Todos os espíritos que
nascem no planeta Terra são imperfeitos. Possuem muita imaturidade e sofrem por
terem uma sabedoria limitada.
Segundo várias doutrinas
teológicas (protestantismo, judaísmo, islamismo, etc) este espírito imaturo
possui apenas uma oportunidade. Uma única oportunidade (vida), de poucas
décadas, para decidir como será sua vida durante milhões de anos.
Estas doutrinas religiosas,
com algumas diferenças, pregam o seguinte: ao morrer, o espírito “adormece” até
o dia do Juízo Final. Neste dia, Deus decidirá quem viverá eternamente bem ou
viverá eternamente no inferno. Alguns poderão ser agraciados com a graça de
Deus, outros sofrerão eternamente.
Neste ponto a doutrina
espírita Kardecista difere radicalmente. Não há Juízo Final, não há penas
eternas. Deus é amor, e em sua infinita bondade sempre permite que as pessoas
evoluam e superem seus defeitos e imaturidades (e paguem pelos seus erros).
O livro Nascer Várias Vezes,
pag.55, diz: “O desejo de Deus é que todos decidam espontaneamente cultivar o
que é nobre, mesmo que seja no ... final de uma encarnação (na velhice) ou após
várias encarnações. Aqueles que evoluírem rápido e os que evoluírem devagar
chegarão no mesmo “lugar” e terão as mesmas “recepções” (benefícios)”.
Qual é a grande vantagem de
evoluir mais rápido?
No livro temos a resposta:
“Quem evolui rápido se poupa de sofrimentos, diminui o que terá que reparar e
desfruta por mais tempo os benefícios que são próprios da evolução do espírito.
Todos os espíritos evoluídos são unânimes em informar que existe um profundo
deleite em se aproximar de Deus”.
A lógica nos mostra que
criar um espírito imaturo, colocá-lo em ambientes negativos e cobrar dele, por
toda a eternidade, os resultados desta sua vida é um ato ilógico e pouco
amoroso.
O que a Bíblia diz? Ela
embasa a ideia do perdão e das múltiplas oportunidades para a evolução e
aprendizado do espírito?
Abaixo você lerá um texto
retirado do livro “O espiritismo e a Igreja reformada”. Autor: Jayme Andrade.
Um dos melhores livros sobre a Bíblia e o espiritismo.
“Deus é amor (1.° João 4:16)
e esse amor se reflete na atração universal que interliga todas as coisas,
desde os elétrons em seu giro no interior do átomo, até as galáxias com seus
imensos campos gravitacionais através do espaço infinito... o Pensamento-Criador atua sem cessar em todos
os quadrantes do Universo e, afinal, como disse o apóstolo Paulo: "Nele
vivemos e nos movemos e existimos" (Atos 17:28).
"Deus quer que todos os
homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade". (1.° Tim. 2:3/4).
Ora, o que Deus quer, fatalmente se realiza, porque a Sua Vontade é suprema,
não está sujeita às contingências próprias da vontade humana. Eu posso
"querer", mas de quantas coisas depende a realização da minha vontade!
Assim, o meu "querer" não passa de um "desejo" nem sempre
realizável, porque sujeito às limitações inerentes à minha imperfeição. Mas a
vontade de Deus é causa geradora, porquanto Ele é infinito em todos s seus
atributos, do contrário não seria perfeito. Portanto, é inadmissível a mais
leve restrição à sua soberana vontade, daí o afirmarmos que tudo o que Ele quer
necessariamente acontece.
Se Deus é amor, os Espíritos
saídos de suas mãos onipotentes são fruto desse trabalho de amor. Sendo criados
ignorantes e naturalmente imperfeitos, a fim de que, através das experiências
da vida, possam elevar-se gradualmente em conhecimento e virtude, para
retornarem afinal ao seio do Criador e participarem da Sua glória... No que
todos concordamos é que saímos das mãos do nosso Pai Celestial envoltos na
auréola do Seu amor infinito, pois se "Deus é amor", tudo o que sai
das Suas mãos é produto desse amor...
