segunda-feira, 29 de junho de 2015

Dividir com Amor


A miséria sócio-econômica, que entulha as avenidas do mundo, mistura-se à de natureza moral, que atulha os edifícios e residências de luxo como os guetos da promiscuidade libertina.

O que podes fazer, parece-te sem sentido ou significação, tão grande e volumoso é o problema.

Apesar disso, não te escuses de auxiliar.

Se não consegues ir à causa do problema, minimiza-lhe os efeitos.

Desde que não podes erradicar, de um golpe, a fome, a enfermidade, a ignorância, contribui com a tua quota de amor, por mínima que seja.

Sempre podes dividir do que possuis, com aquele que nada tem.

Quando repartes com amor, multiplicas a esperança, favorecendo a alegria.

Menos tem, aquele que se nega a doar algo.


Afirma-se que esse gesto de amor gera o paternalismo, promove o vício...

Não têm razão, os que assim informam.

Muitos males, e alguns crimes, são abortados quando uma atitude de amor interrompe o passo do infeliz que padece fome, desespero e dor...

Somente quem aprende a abrir a mão, descerra o bolso, terminando por oferecer o coração.

Faze o que te esteja ao alcance, e a vida fará o resto.

Joanna de Ângelis

domingo, 28 de junho de 2015

Preocupações

Não se aflija por antecipação, porquanto é possível que a vida resolva o seu problema, ainda hoje, sem qualquer esforço de sua parte.


Não é a preocupação que aniquila a pessoa e sim a preocupação em virtude da preocupação.

Antes das suas dificuldades de agora, você já faceou inúmeras outras e já se livrou de todas elas, com o auxílio invisível de Deus.

Uma pessoa ocupada em servir nunca dispõe de tempo para lembrar injúria ou ingratidão.

Disse um notável filósofo: "uma criatura irritada está sempre cheia de veneno", e podemos acrescentar: "e de enfermidade também".

Trabalhe antes, durante e depois de qualquer crise e o trabalho garantirá sua paz.

Conte as bênçãos que lhe enriquecem a vida, em anotando os males que porventura lhe visitem o coração, para reconhecer o saldo imenso de vantagens a seu favor.

Geralmente, o mal é o bem mal-interpretado.

Em qualquer fracasso, compreenda que se você pode trabalhar, pode igualmente servir, e quem pode servir carrega consigo um tesouro nas mãos.

Por maior lhe seja o fardo do sofrimento, lembre-se de que Deus, que agüentou você ontem, agüentará também hoje.

André Luiz

sábado, 27 de junho de 2015

Guarda-te em Deus


Lembra-te de Deus para que saibas agradecer os talentos da vida.

Se fatigado, pensa nEle, o Eterno Pai que jamais desfalece na Criação.

Se triste, eleva-Lhe os sentimentos, meditando na alegria solar com que toda manhã, Sua Infinita Bondade dissolve as trevas.

Se doente, centraliza-te no perfeito equilíbrio com que a Sua Compaixão reajusta os quadros da Natureza, ainda mesmo quando a tempestade haja destruído todos os recursos que os milênios acumularam.

Se incompreendido, volta-te para Ele, o Eterno Doador de todas as bençãos, quantas vezes escarnecido por nossas próprias fraquezas, sem que se Lhe desanime a Paciência Incomesurável, quanto aos arrastamentos de nossas imperfeições animalizantes.

Se humilhado, entrega-Lhe as dores da sensibilidade ferida ou do brio menosprezado, refletindo no celeste anonimato em que se Lhe esconde a inconcebível grandeza, para que creiamos autores do bem que a Ele pertence, em todas as circunstâncias.

Se sozinho, busca-Lhe a companhia sublime na pessoa daqueles que te seguem na retaguarda, cambaleantes de sofrimento, mais solitários que tu mesmo, na provação e na miséria que lhes vergastam as horas e lhes crucificam as esperanças.

Se aflito, confia-Lhe as ansiedades, compreendendo que nEle, o Imperecível Amor, todas as tormentas se apaziguam.

Seja qual for a dificuldade, recorda o Todo-Misericordioso que não nos esquece.



E, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de Sua Divina Vontade para os teus passos de cada dia, encontrarás na oração a força verdadeira de tua fé, a erguer-te das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz que te aponta as sendas do Céu.

Emmanuel

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Programa Evolutivo

O delinqüente primário, diante das leis humanas, não raro, tem o direito de responder ao processo em clima de liberdade, e, mesmo quando condenado, faz jus a vários recursos que lhe amenizam a pena.
O criminoso renitente, pela circunstância da conduta, encontra-se incurso nas penalidades severas e experimentará o isolamento em educandários de segurança, não fruindo de maior consideração...
Assim também ocorre com o Espírito.
Quando os seus erros e delitos são de pequena monta, reencarna-se sob provações reparadoras, enfrentando as disciplinas que o reeducarão, para depois gozar de paz e liberdade.
Os calcetas e empedernidos, os refratários ao amor e os que se arrojaram aos despenhadeiros do suicídio, do homicídio, recomeçam, na Terra, encarcerados nas expiações lenificadoras...

