sábado, 27 de maio de 2017

Terrorismo

No livro Triunfo pessoal (psico grafado por Divaldo Franco), Joanna de Angelis aborda a temática do terrorismo. Segundo ela, devido “à predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e o desbordar das paixões, o ser humano, em determinados estágios da evolução, mantém as heranças primevas, os instintos primários que sobrepujam os valiosos tesouros da inteligência, do discernimento, da razão, da consciência". 

"São eles que dão campo ao desenvolvimento da perversidade que não trepida em matar, de forma que a sua truculência emocional prevaleça.”

E segue:

“(...) A ausência dos sentimentos que engrandecem o indivíduo, o desvio para as estruturas esquizofrênicas, liberam as forças hediondas do primitivismo que se impõe pela tirania, abraçando o fanatismo que o caracteriza como primário, possuindo, a partir de então, um objetivo estimulador para dar campo ao que lhe é característica de evolução em nível inferior do processo de cultura e de emoção”.

“Pode, não poucas vezes, desenvolver a inteligência, adquirir conhecimento tecnológico, abraçando causas que parecem nobres, mas que somente constituem fugas do conflito perturbador para exibir a turbulência interior, a odiosidade que preserva no íntimo em relação aos demais com quem convive ou não e, por extensão, contra toda a sociedade”.

“(...) Em razão da estrutura psicológica mórbida, possui graves desvios da libido, invariavelmente atormentado nas suas manifestações, com severos distúrbios das funções sexuais, ocultando o vazio existencial na exorbitância dos instintos agressivos nos quais se compraz”.

“(...) Exilando-se em antros sórdidos onde se refugiam, repetindo o inconsciente pessoal que busca esconder-se por sentir-se inferior, incapaz de despertar qualquer interesse digno dos seus coevos, o terrorista é um psicopata congênito, mesmo que se expresse como portador de equilíbrio que bem disfarça, em razão as peculiaridades de toda uma existência de simulação, na qual esteve assinalado pela covardia e desespero íntimo de saber-se não aceito, que é o ressumar do conflito de inferioridade”.

“Naturalmente, como decorrência da sua insânia, pode fomentar o surgimento de outros portadores dos mesmos sentimentos de perversidade, trabalhando a infância e a juventude – materiais humanos muito próprios – mediante os processos de lavagem cerebral, induzindo a ódios irracionais e necessidade de destruição, que se iniciam pela perda do sentido existencial, que somente possui significado até o momento de alcançar a sua meta destrutiva”.

“(...) Caso se permitisse terapia própria, o terrorista desenvolveria o sentimento de amor nele existente, mas não cuidado, conseguindo ultrapassar o nível de hediondez para o da fraternidade, saindo da consciência de sono para outro patamar de lucidez, de despertamento”.

“(...) Ainda nesse caso, defronta-se um Self em manifestação primitiva, com todas as expressões de beleza soterradas no inconsciente pessoal, que se transferem de uma existência física para outra sob ódio incoercível, em razão de alguma injustiça ou calamidade vivenciada e não absorvida pela razão”.

“O amor que a Humanidade lhe ofereça será a terapia mais segura para diminuir-lhe a angústia. Ao invés do revide pelo ódio, que mais lhe aguça os instintos repressores, o amor alcança-o suavemente e deixa de lhe vitalizar o ressentimento contra a sociedade, que o torna herói de fancaria, insignificante, mas hediondo, atormentado e desditoso”.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Sensações e emoções

Texto de Joanna de Ângelis, do livro "Vida: Desafios e Soluções", psicografado por Divaldo Franco.

