Quando vemos um ente querido sofrendo, sobretudo no caso de uma doença incurável, a reação mais provável é um sentimento de impotência, revolta contra tudo e todos – até contra Deus – e a inevitável pergunta: por que existe tanta injustiça?
A doutrina espírita, ao esclarecer muitos pontos normalmente obscuros do Evangelho e, também, ao comunicar novos dados (mediúnicos) sobre a criação do universo e desmistificar dogmas enraizados (leia mais sobre o assunto no texto de Léon Denis, “A vida no Espaço”, na página 3), acaba por demonstrar que para tudo existe um motivo, e o que nos parece uma grande injustiça é, de fato, prova da bondade divina.
Sabendo que Deus – seja lá o que Ele for (cf. questão nº. 1 do livro dos Espíritos ) é bondade, justiça e amor, como pensar que o sofrimento humano é um tributo à velha lei mosaica “ olho por olho, dente por dente” ou, ainda, do ditado popular “aqui se faz, aqui se paga”? Se assim fosse, por que pessoas boas, honestas, prestativas, amigas, são vítimas de doenças como câncer, AIDS e outras tantas doenças graves ou até incuráveis, enquanto pessoas que consideramos “más”, fúteis ou indiferentes são saudáveis?
Se a causa dos sofrimentos não está na vida atual, é necessário procurar a causa nas vidas anteriores (ver Evangelho Segundo o Espiritismo, capitulo V, Bem aventurados os aflitos). O estudo da doutrina espírita proporciona, pouco a pouco, esta compreensão: o que parece crueldade é, na verdade, um ato de amor do Pai, que não nos nega a possibilidade de remissão e reparação de nossos erros anteriores. Se a Terra não fosse um planeta em seu atual nível de desenvolvimento – é uma das muitas moradas do Pai, um mundo de provas e expiações –, seguramente não haveria este tipo de sofrimento. Se encarnamos, pois, em um mundo onde o sofrimento existe, devemos entender ou tentar entender os desígnios de Deus, e a revolta, neste caso, assemelha-se à birra da criança que não tem seus desejos satisfeitos. Mas, qual o pai que não adverte o risco de choque elétrico no caso de se colocar um dedo na tomada? Por amor, poderá haver a bronca, a proibição, até um leve castigo; contudo, se a criança rebelde, a despeito dos avisos, colocar o dedo na tomada – usando, pois, o seu livre-arbítrio –, sentirá a descarga elétrica e sofrerá as consequências de sua ação.
Portanto, conscientes que em nossas inúmeras encarnações precedentes usamos de nosso livre-arbítrio e muitas vezes não atendemos às advertências do Pai, nos resta arcar com as consequências de nossas ações. Essas consequências, para serem reparadas, podem exigir do Espírito um sacrifício (muitas vezes, esse “sacrifício” manifesta-se na forma de uma enfermidade grave) que, uma vez superado, é uma bem-aventurança, pois proporcionou, muitas vezes, não só o resgate de faltas anteriores como também importantes superações de si mesmos e um degrau a mais na escada da Evolução Espiritual.
Ao invés, então, da revolta e do sofrimento, busquemos o entendimento e o bálsamo do conforto nas palavras dos nossos irmãos desencarnados, muitos dos quais dedicam sua permanência no Plano Espiritual para mitigar o sofrimento e a incompreensão de nós, encarnados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário