terça-feira, 31 de maio de 2016

Tarefa Mediúnica Ostensiva

Apenas algumas rápidas palavras em torno da mediunidade, que, de fato, é um assunto inesgotável,
A tarefa mediúnica mais intensa, principalmente aquela de contato com o público, em verdade não é uma tarefa para todos os médiuns.
Semelhante atitude medianímica, de caráter público, é penosa, difícil mesmo para os médiuns não amadurecidos o suficiente; é uma tarefa que não depende tanto da mediunidade em si, mas depende da têmpera do médium, do espírito do medianeiro, mas do que, inclusive, dos espíritos que se dispõe a colaborar com ele. Por esse motivo não podemos, indiscriminadamente incentivar o exercício ostensivo da mediunidade nos médiuns ainda incipientes, nos medianeiros que apenas agora estão iniciando os seus primeiros passos na caminhada que é, deveras, longa.
Antes que o médium se dedique ou se decida por uma tarefa de muitos contatos públicos, é imprescindível que sopese as dificuldades que faceará, porque, de certa forma, esse companheiro não mais se pertencerá; sentir-se-á privado de aspirações pessoais, tendo, ainda, cerceado a sua liberdade no que se refere a tempo, que lhe digam respeito, tanto no campo profissional quanto no campo afetivo…
A tarefa mediúnica ostensiva, aquela que se expõe na cura, na pintura ou, ainda, na oratória, requesita do medianeiro um grau de renúncia e de sacrifício que, infelizmente, nem todos os companheiros, candidatos ao serviço da mediunidade com Jesus, estão em condições de oferecer.
Estas nossas considerações vêm a propósito de muitos irmãos médiuns que anseiam por atividades mais amplas na casa espírita. Louvamos em todos eles a boa vontade e a reta intenção em cooperar coma difusão do Espiritismo, que revive, na atualidade, o Evangelho de Jesus. Entretanto temos catalogadas centenas e centenas de medianeiros que se propõem em realizar semelhantes atividades e nelas não logram perseverar mais do que algumas reuniões ou alguns poucos meses. Logo, se retraem, constrangidos por um sem número de problemas e obstáculos.
É indispensável, portanto, que o medianeiro, antes de tentar alçar vôos mais longínquos, melhor fortaleza as próprias asas, porque não lhe convirá, de forma alguma, a leviandade, a deserção ao dever, a fulga ao compromisso, sem que esteja arcando com as conseqüências oriundas de suas decisões.
A tarefa mediúnica pode ser comparada a uma escada de infinitos degraus, em que, o médium, que decide escalá-la, precisa ascender, passo a passo, não olvidando que, para tanto, o concurso do tempo é indispensável.
Sintetizando, não bastam os espíritos e não basta a mediunidade; é imprescindível verificar-se a têmpera do médium que se candidata a tarefa mediúnica de natureza ostensiva, expondo-se, publicamente, aqueles que, no medianeiro, quase sempre procura o que o medianeiro por si só não se encontra em condições de oferecer.
Autores: Odilon Fernandes & Carlos A. Baccelli
Livro:  Mediunidade, Corpo e Alma.
Site:  Luz do Espiritismo – Grupo Espírita Allan Kardec
Esta entrada foi publicada em 1 de outubro de 2010, em Mediunidade.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tarefa Mediúnica Ostensiva

Apenas algumas rápidas palavras em torno da mediunidade, que, de fato, é um assunto inesgotável,
A tarefa mediúnica mais intensa, principalmente aquela de contato com o público, em verdade não é uma tarefa para todos os médiuns.
Semelhante atitude medianímica, de caráter público, é penosa, difícil mesmo para os médiuns não amadurecidos o suficiente; é uma tarefa que não depende tanto da mediunidade em si, mas depende da têmpera do médium, do espírito do medianeiro, mas do que, inclusive, dos espíritos que se dispõe a colaborar com ele. Por esse motivo não podemos, indiscriminadamente incentivar o exercício ostensivo da mediunidade nos médiuns ainda incipientes, nos medianeiros que apenas agora estão iniciando os seus primeiros passos na caminhada que é, deveras, longa.
Antes que o médium se dedique ou se decida por uma tarefa de muitos contatos públicos, é imprescindível que sopese as dificuldades que faceará, porque, de certa forma, esse companheiro não mais se pertencerá; sentir-se-á privado de aspirações pessoais, tendo, ainda, cerceado a sua liberdade no que se refere a tempo, que lhe digam respeito, tanto no campo profissional quanto no campo afetivo…
A tarefa mediúnica ostensiva, aquela que se expõe na cura, na pintura ou, ainda, na oratória, requesita do medianeiro um grau de renúncia e de sacrifício que, infelizmente, nem todos os companheiros, candidatos ao serviço da mediunidade com Jesus, estão em condições de oferecer.
Estas nossas considerações vêm a propósito de muitos irmãos médiuns que anseiam por atividades mais amplas na casa espírita. Louvamos em todos eles a boa vontade e a reta intenção em cooperar coma difusão do Espiritismo, que revive, na atualidade, o Evangelho de Jesus. Entretanto temos catalogadas centenas e centenas de medianeiros que se propõem em realizar semelhantes atividades e nelas não logram perseverar mais do que algumas reuniões ou alguns poucos meses. Logo, se retraem, constrangidos por um sem número de problemas e obstáculos.
É indispensável, portanto, que o medianeiro, antes de tentar alçar vôos mais longínquos, melhor fortaleza as próprias asas, porque não lhe convirá, de forma alguma, a leviandade, a deserção ao dever, a fulga ao compromisso, sem que esteja arcando com as conseqüências oriundas de suas decisões.
A tarefa mediúnica pode ser comparada a uma escada de infinitos degraus, em que, o médium, que decide escalá-la, precisa ascender, passo a passo, não olvidando que, para tanto, o concurso do tempo é indispensável.
Sintetizando, não bastam os espíritos e não basta a mediunidade; é imprescindível verificar-se a têmpera do médium que se candidata a tarefa mediúnica de natureza ostensiva, expondo-se, publicamente, aqueles que, no medianeiro, quase sempre procura o que o medianeiro por si só não se encontra em condições de oferecer.
Autores: Odilon Fernandes & Carlos A. Baccelli
Livro:  Mediunidade, Corpo e Alma.
Site:  Luz do Espiritismo – Grupo Espírita Allan Kardec


Esta entrada foi publicada em 1 de outubro de 2010, em Mediunidade

domingo, 29 de maio de 2016

Objetivos da Mediunidade

Tendo o Espiritismo como objetivo, reviver o Evangelho de Jesus, e sendo a mediunidade um de seus instrumentos, só podemos pensar em mediunidade se for com Jesus, ou seja, mediunidade em favor do próximo.
Reconhecerás que não reténs com ela um distrito de entretenimento ou vantagens pessoais e sim um templo-oficina (…).  Através deste ensinamento, nosso instrutor Emmanuel destaca o caráter de trabalho da mediunidade. “Oficina” é local de trabalho, de consertar ou de fazer da maneira correta. E se a oficina produzir só para o seu dono, de que é que ele vai viver? Portanto, a oficina tem de gerar o bem para a comunidade. Da mesma forma, a mediunidade deve ser exercida com o pensamento, visando o bem de nosso semelhante. No templo é onde tratamos as questões espirituais, é onde nos encontramos com o Criador. Por isto Emmanuel trata a mediunidade como “templo-oficina”, ou seja, trabalho realizado com fins espirituais, sabendo sempre que quem dirige não é o elemento encarnado, mas os Espíritos trabalhadores da Seara do Cristo.
Através do qual os benfeitores desencarnados se aproximam dos homens, continua Emmanuel, tão diretamente quanto lhes é possível, apontando-lhes rumo certo ou lenindo-lhes os sofrimentos, tanto quanto lhe utilizarás os recursos para socorrer desencarnados, que esperam ansiosamente quem lhes estenda uma luz ao coração desorientado.
Consolar e esclarecer são outros objetivos da mediunidade, como da própria Doutrina Espírita.
Quando o Cristo se manifestou a respeito do Espiritismo, tratou-o como “O Consolador” e disse que ele nos ensinaria todas as coisas:
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. (…)
Mas o Consolador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome,esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. (João, 14: 16 e 26)
E a mediunidade realmente tem esclarecido muitas coisas. Só a revelação do plano espiritual por si só bastava, mas não pára por aí, ela tem nos antecipado muitos conhecimentos que mais tarde a Ciência poderá confirmar, e outros que ainda virão.
Quanto à consolação, que diga aquele que achando ter um ente querido desaparecido por vias da morte, recebe dele, com toda confirmação, uma comunicação dizendo não estar ele morto, mas em outro plano da mesma vida, e muito mais próximo que possa qualquer um de nós supor.
Se o auxílio é sempre grande de lá para cá, não menos é daqui para lá. É muito comum Espíritos desencarnados em desequilíbrio receberem auxílio e orientação através de reuniões realizadas em nossos Centros Espíritas.
Podemos então, concluindo, enumerar alguns objetivos da mediunidade:
Para os encarnados:
·         Cooperação no serviço de reconforto e esclarecimento.
·         Auto-educação, pela renovação dos sentimentos e pela oportunidade de trabalho, que quando bem executado, em muito eleva o Espírito.
·         Construção de afeições muito valiosas no plano espiritual, consolidadas em base de cooperação e amizade superior.
·         Conhecimento do plano espiritual, o que muito lhe auxiliará quando do seu desencarne.
Para os Desencarnados:
·         Melhor entendimento do processo evolutivo a que todos estamos sujeitos, nos dois planos da vida.
·         Aqueles que sofrem pela falta de entendimento da nova vida, têm na mediunidade oportunidade segura de melhor compreender sua situação, e assim programar atitudes renovadoras.
·         Transmissão aos encarnados de valiosos ensinamentos ministrados por Espíritos de alta hierarquia espiritual.
Poderíamos ainda, enunciar muitos outros objetivos desta Divina faculdade, mas essas, no nosso entender, já são suficientes para mostrar a excelsitude da mediunidade.
Para finalizar, algumas palavras do bondoso Espírito Emmanuel, para nossa meditação:
Terás a mediunidade por flama de amor e serviço, abençoando e auxiliando onde estejas, em nome da Excelsa Providência, que te fez semelhante concessão por empréstimo. E nos dias em que esse ministério de luz te pese demasiado nos ombros, volta-te para o Cristo, o Divino Instrumento de Deus na Terra, e perceberás, feliz, que o coração crucificado por devotamento ao bem de todos, conquanto pareça vencido, carrega em triunfo a consciência tranqüila do vencedor.
Livro:  Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade – Goiânia – GO – 1997
Livro Pesquisado:
“Encontro Marcado” – Cap.:  28

sábado, 28 de maio de 2016

Problemas com Mediunidade

É muito freqüente, no meio espírita, quase uma rotina, ouvir-se esta expressão: “O Senhor (ou a Senhora…) é médium e precisa desenvolver-se”. É o que se diz, indiscriminadamente, quando alguém se dirige a um centro à procura de solução para seu caso físico ou espiritual. Poucas, relativamente falando, são as instituições que têm certo cuidado neste sentido e, por isso mesmo, examinam primeiramente a situação da pessoa, suas reações, seu estado emocional, suas ideias e assim por diante. E somente depois dessa “tomada de contato” é que decidem se é ou não um caso de sessão mediúnica. Na maioria, porém, manda-se logo para a “mesa de desenvolvimento”, sem qualquer preparo, sem qualquer observação prévia. A própria pessoa poderá dizer, consigo mesma, que não sabe o que é isso, não sabe o que está fazendo, pois apenas lhe disseram que precisa desenvolver a mediunidade e nada mais… Isso é muito vago.
O desenvolvimento, chamemo-lo assim, é feito, portanto, de modo completamente empírico, sem a menor instrução a respeito da mediunidade, sem que o candidato a médium tenha, pelo menos, alguma noção inicial ou primária do que seja mediunidade e quais as implicações que ela possa ter, positiva ou negativamente. Nada disso se diz. O candidato vai às cegas para a mesa, simplesmente porque o mandaram e nada sabe, afinal, do papel que está desempenhando ou vai desempenhar. Há boa intenção, não há dúvida, pois há o desejo de servir, de prestar caridade, como geralmente se repete em toda parte. É necessário, porém, que haja condições decorrentes de um conjunto de providências. Lembremo-nos de que o próprio Allan Kardec, quando dirigia a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em Paris, tinha preocupações, muito sensatas, aliás, quanto a pessoas que, sem objetivo, sem motivo sério, mas apenas para “ver como é”, queriam entrar no recinto das sessões mediúnicas.
Allan Kardec fazia, como se diz hoje, uma espécie de teste com o visitante, a fim de sondar suas intenções, seu verdadeiro propósito, seus conhecimentos gerais sobre problemas filosóficos, etc. Não levava ninguém, portanto, para a mesa de sessões, logo no primeiro momento. Hoje, no entanto, em muitos casos, procede-se de maneira bem diferente…
Poder-se-á dizer, em contrapartida, que tudo isso foi no século passado, mas, atualmente, já não há necessidade desses cuidados. Há, sim. O problema é o mesmo, ontem e hoje. Sessão mediúnica é trabalho muito sério e de grande responsabilidade. Justamente por isso, o candidato a “desenvolvimento” deve receber, pelo menos, algumas instruções gerais, sobretudo no que diz respeito à parte moral. É preciso que o médium em desenvolvimento saiba o que está fazendo, o papel que está desempenhando e, por fim, o uso que deve fazer da mediunidade. São princípios iniciais, sempre válidos em qualquer tempo.
Além de tudo, e este ponto é o mais relevante do que se possa pensar, a mediunidade é um instrumento de experiência espiritual, é um meio, em suma, é o primeiro passo, digamos, de uma jornada, que se vai empreender, visando ao melhoramento do homem. Prática mediúnica sem estudo da Doutrina, sem educação do médium, sem objetivos superiores, termina sempre caindo na rotina, no hábito, quando não se transforma em espetáculo, às vezes de mau gosto…
Há, evidentemente, uma preocupação corrente, na maioria dos casos: “preparar” médiuns para a caridade. Sim, o desejo é sincero, não duvidamos, mas não é por este meio. O médium não se “prepara” simplesmente pelo desenvolvimento, mas pela noção de responsabilidade, pela educação, pela renovação íntima, pelo conhecimento, enfim.
Autor (a): Deolindo Amorim
Revista Cultura Espírita – ICEB (Instituto de Cultura Espírita do Brasil) – Ano IV – Edição nº 38 – Página: 07 – Rio de Janeiro – Maio/2012.
Livro Pesquisado:
JORGE, José (org.) – Relembrando Deolindo – II – Editora CELD –
Página: 26-28 – Rio de Janeiro – 1994

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Bom Médium

Encontraremos na narrativa de O Evangelho Segundo Lucas o encontro entre Jesus e um homem rico, de destacada posição social na comunidade judaica. Em clara demonstração de referência e admiração, o insigne judeu Lhe perguntou: Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna? Ao que Jesus replicou: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus!
Numa análise superficial, não encontraríamos justificativa para que o Mestre contestasse o título “bom”, haja vista que – de fato – Ele o era, e que se tratava de uma saudação amistosa e reverente. Além disso, diferente de muitas outras autoridades que buscaram Jesus para confrontá-lo, aquele nobre hebreu desejava, sinceramente, aprender com o Raboni de Deus.
Por essas palavras, Jesus não anelava descartar aquele homem rico e bem posicionado, como encontraremos explanado na magistral interpretação de Allan Kardec acerca da salvação dos ricos, contida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, muito ao contrário, desejava tê-lo entre Seus discípulos.
Nada obstante, Jesus nunca desaproveitava as oportunidades para moralizar e desenvolver inteligências, ensinando a pensar, e, por conseguinte, ensinando a melhor maneira de bem viver.
O respeito e a deferência são valores muito nobres, e devem ser aplicados não somente no tratamento para com aqueles em posição superior, mas também aos compares e subalternos, indiscriminadamente. Contudo, poder-se-ia interpretar a postura de Jesus como uma advertência, para que fugíssemos da prática do enaltecimento exagerado, e da adulação visando à obtenção de favores e privilégios indevidos.
A sabedoria das lições do Mestre Amorável são de pragmatismo ímpar, posto que a aplicabilidade de Sua doutrina logra bom êxito prático em todas as situações da vida, e em qualquer época histórica, mormente nos dias atuais, quando – a propósito dos ensinos apreendidos dessa passagem evangélica – poder-se-ia estender a preciosíssima instrução do Nazareno até um dos maiores escolhidos da prática mediúnica: a interferência dos espíritos imperfeitos nas comunicações espirituais.
Assédio persistente de um espírito sobre o outro, a obsessão se afigura como o mais grave drama que pode assolar a tarefa mediúnica, e nem mesmo os médiuns mais dignos e moralizados estão livres da ação dos espíritos levianos e pseudossábios. Além do mais, também assevera Allan Kardec que As boas intenções, a própria moralidade do médium nem sempre são suficientes para o preservarem da ingerência dos espíritos levianos, mentirosos ou pseudossábios, nas comunicações. Além dos defeitos de seu próprio espírito, pode dar-lhes guarida por outras causas, das quais a principal é a fraqueza de caráter e uma confiança excessiva na invariável superioridade dos espíritos que com ele se comunicam.
É possível reconhecer o médium sob má influência pelos seguintes caracteres, entre outros: confiança do médium nos elogios que lhe fazem os Espíritos que com ele se comunicam; disposição para afastar-se das pessoas que podem lhe dar úteis conselhos; levar a mal a crítica, a propósito das comunicações que recebe. Dessa maneira, faz-se compreensível o efeito deletério que produz a aceitação da lisonja pelos medianeiros, sob qualquer pretexto.
Para preventivo contra essa intervenção nociva, nunca será demasiado recordar a elucidação proporcionada pelo Codificador, poderosamente capaz de mudar o ponto de vista do médium no que diz respeito à própria condição de falibilidade: Os Espíritos bons aprovam aquilo que acham bom, mas não fazem elogios exagerados. Estes, como tudo que denota lisonja, são sinais de inferioridade da parte dos Espíritos.
Além do mais, o fiel apóstolo lionês de O Espírito de Verdade explica que (…) até os melhores médiuns também são iludidos pelos espíritos inferiores com assiduidade, e que o melhor médium é aquele que, simpatizando somente com bons Espíritos, tem sido enganado menos frequentemente. Portanto, pode-se ser enganado pelos espíritos sem estar obsidiado, assim como qualquer homem honestíssimo também pode ser enganado por encarnados vigaristas. Trata-se de grave advertência do mestre Rivail/Kardec.
A conclusão racional para os inolvidáveis ensinamentos de Jesus – e de Seu mais excelente intérprete, Allan Kardec – é que todo médium deve repelir impiedosamente os elogios de todos os espíritos, ainda que se lhe apresentem como instrutores ou guias, especialmente se estiverem pregando ser dispensável o estudo metódico e continuado de todas as obras kardecianas. São sempre espíritos levianos e pseudossábios, que tendem a se impor aos homens cercando-os de lisonja e assistência, para conquistar-lhes a amizade e a confiança. O despistamento é o ato de iludir a vigilância dos médiuns, afastando suspeições.
Declinemos, pois, da adulação e da blandície indevida, traiçoeiros véus capazes de obnubilar a visão de nossa real pequenez e de levar-nos aos abismos da perturbação e do erro, jamais esquecendo que, verdadeiramente, ninguém é bom, senão só Deus.
Autor(a): Fabiano Pereira Nunes
Revista Cultura Espírita – Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB)
Ano IV – Edição nº 41 – Página: 15 – Agosto/2012.
Livros Pesquisados:
Bíblia, N. T. Lucas – Português – Bíblia de Jerusalém – Nova edição revisada e ampliada – São Paulo: Paulus, 2002 – 3ª impressão, 2004 Capítulo: 18, Versículos: 18-19, Página: 1.821.
KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo– Tradução de Guillon Ribeiro – 102ª Edição – Cap. XVI “Não se pode servir a Deus e Mamon” – Federação Espírita Brasileira (FEB) – Rio de Janeiro – 1990.
KARDEC, Allan – O Livro dos Médiuns – Tradução de Maria Lúcia Alcântara de Carvalho – 1ª Edição – Editora CELD – Segunda Parte, Capítulo XXIII, “Da Obsessão”, Itens: 237, 238 e 243 Páginas: 283, 284 e 287 – Rio de Janeiro – 2010.
KARDEC, Allan – O que é o Espiritismo – Tradução de Albertina Escudeiro Seco – 3ª Edição – Editora CELD – Capítulo II, “Qualidade dos Médiuns”, Item: 82, Página: 178 – Rio de Janeiro – 2010.
KARDEC, Allan – “Escolhos dos Médiuns” – Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos – Tradução de Evandro Noleto Bezerra – Ano II – Página: 55, Fevereiro/1859 – 3ª Edição 2ª Reimpressão – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) – Rio de Janeiro – 2009.
KARDEC, Allan – “Aforismas Espíritas e Pensamentos Avulsos” – Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos – Tradução de Evandro Noleto Bezerra– Ano II – Páginas: 534 e 535 – Dezembro/1859 – – 3ª Edição 2ª Reimpressão – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) – Rio de Janeiro – 2009.
KARDEC, Allan – O Livro dos Médiuns – Tradução de Maria Lúcia Alcântara de Carvalho – 1ª Edição – Editora CELD – Segunda Parte, Capítulo XX, “Influência Moral do Médium”, Item: 226, Perguntas: 9 e 10, Página: 264 – Rio de Janeiro – 2010.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

A Mediunidade da Palavra

Não nos esqueçamos de que somos todos médiuns da palavra, no cotidiano. Todos nós, normalmente quando na carne, exercemos a mediunidade da palavra.
A palavra é a materialização do pensamento, é o somatório do que se pensa e do que se sente. Através da palavra, influenciamos, induzimos criaturas à ação, criamos oportunidades… através da palavra, norteamos ou desequilibramos, elevamos ou rebaixamos, iluminamos ou obscurecemos.
Todos os homens estão no exercício legítimo da palavra. O verbo na criatura encarnada é o que mais trabalha… O homem faz mais com os lábios do que com as mãos, daí o significado e a importância de se selecionarem os assuntos para conversação do dia-a-dia. É a palavra que move o mundo – a palavra escrita, a palavra verbalizada, a palavra da imagem televisiva que se propaga a longas distâncias, a palavra das ondas hertzianas, a palavra no livro, no gesto, na atitude…
“No princípio era o Verbo”, ou seja, no princípio era a Palavra. Deus criou através da palavra: ” Faça-se a luz, e a luz se fez”… A palavra tem poder criador. A mediunidade da palavra extrapola qualquer outro dom medianímico… Pode mais, inclusive, que todas as faculdades mediúnicas reunidas, porquanto todas elas estão a serviço da palavra, que, por sua vez, está a serviço da idéia, da idéia do bem, do belo, da justiça, da idéia do que é nobre alto e digno.
Reflitamos nisto e não esqueçamos de que, em nossa motivação diária, estaremos através da palavra, à semelhança de um espelho, refletindo o que pensamos, o que intelectualmente se processa dentro de nós, o que concebemos, o que assimilamos.
Importante direcionarmos todo e qualquer assunto para o bem e não nos afastarmos da Verdade, nem que seja da Verdade transitória; já que estamos longe da Verdade absoluta, pelo menos sejamos fiéis à Verdade relativa e que a palavra pelo menos nos exteriorize a intenção correta em favor de todos.
O Evangelho surgiu através da mediunidade da palavra… Jesus conversando com o povo, esclarecendo, contando parábolas, fazendo citações.
Meditemos e nos consideremos todos, principalmente quando na experiência física, médiuns no constante exercício da palavra. O que estará a nossa palavra refletindo? Luz ou sombra? Estará a serviço do bem ou do mal? Qual é a nossa aspiração, o nosso objetivo? O que pretendemos? Já se disse, com razão, que a palavra é o nosso retrato sonoro… Pelo que dizemos, nos revelamos, porquanto a palavra é constituída de vibrações que vão além de si mesma e além do próprio cuidado com que emolduramos o pensamento através do vocabulário. 
Autores:
Carlos A. Baccelli e Odilon Fernandes
Site: Luz do Espiritismo – Grupo Espirita Allan Kardec

Depressão: Um Inimigo Silencioso

  1. O que é a Depressão?
A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado.
A depressão, nos dias atuais, é considerada a “doença do século” que aflige em torno de 10% de encarnados e desencarnados. Atinge a todos indistintamente, afetando tanto a crianças e adolescentes, como a seres maduros e idosos.
A Ciência Materialista acredita que a depressão nem sempre está ligada aos acontecimentos concretos (depressão exógena), e, sim, às razões bioquímicas e biológicas do corpo material (depressão endógena). A Ciência se sedimenta aos efeitos e não às causas, que são indubitavelmente espirituais. Em verdade, a gênese da depressão encontra-se no Espírito imortal.
A depressão é uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.
Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V Bem Aventurados os Aflitos, item 3, 1º parágrafo)
A depressão perdura por semanas, meses ou até anos, se não tratada convenientemente. Podendo dessa forma, perdurar por toda a encarnação e acompanhar o espírito desencarnado no seu retorno ao mundo espiritual, sendo possível, ainda, que o espírito desencarnado e com depressão retorne para uma nova experiência na Terra, trazendo consigo a enfermidade.
Nota-se, pois, que a depressão é um estado emocional que pode acompanhar o ser onde quer que ele se encontre, no corpo ou fora dele, podendo-se reencarnar com depressão após ter desencarnado neste estado.
As frequentes utilizações de drogas lícitas ou ilícitas podem contribuir de forma expressiva para o surgimento de um possível quadro depressivo, tais como:
  • Uso de substâncias Entorpecentes (maconha, cocaína, crack, etc.).
  • Uso de Bebidas Alcóolicas em demasia.
  • Uso contínuo do cigarro.
  1. Perfil Comportamental do Depressivo:
Alguns dos primeiros sinais de um quadro depressivo são:
  • Aparência triste e abatida.
  • Os movimentos se tornam mais lentos, diminui a gesticulação que acompanha a fala e o andar.
  • Preocupação constante com doenças físicas.
  • Perda ou ganho significativo de peso, fora de períodos de dieta. Ou ainda, aumento ou diminuição de apetite, quase todos os dias. Frise-se, porém, que portadores de graves enfermidades poderão perder peso sem que estejam com depressão, o mesmo podendo ocorrer com as crianças que, em determinados períodos, apresentam alguma incapacidade de aumentar o peso.
  • O deprimido não reconhece que está deprimido.
  • A pessoa não tem capacidade de recuperar sozinha as atividades normais, daí a importância do apoio e da compreensão da família, dos amigos, do apoio do profissional especializado, do Centro Espírita e de outras Instituições mais.
  • Insônia ou hipersônia; dificuldade grande para dormir, ou o oposto: excesso de sono, quase todos os dias.
  • Sensações de desvalorização ou culpa excessiva ou inadequada, exagerada. A pessoa se sente sem valia alguma, e passa a nutrir este tipo de sentimento.
  • Vontade de morrer (pensamento de morte). Ou , ainda, pensamento em torno do suicídio, idéias suicidas recorrentes (que surgem, que desaparecem e que ressurgem na mente da pessoa).
  • Tentativa de suicídio também serve para identificar o depressivo.
  • Produz perturbações do comportamento.
  • Leva o ser a reações impertinentes.
  • Causa insucessos afetivos, financeiros e sociais.
  • Compromete de forma severa a auto-estima, com o que a criatura se sente desvalorizada e se autodestrói pela conduta mórbida.
  • Arrasta a criatura à auto-obsessão, esta, a seu turno, pode dar causa à obsessão.   Espíritos perturbados, vingativos ou necessitados de variada procedência, podem se homiziar nos campos psíquicos do ser, abalado pelas próprias descargas mentais perniciosas.
  • Pode produzir loucura; loucura esta que muitas vezes principia na aflição mal suportada, quando a pessoa se deixa consumir pela queixa, pela rebeldia sistemática, culminando por desgastar-se no comportamento psíquico.
  1. Sintomas da Depressão
Sintomas Emocionais: Tristeza, perda de interesse, ansiedade, angústia, desesperança, estresse, culpa, ideação suicida.
Sintomas Físicos: Baixa energia, alterações no sono, dores inexplicáveis pelo corpo (sem causa clínica definida), dor de cabeça, dor no estômago, alterações no apetite, alterações gastrointestinais, alterações psicomotoras, entre outras.
A depressão, muitas vezes, se manifesta emocionalmente e fisicamente no paciente, causando diversas dores e incômodos. Para estes quadros, existem tratamentos que combatem ao mesmo tempo essas duas classes de sintomas, com perfil de tolerabilidade, aspecto importante para uma medicação que geralmente necessita ser utilizada por períodos longos.
  1. Principais Causas
A depressão está frequentemente associada a dois sentimentos básicos: a tristeza e a culpa degenerada em remorso.
Outro fator que está determinando esta incidência alarmante de depressão nos nossos dias é o isolamento, a insegurança e o medo que estão acometendo as pessoas na sociedade contemporânea.
Absorvido pelos valores imperantes como o consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não perder, de ser o melhor, de não falhar, o homem está de afastando de si e de sua natureza. Adota então uma “máscara”, que utiliza para representar um “papel” na sociedade. E, nesta vivência neurotizante, ele deixa de desenvolver sua potencialidades, não se abre, nem expõe suas emoções, pois estas demonstram que de fato ele é. Enclausurado, fechado nesta carapaça de orgulho e egoísmo, ele se isola e se sente sozinho. Solidão, não no sentido de estar só, mas de se sentir só. Mais do que se sentir só é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma.
Um indivíduo quando perde a capacidade de se amar, quando a autoestima está debilitada, passa a ter dificuldade de amar o semelhante, pois o sentimento de amor, de generosidade para com o próximo, é um sentir de dentro para fora. Este sentimento de amor ao próximo, nada mais é do que uma extensão do nosso amor, da nossa sintonia com o Deus interior que nós temos em nós. A pessoa que tem dificuldade nesta composição de amar a si e, por consequência, amar o próximo, deixa de receber o amor e a simpatia do outro, e não consegue entra em sintonia com a fonte sublime inesgotável do Amor Divino. Nós limitamos aquilo que recebemos de Deus, na medida do quanto doamos ao próximo. Quem ama muito, muito recebe. Quem pouco ama, pouco recebe. Esse afastamento de si, e por conseguinte de Deus, gera a tristeza, o vazio, a depressão e a doença.
  1. Surgimento de Outras Doenças
Quando o organismo é continuamente sobrecarregado por tensões, a reação de estresse será seguida por depressão na esfera psíquica e na física por queda da resistência imunológica, dando origem à invasão microbiana, virótica, ou mesmo, ao acometimento de doenças auto-imunes, onde o organismo passa a atacar a si próprio.
Isso nos torna diretamente responsáveis pelo nosso próprio bem-estar. Alimentação inadequada (provocando azia, gastrite, diarréia, prisão de ventre, etc), atividades físicas desequilibradas, repouso insuficiente, cigarro e bebida, são todos estressores potenciais, segundo dados de pesquisas recentes, que também relacionam o binômio estresse-obesidade. O estudo do perispírito colabora para explicar como a inadequada atuação sobre a matéria biológica afeta a saúde da mente e do espírito e vice-versa.
A Psicologia, o Espiritismo e a ciência, como um todo, mostram que a solução se encontra na transformação de nós mesmos, em todos os níveis, inclusive no ético-moral. Há a necessidade de determinação vital para a modificação de hábitos, acrescentando vida aos nossos dias. A chamada Reforma Íntima deve se fazer acompanhar por um processo contínuo de Autoconhecimento (ver questão 919, em O Livro dos Espíritos). Quando uma pessoa não conseguir isso sozinha, ela não deve deixar de procurar a ajuda de amigos e parentes, de um terapeuta especialista, e de Deus.
  1. Contribuição do Espiritismo no Combate da Depressão:
O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. E procura mostrar através da sua vasta literatura, o que somos, de onde viemos, para onde iremos, destinação da Terra e características de um mundo de provas e expiações.
A depressão é uma doença tão antiga quanto o homem. Se percorrermos as páginas da história encontraremos, em todas as épocas, irmãos nossos apresentando um comportamento típico dos depressivos.
À luz da reencarnação, nós poderemos ser os depressivos da história, ora mergulhados em um novo corpo, para uma nova experiência, em busca da libertação definitiva, como, aliás, consta expressamente da questão 132 de O Livro dos Espíritos.
Através da Doutrina Espírita tem-se a certeza de que as Leis de Justiça e de Causa e Efeito acompanham a criatura no corpo e fora dele, nesta e nas próximas encarnações; que a morte não elimina de imediato os problemas não superados enquanto no corpo, e que é a alma – muito especialmente – quem se apresentará depressiva ou não.

