sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

FEB esclarece sobre atuação de médiuns curadores

A Doutrina Espírita atua com o trabalho de caridade material e espiritual desinteressada, sem nenhum propósito a não ser o de auxiliar os necessitados.

“Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebestes” (O evangelho segundo o Espiritismo, cap. 26)
.
O Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida. Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria. Estes não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua orientação.

A Federação Espírita Brasileira, junto ao Movimento Espírita, fundamentada na tríade Deus, Cristo e Caridade, pratica o bem, levando consolo e esclarecimento à humanidade.

“Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes dela”. (Emmanuel, em Seara dos Médiuns, cap. 12, psicografado por Chico Xavier).

Mensagem aos Médiuns

Venho exortar a quantos se entregaram na Terra à missão da mediunidade, afirmando-lhes que, ainda em vossa época, esse posto é o da renúncia, da abnegação e dos sacrifícios espontâneos. Faz-se mister que todos os Espíritos, vindos ao planeta com a incumbência de operar nos labores mediúnicos, compreendam a extensão dos seus sagrados deveres para a obtenção do êxito no seu elevado e nobilitante trabalho.
Médiuns! A vossa tarefa deve ser encarada como um santo sacerdócio; a vossa responsabilidade é grande, pela fração de certeza que vos foi outorgada, e muito se pedirá aos que muito receberam. Faz-se, portanto, necessário que busqueis cumprir, com severidade e nobreza, as vossas obrigações, mantendo a vossa consciência serena, se não quiserdes tombar na luta, o que seria crestar com as vossas próprias mãos as flores da esperança numa felicidade superior, que ainda não conseguimos alcançar! Pesai as consequências dos vossos mínimos atos, porquanto é preciso renuncieis à própria personalidade, aos desejos e aspirações de ordem material, para que a vossa felicidade se concretize.
11.1 Vigiar para Vencer
Felizes daqueles que, saturados de boa-vontade e de fé, laboram devotadamente para que se espalhe no mundo a Boa-Nova da imortalidade. Compreendendo a necessidade da renúncia e da dedicação, não repararam nas pedras e nos acúleos do caminho, encontrando nos recantos do seu mundo interior os tesouros do auxílio divino. Acendem nos corações a luz da crença e das esperanças, e se, na maioria das vezes, seguem pela estrada incompreendidos e desprezados, o Senhor enche com a luz do seu amor os vácuos abertos pelo mundo em suas almas, vácuos feitos de solidão e desamparo.
Infelizmente, a Terra ainda é o orbe da sombra e da lágrima, e toda tentativa que se faz pela difusão da verdade, todo trabalho para que a luz se esparja fartamente encontram a resistência e a reação das trevas que vos cercam. Daí nascem as tentações que vos assediam, e partem as ciladas em que muitos sucumbem, à falta da oração e da vigilância apregoadas no Evangelho.
11.2 Quem são os Médiuns na sua Generalidade
Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia.
11.3 As Oportunidades do Sofrimento
As existências dos médiuns, em geral, têm constituído romances dolorosos, vidas de amargurosas dificuldades, em razão da necessidade do sofrimento reparador; suas estradas, no mundo, estão repletas de provações, de continências e desventuras. Faz-se, porém, necessário que reconheçam o ascetismo e o padecer, como belas oportunidades que a magnanimidade da Providência lhes oferece, para que restabeleçam a saúde dos seus organismos espirituais, combalidos nos excessos de vidas mal orientadas, nas quais se embriagaram à saciedade com os vinhos sinistros do vício e do despotismo.
Humilhados e incompreendidos, faz-se mister que reconheçam todos os benefícios emanantes das dores que purificam e regeneram, trabalhando para que representem, de fato, o exemplo da abnegação e do desinteresse, reconquistando a felicidade perdida.
11.4 Necessidade da Exemplificação
Todos os médiuns, para realizarem dignamente a tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar-se com o ideal de Jesus, buscando para alicerce de suas vidas o ensinamento evangélico, em sua divina pureza; a eficácia de sua ação depende do seu desprendimento e da sua caridade, necessitando compreender, em toda a amplitude, a verdade contida na afirmação do Mestre: “Dai de graça o que de graça receberdes.”
Devendo evitar, na sociedade, os ambientes nocivos e viciosos, podem perfeitamente cumprir seus deveres em qualquer posição social a que forem conduzidos, sendo uma de suas precípuas obrigações melhorar o seu meio ambiente com o exemplo mais puro de verdadeira assimilação da doutrina de que são pregoeiros.
Não deverão encarar a mediunidade como um dom ou como um privilégio, sim como bendita possibilidade de reparar seus erros de antanho, submetendo-se, dessa forma, com humildade, aos alvitres e conselhos da Verdade, cujo ensinamento está, frequentemente, numa inteligência iluminada que se nos dirige, mas que se encontra igualmente numa provação que, humilhando, esclarece ao mesmo tempo o espírito, enchendo-lhe o íntimo com as claridades da experiência.
11.5 O Problema das Mistificações
O problema das mistificações não deve impressionar os que se entregam às tarefas mediúnicas, os quais devem trazer o Evangelho de Jesus no coração. Estais muito longe ainda de solucionar as incógnitas da ciência espírita, e se aos médiuns, às vezes, torna-se preciso semelhante prova, muitas vezes os acontecimentos dessa natureza são também provocados por muitos daqueles que se socorrem das suas possibilidades. Tende o coração sempre puro. É com a fé, com a pureza de intenções, com o sentimento evangélico, que se podem vencer as arremetidas dos que se comprazem nas trevas persistentes. É preciso esquecer os investigadores cheios do espírito de mercantilismo!…
Permanecei na fé, na esperança e na caridade em Jesus Cristo, jamais olvidando que só pela exemplificação podereis vencer.
11.6 Apelo aos Médiuns 
Médiuns, ponderai as vossas obrigações sagradas! preferi viver na maior das provações a cairdes na estrada larga das tentações que vos atacam, insistentemente, em vossos pontos vulneráveis. Recordai-vos de que é preciso vencer, se não quiserdes soterrar a vossa alma na escuridão dos séculos de dor expiatória. Aquele que se apresenta no Espaço como vencedor de si mesmo é maior que qualquer dos generais terrenos, exímio na estratégia e tino militares. O homem que se vence faz o seu corpo espiritual apto a ingressar em outras esferas e, enquanto não colaborardes pela obtenção desse organismo etéreo, através da virtude e do dever cumprido, não saireis do círculo doloroso das reencarnações.
Do livro: Emmanuel
Pelo Espírito: Emmanuel
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
FEB Editora