A criatura humana é um feixe de sensações, resultado natural dos períodos primários da evolução, em trânsito para a realidade das emoções. As largas experiências vividas nas faixas primitivas do passado deixaram impressões profundas que se tornaram prevalecente exigência no comportamento pessoal, social e principalmente psicológico. Impulsos e reações fazem parte desse processo que estabelece os paradigmas da conduta, quando fora do crivo da razão.
Nesse estágio da vida, nutre-se emocionalmente das sensações objetivas, dos contatos com o mundo e suas manifestações, comprazendo-se no jogo desmedido do querer ter, longe da aspiração de ser.
Adormecida para as percepções mais sutis da existência, acumula coisas e compraz-se com elas até a saturação, quando se transfere para possuir pessoas, que não são fáceis de se deixarem pertencer, produzindo choques emocionais, que desarticulam a planificação interior do ambicioso. Sentindo a frustração do desejo não transformado em prazer, amargura-se e rebela-se, fugindo, não poucas vezes, para as libações alcoólicas, o tabagismo ou para as drogas aditivas.
É lento o curso de mudança da faixa grosseira do imediatismo para as sutilezas da emoção dignificada. Nesse trânsito, é comum deparar-se com a fase da sensação-emotiva, quando há um descontrole no sistema nervoso e o excesso de emotividade domina-lhe as paisagens comportamentais. Não acostumado às expressões da beleza, da sinceridade, do amor, facilmente se deixa comover, derrapando no desequilíbrio perturbador, no entanto, passo inicial para o clima de harmonia que o aguarda.
O homem-sensação é exigente e possuidor, não se apercebendo do valor da liberdade dos outros, que pretende controlar, nem dos deveres para com a sociedade que se lhe não submete. Sentindo-se marginalizado, graças à hostilidade que mantém em relação a todos quantos se lhe não subaltemizam, volta-se contra os estatutos vigentes e as pessoas livres, brutalizando-se e agredindo, pelos meios ao alcance, os demais.
Ao despertar a emoção, torna-se natural a valorização do próximo e da vida, o respeito pelos valores humanos e gerais, ao mesmo tempo em que trabalha em favor do progresso, que preza, ampliando os horizontes de entendimento e de realização interior.
A sensação é herança do instinto dominador; a emoção é tesouro a conquistar pelos caminhos da ascensão.
Quando desperta a consciência para a necessidade da emoção, a única alternativa que resta é a luta por alcançá-la. Esse empenho torna-se fácil quando o combate se inicia, facultando o encontro com a sua realidade, energia pensante que é e não somente grupo de células em departamentos especializados formando o corpo.
No período da emoção, o indivíduo não está isento das sensações, que lhe permanecem oferecendo prazeres, alegrias e advertências, só que sob controle, em equilíbrio, orientadas e produtivas. Na fase da sensação, igualmente, o ser experimenta emoções algo desordenadas e, vez que outra, propiciadoras de bem-estar, o que lhe constitui estímulo para crescer e esforçar-se por consegui-las.
Nas diferentes psicopatologias há predominância das sensações e grande descontrole das emoções, o que traduz o transtorno da mente, refletindo-se no comportamento alienado.
Podemos encontrar raízes desse estado na estrutura do lar desajustado, de pais imediatistas, ambiciosos, incapazes de amar, que transmitiram aos filhos a ideia de que todo aquele que possui, vale; enquanto que os outros existem para servir aos primeiros.
Essencialmente, porém, é o Espírito, em si mesmo, em fase de desenvolvimento, que se revela no corpo, experimentando mais as expressões fortes em detrimento das manifestações mais elevadas.
O esforço bem direcionado, o cultivo das ideias enobrecedoras e o trabalho edificante promovem de uma para outra faixa todo aquele que aspira a libertação da fase primitiva em que ainda estagia.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Pensamento

André Luiz, no livro "Mecanis- mos da Mediu- nidade", psico- grafado por Chico Xavier e Waldo Vieira, nos esclarece a respeito do pensamento e da matéria mental:

"Pensamento das criaturas - Do Princípio Elementar, fluindo incessantemente no campo cósmico, auscultamos, de modo imperfeito, as energias profundas que produzem eletricidade e magnetismo, sem conseguir enquadrá-las em exatas definições terrestres, e, da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, até as ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos."

"Os Espíritos aperfeiçoados, que conhecemos sob a designação de potências angélicas do Amor Divino, operam no micro e no macrocosmo, em nome da Sabedoria Excelsa, formando condições adequadas e multiformes à expansão, sustentação e projeção da vida, nas variadas esferas da Natureza, no enca;ço de aquisições celestiais que, por enquanto, estamos longe de perceber. A mente dos homens, indiretamente controlada pelo comando superior, interfere no acervo de recursos do Planeta, em particular, aprimorando-lhe os recursos na direção do plano angélico, e a mente embrionária dos animais, influenciada pela direção humana, hierarquiza-se em serviço nas regiões inferiores da Terra, no rumo das conquistas da Humanidade."

(...)

"Matéria mental e matéria física - Em posição vulgar, acomodados às impressões comuns da criatura humana normal, os átomos mentais inteiros, regularmente excitados, na esfera dos pensamentos, produzirão ondas muito longas ou de simples sustentação da individualidade, correspondendo à manutenção de calor. Se forem os elétrons mentais, nas órbitas dos átomos da mesma natureza, a causa da agitação, em estados menos comuns da mente, quais sejam os de atenção ou tensão pacífica, em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos exprimir-se-á em ondas de comprimento médio ou de aquisição de experiência, por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior. E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações extraordinárias da mente, quais sejam as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e aturadas concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios muito curtos ou de imenso poder transformador do campo espiritual, teoricamente semelhantes aos que se aproximam dos raios gama."

"Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na esfera física, demonstrando a divina unidade de plano do Universo."

"Indução mental - Recorrendo ao "campo" de Einstein, imaginemos a mente humana no lugar da chama em atividade. Assim como a intensidade de influência da chama diminui com a distância do núcleo de energias em combustão, demonstrando fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, a corrente mental se espraia, segundo o mesmo princípio, não obstante a diferença de condições."

"Essa corrente de partículas mentais exterioriza-se de cada Espírito com qualidade de indução mental, tanto maior quanto mais amplos se lhe evidenciem as faculdades de concentração e o teor de persistência no rumo dos objetivos que demande."

"Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contato visível, no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, porquanto a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético."

"Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade."

"Formas-pensamentos - Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, encontramos a telementação e a reflexão comandando todos os fenômenos de associação, desde o acasalamento dos insetos até a comunhão dos Espíritos Superiores, cujo sistema de aglutinação nos é, por agora, defeso ao conhecimento."

"É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito do mundo das formas-pensamentos, construções substanciais na esfera da alma, que nos liberam o passo ou nô-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. Isso acontece porque, à maneira do homem que constroi estradas para sua própria expansão ou que talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas correntes de matéria mental que exteriorizam, eleva-se a gradativa libertação no rumo dos planos superiores ou estaciona nos planos inferiores, como quem traça vasto labirinto aos próprios pés."

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Corpúsculos Mentais

"Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, — a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.


Temos, ainda aqui, as formações corpusculares, com bases nos sistemas atômicos em diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no plano físico, quanto no plano mental, como associações de cargas positivas e negativas. Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de «núcleos, prótons, nêutrons, posítrons, elétrons ou fótons mentais», em vista da ausência de terminologia analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos.


Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos «quanta de energia» e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem frequência e cor peculiares.


Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria."


- Texto de André Luiz, no livro Mecanismos da Mediunidade, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Relacionamentos


Texto de Joanna de Ângelis, do livro "O Despertar do Espírito", psicografado por Divaldo Franco.


