terça-feira, 19 de maio de 2015

CONDIÇÃO SINE QUA NON


Por Warwick Mota

                                                                      

"Por isso te lembro despertes o dom de Deus
que  existe em ti." - Paulo. (II TIMÓTEO, 1:6.)  

           
O colaborador teve uma desavença no campo das idéias com o presidente do Centro Espírita, resultado! procurou uma outra instituição para continuar seu trabalho.

Anos depois é convidado por uma outra pessoa  a colaborar novamente com a antiga Casa, o convite é aceito, ele é inserido na escala de palestras.

Dia marcado, o colaborador chega para realizar a palestra, porém antes que tome posição à mesa, é chamado discretamente em um canto pelo dirigente da reunião pública, que lhe informa: "lamento! você não vai poder falar, o presidente disse que aqui você não fala"!

* * *
Muito embora seja um absurdo sem tamanho, esse tipo de episódio ainda ocorre em algumas Casas Espíritas, motivado por ressentimentos diversos. Alguns dirigentes de Instituições Espíritas, não conseguem separar o campo das idéias do campo pessoal e terminam misturando tudo, trazendo prejuízos de toda a sorte para o movimento espírita.

Cabe ressaltar sempre, que o trabalho na seara não é nosso, é do Cristo, que a Casa Espírita não é um bem tangível do qual possamos nos arvorar donos, não me recordo de ter lido em local algum, que a primitiva igreja de Antioquia, tão bem retratada na obra da Paulo e Estevão editada pela FEB, tivesse um dono, um mandatário qualquer, que fechasse às portas a quem se interessasse de forma sincera em colaborar na disseminação do Evangelho de Jesus.

Ao que parece, a máxima, "amai-vos e instruí-vos" é entendida por muitos como "armai-vos e destrui-vos". Pode até ser um trocadilho batido, mas é impossível negar que muita gente pense dessa forma. É preocupante ver como aqueles que deviam dar o exemplo são os primeiros a desvirtuá-lo, é impressionante como muitos "espíritas" são melhores destruidores do que defensores do evangelho de Jesus, enchem a boca para dizer que são criaturas em franco processo de evangelização, mas não conseguem vivenciar o evangelho dentro da própria Casa Espírita, que dirá no meio social ou quiçá na  família.

Precisamos entender que fraternidade é o principal tempero da convivência, e que dele não podemos economizar, seja na Casa Espírita, no Movimento Espírita ou principalmente nas relações pessoais. Fraternidade não é uma palavra vazia que se presta a ilustrações de palestras públicas ou de matérias colocadas na imprensa espírita, é sobretudo, a condição sine qua non, que deve nortear as relações humanas em qualquer aspecto ou nível, é portanto, uma grande ferramenta de apoio as nossas aspirações evolutivas.

Propor-se a realizar uma tarefa espírita, preocupado apenas com o que interessa a sentimentos próprios  e não a Doutrina, é propor-se ao inócuo, pois com certeza  trabalhos assim não dão bons frutos, não é através de atitudes intempestivas que o espírita coordena tarefas, sejam estas de cunho doutrinário ou não, para tudo é preciso bom senso, refletir antes para não arrepender-se depois.

É fazendo um paralelo entre a frase de Vinícius[1]: "Todos possuem em estado de latência poderes e faculdades maravilhosas cujo desenvolvimento harmônico e progressivo deve constituir o objeto da educação", com a frase do apóstolo Paulo: "por isso te lembro despertes o dom de Deus que existe em ti", para entendermos que a grande tarefa do espírita consiste em modificar primeiro a si próprio, o restante é conseqüência desse processo, até mesmo porque o espírita dispõe de elementos preciosos, para facultar-lhe o processo de auto-educação, se não o faz, é por puro comodismo ou mera presunção.

           
1 CAMARGO, Pedro de (Vinícius) - O Mestre na Educação, cap. 22 4ª edição FEB

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