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Causas das Aflições

Por João Paulo Bittencourt Cardozo

O Mestre Jesus, em suas andanças pela Terra, certa vez disse “bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados” (S. Mateus, cap. V, v. 5). Quando refletimos sobre nossas vidas, e constatamos a quantos sofrimentos estamos sujeitos, e o quanto padecem as pessoas em geral, inevitavelmente perguntamo-nos: por que tudo isso? Há alguma utilidade nas aflições? A resposta à primeira pergunta é: sofremos por conseqüência de nossos próprios atos. A resposta à segunda já nos deu o próprio Cristo: as aflições vêm para o nosso crescimento e, assim, para o nosso bem.

O Dicionário Aurélio define aflição como agonia, atribulação, angústia, sofrimento. Sob certo ponto de vista, é tristeza, mágoa, dor ou, ainda, preocupação, inquietação.

Nossa dificuldade em compreender as aflições deriva de nossa dificuldade de compreender Deus. As pessoas normalmente fazem-Lhe idéia errada, imaginando-o como um bom velhinho de barbas brancas, sentado num trono celestial. Isso decorre, entretanto, da tendência que temos de definir aquilo que não conhecemos com uma imagem humana, que é algo que conhecemos. Sabemos que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, mas não no corpo, e sim em espírito, como uma essência inteligente.