Os relacionamentos de qualquer natureza dependem sempre do nível de consciência daqueles que estão envolvidos. Havendo maturidade psicológica e compreensão de respeito pelo outro, facilmente se aprofundam os sentimentos, mantendo-se admirável comunhão de interesses e afinidades, que mais se intensificam, à medida que as circunstâncias permitem o entrosamento da convivência.
Quando se trata de um relacionamento que envolve a comunhão sexual e os interesses se mesclam com os desejos de posse e de prazer hedonista, a convivência tende a desmistificar o encantamento inicial, dando lugar a futuros desinteresses, ressentimentos e, não raro, ódios e desejos de vingança, o que é sempre muito lamentável.
Sob o influxo da libido, a busca do relacionamento com parceiros, conjugais ou não, é normalmente feita sob paixão e irreflexão. A conquista do outro se torna fator essencial para a harmonia momentânea do indivíduo. Todos os sentimentos são acionados e a criatividade se desenvolve, de modo a propiciar apenas a meta anelada.
Conseguido o objetivo, diminui lentamente o prazer da convivência, que cede lugar ao tédio, à falta de diálogo, à morte da comunicação, intercâmbio esse que é fator essencial para um relacionamento agradável, mesmo quando não plenificador.
          Centralizando os objetivos da existência no sexo, muitas pessoas acreditam que somente ao encontrarem alguém capaz de as completarem, é que terão conseguido o momento culminante da jornada humana. Esquecem-se, no entanto que, passadas as novidades, tudo se transforma em rotina, especialmente quando os interesses egóicos recebem primazia e se fazem responsáveis pelas motivações do eventual encontro.
Porque são destituídos de maturidade e respeito humano profundo, essas relações são sempre efêmeras e deixam sinais de amargura, quando não se facultam terminar com rancores danosos para a emoção de algum dos envolvidos, ou não produzem maior dilaceração na alma de ambos.
Qualquer tipo de relacionamento deve ter como estimuladores a amizade, o desejo honesto de satisfações recíprocas, sem que haja predominância de uma vontade sobre a individualidade de outrem.
Pela necessidade de conviver, a amizade desempenha um papel fundamental em qualquer tipo de conduta, abrindo espaço para uma gentil identificação de propósitos e de permuta de valores, que constituem elementos de intercâmbio sempre feliz, facultando o crescimento dos interesses humanos e das realizações que proporcionam bem-estar.
Indubitavelmente, esse sentimento pode originar-se no inicial interesse da libido que desperta para a busca de outro ser, na necessidade de companheirismo, na ânsia normal de amar e de ser amado, no prazer do intercâmbio pela palavra, pelos ideais, pelas metas existenciais... No entanto, a compreensão dos direitos do outro deve prevalecer como normativa de bom relacionamento, a fim de que não advenham as imposições infantis do egocentrismo, das chantagens emocionais, dos pieguismos desagradáveis. Todo relacionamento deve enriquecer aqueles que se encontram envolvidos, porquanto produzem identificação de metas e meios para serem conseguidos.
É natural que o céu de qualquer relacionamento nem sempre seja tranquilo, particularmente quando são parceiros que comungam mais profundamente as expressões do amor, trabalhando em favor da família, mantendo a estrutura do lar, o equilíbrio dos filhos e de outros familiares. Não obstante, as nuvens das incompreensões logo são aclaradas pelo sol da razão que chega através dos diálogos saudáveis, facultando o entendimento daquilo que permaneceu obscuro.
A fidelidade no relacionamento com parceiro conjugal ou não, quando há compromisso sexual, é preponderante, porque demonstra a autenticidade do sentimento que a ambos envolve. Quando se apresentam falsas necessidades de novas experiências, defrontam-se transtornos emocionais, insegurança psicológica, debilidade de caráter ou futilidade ante a vida... A promiscuidade de qualquer natureza é sempre síndrome de desequilíbrio emocional e de primarismo moral.
A vida é feita de conquistas, e a monogamia representa um momento culminante da evolução sócio-moral, quando os homens e mulheres compreenderam a necessidade do respeito mútuo, sem privilégios para um ou para outro sexo em predomínio aviltante sobre o parceiro.
O indivíduo, quando opta por um relacionamento com outrem, desejando maior intimidade - e a comunhão sexual representa o instante máximo de entendimento entre duas pessoas, sem o que as frustrações se fazem de imediato - deve pautar a sua conduta em linhas de equilíbrio e dignidade, de modo a proporcionar àquele a quem busca a segurança psicológica para uma convivência confiante, relaxada, tranquila, sem o que sempre haverá desconfiança e ansiedade trabalhando perturbadoramente no convívio.
Faltando esses valores, que são imprescindíveis para que se estabeleçam e permaneçam os momentos de prazer e de paz, há somente predominância de paixões asselvajadas, no primarismo dos instintos de posse e de gozo, que produzem incêndios de sensações sem compensação emocional profunda e tranquilizante.
Mesmo quando os parceiros se comprazem e se sentem harmonizados, o medo de amar em profundidade manifesta-se de maneira falsa, disfarçado sob a justificação de que o matrimônio é escravidão, encarceramento, perda de liberdade...
O raciocínio infantil peca por falta de estrutura de lógica, porquanto, toda vez que se ama a outrem e se mantém um sentimento honesto, a liberdade, que antes era total, agora se expressa através da compreensão de que aquele que o acompanha faz parte do programa da sua existência, queira-o ou não, exceção feita, quando esse convívio é aventureiro, sem profundidade, destituído de moralidade e de saúde emocional.
Os indivíduos neuróticos, psicóticos, porque desconhecedores do Si profundo que são, transferem as suas inseguranças e desequilíbrios para quem lhes comparte a existência, não desejando vincular-se-lhe, o que lhes impõe responsabilidade, antes desejando dominar e ser livres quão irresponsáveis, transferindo as suas cargas de desajustes para os ombros de quem os ama ou por eles se interessa.
Essa conduta diz respeito também àqueles que acreditam que não merecem a felicidade, que se encontram no mundo para sofrer e que perderam o paraíso, atirados a este mundo de pesadelos e de amarguras...
Tal conduta masoquista e mórbida necessita de terapia conveniente e cuidadosa antes de ser encetada a busca de relacionamentos exitosos, porque qualquer tentativa nesse sentido já se assinala como fracassada, em razão da ausência de compreensão do direito que todos têm de ser felizes, mesmo na Terra, já que a felicidade total não sendo do mundo, conforme acentuou Jesus, tem as suas raízes nas experiências de evolução no mundo, que é a abençoada escola das almas.
          As castrações psicológicas, heranças dos sentimentos de culpa e de pecado, que provêm do passado, têm perturbado mais a Humanidade do que as guerras cruéis, que têm por meta o extermínio de povos e de raças, porquanto, na raiz desses conflitos, aqueles que os desencadeiam são psicopatas, vitimados por insânia visível ou virulentamente mantida nos arcabouços do inconsciente que os comanda nas atitudes e decisões infelizes.
Todo fomentador de luta insana é desvairado em si mesmo, embora a máscara com que disfarça a hediondez, e não conseguindo fugir da culpa que o persegue, procura atirá-la naqueles a quem combate em mecanismo doentio de transferência.
A afetividade é passo avançado no processo dos relacionamentos, principalmente quando se trata daquele que mantém comunhão sexual.
Todo relacionamento conjugal ou compromisso emocional com parceiro afetivo é um investimento emocional, correndo o risco de não se coroar da satisfação que se espera auferir. Isto porém ocorre em todos os fenômenos da vida humana e social. Quando os resultados não são opimos, fica a valiosa lição da aprendizagem para futuros e melhores tentames de felicidade.
O risco em qualquer empreendimento sempre constitui um desafio para o crescimento interior, sem o qual nenhuma tentativa é realizada para o desenvolvimento intelecto-moral do ser.
Qualquer experiência encetada nunca está assinalada antecipadamente pela exatidão dos resultados positivos e exitosos.
Um relacionamento conjugal, mesmo sem o vínculo matrimonial, porém responsável, une duas pessoas em uma, sem retirar os valores individuais de cada qual. A identificação faz-se lenta e seguramente à medida que se vão conhecendo os interesses e comportamentos que possuem, trabalhando-se para a harmonização de conduta, mesmo quando não se apresentem equivalentes. Manter-se a própria individualidade, sem ruptura da personalidade do outro, é atitude de segurança no convívio de duas pessoas que se amam.
Em um relacionamento feliz, a pessoa nunca se encontra autodefensiva, mas autorreceptiva, sabendo que todos os fenômenos daí decorrentes são aprendizagens para futuros comportamentos. Tratando-se de duas pessoas que se aproximam, é totalmente improvável que sejam iguais, no sentido de serem destituídas de personalidade, e que tenham sua forma de ser e de encarar a vida, não sendo obrigadas a mudar de conduta, somente porque se vinculem a outrem. Ocorre que a presença do amor faz que as diferenças de opinião e de comportamento diminuam as distâncias, preencham os abismos de separação, colocando pontes de afinidades e de interesses.
Desde que não haja a paixão de um impor a sua forma de pensar e de agir sobre o outro, nenhuma diferença constitui impedimento, quando são respeitados os direitos de continuar a viver conforme melhor aprouver, sem agredir a quem comparte a convivência.
Quando, porém, os indivíduos se escondem de si mesmos e buscam os relacionamentos com o pensamento de se manterem silenciosos e ocultos, sem que pensem em repartir os espaços interiores da afetividade plena, a dissolução do vínculo afetivo logo se faz, mesmo porque não chegou a ser realizado.
Assim, para que o relacionamento dessa natureza seja saudável, dependerá de ambas as partes, crescendo sempre na busca do melhor entendimento, mantendo suas próprias raízes, sem as alterar somente porque deseja agradar o outro, o que constitui uma ilusão, já que ninguém pode viver ao lado de outrem que somente quer ser agradado sem o interesse de brindar o equivalente ao que recebe.
A presença da supermãe, protetora e vigilante está projetada na esposa ou na companheira, que nunca deve aceitar essa transferência da personalidade infantil e não desenvolvida do seu parceiro.
Num relacionamento feliz não há manipulação nem mistificação, mas autenticidade sem agressividade e verdade sem rudeza...
Avançando na direção da meta de repartir alegrias e compartir júbilos, os relacionamentos, conjugais ou não, serão sempre saudáveis.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Terapia para Liberação dos Sofrimentos