... é lícito concluir que
esse Ente de afeição e de bondade (Deus) só pode criar as almas para fazê-las
felizes e para que um dia participem da Sua glória, de modo algum para
torná-las desgraçadas, ou para as condenar a sofrimentos eternos. Portanto, não
nos parece lógico supor que esse Pai amoroso, sendo onisciente, e pois
conhecendo de antemão o destino das almas por Ele criadas, sabendo que, segundo
a ortodoxia cristã, a esmagadora maioria delas será fatalmente condenada à
perdição eterna, mesmo assim continue gerando criaturas tão frágeis, tão
suscetíveis de sucumbir às tentações; quando lhe seria mais fácil, uma vez que
é onipotente, fazê-las mais perfeitas, ou pelo menos mais resistentes ao mal.
Daí o não aceitarmos, nósespíritas, a doutrina das penas eternas, visto nos parecer incompatível com a
suprema bondade e a suprema justiça, qualidades excelsas e essenciais do nosso
Criador e Pai.
Alega-se
em defesa da
eternidade das penas que a gravidade da falta é diretamente proporcional
à
importância da pessoa ofendida, e que assim uma ofensa dirigida a um ser
infinito como Deus seria também infinita, implicando uma punição
igualmenteinfinita. Mas esse argumento é especioso, porque sendo o homem
um ser finito,
de modo algum poderia cometer uma ofensa infinita, de sorte que a ofensa
não
guarda relação com a pessoa do ofendido, mas com a capacidade do
ofensor. Nas
próprias normas do nosso Direito Penai (arts. 22 a 24], observa-se a
“inimputabilidade“ do delinquente por circunstâncias de idade,
perturbação de
sentidos ou alienação mental. Perguntamos: pode alguém de bom senso e no
pleno
domínio das suas faculdades sentir-se ofendido pelas diatribes que lhe
dirija
um doente mental? Pode um adulto consciente sentir-se atingido pelas
injúrias
que lhe dirija uma criança de tenra idade?... E não é infinitamente
maior a
desproporção que existe entre o Ser Supremo e a minha insignificante
pessoa, do
que a existente entre mim e uma criancinha que mal começa a ensaiar seus
próprios passos? Então como posso eu, Espírito imperfeito, assim criado
por Elee que mal engatinha em sua peregrinação pelos caminhos do
aperfeiçoamento
moral, como posso ofender o Todo Poderoso ao ponto de merecer uma
condenação a
penas severas e inextinguíveis, por deslizes resultantes da imperfeição
inerente à minha própria natureza humana? Não estaria aí a severidade da
pena
em brutal desproporção com a gravidade da falta?
(Nota do Regis Mesquita –
perdoamos e não nos ofendemos se uma criança de 3 anos que nos bate e xinga. A
lógica da educação e o ensinamento do perdão nos induzem a este comportamento.
Será que Deus, em sua misericórdia, também não estaria disposto a perdoar estes
seres pequeninos que somos nós?)
... Jesus nos veio ensinar a
amar os nossos inimigos, a perdoar indefinidamente as ofensas, a ver no Pai
Celestial um ser compassivo e misericordioso, sempre pronto a acolher um filho
que se transvia [ver parábola do Filho Pródigo]. O Deus que a ortodoxia cristã nos impinge é
de uma severidade extrema, cominando penas que nenhum tribunal humano
subscreveria, e ainda por cima irremissíveis, de nada adiantando, após a morte,
o arrependimento dos ... condenados.
Ora, nós sabemos que a
experiência na carne, por prolongada que seja, não passa de um instante fugaz
em face da eternidade. Então temos de forçosamente concluir que a condenação a
uma eternidade de sofrimentos por faltas cometidas durante tão breve tempo, não
se coaduna com a ideia de um Deus justo, misericordioso e infinitamente bom.
E se Deus perdoa ao culpado
que se arrepende de seus erros no curso da vida terrena, por que não poderá
fazê-lo em relação aos que se arrependem depois da morte? De que serviria,
então a "pregação do Evangelho aos mortos”', a que alude o apóstolo Pedro
em sua epístola? (1 Pedro 4:6).