Na questão nº 1 de “O Livro dos Espíritos”, perguntou Allan Kardec aos Espíritos Superiores “que é Deus”, tendo eles respondido “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. No atual estágio evolutivo da Humanidade, ainda primitivo e mais próximo do homem das cavernas que do anjo, não temos condições de ter uma compreensão exata de Deus. No entanto, algumas de suas características já são de nosso conhecimento, pois o sabemos imutável, imaterial, único, onipotente e, acima de tudo, soberanamente justo e bom. A razão é que nos demonstra, pois, se deixasse de ter qualquer uma destas características, já não mais seria Deus.

Com isso começamos a entender o porquê das aflições: se Deus é soberanamente justo, toda aflição, todo sofrimento que temos é justo, pois só o temos porque Ele permite. Se Deus é soberanamente bom, não sofremos porque Ele o quer, mas sim como conseqüência dos nossos próprios atos.

É exatamente esta a explicação que nos dá a Doutrina Espírita em dois de seus postulados básicos, a lei de causa e efeito e a reencarnação. A lei da física segundo a qual toda ação gera uma reação de idêntica potência tem uma aplicação em nossas vidas e em nossos atos maior do que imaginamos. Sempre que praticamos atos maus, prejudicando nossos semelhantes, produzimos sobre nós os mesmos efeitos, assim também quando falamos ou simplesmente pensamos o mal. Mas – aí o aspecto positivo –, tudo o que fizermos de bom, que seja benéfico às outras pessoas, a nós retorna com as mesmas características.

A reencarnação é uma conseqüência necessária da soberana justiça e bondade de Deus. 

Não fosse por ela, como explicar a existência de pessoas más que navegam no mar da vida sem qualquer atribulação, ao lado de pessoas boas, totalmente dedicadas ao próximo, que padecem os mais brutais sofrimentos? Mais do que isso, como entender a morte prematura de uma criança em tenra idade? É nas sucessivas reencarnações, em que progressivamente ocupamos os mais variados papéis no teatro do mundo, que a soberana justiça e bondade de Deus impõem as devidas compensações, fazendo-nos sofrer as conseqüências das ações más que porventura tenhamos praticado e, melhor do que isso, colher os frutos de nossas boas obras.

Desse modo, se sofremos é porque, em nossas próprias ações, infringimos as leis divinas ou naturais, bem sintetizadas por Jesus Cristo ao nos recomendar amar ao nosso próximo como a nós mesmos.

No entanto, não devemos acreditar que nossos sofrimentos atuais são decorrência pura e simplesmente de nossas encarnações passadas. Allan Kardec, no Capítulo V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, bem nos mostra que a quase totalidade de nossas dores são conseqüências de nossos atos nessa mesma encarnação em que ora transitamos (item 4). Pondera o Codificador, em diversos exemplos, quantos estão endividados porque não sabem viver com quanto ganham? Quantos os casamentos fracassados porque os cônjuges deixam de dialogar e se perdoar em acontecimentos insignificantes? Quantas doenças seriam evitadas se as pessoas não cometessem excessos de alimentação, ou se abandonassem vícios perniciosos como o álcool e o fumo? Quantos os filhos que seguem o caminho do vício porque os pais, no momento adequado, na infância, deixaram de lhes dar limites e os ensinar por bons exemplos?

Assim, se estamos sofrendo e olharmos com honestidade para dentro de nós mesmos, certamente constataremos que a causa desse sofrimento está em ações passadas por nós praticadas, quase sempre na atual encarnação.

Isso, entretanto, não significa que devemos simplesmente nos deixar sofrer sem nada fazer por nosso bem estar.