- Considerar todos como dignos de ser amados e tomar por modelo alguém que nos ame verdadeiramente (este sentimento sem apego nem interesse gerador de emoções perturbadoras desarma o indivíduo de suspeitas ou ansiedades/ medos);

- Identificar e estimular os traços de bondade do caráter alheio; o ato de ver bem as demais pessoas se torna um hábito terapêutico preventivo, com relação às agressões do meio.

- Aplicar a compaixão quando agredido; a não-reação à agressividade do outro desmantela-lhe a couraça de prepotência. Uma resposta otimista e sem azedume dissipa as perturbações que originam o sofrimento moral. Além disso, quando não sintonizamos com a faixa vibratória daquele que nos agride, impossibilitamos a instalação de enfermidades provocadas pela absorção de energia deletéria. E levanta o caído, embora esteja perturbado.

- O amor deve ser uma constante na existência do homem; é o antídoto mais eficaz contra qualquer mal. Age nas causas e altera-lhes as manifestações, mudando a estrutura dos conteúdos negativos quando estes se exteriorizam. É o mais precioso vínculo com o Criador.

Joanna de Angelis (em "O Homem Integral")

domingo, 21 de maio de 2017

Tratamento Mental

Segundo Manoel P.de Miranda, o irmão em tratamento representa o nosso passado, o que já fomos, e o porvir dos invigilantes, que ainda hoje não despertaram para as responsabilidades que lhe dizem respeito.

Antes de qualquer esforço externo, há de se predispor o paciente à renovação íntima, intransferível, ao esclarecimento, à educação espiritual, a fim de que se conscientize das responsabilidades que lhe dizem respeito, dando início ao tratamento que melhor lhe convém, partindo de dentro para fora. Posteriormente, e só então, se fará lícito que participe dos labores significativos do ministério mediúnico, na qualidade de observador, cooperador e instrumento se for o caso.

A dívida persiste enquanto não se regulariza. Considerando que o devedor se dispõe à renovação, com real propósito de reajustamento íntimo, modificando as paisagens mentais a esforço de leitura salutar, oração e reflexão com trabalho edificante em favor do próximo e de si mesmo, mudam-se-lhe os quadros provacionais, e providências relevantes são tomadas pelos Mensageiros encarregados da sua reencarnação, alterando-lhe a ficha cármica.

Evangelho é a mais avançada terapêutica de que se tem notícia para o homem que se resolve vivê-lo em plenitude. E não podemos esquecer a terapia do amor, a psicoterapia do entendimento e da atenção – jamais relegando os pacientes à própria sorte por cansar-se dele ou por procurar não perder tempo com os casos irrecuperáveis, quando falham os recursos clássicos.