*

A provação é oportunidade para o Espírito renovar-se.
A expiação constitui-lhe corretivo severo.
Provado, o Espírito se sente estimulado a conquistas novas, enquanto resgata os débitos anteriores.
Expiando, recupera-se e aprende, sem outra alternativa, enjaulado no processo de depuração.
A provação é solicitada.
A expiação é imposta.
Na primeira, há liberdade de ação; na segunda, desaparece a livre opção, ante o impositivo estabelecido.


Foto de Pedro Barrocas

*

Sob prova ou expiação, estás colocado no dispositivo da evolução, de que necessitas, e que é melhor para o teu progresso.
Aplica a razão e o sentimento lúcidos nesse programa evolutivo e ergue-te, da posição em que te encontres, alcançando o triunfo da tua reencarnação.

Joanna de Ângelis

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Doenças

Qualquer equipamento de uso, sofre os efeitos do tempo, o desgaste dos serviços, os desajustamentos, caminhando para a superação, o abandono...

O que hoje é de relevante importância, amanhã encontra-se ultrapassado, e, assim, sucessivamente.

O corpo humano, da mesma forma, não pode permanecer indene às injunções naturais da sua aplicação e das finalidades a que se destina.

Elaborado pelos atos pretéritos é resistente ou frágil, conforme o material com que foi constituído em razão dos valores pertinentes a cada ser.

Muito justo, portanto, que enferme, se estropie, se desgaste e morra.

Transitório, em razão da própria função, é, todavia, abençoado instrumento do progresso para o Espírito na sua marcha ascensional.

Foto de Vitor Nunes

Chamado à reflexão, por esta ou aquela enfermidade, mantém-te sereno.

Vitimado por uma ou outra mutilação, aprofunda o exame dos teus valores íntimos e busca retirar da experiência as vantagens indispensáveis.

Surpreendido pelos distúrbios da roupagem física ou da tecelagem no sistema eletrônico do psiquismo, tenta controlá-los e, mesmo lutando pela recuperação, mantém-te confiante.


Não te deixes sucumbir sob as injunções das doenças.

Através da mente sã reconquistarás o equilíbrio da situação. E se fores atingido na área da razão, desde hoje entrega-te a Deus e confia nEle.

A doença faz parte do processo normal da vida como parcela integrante do fenômeno da saúde.

Joanna de Ângelis

(FRANCO, Divaldo P. "Episódios Diários". Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1986, cap. 21)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Conscientemente

Integras as novas hostes do Senhor, na qualidade de obreiro da última hora, honrado pela oportunidade de redimir o passado. Nenhuma circunstância casual aparece no teu caminho. Pessoas e acontecimentos foram antecipadamente examinados para que possas seguir com o coração tranqüilo e a mente alçada aos cimos da vida exuberante. Espíritos amigos corporificaram-se em membros ativos da tua família ou chegaram de outros clãs para te oferecerem mãos e serviço na tarefa da reestruturação do bem que te compete desenvolver.

Acidentes que surgem ameaçadores, céus que parecem carregados de tormentas, águas que se tisnam subitamente são concessões-advertência para que nem tudo seja róseo ou enganador e o apelo dos que choram ao rés-do-chão não desapareça perdido no alarido dos que seguem contigo.

Por essa razão, não cultives azedume, seja qual for o motivo que te convoque à amargura.

Se muita coisa te parece injusta e enfloresce a intolerância deste ou daquele teor, recorda que o passado é meirinho pontual a aparecer e reaparecer, chamando a atenção.

Cultiva, assim, o otimismo e a paciência sem cessar.

Aprofunda meditações nos preciosos conceitos da mensagem consoladora de Jesus, seguindo conscientemente.

Quando te falem que este é o momento da Ciência, pensa e vive a idéia da fraternidade com todas as criaturas.

Quando te informem que esta é uma hora própria para a Filosofia, pensa e vive a arte de servir.

Quando te exponham que hoje comporta uma nova Religião, pensa e vive o amor.

Quando te apontem jovens em correria tresloucada ou velhos que tombaram, inermes, nas seduções enganadoras, não reclames nem imponhas normas de conduta; pensa e vive com sobriedade e ética, expondo quando possível as razões da tua conduta inspirada no Modelo Excelente de todos nós.

*

Nem sempre conviverás com os que chegaram para ajudar-te. Alguns seguirão, apressados, mais além.

Emudece o reproche ou a censura. Os espíritos seguem o rumo que melhor os atrai. Possivelmente longe de ti poderão elaborar novas ações, renovar-se, e aprenderão com a vida. Para onde se dirijam, encontrar-se-ão consigo mesmos, preparando-se para a grande experiência do Além-Túmulo...

Usa a feliz ocasião que te surge e refaze as lições.

A carne é veículo transitório e abençoado instrumento para o espírito aprender na Academia terrestre através do processo incessante da evolução.

Invectivando contra o abuso do poder, a rapina social e a degeneração dos costumes, Jesus foi enérgico e veraz, mas não permitiu, uma vez sequer, que as querelas dos obsidiados pelo jugo da posse e iludidos pelo prazer perturbassem a Sua paz e integridade no magistério de vivência com os sofredores do mundo, ensinando-nos, dessa forma, como proceder e avançar na direção de Deus...

Joanna de Ângelis

(FRANCO, D. P. "Lampadário Espírita".Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 10)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Caminha Alegremente


"Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe e, por ela, muitos se contaminem."
Paulo (Hebreus, 12:15)

Raízes de amargura existirão sempre, nos corações humanos, aqui e ali, como sementes de plantas inúteis ou venenosas estarão no seio de qualquer campo.