Os Espíritos, aqueles que verdadeira e sabiamente nos amam e se devotam a nosso favor (portanto, os Bons), acompanham-nos, assistem-nos e nos fortalecem para o êxito imprescindível.
  1. Tratamento:
A depressão é um sintoma que nos diz que não estamos nos amando como deveríamos.
O tratamento médico na área da Psiquiatria, Psicologia e outras Especialidades Médicas, de acordo com o grau e intensidade da própria doença, são de extrema importância para o reequilíbrio do corpo humano.
A Depressão poderá ser combatida através de pequenos e ao mesmo tempo, importante gestos e atitudes, tais como:
  • Relacionar mentalmente as nossas conquistas e os nossos momentos de felicidade.
  • Ocupar-se com atividade física.
  • Substituir a autocomiseração por vibrações pelos que sofrem
  • Criar idéias novas.
  • Orações e Leituras edificantes e consoladoras.
  • Não ficar só. Procurar pessoas equilibradas e amigas, para trocar idéias ou obter conselhos.
  • Procurar um templo religioso para receber esclarecimentos.
  • Ter em mente que ‘isto também passa’.
  • Ter em mente que todos temos um anjo guardião que vela por nós, desde que nascemos e que Deus nunca nos abandona.
  • Procurar psicólogo ou médico de boa formação para tratamento psicológico ou medicamentoso, sem descuidar da parte espiritual.
A própria Doutrina Espírita, procura nos mostrar que o caminho para sairmos da Depressão é preencher este vazio com a recuperação da autoestima e do amor em todos os sentidos. Primeiro, procurando nos conhecer e nos analisar, com o intuito de nos descobrirmos, sem nos julgarmos, sem nos punirmos ou nos culparmos. E depois, nos aceitarmos como somos, com todas as nossas limitações, mas sabendo que temos toda potencialidade divina dentro de nós, esperando para desabrochar como sementes de luz. Isto nada mais é do que desenvolver a fé em si e no criador, sentimento este que transforma e que nos liga diretamente a Deus.
Centro Espírita João Batista – Itaboraí – RJ
Expositora: Rosane Merat