A contribuição fluidoterápica (o passe), nas diversas expressões em que se apresenta, é de valor e benefício indiscutível, desde que o paciente se disponha realmente a ajudar-se.
prece, por fim, é de essência divina. Registros especiais captam as rogativas da Terra e as transformam em respostas de socorro celeste. Nenhum apelo neste Universo de vibrações e intercâmbios jaz sem resposta. Quem se compraz na revolta, sintoniza com mentes carregadas de ira, que se conjugam em comércio de longa duração, assim como quem vibra esperança e amor sincroniza com as forças emissoras da paz e da harmonia, estabelecendo ligações que favorecem o otimismo e a saúde.

Recorremos à proteção divina, no entanto não é lícito aguardar milagre, que tal não existe, tampouco regime de exceção, que significaria privilégio – que reconhecemos não merecer. O “milagre” resulta do trabalho salutar, que funciona a tempo próprio e justo.

Oremos e prossigamos!

(extraído do livro “Grilhões Partidos”, psicografado por Divaldo Franco)

sábado, 20 de maio de 2017

Vontade


Freud, em seu "Projeto para uma Psicologia Científica", tenta explicar o funcionamento do aparelho psíquico, e afirma que o que o movimenta são quantidades de energia que passam a adquirir qualidades. As quantidades de energia provindas do corpo são oriundas das necessidades materiais - fome, sede e demais necessidades fisiológicas, e liberam uma certa carga no aparelho psíquico a fim de que este busque, de alguma forma, satisfazê-las, mantendo o corpo em equilíbrio. Busca-se, então, o prazer através da descarga desta energia.


Pensamos que, junto a isto, temos também "quantidades" que provém do próprio espírito, e que são oriundas da sua VONTADE, mais ou menos condicionada por suas experiências atuais e de encarnações anteriores (bem como de sua estada na "erraticidade"), e dizem respeito a desejos e sentimentos.

A energia psíquica não seria apenas Desejo, mas muito mais que isso. Segundo Freud, o ser humano é dotado de instinto (como os animais). Mas desde o princípio já se diferencia deles, na medida em que esse instinto adquire qualidade tal que passa a ser denominado "Pulsão". A Pulsão é a energia que põe em movimento o aparelho psíquico. Esta seria dividida em Pulsão de Vida (de auto-conservação e sexual, esta última mais conhecida como libido) e Pulsão de Morte. A primeira promoveria "ligações" intrapsíquicas e a segunda, desligamentos. O Desejo, de nosso ponto de vista, estaria "dentro" do que chamaríamos de "libido".

A diferença entre pulsão e instinto residiria no seguinte, por exemplo: quando temos fome, não temos só fome. Temos, junto a isso, o Desejo. Temos "fome" de algo específico, e não de outra coisa. Temos fome de "mamar", mas isto vem junto com o afeto que recebemos da mãe. Não basta um robô com uma mamadeira. O instinto, desde o princípio, no ser humano, não é puro.

Essa energia é totalmente inconsciente. Ela só se faz consciente por meio de representações - através do que a exterioriza é que temos notícia dela, nunca diretamente. E, se muitas vezes somos movidos por decisões conscientes, muitas dessas decisões são bastante influenciadas por desejos inconscientes. O que chamamos de "ego" é a instância que vai mediar os impulsos do inconsciente, as imposições do meio externo (e ainda as exigências da instância moral, conhecida como superego).

Pensamos, do ponto de vista espírita, que seguimos uma trajetória evolutiva. Nossas conquistas em termos de dominar nossos desejos mais primitivos não se perdem em meio à jornada. O Espírito carrega consigo seus desejos e sua vontade, seu maior ou menor domínio sobre si mesmo.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Uma Nova Psicanálise


A verdadeira primeira infância se perde nos evos das primeiras encarnações do espírito. Apesar de que nós, que na Terra vivemos, ainda podemos nos considerar crianças em nosso estágio evolutivo – sequer aprendemos a amar!


Nossos erros e tropeços se refletem nas dificuldades que encontramos no caminho, e cabe ao analista destrinchar estes nós sim – só que os nós na maioria das vezes não se encontram apenas na breve experiência da atual encarnação. E além de esclarecer as defesas, resistências e ansiedades que os trazem à tona, é fundamental compreendermos a serviço de que existe a dificuldade. Não basta “eliminarmos” o sintoma, pois ele existe para auxiliar o sujeito a se reencontrar. Então, cabe trabalhar no mesmo sentido e não no sentido oposto: auxiliando a pessoa a se equilibrar, o sintoma por si só perde a necessidade de existir e desaparece.

A psicanálise atual ampliou sua visão de inconsciente: não mais como apenas um reservatório de pulsões, mas também como um “tesouro de sentidos” (como diz Green), onde estariam forças que impulsionam o sujeito ao futuro, a se deslocar de seu eixo, a se melhorar. Sabemos que Jung dizia isso há muito mais tempo, e (maravilhoso médium que era!) já considerava as mensagens do psiquismo.

Se trabalharmos somente no sentido de “descobrir” os traumas provocados por vivências dos primeiros anos de vida na Terra, teremos uma compreensão incompleta.