Contudo, tanto quanto é preciso expulsar a erva daninha para que haja colheita nobre e farta, é indispensável relegar ao esquecimento os problemas superados e as provações vencidas, para que reminiscências destruidoras não brotem no solo da alma, produzindo os frutos azedos das palavras e das ações infelizes.

Mãos prestimosas arrancarão o escalracho, em torno da lavoura nascente, e atitudes valorosas devem extirpar do espírito as recordações amargas, suscetíveis de perturbar o caminho.

Se alguém te trouxer dano ou se alguém te feriu, pensa nos danos e nas feridas que terás causado a outrem, muitas vezes sem perceber. E tanto quanto estimas ser desculpado, perdoa também, sem quaisquer restrições.

Observa a sabedoria de Deus na esfera da Natureza.

A fonte dissolve os detritos que lhe arrojam.

A luz não faz coleção de sombras.

Caminha alegremente e constrói para o bem, porque só o bem permanecerá.

Seja qual for a dor que hajas sofrido, lembra-te de que tudo amanhã será melhor se não engarrafares fel ou vinagre no coração.

Emmanuel

Referência:
XAVIER, F. C. "O Espírito da Verdade". Por Diversos Espíritos. 4ª ed. Rio de Janeiro, RJ:FEB, 1982, capítulo 24.

domingo, 21 de junho de 2015

Família Espiritual



Nosso núcleo familiar consanguíneo é o primeiro agrupamento em que nos compete fazer o Bem. Mas não é o único, pois nossa família é a Humanidade inteira.

O Dicionário Aurélio define que família diz respeito a laços de parentesco. Contudo, não restringe o conceito a este tipo de afinidade: estipula que, por extensão, família significa “grupo de indivíduos que professam o mesmo credo, têm os mesmos interesses, a mesma profissão, são do mesmo lugar de origem etc.” [1].

Jesus explica o conceito de família espiritual na passagem do Evangelho de Mateus, capítulo 12, versículos 46 a 50:

“Enquanto ele ainda falava à multidão, a mãe e os irmãos dele estavam de fora, procurando falar-lhe. E alguém disse-lhe: ‘olha, tua mãe e teus irmãos estão lá fora e procuram falar-te’. Mas ele respondeu ao que lhe falava: ‘quem é minha mãe e quem são meus irmãos’? E estendendo a mão para seus discípulos, disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos; porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe!’”Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, no Capítulo XIV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, assim analisa esta passagem evangélica:

“Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.)
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” [2]Carlos Torres Pastorino, analisando o versículo 46 do capítulo 12 do Evangelho segundo Mateus (“Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”), pondera:

“A pergunta, aparentemente desrespeitosa para com Sua mãe, vem demonstrar que Jesus, em Sua missão, não está preso pelos laços sanguíneos, tão frágeis que só vigoram numa dada encarnação. A família espiritual é muito mais sólida, pois os vínculos são espirituais (sintônicos) e não materiais (sangue e células perecíveis). Jesus não pode subordinar-se às exigências do parentesco terreno, mesmo em se tratando de Sua mãe. Com o olhar benévolo sobre os que O rodeavam, Jesus lança Sua doutrina nítida: o ideal é superior aos laços de sangue; a família espiritual é mais importante que a natural e sobreleva a ela.” [3]Kardec, no mesmo diapasão, esclarece, no item 18 do Capítulo IV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. (...) Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento.” [4]Na obra “Entre a Terra e o Céu”, Clarêncio orienta:

“A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus. Aquele que já pode ver mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda se encontra em luta por desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós, por mais baixo nos revelemos na escala da evolução, possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a impelir-nos para a elevação. Isso podemos verificar nos círculos da matéria mais densa. Temos constantemente corações que nos devotam estima e se consagram ao nosso bem.” [5]

Foto: Hendrio Belfort
Naturalmente, essas passagens não nos devem jamais levar à conclusão de que a família em que ora encarnamos é de pouca importância. Não nascemos por acaso ou acidente em nenhum círculo familiar. Há pessoas que, em momentos de rebeldia, afirmam que “não pediram para nascer”. Contudo, ainda que não nos lembremos, a maioria da Humanidade terrestre pede novas chances de aprendizado e reparação, dentro de nossas possibilidades de maturidade moral e intelectual. Nascemos onde, quando e com quem precisávamos, como lemos, por exemplo, nas respostas às questões 184, 269, 334, 335, 338, 393, 572, 574, 950 e 986 de “O Livro dos Espíritos”.

