sexta-feira, 1 de maio de 2015

INSUCESSO AMOROSO


Insucesso Amoroso por  Osvaldo Shimoda 

Certa ocasião, uma paciente me procurou pelo fato de seus relacionamentos amorosos não darem certo. Veio ao meu consultório com muita culpa por achar que seus padrões mentais negativos é que estavam atraindo homens desfavoráveis. Em verdade, ela percebeu que dois fatores colaboraram para cultivar essa culpa: A igreja católica e os livros de auto-ajuda. A igreja católica ainda hoje prega a idéia de que o casamento é indissolúvel perante Deus. Desta forma, ela se sentia duplamente culpada, isto é, por ter dissolvido o seu casamento com o seu marido, e por sentir-se responsável pelo seu fracasso. Expliquei-lhe que nem sempre homens e mulheres vêm à vida terrena para se relacionarem com uma única pessoa e ficarem para o resto de suas vidas juntos. Procurei esclarecê-la que, dentro da visão reencarnacionista, tudo vai depender de seu programa reencarnatório, ou seja, de seu propósito de vida. Se no seu programa reencarnatório o objetivo é de se reencontrar com uma determinada pessoa apenas para resgatar pendências cármicas de uma vida passada e, cada um seguir o seu caminho, após suas respectivas aprendizagens, não há porque continuar juntos até o final de suas vidas. Neste sentido, há pessoas que não vieram para casar ou constituir uma família nesta vida. Seu propósito de vida, de aprendizagem, portanto, é outro. Sua culpa também foi reforçada pelos livros de auto-ajuda que dizem que atraímos parceiros(as) desfavoráveis pelo fato de cultivarmos padrões mentais negativos (crenças) a nível inconsciente do sexo oposto, ou pelo medo da intimidade, ou seja, medo de se entregar num relacionamento afetivo por conta de uma desilusão amorosa que sofrera. Daí atrair inconscientemente parceiros(as) desfavoráveis para não se envolverem afetivamente. Desta forma, homens e mulheres buscam se auto-sabotar, portanto, para evitarem seus temores em se envolver e virem a sofrer novamente. Disse-lhe que concordava plenamente com essas idéias que explicam as causas do insucesso amoroso. No entanto, procurei alertá-la sobre o perigo de se generalizar a causa de um problema, pois cada pessoa é única, singular e, portanto, também apresenta uma história de vida única. Mesmo irmãos gêmeos univitelinos, ainda que semelhantes entre si, não têm - em absoluto - uma personalidade idêntica. Se partirmos do pressuposto que somos seres imortais, que já existíamos antes de nascermos neste mundo, e que trazemos atitudes negativas e positivas, frutos de experiências adquiridas em vidas passadas, é evidente que a nossa história de vida será única também. Neste sentido, muitos livros de auto-ajuda incorrem no erro de adotar uma visão simplista, de "rotular" a causa de um problema, generalizando-a. Exemplificando: Se uma pessoa tem problemas nas articulações, esses livros atribuem a causa a personalidades inflexíveis e rígidas que se recusam a mudar, que resistem, portanto, ao processo de transformação. Realmente, isso é um fato na minha prática clínica, mas nem sempre a causa é essa. No meu trabalho em regressão, com os meus pacientes, nem sempre a causa advém de sua rigidez em querer mudar. Muitos regrediram e recordaram que, em vidas passadas, foram amarrados pelos braços e pernas a um aparelho de tortura pelos seus algozes que esticavam seus membros para torturá-los. Após revivenciarem e compreenderem a causa que gerou o problema, liberando a experiência traumática com forte conteúdo emocional, muitos desses pacientes soltaram o seu passado, não apresentando mais problemas nas articulações. Portanto, influenciada pela literatura de auto-ajuda, a paciente veio ao meu consultório se sentindo culpada por achar que o seu pessimismo e negativismo a faziam atrair homens 'desfavoráveis'. No entanto, ao regredir, descobriu que a causa de seu problema amoroso não era o que pensava inicialmente.


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