sábado, 21 de maio de 2016

O Estado de Perturbação


  Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se um fenômeno de importância capital: a perturbação. 

Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações, de modo que quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro momento. Apenas em poucas situações pode a alma contemplar conscientemente o desprendimento. 

  A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. 

Em algumas pessoas ela é de curtíssima duração, quase imperceptível, e nada tem de dolorosa, poderia ser comparada como um leve despertar. 

  Em outras pessoas, o estado de perturbação pode durar muitos anos, até séculos, e pode configurar um quadro de sofrimento severo, com angústia e temores acerbos.

Lembra Allan Kardec que no momento da morte tudo à princípio é confuso:

  A alma necessita de algum tempo para se reconhecer; sente-se como atordoada, no mesmo estado de um homem que saísse de um sono profundo e procurasse compreender a situação. 

A lucidez das ideias e a memória do passado voltam, lentamente, à medida que se extingue a influência da matéria e que se dissipa essa espécie de nevoeiro que lhe turva os pensamentos.

  Essa perturbação pode apresentar características particulares, dependendo do caráter do indivíduo. 

Muitos indivíduos não se identificam como desencarnados e continuam frequentando os ambientes tradicionais, sem se aperceberem da morte. 

  Outros, entram em quadro de loucura psíquica, perdendo a completa noção de tempo e de esforço com a desagregação de sua personalidade.

Alguns Espíritos mergulham em sono profundo e nesse estado ficam durante um tempo muito variável.

  Um fenômeno que parece ser geral, e que ocorre neste período, é aquilo que os autores chamam de "Balanço existencial".

Os principais fatos da vida do desencarnante deslizam diante de sua mente, numa velocidade espantosa, e ele revê a si mesmo em quase todos os grandes lances de sua encarnação. 

  André Luiz afirma que tal mecanismo automático, é de importância no processo evolutivo do Espírito, pois vai imprimir magneticamente nas células do corpo espiritual as diretrizes a que estarão sujeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam. 

O estado de perturbação varia, imensamente, de pessoa para pessoa. Os fatores que vão influenciar na duração e na profundidade desse estado são:

Conhecimento do Mundo Espiritual:

Os Benfeitores Espirituais informam que o conhecimento do Espiritismo exerce uma grande influência sobre a duração maior ou menor da perturbação, pois o Espírito que tem informação precisa a respeito do mundo espiritual compreende antecipadamente a sua situação.

  "O conhecimento que nos tiver sido possível adquirir das condições da vida futura exerce grande influência em nossos últimos momentos; dá-nos mais segurança; abrevia a separação da alma." Léon Denis.

Os extremos da vida são os períodos da existência em que o desencarne se processa, geralmente com maior facilidade. 

  Na criancinha, o processo encarnatório ainda não completou-se definitivamente, e no idoso, os laços que mantêm unidos o corpo espiritual ao corpo físico, estão mais frágeis, débeis, fáceis de serem rompidos.

A respeito do desencarne na infância Richard Simonetti diz:

  "O desencarne na infância, mesmo em circunstâncias trágicas, é bem mais tranqüilo, porquanto nessa fase o Espírito permanece em estado de dormência e desperta lentamente para a existência espiritual. 

Alheio às contingências humanas ele se exime de envolvimento com vícios e paixões que tanto comprometem a experiência física e dificultam um retorno equilibrado."


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