Portanto, temos, sim, de investir nosso melhor em nossa família consanguínea, pois certamente temos muito a aprender e muito bem a fazer a esses Espíritos. A lição trazida na passagem evangélica acima citada é que fazemos parte da família das Humanidades, não só de toda a Terra, mas de todo o Universo — e temos o dever de fazer o Bem a todos, a começar pela família que temos em casa, mas não restritos a ela. O Espírito Galileu corrobora essa ideia, no Capítulo VI de “A Gênese”:

“Uma mesma família humana foi criada na universalidade dos mundos e os laços de uma fraternidade que ainda não sabeis apreciar foram postos a esses mundos. Se os astros que se harmonizam em seus vastos sistemas são habitados por inteligências, não o são por seres desconhecidos uns dos outros, mas, ao contrário, por seres que trazem marcado na fronte o mesmo destino, que se hão de encontrar temporariamente, segundo suas funções de vida, e encontrar de novo, segundo suas mútuas simpatias. É a grande família dos Espíritos que povoam as terras celestes; é a grande irradiação do Espírito divino que abrange a extensão dos céus e que permanece como tipo primitivo e final da perfeição espiritual.” [6]Espíritos de maior elevação moral e intelectual, os quais, por seu empenho no Bem, atingem o direito de viver em mundos mais felizes, não desfazem seus laços de afeição a quem amam e que, temporariamente, seguem vivendo na Terra ou em outros mundos de Espíritos em etapas evolutivas anteriores. Observemos o exemplo do Espírito denominado Samuel Filipe, pessoa sempre empenhada em fazer o melhor por seu semelhante, o que o qualificou a fazer uma transição tranquila para o mundo espiritual. Questionado sobre o local onde habitara quando evocado e sobre sua lembrança de seus entes queridos, assim argumentou:

“P. Esse mundo tão novo e comparado ao qual nada vale o nosso, bem como os numerosos amigos que nele reencontrastes, fizeram-vos esquecer a família e amigos encarnados?
— R. Se os tivesse esquecido seria indigno da felicidade de que gozo. Deus não recompensa o egoísmo, pune-o. O mundo em que me vejo pode fazer com que desdenhe a Terra, mas não os Espíritos nela encarnados. Somente entre os homens é que a prosperidade faz esquecer os companheiros de infortúnio. Muitas vezes venho visitar os que me são caros, exultando com a recordação que de mim guardaram; assisto às suas diversões, e, atraído por seus pensamentos, gozo se gozam ou sofro se sofrem.” [7]A Terra, apesar de ainda estar longe da condição de mundo feliz, vem demonstrando constante evolução. Kardec comenta a esse respeito em “A Gênese”, lançado em 06 de janeiro de 1868, já observando, há quase 143 anos, movimentos mais comumente divulgados nos dias atuais:

“Hoje, a Humanidade está madura para lançar o olhar a alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de ideias mais amplas e compreender o que antes não compreendia. (...)
Essa fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Assim é que vemos fundar-se uma imensidade de instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais se vão apresentando dia a dia impregnadas de sentimentos mais humanos. Enfraquecem-se os preconceitos de raça, os povos entram a considerar-se membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos meios de realizarem suas transações, eles suprimem as barreiras que os separavam e de todos os pontos do mundo reúnem-se em comícios universais, para as justas pacíficas da inteligência.
Falta, porém, a essas reformas uma base que permita se desenvolvam, completem e consolidem; falta uma predisposição moral mais generalizada, para fazer que elas frutifiquem e que as massas as acolham. Ainda aí há um sinal característico da época, porque há o prelúdio do que se efetuará em mais larga escala, à proporção que o terreno se for tornando mais favorável.” [8]Ao estudarmos as palavras de Jesus, assim como analisando, pela História, a redução das fronteiras entre os povos, bem como estudando, pela Física, a interligação de todos pelo Fluido Universal, sempre chegamos à mesma conclusão: todos somos filhos do mesmo Criador, e, portanto, uma única família, à qual nos compete auxiliar levando todo o Bem que sabemos praticar, e aprendendo para praticar todo o Bem que ainda nos caiba aprender.




Bons estudos!
Carla e Hendrio — comemorando nossa centésima postagem neste blog! :-)


Referências:

[1] HOLANDA, Aurélio Buarque de. “Novo Dicionário Eletrônico Aurélio”. Versão 5.0 de 2004. Positivo Informática. Família.
[2] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XIV, item 8.
[3] PASTORINO, Carlos Torres. “Sabedoria do Evangelho”. Rio de Janeiro, RJ: Sabedoria, 1964. Volume 3. A Família de Jesus.
[4] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo IV, item 18.
[5] XAVIER, Francisco Cândido. “Entre a Terra e o Céu”. 17.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1997. Cap. 33.
[6] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo VI, item 56.
[7] KARDEC, Allan. “O Céu e o Inferno”. 37.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Segunda parte, Capítulo II. Samuel Filipe.
[8] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo XVIII, itens 20 e 21.