A dor física nos mostra que algo não está bem em nossa saúde: procuramos o médico, fazemos o tratamento adequado e recompomos o nosso bem estar. A aflição, a seu turno, demonstra-nos que estamos tomando caminhos errados em nossa vida e que temos que corrigir o curso.

A aflição, o sofrimento são como o despertador na madrugada: serve apenas para nos acordar, logo após o desligamos. Assim como não há quem deixe o despertador ligado o dia inteiro, devemos simplesmente “acordar” diante do sofrimento e, sem seguida, fazer o que seja necessário para “desligá-lo”, corrigindo as ações equivocadas que nos fazem sofrer.

E a Doutrina Espírita está aí, justamente, para nos auxiliar a descobrir o que está errado em nossa vida e a retomar o correto caminho. Para nos lembrar que todos os recursos da Espiritualidade Superior estão à disposição de todos nós. Os bons espíritos sempre tentam nos influenciar para o bem, nós é que os impedimos quando nos fixamos em aspectos negativos, como egoísmo, orgulho, medo, raiva, rancor.

É urgente, portanto, que olhemos para dentro de nós mesmos e reflitamos sobre por que estamos sofrendo, a fim de mudar de atitude, aproveitando o que de bom nos proporciona a Doutrina Espírita em matéria de reflexão e oportunidades de praticar o bem, tornando-nos felizes pura e simplesmente por estarmos cumprindo a lei maior que nos recomenda fazer ao próximo o que gostaríamos que a nós fosse feito.

Concluímos com Joanna de Ângelis em sua belíssima obra “Iluminação Interior” (psicografia de Divaldo Pereira Franco, cap. 18), ao nos dizer que não sofrer é uma pretensão utópica no atual estágio de evolução da Humanidade. No entanto, muitos sofrimentos podem ser modificados se as pessoas compreenderem por que eles existem e alterarem sua conduta diante deles, dispondo-se à renovação, pois a felicidade “não é ausência de dor, mas a perfeita compreensão da sua finalidade”.


Causa das Aflições
Sérgio Biagi Gregório

RESUMO:
1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Dor e Sofrimento: 4.1. Especificando os Termos; 4.2. Necessidade da Dor; 4.3. Tipos de Dor. 5. Lei de Ação e Reação: 5.1. Tempo; 5.2. O Merecimento. 6. Causas das Aflições: 6.1. Causas Atuais das Aflições; 6.2. Causas Anteriores das Aflições; 6.3. Justiça das Aflições. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO
Por que tanto sofrimento ao redor de nossos passos? Por que uns nascem na miséria e outros na opulência? Por que para uns tudo dá certo e para outros não? Estas são algumas dentre as muitas questões que ficam sem resposta lógica, quando analisamos a vida do ponto de vista de uma única encarnação. Olhemos a vida numa perspectiva mais ampla e obteremos respostas para todas essas dúvidas.

2. CONCEITO
Aflição – do latim afflictione. 1. Agonia, atribulação, angústia, sofrimento. 2. Tristeza, mágoa, pesar, dor. 3. Cuidado, preocupação, inquietação, ansiedade. 4. Padecimento físico; tormento, tortura. (Dicionário Aurélio)

Aflição, na essência, é o reflexo intangível do mal forjado pela criatura que o experimenta, e todo mal representa vírus de alma suscetível de alastrar-se ao modo de epidemia mental devastadora.

Freqüentemente, aflição é a nossa própria ansiedade, respeitável mas inútil, projetada no futuro, mentalizando ocorrências menos felizes que, em muitos casos, não se verificam como supomos e, por vezes, nem chegam a surgir. (Equipe FEB, 1997)

3. HISTÓRICO
O ser humano, premido pela necessidade, sempre buscou inventar aparelhos que lhe possibilitassem viver melhor. No que tange à dor, os antropólogos descobriram, já na Antigüidade, diversos instrumentos de cura. De lá para cá, as descobertas de novas técnicas se incrementaram. Foram inventados os raios-X, a anestesia, o laser e outros. Tudo para melhorar a saúde dos habitantes deste planeta.