De uma perspectiva de psicologia espírita, a cura se ampliaria à vivência da pessoa como espírito encarnado, solucionando os enigmas de seu conflito considerando que a vida começa muitas vidas antes e não termina nunca.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Solidão

“Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos a quem não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo que lhes ouve os ponderados conselhos”. (Allan Kardec, questão 495 de “O Livro dos Espíritos”)

“Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se”. (Allan Kardec, questão 936 de “O Livro dos Espíritos”)

Ou seja, de uma perspectiva espiritual a verdadeira solidão não existe. Falamos, do ponto de vista psicológico, de sentimentos de solidão: aquele que se caracteriza por um estado de quietude interna, onde a criatura entra em contato com sua própria essência e sente-se em paz; ou aqueloutro que se manifesta através da tristeza de sentir-se só.

Segundo Hammed (em “As Dores da Alma” por Francisco do Espírito Santo Neto), o primeiro trata-se de importante momento de reflexão, onde exercitamos o aprendizado que nos levará a abrir um canal receptivo à consciência divina. O segundo relaciona-se aos nossos conflitos internos, como por exemplo “adotarmos padrões existenciais super rígidos, impossíveis de serem atingidos e alimentarmos o orgulho de nos acreditarmos onipotentes, superiores e invulneráveis”. “O esforço metódico para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas de relacionamento conosco e com os outros”. Diz ele: “Para que nossa essência emerja é preciso abandonarmos nossa compulsão de fazermo-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade.”

Joanna de Angelis (em “O Homem Integral” por psicografado por Divaldo Franco) traz, sobre o tema, o ensinamento que reproduzimos a seguir:

“Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é, na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem. A necessidade de relacionamento humano, como meca­nismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensí­veis e em todos quantos enfrentam problemas para um inter­câmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável. Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distância pelas conveniências dos grupos.”

“A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a bene­fício de outrem. O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consi­deração e respeito ou conceda ao próximo este apoio que gostaria de fruir. A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o pane­gírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepulta os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.”

“O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira. O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelectomorais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apoia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças à rapidez com que devora as suas estrelas. Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentiro­sa, trabalhada em estúdios artificiais.”

“Parece muito importante, no comportamento social, rece­ber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a esta­dos de amarga solidão, de desprezo por si mesmo. O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado, atirado à solidão. Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentando, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictí­cia. A conquista desse triunfo e a falta dele produzem soli­dão.”

“O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspi­rações do ser, conduz à psiconeurose de autodestruição. A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo. Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.”

“Campeia, assim, o “medo da solidão”, numa demonstra­ção caótica de instabilidade emocional do homem, que pare­ce haver perdido o rumo, o equilíbrio. O silêncio, o isolamento espontâneo são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto-aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.”

“O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, tal­vez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda. Os campeões de bilheteria nos shows, nas rádios, televi­sões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão. Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e so­litários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os en­volvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos de­rivativos que os mantêm sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e huma­nos. A neurose da solidão é doença contemporânea, que ame­aça o homem distraído pela conquista dos valores de peque­na monta, porque transitórios.”

“Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandeci­mento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos ani­mais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.”

“O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encon­trar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado. A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o pra­zer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no interrelacionamento humano, com vista à satisfação de amar.”

“O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confian­ça nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui. Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o “amor ao próximo como a si mesmo” após o “amor a Deus” como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocu­pação de receber resposta equivalente.”

O homem solidário, jamais se encontra solitário. O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.”

“Possívelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior. A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima — eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.”

Hammed (em “As Dores da Alma” por Francisco do Espírito Santo Neto) prossegue: “Lembremo-nos de que a solidão aparece quando negamos nossos sentimentos e ignoramos nossas experiências interiores. Essa forma comportamental tende a fazer-nos ver as coisas do jeito como queremos ver, ou seja, como nos é conveniente, em vez de vê-las como realmente são. Assim é que distorcemos nossa realidade.”
(...)
“São muitos os caminhos de Deus e a solidão pode ser um deles. Jesus Cristo, constantemente, se retirava para a intimidade que o silêncio proporciona, pois entendia que a elevação de alma somente é possível na “vivacidade da solidão”. O Cristo amoroso sabia que, quando houvesse silêncio no coração e no intelecto, se estabeleciam as bases seguras da relação entre a criatura e o Criador, proporcionando a percepção de que somos unos com a vida e unos com todos os seres. A espiritualidade Maior entende que, nos retiros de tranquilidade, criamos uma sustentação interior, que nos permite sintonizar com as leis divinas e com os valores reais da consciência cristã. Ouçamos com os ouvidos internos, pois ninguém pode assimilar bem uma experiência que não provenha de sua própria orientação interior.”

Joanna de Angelis (em “Amor Imbatível Amor” psicografado por Divaldo Franco) por fim coloca: “O medo de amar escamoteia-se e leva à solidão angustiante, que projeta o conflito como sendo de responsabilidade das demais pessoas, do meio social que é considerado agressivo e insano, fatores esses que existem no imo daquele que se recusa inconscientemente a dar-se, ao inefável prazer de libertar as emoções retidas.” Mas...