sábado, 20 de junho de 2015

Cérebro e Mediunidade

Sérgio Biagi Gregório

cérebro  é apenas uma parte do sistema nervoso central – embora seja a mais complexa. Consiste de uma massa de tecidos nervosos que ocupa a maior parte do crânio  e que desempenha, entre outras funções, a do raciocínio e a da linguagem. Tem a forma de um ovóide com a porção mais alargada voltada para trás. Pesa em média 1.100 gramas. O lado esquerdo do cérebro comanda o lado direito do corpo e  o lado direito do cérebro comanda o lado esquerdo do corpo. O lado esquerdo do cérebro é lógico enquanto o lado direito é intuitivo.  
memória é o registro no cérebro de acontecimentos da vida diária, de habilidades motoras, do significado de palavras, da linguagem etc. Lembramo-nos  amplamente dos acontecimentos recentes e reduzidamente dos acontecimentos passados.  Os neurofisiologistas não descobriram uma única região cerebral que armazenasse toda a memória. Identificaram, porém, uma área envolvida pelo córtex que parece ser essencial para a fixação de lembranças permanentes: o hipocampo. É pela memória que voltamos a um acontecimento. Sem ela ficaríamos à deriva na vida. Por isso o provérbio que diz: “A memória é a carteira da velhice; é preciso enchê-la”. 
cérebro, de acordo com o Espírito André Luiz, em No Mundo Maior,  pode ser descrito como um castelo de três andares. O 1.º andar – subconsciente – é a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados. O 2.º andar –consciente – é  o “domínio das conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando. O 3.º andar – superconsciente – é a “casa das noções superiores”, indicando as eminências de que nos cumpre atingir. Para que nossa mente prossiga na direção do alto, é indispensável o equilíbrio destas três zonas de nosso cérebro.  
A glândula pineal ou epífise, um minúsculo cone de células nervosas situado acima da raiz do cérebro, é o elemento de ligação com o mundo espiritual.  De acordo com André Luiz emMissionários da Luz, no exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel  mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e de recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária.  
A educação mediúnica reveste-se de substancial importância. Educar-se mediunicamente é encher o cérebro de informações para que os Espíritos possam melhor expressar as suas idéias. Os Espíritos, ao usarem o cérebro do médium, não tiram as idéias dos médiuns, mas o material que podem formalizar as idéias a serem transmitidas. Quer dizer, quanto mais recheado de bons pensamentos, de boa cultura, de bons hábitos, mais estaremos colaborando para uma perfeita comunicação mediúnica.  
Ocupemos sadiamente as circunvoluções do nosso cérebro, a fim de sermos os verdadeiros arautos do senhor.
Fonte de Consulta
XAVIER, F. C. Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1970.
XAVIER, F. C. No Mundo Maior, pelo Espírito André Luiz. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

Pesquisas de Conhecer. O Corpo Humano. São Paulo, Abril, 1985.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Anjos da Guarda


Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. A Doutrina dos Anjos da Guarda: 4.1. Missão do Espírito Protetor; 4.2. Consolo da Alma; 4.3. A Confiança em Nossos Protetores Espirituais. 5. Influência dos Espíritos em Nossa Vida: 5.1. É Maior do que Imaginamos; 5.2. A Afeição dos Espíritos por certas Pessoas; 5.3. A Possessão. 6. O Apelo ao nosso Anjo da Guarda: 6.1. Um Comercial da TV; 6.2. O Anjo da Guarda nunca nos Abandona; 6.3. Prece aos Anjos Guardiões e aos Espíritos Protetores. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a palavra anjo? Qual a sua etimologia? É válida a doutrina dos anjos da guarda? Eles influenciam as nossas decisões? Para o desenvolvimento deste tema, escolhemos três subtemas, ou seja, a doutrina dos anjos da guarda, a influência dos Espíritos em nossas vidas e o apelo ao nosso anjo da guarda.
2. CONCEITO
Anjo – Segundo sua etimologia significa "mensageiro" e por decorrência "mensageiro de Deus". Ser espiritual que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens. A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade.
Anjo da guarda – Espírito celeste que se crê velar sobre cada pessoa, afastando-a do mal e inclinando-a para o bem; anjo custódio. Espírito protetor, anjo da guarda, ou bom gênio, é o que tem por missão acompanhar o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior, com relação ao protegido.
Simbologia – Segundo muitos autores, os atributos conferidos aos anjos são considerados como símbolos de ordem espiritual. Outros, ainda, vêem nos anjos símbolos das funções divinas, símbolos das relações de Deus com as criaturas, ou, ao contrário, símbolos das funções humanas sublimadas ou de aspirações insatisfeitas e impossíveis. (Chevalier, 1998)
3. HISTÓRICO
Nosso ponto de partida é o daemon socrático. Após os juízes o considerarem culpado de corromper a juventude da Atenas, Sócrates explicou por que não pretendia contestar-lhes a sentença: dizia que sempre que tinha algo para fazer, havia uma voz que o impedia, caso sua ação não fosse útil. Na sentença, não ouviu o sinal costumeiro e, portanto, deduziu que a sua morte deveria trazer-lhe com certeza um bom resultado.
A Bíblia não faz nenhuma alusão aos anjos da guarda. Todavia, segundo Enoc (100,5), os santos e os justos possuem seus protetores. Cada fiel é assistido por um anjo, dirá Basílio; este anjo guia-lhe a vida, sendo ao mesmo tempo seu pedagogo e protetor.
Até o aparecimento de Gregório, o "Taumaturgo", ou fazedor de milagres, no século III, o guia e protetor dos cristãos era o Espírito Santo, principalmente depois da experiência de Pentecostes. Gregório, em seu Panegírico,confessou-se o afortunado e possuidor de "certo companheiro divino, condutor e guarda benéfico". O Cristianismo passou a adotar as suas idéias. Como o Cristianismo fazia parte da tradição judaica, preferiu-se usar o termo "anjo" aodaemon pagão, que afinal, assumiria a conotação totalmente sinistra: agente do diabo.
Na linha histórica da influência de um hóspede desconhecido sobre a humanidade, podemos citar a missão em que se achava investida Joana d’Arc, que era a de libertar a França do domínio inglês. Winston Churchill, Jung, Abrão Lincoln e muitos outros fazem também alusão a essa voz que os guia no caminho de suas vidas. (Inglis, 1995, p. 17 a 46)
4. A DOUTRINA DOS ANJOS DA GUARDA
4.1. MISSÃO DO ESPÍRITO PROTETOR
A missão do Espírito protetor é a de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida. O Espírito protetor é ligado ao individuo desde o nascimento até a morte, e freqüentemente o segue depois da morte, na vida espiritual, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.
4.2. CONSOLO DA ALMA
Não é um grande consolo para a nossa alma enfermiça saber que há seres superiores ao nosso lado, que estão ali para nos aconselhar, nos sustentar e nos ajudar a escalar a montanha escarpada do bem? Esses Espíritos se colocam à nossa disposição por ordem de Deus, Assim, há os protetores familiares, os espíritos simpatizantes e um que toma propriamente a responsabilidade de nos conduzir, do nascimento à morte: o anjo da guarda. Basta apenas que tenhamos a humildade de pedir-lhes para nos auxiliar em todas as nossas dificuldades, que ainda estamos sujeitos neste mundo de provas e expiações. Quantas vezes o conhecimento desta verdade não nos salvaria dos maus Espíritos? Quantas vezes nos ajudariam nos momentos de crise, de ansiedade?
4.3. A CONFIANÇA EM NOSSOS PROTETORES ESPIRITUAIS
Os bons Espíritos estão sempre nos secundando; eles não precisam de trombetas para se fazer notar. Basta apenas nos colocarmos em sintonia com eles, para recebermos os seus avisos salutares. Os avisos, contudo, não vêm como uma ordem, porque se assim fosse delimitaria a nossa própria ação, o uso do nosso livre-arbítrio. Esta doutrina deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto por sua doçura. Mas como a maioria das pessoas tem se tornada muito materialistas, elas acabam se esquecendo das verdades mais simples: a existência dos anjos da guarda é uma delas.
5. INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM NOSSA VIDA
5.1. É MAIOR DO QUE IMAGINAMOS
Os Espíritos superiores dizem que a influência dos espíritos em nossa vida é maior do que podemos imaginar, porque, em muitas ocasiões, são eles que decidem por nós, sem que o percebamos. A influência dos Espíritos pode ser vista de dois ângulos: de um lado há uma nuvem de Espíritos que nos conduz ao bem; do outro lado, uma nuvem de Espíritos que nos conduz ao mal. Nós ficamos no meio deles, decodificando as suas mensagens. A partir de um certo momento, tomamos uma decisão. Quem poderia afirmar, com certeza, que a decisão não tenha sido feita por eles?
5.2. A AFEIÇÃO DOS ESPÍRITOS POR CERTAS PESSOAS
Os espíritos superiores afeiçoam-se pelas pessoas de bem ou aquelas que querem progredir e combater o mal; os inferiores aproximam-se dos viciosos e dos rebeldes à Lei de Deus. Os bons Espíritos fazem todo o bem possível e se sentem bem com as nossas alegrias. Eles, contudo, afligem-se com os nossos males, principalmente quando não os sabemos sofrer com resignação. As aflições dos bons Espíritos são mais graves quando se tratam de causas morais; para eles, os males físicos são passageiros. Numa crise, os bons Espíritos reerguem a nossa coragem; os maus, incitam-nos ao desespero.
5.3. A POSSESSÃO
A influência dos Espíritos menos felizes, quando muito intensa, pode originar o fenômeno da possessão. Para o senso comum, esta palavra está ligada à tomada do corpo por um Espírito estranho. Segundo o Espiritismo, isso não é possível de ocorrer, porque para cada corpo está destinado um único Espírito. Contudo, no seu sentido metafórico, é a influência persistente que um Espírito imperfeito exerce sobre uma pessoa, dando a impressão que aquela pessoa está dominada por um ser estranho a ela. Embora possa haver a possessão positiva, geralmente ela é vista no sentido negativo, ou seja, a subjugação do encarnado ao império da vontade do Espírito estranho.
6. O APELO AO NOSSO ANJO DA GUARDA
6.1. UM COMERCIAL DA TV
Não faz muito tempo, veiculou-se um comercial televisivo em que de um lado havia a sugestão do diabo e, do outro lado, a do anjo da guarda. No meio desse tiroteio, a pessoa tinha que tomar uma decisão: seguir um dos dois conselhos. É mais ou menos o que acontece com a influência dos Espíritos em nossa vida. A única diferença é que o anjo da guarda está de guarda, ou seja, tentando nos proteger. O demônio só poderá chegar até nós se nós o permitirmos, se abrirmos uma brecha em nossa mente. Caso contrário, ele nem de nós se aproxima, pois não se forma um campo vibratório favorável a tal comunicação.
6.2. O ANJO DA GUARDA NUNCA NOS ABANDONA
Devemos ter sempre em mente que o anjo da guarda é um espírito protetor que quer o nosso bem e a nossa evolução espiritual. Às vezes, parece que ele se afasta de nós. Precisamos verificar se o ocorrido não foi por nossa própria culpa, no sentido de nos afastamos de suas sugestões e de suas inspirações. Lembremo-nos de que, por princípio, os Espíritos superiores nada forçam; eles sempre nos deixam decidir por nós mesmos. Eles podem se afastar momentaneamente, mas nunca nos abandonam de todo.
6.3. PRECE AOS ANJOS GUARDIÕES E AOS ESPÍRITOS PROTETORES
Em qualquer situação de desespero, podemos nos valer da prece para apaziguar a nossa mente conturbada. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, dá-nos algumas instruções sobre os mais variados tipos de preces. Em se tratando deste tema, transcrevemos uma delas: "Espíritos esclarecidos e benevolentes, mensageiros de Deus, que tendes por missão assistir os homens e conduzi-los pelo bom caminho, sustentai-me nas provas desta vida; dai-me a força de suportá-la sem queixumes; livrai-me dos maus pensamentos e fazei que eu não dê entrada a nenhum mau Espírito que queira induzir-me ao mal. Esclarecei a minha consciência com relação aos meus defeitos e tirai-me de sobre os olhos o véu do orgulho, capaz de impedir que eu os perceba e os confesse a mim mesmo". (Kardec, 1984, p. 330)
7. CONCLUSÃO
Humilhemo-nos ante os desígnios do Alto. Valhamos-nos das sugestões dos nossos mentores espirituais. Muitas vezes o que nos parece um mal é um bem ulterior que ainda não somos capazes de perceber.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
INGLIS, Brian. O Mistério da Intuição. Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
São Paulo, maio de 2006
Na página 12, da Revista Ser Espírita (edição 15), de 2011, cujo título é "Eles São Como Nós", e se refere aos "anjos", há a seguinte referência:

Para o presidente do Centro Espírita Ismael, de São Paulo (SP), Sérgio Biagi Gregório, por mais que as pessoas tenham seus espíritos protetores específicos, nada impede que outros espíritos venham auxiliá-las nos momentos difíceis, sejam encarnados ou não, e que estes encarnados também podem ser considerados “protetores”. “Por exemplo, os pais deixam uma criança ir para a escola sozinha. Para chegar lá, ela precisa atravessar a rua e um estranho a ajuda. Fazendo uma analogia, este estranho funcionou como um ‘anjo da guarda’ naquele momento”. Ou seja: pessoas extremamente boas, que vivem na Terra no caminho do bem seriam “anjos” encarnados. Sendo assim, chega-se à conclusão de que a bondade que caracteriza os anjos é um atributo de todos os espíritos, sendo por estes revelada através do processo evolutivo.(Ver Contextualização - Anjos (Leia trechos da ... - Revista SER Espírita)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Análise do Pai Nosso

Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. O Texto Evangélico. 4. Os Sete Itens da Oração Dominical. 5. Conclusão. 6. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é refletir detalhadamente sobre cada um dos itens que compõem a oração dominical, ditada por Jesus.
2. CONCEITO
Análise – Segundo a etimologia grega, significa decompor e discernir as diferentes partes de um todo, mas também reconhecer as diferentes relações que elas mantêm, quer entre si, quer com o todo. 
Pai Nosso – É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos dos deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. (Equipe da FEB, 1995)
3. O TEXTO EVANGÉLICO
A oração dominical está inserida no capítulo VI de O Evangelho Segundo Mateus, o qual trata, além deste tópico específico, a prática da justiça, como se deve dar esmolas, como se deve orar, como jejuar, os tesouros do céu, a luz e as trevas, os dois senhores e a ansiosa solicitude pela vida.
Para o tema em questão, Interessa-nos transcrever:
a) Como se deve orar
“E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orardes, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”. (Mateus 6, 5 a 9).
b) A oração dominical
“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino, faça-se a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dai-nos hoje; e perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixeis cair em tentação; mas livrai-nos do mal (pois vosso é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém). Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens (as suas ofensas), tão pouco o Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6, 9 a 15)  
4. OS SETE ITENS DA ORAÇÃO DOMINICAL
Extraído do 28.º capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo  (itens 2 e 3).
1) Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome.
A palavra Pai refere-se a Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas; Céu significa o universo, os diversos mundos habitados. Santificado seja o vosso nome mostra que devemos crer no Senhor, porque tudo revela o seu poder e sua bondade. A harmonia do universo testemunha essa sabedoria. Por isso, todos deveriam reverenciar o seu nome em quaisquer circunstâncias. De acordo com o Espírito Emmanuel, “a grandeza da prece dominical nunca será devidamente compreendida por nós que lhe recebemos as lições divinas. Cada palavra, dentro dela, tem a fulguração de sublime luz. De início o Mestre Divino lança-lhe os fundamentos em Deus, ensinando que o Supremo Doador da Vida deve constituir, para nós todos, o princípio e a finalidade de nossas tarefas... Em seguida, com um simples adjetivo possessivo, o Mestre exalta a comunidade. Depois de Deus, a Humanidade será o tema fundamental de nossas vidas”. (Xavier, s.d.p., p. 167)
2) Venha o vosso reino
Deus apresentou-nos leis cheias de sabedoria e que fariam a nossa felicidade se as observássemos. Obedecendo a essas leis, que estão escritas em nossa consciência, faríamos reinar entre nós a paz e a justiça. Praticando a excelsa caridade, todos nos ajudaríamos mutuamente, expulsando por completo o mal de nosso planeta, pois todas as misérias vêm da violação dessas leis, porque não há uma só infração que não tenha conseqüências fatais.
3) seja feita a vossa vontade, na Terra, como no céu.
Sabemos que a submissão é um dever do inferior para com o superior, do filho com relação ao pai. Não haveria uma razão ainda maior de nossa submissão com relação Àquele que nos criou. 
Ainda nos falta um sentido para compreender a existência de Deus. Contudo, conforme formos depurando o nosso Espírito do jugo da matéria, vamos também aumentando a nossa capacidade de conhecer os atributos da divindade.
A atitude fundamental da prece deve ser de obediência, de adesão à vontade de Deus, de harmonização entre nós e a sua Lei, que é perfeita. Acontece que dada a nossa imperfeição oramos às avessas, ou seja, ao invés de nos conformarmos com a Lei queremos burlá-la, tornando senhores de Deus, através de pedidos de ordem inferior.
O Espírito Emmanuel comenta esta passagem dizendo-nos que é comum a alteração dos votos que formulamos ao alto. Muitas petições endereçadas à Vida Maior, em muitas ocasiões, quando atendidas, já nos encontram modificados por súplicas diferentes. Ele afirma: “Em circunstâncias diversas, acontecimentos que nos parecem males são bens que não chegamos a entender, de pronto, e basta analisar as ocorrências da vida para percebermos que muitas daquelas que nos afiguram bens resultam em males que nos dilapidam a consciência e golpeiam o coração”. (Xavier, 1986, p. 318)
4) Dai-nos o pão de cada dia
“Dai-nos o alimento para a manutenção das forças do corpo; dai-nos também o alimento espiritual para desenvolvimento do nosso Espírito... Uma vez que a lei do trabalho é a condição do homem na Terra, dai-nos a coragem e a força para cumpri-la; dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não lhe perder o fruto”.
Inspira-nos sempre bons pensamentos para que tenhamos em mente um trabalho profícuo. E se, porventura, a sociedade nos recusar tal mister, que saibamos ter a necessária resignação para com a vontade divina a nosso respeito.
O Espírito Emmanuel, em Fonte Viva, capítulo 18 (Não Somente), traça alguns pensamentos a respeito da relação entre os cuidados materiais e os espirituais. Não somente o agasalho, a beleza física, o domicílio confortável e os títulos honrosos, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma, a formosura e a nobreza dos sentimentos, a casa invisível dos princípios edificantes e as virtudes que enriqueçam a consciência eterna.  
5) Perdoai as nossas dívidas como nós as perdoamos àqueles que nos devem. Perdoai nossas ofensas, como perdoamos àqueles que nos ofenderam.
“Cada uma das nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa para convosco, e uma dívida contraída que nos será preciso, cedo ou tarde, pagar. Para elas solicitamos o perdão de vossa infinita misericórdia, sob a promessa de fazer esforços para não contrair novas dívidas”. 
Um estudo acurado sobre o perdão leva-nos a interpretá-lo de forma diferente daquela que é feita simplesmente pela repetição de frases feitas. Falamos que devemos perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes, que devemos esquecer a ofensa, que devemos nos ajustar com o adversário enquanto estivermos a caminho. Mas, na prática, como é que funciona? Estamos bem longe de praticar esses atos com conhecimento de causa. Muitos até dizem: eu perdôo, mas não quero mais vê-lo na minha frente.
A prática correta do perdão, a que estabelece o esquecimento da ofensa, tem valor científico. Em primeiro lugar, como o acaso não existe, tudo o que se nos acontece deve ser bem meditado. Antes de maldizer o ofensor, o correto seria agradecer a Deus por tê-lo colocado em nosso caminho para ser motivo de nossa paciência.
Uma coisa que deve ficar clara: ninguém ofende ninguém. A ofensa é subjetiva e, como tal, somente nos sentiremos ofendidos se assim o interpretarmos. A ofensa é, antes de tudo, um agravo à Lei de Deus. Nesse sentido, o ofensor feriu-se a si mesmo, pois se desviou da lei de Deus e deverá, cedo ou tarde, fazer o seu ajustamento.
Diante desse ensinamento, nunca deveríamos, em hipótese alguma, fazer justiça com as próprias mãos, pois ao invés de eliminar um mal estaremos cometendo outro. Não se apaga o fogo com mais fogo, mas com água.
6) Não nos abandoneis à tentação, mas livrai-nos do mal.
“Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus Espíritos que tentarem nos desviar do caminho do bem, em nos inspirando maus pensamentos”.
Cada imperfeição é uma porta aberta à sua influência, ao passo que nada podem, e renunciam a toda a tentativa, contra os seres perfeitos. Por isso deveríamos nos humilhar diante da dor e do sofrimento, rogando forças para eliminar de nós mesmos a imperfeição, a tentação, que é atrai os Espíritos menos felizes.
7) Assim Seja
Esperamos que os nossos desejos se cumpram! Mas nos inclinamos diante a vossa sabedoria infinita. Sobre todas as coisas que não nos é dado compreender, que seja feito segundo a vossa vontade e não segundo a nossa, porque não quereis senão o nosso bem, e sabeis melhor do que nós o que nos é útil.
5. CONCLUSÃO
Saibamos orar e tenhamos confiança na Divina Providência. A fé que não enfrenta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.
6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo: IDE, 1984.
XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, s.d.p.
XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986.