4. DOR E SOFRIMENTO

4.1. ESPECIFICANDO OS TERMOS
Dor e Sofrimento — a simples reflexão sobre a dor e o sofrimento basta para evidenciar que eles têm uma razão de ser muito profunda. A dor é um alerta da natureza, que anuncia algum mal que está nos atingindo e que precisamos enfrentar. Se não fosse a dor sucumbiríamos a muitas doenças sem sequer nos dar conta do perigo. O sofrimento, mais profundo do que a simples dor sensível e que afeta toda a existência, também tem a sua razão de ser. É através dele que o homem se insere na vida mística e religiosa. (Idígoras, 1983)

4.2. NECESSIDADE DA DOR
A dor física anuncia que algo em nós não vai bem e precisa de melhora. Embora sempre queiramos fugir dela, ela nos oferece a oportunidade de reflexão — volta para o nosso interior —, objetivando o conhecimento de nós mesmos.

Dada a grande coerência da dor, tanto sofrem os grandes gênios e como as pessoas mais apagadas. Nesse sentido, observe o sofrimento anônimo daqueles que dão exemplo de santidade aos que lhe sentem os efeitos, mesmos ocultos e sigilosos.


4.3. TIPOS DE DOR
O processo de crescimento espiritual está associado à dor e ao sofrimento. De acordo com o Espírito André Luiz, a dor pode ser vista sob três aspectos:

1) Dor-expiação
que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a justiça. É conseqüência de nosso desequilíbrio mental, ou proceder desviado da rota ascensional do espírito. Podemos associá-la às encarnações passadas. Muitas vezes é o resgate devido ao mau uso de nosso livre-arbítrio.

2) Dor-evolução
que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso. Na dor-expiação estão associados o remorso, o arrependimento, o sentimento de culpa etc. Na dor-evolução estão associados o esforço e a resistência ao meio hostil. Enquanto a primeira é conseqüência de um ato mau, a segunda é um fortalecimento para o futuro.

3) Dor-Auxílio
são as prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição para a morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na vida espiritual (Xavier, 1976, p. 261 e 262)

5. LEI DA AÇÃO E REAÇÃO
O que é uma causa? É algo que origina um efeito. Por exemplo: qual a causa do leite? A vaca. Qual a causa da manteiga? O leite. Mas todas essas causas estão sujeitas a um princípio. Quando estamos falando de causa e efeito, estamos falando de tempo.

5.1. TEMPO
Que é o tempo? Sucessão de coisas ou de acontecimentos, que se expressam em termos de presente, passado e futuro. Embora na sua concepção infinita de tempo, o passado, o presente e o futuro se confundem, não há dúvida de que o ontem foi passado, o hoje é o presente e o amanhã o futuro.

Axioma: dada uma causa, o efeito se realiza necessariamente.

Importante: passagem do tempo, ou seja, podemos modificar a causa e concomitantemente o efeito.

5.2. O MERECIMENTO
Um exemplo clássico da Doutrina está na história da pessoa que perdeu o dedo, mas deveria ter perdido o braço.

Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que frequentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo… E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever… Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça…”

6. CAUSAS DAS AFLIÇÕES
Faz parte do capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cujo título é Bem-Aventurados os Aflitos, e abrange os itens de 3 a 10.

As causas das aflições devem ser procuradas tanto no presente (atual encarnação) como numa existência passada. Devemos partir do princípio de que elas são justas. Se assim não pensarmos, poderemos cair no erro de jogar a culpa nos outros ou em Deus. Quer dizer, tudo o que se nos acontece tem um motivo, embora nem sempre o saibamos explicar com clareza.

