domingo, 14 de junho de 2015

Livre-Arbítrio

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Como deve ser entendido o livre arbítrio?
A libertação é um anseio do indivíduo. As constituições democráticas a protegem e os povos dominados a buscam incessantemente. A liberdade, contudo, nunca será plena, já que a convivência com o próximo determina um limite, ou seja, o nosso direito de liberdade vai até onde começa o direito do nosso semelhante. Por exemplo: o direito de ir e vir nos autoriza a livre locomoção pelo país, no entanto não podemos invadir a casa alheia, porque então estaremos violando o direito do proprietário.
O homem ignorante, por isso ainda egoísta, orgulhoso e violento, não respeita as leis e nem o próximo, imaginando que pode livremente agir consoante a sua vontade, na busca de saciar os seus desejos e paixões. Lançando mão de vários recursos, furta-se muitas vezes à ação da justiça humana, esquecendo-se, porém, de que acima desta vige a Justiça Divina, da qual não escapará.
A legislação penal não é proibitiva, mas sancionadora. Explicando melhor: a lei não diz que proibido matar, mas estabelece pena reclusiva para aquele que tira a vida de alguém. É sabido que não se consegue evitar a infração da lei com simples normas abstratas, mas que é preciso impor-se uma reprimenda que freie a ação considerada prejudicial à praz da coletividade, posto que o homem não está suficientemente maduro para cumprir espontaneamente normas sociais.
A lei de Deus para os homens funciona da mesma maneira. Melhor diríamos que, na verdade, foi a sociedade que estabeleceu para si, embora ainda imperfeitamente, a mesma lei do Criador. Existe uma lei natural conhecida como ação e reação, pela qual o homem sempre colherá os frutos do que plantou, sejam eles saborosos ou amargos. Todos os dias estamos sujeitos aos efeitos dessa regra fundamental da Justiça Divina. Quando ingerimos muita bebida alcoólica, reage o corpo com mal estar, dor de cabeça, como se diz, com a ressaca. Quando somos cordiais, prestativos e alegres para com as pessoas, conquistamos muita simpatia e amizade; mas se somos grosseiros, carrancudos e ofensivos, só temos desafetos e vivemos solitários.
Essa lei tem por finalidade indicar a nós, espíritos em evolução, o caminho certo da felicidade. Por outras palavras, toda vez que a nossa atitude provocar uma reação de dor e sofrimento, sabemos que ela foi errada e que não devemos incorrer no mesmo erro.
Quando mais erramos, mais presos estamos às consequências fatais dos nossos atos. Somos livres para semear, mas a colheita é sempre obrigatória. Você não é obrigado a contrair uma dívida, mas se a contraiu é seu dever pagá-la. Por isso, a exata compreensão da Lei e uma vida conforme suas regras nos torna livres e felizes. À medida que nos comportamos de acordo com a lei, libertamo-nos dos reflexos da infração e amplia-se as possibilidades de nós mesmos decidirmos o nosso destino, que embora esteja sujeito à Lei, não é absoluto. Essa a verdadeira liberdade; a liberdade com responsabilidade, com consciência.
Assim, o livre arbítrio existe para que tenhamos o mérito do nosso esforço; para que saibamos que não somos meros brinquedos nas mãos de um Criador a se divertir, mas sim filhos de um Amor ainda não bem compreendido, predestinados à felicidade.
Autor: Donizete Pinheiro
Livro: Respostas Espíritas – Edições Sonia Maria – 1ª Edição – Capítulo: 28 – São Paulo – 1997

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