Parentela Corpórea e Parentela Espiritual
(Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?)
Rodrigo de Godoi - Outubro de 2014
Hoje gostaria de falar sobre um assunto bastante incomum, com o qual praticamente ninguém irá se identificar: Questões Familiares.
-Você está brincando?
Sim, estou. Achou que sou capaz de oferecer um furador de cinto de presente pra quem me provar que tem uma família onde todos são perfeitos, evoluídos, ninguém tem atrito com ninguém e, nossa... Parece até o paraíso.
Acho que até mesmo naqueles antigos comerciais de margarina, em que aparecia aquela família feliz, onde todo mundo já acorda penteado, essa felicidade toda só era possível porque o comercial durava uns 20 segundos. Experimenta estender a cena pra uns 5 minutos procê ver. Não iria demorar muito para sair uma palavra atravessada aqui, uma levantada de voz ali e aquele mau humor matinal que paira em muitas cabeças (não raro na minha, às vezes).
Mas toda essa conversa fiada até aqui foi para chegar no tema citado no título e falar sobre a Família Corporal e Família Espiritual. Serão a mesma coisa?
Allan Kardec nos ensina no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIV - Honrar Pai e Mãe, que os laços consanguíneos não representam os laços espirituais.
- Mas meu filho saiu de mim! - poderia dizer a mãe.
Sim, nossos filhos vêm através de nós, mas não nascem de nós. Criamos nossos filhos, mas não somos os criadores de seus Espíritos. Como pais, somos uma espécie de “secretários do Criador”, auxiliando os seus passos até certa parte da encarnação. Nadamos com eles “a primeira metade do oceano”. Às vezes um pouco mais. E cada filho é de um jeito, porque cada Espírito é de um jeito. Nem vou entrar no mérito das diversas questões familiares entre sogra e genro, sogra e nora, desavenças entre irmãos e por aí vai... Daria um livro em vários volumes.
Na família corporal, estão encarnados alguns Espíritos por quem temos mais simpatia, mas também estão presentes outros (maioria) que são nossos adversários do passado, com quem temos um “passivo” a resgatar. Como já disse uma vez o Espírito Zé Grosso: “as famílias são as sucursais do umbral.
Mas essa é uma grande oportunidade de crescimento que Deus nos dá, como alunos presentes na mesma sala de aula. De maneira geral, podemos dizer que estar com a família também nos traz, apesar de tudo, experiências maravilhosas e inesquecíveis. Claro que nem tudo são flores. Afinal estamos no mundo de provas e expiações.
Se os laços da família corpórea findam com a matéria, os laços espirituais existem antes, durante e depois da encarnação. A família espiritual é composta de seres com grande comunhão de ideias e sintonia. Podemos dizer que nossos parentes espirituais estão em toda parte. Alguns estão também na sua família corpórea (por que não?), mas outros podem estar entre seus amigos, colegas de profissão, outros ainda podem estar encarnados em outras cidades, outros estados, outros países e você nem os "conheça". Mas se encontrar algum deles por acaso, em algum lugar por aí, tenha certeza de que vai ter uma sensação de que já o conhece há anos, e lamentará ter de ir embora tão cedo, porque não viu o tempo passar. Temos ainda uma grande parte de nossa família espiritual que não está encarnada atualmente. Mas estão torcendo por você, lembrando de você, recordando algum momento especial, como seu aniversário por exemplo. Assim como se alegram pelas nossas conquistas, nos momentos difíceis também estão eles vibrando em favor de nosso reequilíbrio.
Aí está o significado da passagem bíblica (Marcos,3:20), em que alguns seguidores, vendo a multidão aumentar, teriam se aproximado de Jesus, avisando da presença de sua mãe, disseram-Lhe que estavam presentes Sua mãe e Seus irmãos. Ao que o Cristo respondeu:
- Quem é minha mãe e quem é meu irmão?
Longe de dizer que Maria, sua mãe, pudesse ter importância menor, Jesus ensina nessa passagem que “todos aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está no Céu, é meu irmão, minha mãe e minha irmã”.
Enfim, amemos as nossas famílias, Corpórea o Espiritual.
Referência: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap IV. Item 8.
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