Assim sendo, toda vicissitude pode ser vista sob dois ângulos:

6.1. CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES
Aqui devemos refletir sobre o sofrimento que nos visita, fazendo algumas indagações a respeito. Em caso de anemia — será que me descuidei da alimentação? No caso do filho escolher o caminho do vício — dei-lhe a devida educação, os cuidados necessários? No caso de uma querela familiar — será que não fui injusto para com tal pessoa?

“Que todos aqueles que são atingidos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida, interroguem friamente sua consciência; que remontem progressivamente à fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais freqüentemente, não podem dizer: Se eu tivesse, ou não tivesse, feito tal coisa eu não estaria em tal situação”. (Kardec, 1984, p. 72)

6.2. CAUSAS ANTERIORES
Não encontrando uma resposta satisfatória na presente encarnação, devemos nos reportar à encarnação passada. “Os sofrimentos por causas anteriores são, freqüentemente, como o das causas atuais, a conseqüência natural da falta cometida; quer dizer, por uma justiça distributiva rigorosa, o homem suporta o que fez os outros suportarem; se foi duro e desumano, ele poderá ser, a se turno, tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em uma condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se fez mal uso da fortuna, poderá ser privado do necessário; se foi mal filho, poderá sofrer com os próprios filhos etc.” (Kardec, 1984, p. 74)

A regra é básica: devemos procurar a origem dos males nesta mesma encarnação. Não encontrando indícios, retornemos a uma outra. Mesmo tendo o esquecimento do passado, fica-nos uma lembrança, uma intuição.

6.3. JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
A dor não é castigo: é contingência inerente à vida, cuja atuação visa a restauração e o progresso.

A dor-expiação é cármica, de restauração, é libertação de carga que nos entrava a caminhada; é reajuste perante a vida, reposição da alma no roteiro certo. Passageira, nunca perene.

A dor-evolução, tem existência permanente, embora variável segundo as experiências vividas pelo espírito. Ela acompanha o desenvolvimento, é sua indicação, é sinal de dinamização, inevitável manifestação de crescimento. É a dor, na sua essência, uma vez que as outras são passageiras e evitáveis, mesmo que o Espírito se envolva em suas malhas, por séculos, às vezes.

Jesus, quando falava de dor, sede e fome, referia-se à dor-evolução, à dor insita no crescimento do Espírito impulsionado pela fome de aprender e pela sede de saber. (Curti, 1982, p. 39)


7. CONCLUSÃO
“Saibamos sofrer e sofreremos menos”. Eis o dístico que devemos nos lembrar em todos os estados depressivos de nossa alma, a fim de nos fortalecermos para o futuro.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CURTI, R. Bem-Aventuranças e Parábolas. São Paulo, FEESP, 1982.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.
FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d/p.
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
XAVIER, F. C., VIEIRA, W. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1978.

sábado, 1 de dezembro de 2018

AFASTAR OU EVANGELIZAR? Maus Espíritos?

Os Espíritos estão por toda parte. Aqueles que se afinizam conosco, procuram estar ao nosso lado, seja porque sentem saudades, seja porque ainda não conseguiram se desprender dos laços da matéria.

Da mesma forma, os que não nos querem bem podem também nos acompanhar. Esses irmãos buscam um “acerto de contas” essencialmente porque, enquanto caminhávamos lado a lado, como encarnados, não soubemos nos perdoar mutuamente. A companhia de nossos desafetos que já estão desencarnados se dá, fundamentalmente pela FALTA DE PERDÃO.

Portanto, não existem fórmulas mágicas para “expulsar” espíritos. Eles se ligam a nós por afinidades, seja para o bem, seja para o mal. Nossos pensamentos e nossas inclinações os atraem até nós, de maneira que todas as obsessões (influências negativas) são VIAS DE MÃO DUPLA, nas quais temos, nós também, nossa parcela de responsabilidade.