Pergunta-se: Depois da morte
o ser conserva a sua individualidade ou não? Pode pensar, sentir, raciocinar?
Pode arrepender-se de seus erros? Se se arrepende, por que não pode ser
perdoado? Que Deus misericordioso é esse, que só perdoa as faltas de seus
filhos durante a vida terrena, que é um átimo, e não perdoa durante a vida
espiritual que dura a eternidade? Se Deus criou os homens para a Sua glória
(Isaías 43:7), por que condenará a penas eternas aqueles que o invocarem? (Joel
2:32). Onde estão os fundamentos da ideia de que Deus só atende aos pecadores
durante a vida corpórea? Como entender "a minha ira não durará
eternamente" (Jer. 3:12), se as almas são condenadas pela eternidade? Como
pode alguém "amar a Deus sobre todas as coisas" (Deut. 6:5) se entender
que esse Deus é um tirano, que condena o pecador a penas eternas e não lhe
perdoará após a morte, por mais que se arrependa? Um tal Deus não poderia ser amado, mas apenas
temido (Salmo 89:7).
O próprio Jesus foi pregar
aos Espíritos em prisão (mortos) (1 Pedro 3:19). Por que foi Ele pregar, se os
mortos não se arrependem? Observe-se que não se trata da expressão "mortos
em delitos e pecados", pois logo o versículo seguinte esclarece: "Os quais noutro tempo foram desobedientes,
quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé". Portanto,
Espíritos que haviam vivido na Terra ao tempo de Noé e a quem Deus concedeu
nova oportunidade, através da pregação de Jesus. E se o destino dos mortos é
irremissível, por que se batizavam por eles os primitivos cristãos? (1.° Cor.
15:29)”.
O bem fundamentado texto do
Jayme Andrade nos ensina a importância do estudo da Bíblia pelos espíritas e
espiritualistas. Nela existe muita sabedoria acumulada por milênios e que devem
ser aproveitadas para o estudo e a instrução.
A verdade é que Deus não
desiste dos espíritos que Ele cria. Deus não maltrata, Deus ensina. Deus apoia,
Deus orienta. Quando Deus é duro é para educar. Deus concede oportunidades e
quem aproveita evolui mais rápido e enfrenta com mais sabedoria os desafios da
vida.
Sempre há oportunidades,
sempre há soluções. Em um mundo repleto de amor também existe sofrimento. Mas,
o sofrimento que é efetivamente sentido no interior de cada um será
proporcional à sua evolução (qualidades + sabedoria + maturidade) de cada um.
Ou seja, o mesmo desafio
causará maior ou menor sofrimento dependendo da evolução espiritual da pessoa.
Quanto mais qualidades, sabedoria e maturidade, menor sofrimento frente aos
mesmos problemas.
A mentalização 18, do blog
Caminho Nobre nos ensina:
“Serei o que Deus quer de
mim:
criarei paz em meio à
tempestade,
criarei bondade em meio à
bonança.
Está em mim a solução,
somente em mim, em comunhão
com Deus.
Eu aceito as provas que
chegarem,
e lutarei para criar a paz
em minha mente.”
Evolua, melhore, desenvolva,
aproveite as oportunidades de exercitar tudo de nobre que há dentro de você. É
assim que o sofrimento é superado. É assim que você se transformará ao longo de
milênios de vida encarnada ou desencarnada. Deus não desiste de ser útil e de
auxiliar, este é o princípio da caridade que Ele pratica e orienta que todos
praticam.
Penas eternas não existem. O
inferno não existe. Aliás, o “inferno” só pode ser criado por você no seu
interior, gerando sofrimentos que podem durar anos, décadas, séculos ou
milênios. Mesmo nestes momentos em que você ajuda a gerar seu sofrimento,
haverá oportunidades para mudar e se transformar. Deus nos ensina a sermos
responsáveis conosco, porque Ele assume a Sua responsabilidade sempre. Deus nos
ensina a praticar a compaixão, bondade e caridade, porque é assim que Ele age.
A mudança interior
(completude e reforma íntima) e a sintonia com o que é nobre rompem com o
sofrimento e geram a paz.
Autor:
Regis Mesquita
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