“(...) O amor relaxa e conforta, sendo felicitador e proporcionando compensação em forma de prazer. É o sentimento mais complexo e mais simples que predomina no ser humano, ainda tímido em relação às suas incontáveis possibilidades, desconhecedor dos seus maravilhosos recursos de relacionamento e bem-estar, de estimulação à vida e a todos os seus mecanismos.”

“O amor liberta quem o oferece, tanto quanto aquele a quem é direcionado, e se isso não sucede, não atingiu o seu grau superior, estando nas fases das trocas afetivas, dos interesses sexuais, dos objetivos sociais, das necessidades psicológicas, dos desejos... Certamente são fases que antecedem o momento culminante, quando enriquece eapazigua todas as ansiedades.”

quarta-feira, 17 de maio de 2017

SONO E SONHO

André Luiz no livro “Mecanismos da Mediunidade”, psicografado por Chico Xavier, nos ensina:

“Na maioria das situações, a criatura, ainda extremamente aparentada com a animalidade primitivista, tem a mente como que voltada para si mesma, em qualquer expressão de descanso, tomando o sono para claustro reman­çoso das impressões que lhe são agradáveis, qual criança que, à solta, procura simplesmente o objeto de seus caprichos.”

“Nesse ensejo, configura na onda mental que lhe é característica as imagens com que se acalenta, sacando da memória a visualização dos próprios desejos, imitando alguém que improvisasse miragens, na antecipação de acontecimentos que aspira a concretizar.”

“Atreita ao narcisismo, tão logo demande o sono, quase sempre se detém justaposta ao veículo físico, como acontece ao condutor que repousa ao pé do carro que dirige, entregando-se à volúpia mental com que alimenta os próprios impulsos afetivos, enquanto a máquina se refaz.”

“Ensimesmada, a alma, usando os recursos da visão profunda, localizada nos fulcros do diencéfalo, e, plenamente desacolchetada do corpo carnal, por temporário desnervamento, não apenas se retempera nas telas mentais com que preliba satisfações distantes, mas experimenta de igual modo o resultado dos próprios abusos, suportando o desconforto das vísceras injuriadas por ele mesmo ou a inquietude dos órgãos que desrespeita, quando não padece a presença de remorsos constrangedores, àface dos atos reprováveis que pratica, porquanto ninguém se livra, no próprio pensamento, dos reflexos de si mesmo.”

“SONO E SONHO — Qual ocorre no animal de evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico.”

“No primeiro, em que a onda mental é simplesmente fraca emissão de forças fragmentárias, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas. No segundo, em que a onda mental está em fase iniciante de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariável ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou afetivo.”

“Evolui, no entanto, o pensamento na criatura que amadurece, espiritualmente, através da repercussão. Como no caso do sensitivo que, fora do envoltório físico, vai até ao local sugerido pelo magnetizador, tomando-se a ordem determinante da hipnose artificial pelo reflexo condicionado que lhe comanda as ideias, a criatura na hipnose natural, fora do veículo somático, possui no próprio desejo o reflexo condicionado que lhe circunscreverá o âmbito da ação além da roupagem fisiológica, alongando-se até ao local em que se lhe vincula o pensamento.”

“O homem do campo, no repouso físico, supera os fenômenos hipnagógicos e volta à gleba que semeou, contemplando aí, em Espírito, a plantação que lhe recolhe o carinho; o artista regressa à obra a que se consagra, mentalizando-lhe o aprimoramento; o espírito maternal se aconchega ao pé dos filhinhos que a vida lhe confia, e o delinquente retorna ao lugar onde se encarcera a dor do seu arrependimento.”

“Atravessada a faixa das chamadas imagens eutópticas, exteriorizam de si mesmos os quadros mentais pertinentes à atividade em que se concentram, com os quais angariam a atenção das Inteligências desencarnadas que com eles se afinam, recolhendo sugestões para o trabalho em que se empenham, muito embora, à distância da veste somática, frequentemente procedam ao modo de crianças conduzidas ao ambiente de pessoas adultas, mantendo-se entre as ideias superiores que rece­bem e as ideias infantis que lhes são próprias, do que resulta, na maioria das vezes, o aspecto caótico das reminiscências que conseguem guardar, ao retornarem à vigília.”

“Nesse estágio evolutivo, permanecem milhões de pessoas — representando a faixa de evolução mediana da Humanidade — rendendo-se, cada dia, ao impositivo do sono ou hipnose natural de refazimento, em que se desdobram, mecamicamente, entrando, fora do indumento carnal, em sintonia com as entidades que se lhes revelam afins, tanto na ação construtiva do bem, quanto na ação deletéria do mal, entretecendo-se-lhes o caminho da experiência que lhes é necessária à sublimação no porvir.”