O que fazer para afastar espíritos? Eu diria que o conceito é incorreto – não devemos nos dedicar a “afastar” espíritos, mas sim, EVANGELIZÁ-LOS – a eles, e a nós mesmos!

Se irmãos necessitados do outro lado da vida reclamam a nossa companhia, se instalam-se em nossos lares, se nos acompanham rotineiramente, o fazem porque são necessitados de luz, de encaminhamento na Espiritualidade, de desprendimento da matéria, e sobretudo de PERDÃO, no caso de espíritos obsessores.

Não é através de simpatias, práticas exteriores, fórmulas, cores, rituais que vamos encaminhá-los ou fornecer a ajuda que necessitam. Só conseguimos fazer isso através da ORAÇÃO e da EVANGELIZAÇÃO desses Espíritos, pedindo sinceramente por eles e por seu progresso espiritual.

Portanto, eu posso lhe recomendar apenas o que, efetivamente, resolve: ORAR. Orar e vigiar, conforme nos ensinou Jesus (vigiar a seus próprios pensamentos, sentimentos e atitudes, para não atrair para a sua companhia irmãos rancorosos, vingativos ou viciosos – sejam eles encarnados, ou desencarnados).

Além disso, leia diariamente um trecho do EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.
Leia em voz alta, e faça uma prece sincera por todos os seus amigos e inimigos desencarnados. Para os amigos ore com gratidão, desejando que continuem sua trilha de progresso no Plano Espiritual. Para os inimigos, ore com o coração repleto de PERDÃO.
Peça perdão por todo mal que você possa haver lhes causado, e diga que você, sinceramente, já os perdoou (ou está orando a Deus, pedindo para conseguir perdoar). Ore pela paz desses irmãos, peça a Deus que tenha para com eles Misericórdia – a mesma misericórdia que você pede para você e para os seus.

O “acerto de contas” que nossos obsessores nos reclamam não precisa ser feito através da perturbação, do transtorno, do desequilíbrio – pode ser feito através do amor, do perdão mútuo, da oração sincera através da qual, tanto os obsessores quanto os obsedados, se instruirão sobre as leis de Deus.

O amor é a única lei possível. Não há fórmulas mágicas que resolvam questões que, na realidade, clamam por AMOR e PERDÃO de ambas as partes.

O acerto de contas é lavar a alma com esquecimento das mágoas e das ofensas; é desejar o bem sinceramente, é orar pelo sucesso dos nossos desafetos, é educar o coração para substituir a ofensa pelo perdão, a mágoa pelo esquecimento, o ressentimento pelo amor.

Assim, você fará de um inimigo um amigo.

E, se esse espírito já for um amigo, você terá a sua gratidão, por ter contribuído, com suas orações, para o encaminhamento dele na Espiritualidade.



O Livro dos Espíritos
por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

II – Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos Pensamentos e as Nossas Ações

459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?
— Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito freqüentemente são eles que vos dirigem.

460. Temos pensamentos próprios e outros que nos são sugeridos?
— Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só tempo, sobre o mesmo assunto, e freqüentemente bastante contraditórios. Pois bem, nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.

461. Como distinguir os nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos?
— Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso.
De resto, não há grande interesse para vós nessa distinção e é freqüentemente útil não o saberdes: o homem age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se tomar o mau caminho, sua responsabilidade será maior.

462. Os homens de inteligência e de gênio tiram sempre suas idéias de si mesmos?
— Algumas vezes as idéias surgem de seu próprio Espírito, mas freqüentemente lhes são sugeridas por outros Espíritos, que os julgam capazes de as compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram em si mesmos, apelam para a inspiração; é uma evocação que fazem, sem o suspeitar.
Comentário de Kardec: Se fosse útil que pudéssemos distinguir os nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos. Deus nos teria dado o meio de fazê-lo, como nos deu o de distinguir o dia e a noite. Quando uma coisa permanece vaga, é assim que deve ser para o nosso bem.

