
acumulam tesouros nos Céus, é a senda luminosa que liga a Terra aos
Céus, é a estrada comunicativa que lhes permite a passagem para se
apossarem desse tesouro. Os que vivem na Terra pela Terra, são da Terra;
os que vivem na Terra sem serem da Terra, são dos Céus. A vida na Terra
é efêmera; a Vida nos Céus é eterna, e a posse da Vida Eterna consiste
no cumprimento da Lei: ‘Buscai o Reino de Deus e a sua justiça, que tudo
o mais vos será dado por acréscimo’, como nos ensinou Jesus”
Autor: Édo Mariani
Jornal “O Espírita Fluminense”
Instituto Espírita Bezerra de Menezes – IEBM – Niterói – RJ
Janeiro/Fevereiro 2010
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