463. Diz-se algumas vezes que o primeiro impulso é sempre bom; isto é exato?
— Pode ser bom ou mau, segundo a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom para aquele que ouve as boas inspirações.

464 Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito?
— Estudai a coisa: os bons Espíritos não aconselham senão o bem; cabe a vós distinguir.

465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?
— Para vos fazer sofrer com eles.

465 – a ) Isso lhes diminui o sofrimento?
— Não, mas eles o fazem por inveja dos seres mais felizes.

465 – b) Que espécie de sofrimentos querem fazer-nos provar?
— Os que decorrem de pertencer a uma ordem inferior e estar distante de Deus

466. Por que permite Deus que os espíritos nos incitem ao mal?
— Os espíritos imperfeitos são os instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens no bem. Tu, sendo Espírito, deves progredir na ciência do infinito, e é por isso que passas pelas provas do mal para chegar ao bem. Nossa missão é a de colocar-te no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal. Se pés inclinado ao assassínio, pois bem, terás uma nuvem de espíritos que entreterão esse pensamento em ti; mas também terás outros que tratarão de influenciar-te para o bem, o que faz que se reequilibre a balança e te deixe senhor de ti.

467. Pode o homem se afastar da influência dos Espíritos que o incitam ao mal?
— Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.

468. Os Espíritos cuja influência é repelida pela vontade do homem renunciam às suas tentativas?
— Que queres que eles façam? Quando nada têm afazer, abandonam o campo. Não obstante, espreitam o momento favorável, como o gato espreita o rato.

469. Por que meio se pode neutralizar a influência dos maus Espíritos?
— Fazendo o bem e colocando toda a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e destruís o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de escutar as sugestões dos Espíritos que suscitem em vós os maus pensamentos, que insuflam a discórdia e excitam em vós todas as más paixões. Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, porque eles vos atacam na vossa fraqueza. Eis porque Jesus vos faz dizer na oração dominical: “Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!”.

470. Os Espíritos que procuram induzir-nos ao mal, e que, assim, põem à prova a nossa firmeza no bem, receberam a missão de o fazer, e, se é uma missão que eles cumprem, terão responsabilidade nisso?
— Nenhum Espírito recebe a missão de fazer o mal; quando ele o faz, é pela sua própria vontade, e conseqüentemente terá de sofrer as conseqüências(1). Deus pode deixá-lo fazer para vos provar, mas jamais o ordena e cabe a vós repeli-lo.

471. Quando experimentamos um sentimento de angústia, de ansiedade indefinível ou de satisfação interior sem causa conhecida, isso decorre de uma disposição física?
— E quase sempre um efeito das comunicações que, sem o saber, tivestes com os Espíritos, ou das relações que tivestes com eles durante o sono.

472. Os Espíritos que desejam incitar-nos ao mal limitam-se a aproveitar as circunstâncias em que nos encontramos ou podem criar essas circunstâncias?
— Eles aproveitam a circunstância, mas freqüentemente a provocam, empurrando-vos sem o perceberdes para o objeto da vossa ambição. Assim, por exemplo, um homem encontra no seu caminho uma certa quantia: não acrediteis que foram os Espíritos que puseram o dinheiro ali, mas eles podem dar ao homem o pensamento de se dirigir naquela direção, e então lhe sugerem apoderar-se dele, enquanto outros lhes sugerem devolver o dinheiro ao dono. Acontece o mesmo em todas as outras tentações.
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Não podemos reclamar.
Sempre me recordo do que está escrito :
Tudo concorre para o bem
daqueles que amam a Deus!
Se estamos atravessando
esta ou aquela dificuldade,
precisamos entender que estamos
sendo examinados para efeito de promoção.
A nossa imperfeição atrai os problemas
pelos quais estamos atravessando;
existe uma certa identificação entre aquilo
que somos e as circunstâncias
da vida no mundo de provas e expiações
em que estamos vivendo.