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Viver no Mundo sem ser do Mundo

Frase que dá título a este artigo é de autoria de Cairbar Schutel e consta do livro de sua autoria, Parábolas e Ensino de Jesus.
Estudando sobre a vida na Terra e a vida eterna, o autor ensina que “o escopo da vida na Terra é o aperfeiçoamento do espírito. Aquele que assim compreende, eleva-se, dignifica-se, e, livre dos entraves materiais, sobe às alturas inacessíveis ao sofrimento, alcançando a felicidade eterna”.
No entanto, são poucos, muitos poucos, os que têm essa compreensão e que desde logo procuram aproveitar a oportunidade que a presente existência nos oferece para realizar, com verdade e denodo, a transformação moral, objetivo principal da vida terrena.
Todos nascemos e renascemos em obediência ao comando divino chamado Lei do Progresso. Por conseguinte, “não estamos aqui para derrotas, mas para sermos vitoriosos”, conforme feliz afirmação da pedagoga Heloísa Pires.
De fato, todos aqueles que se dispõem a trabalhar no terreno do bem, perseguindo, incansavelmente, em cada gesto, a renovação e a reforma íntima, conseguirão dar largos passos no caminho traçado por Deus. Eis a fórmula da felicidade, tendo em conta que, na esteira do que ensinou Jesus, “a cada um será dado segundo suas obras”.
Acontece, porém, que a grande maioria da humanidade não procura conhecer as verdades contidas nas lições constantes que a vida nos oferece. Lançam as suas preocupações e os seus esforços para amealhar as efêmeras alegrias do mundo. Acumulam tesouros em local errado, como diria o Mestre, onde não há sorriso que não comporte a herança de uma lágrima, nem gozo material satisfeito que não recaia no enfado, no fastio. Mas o destino do espírito não é se enfastiar, nem tombar exausto no abismo da saciedade. O corpo, esse poderá saciar-se, mas o espírito não se aquieta enquanto sedento de luz, faminto de justiça e de saber, ansioso por conquistar a felicidade que não passa.
As festas dos prazeres materiais, que privilegiam os sentidos, levam o homem a uma felicidade fictícia, irreal, as quais, em contradição com as suas aparências, são muito tristes. Quantas responsabilidades contraem os que navegam sem bússola nos mares do gozo! Quanta degradação! Quanta obcecação! Pobres aqueles que buscam flores onde só se pode encontrar espinhos.
O espiritismo não condena o gozo. Embora estejamos sujeitos a expiações e provas, das quais necessitamos e com as quais nos comprometemos, Deus quer que sejamos felizes. Mas esse gozo deve ser racional, belo. Não se confunde com a concupiscência, com a irresponsabilidade, com a leviandade de quem só conhece direitos e não enxerga obrigações.
Todos necessitamos almejar uma vida melhor, usufruindo os bens que a Terra nos oferece. Mas para isso exige-se discernimento, sabedoria. Quem opta por degradantes deslizes, certamente colherá conseqüências que nos serão cobradas na volta para o mundo espiritual, nossa verdadeira morada e, ainda, em novas reencarnações aqui ou em outros mundos para onde seremos levados pela Lei de Afinidade.
Os que reconhecem seus erros, os arrependidos e submissos, precisam tomar o caminho de volta à “Casa Paterna”, como ensina Jesus através da parábola do filho pródigo. Este retorno representa o reinício de uma nova vida, preparando-se para a viagem que todos teremos que fazer através do fenômeno morte ou desencarnação, como leciona o espiritismo.
Na mesma trilha, ainda lembramos as palavras de Cairbar Schutel: “Quem luta pelo seu aperfeiçoamento no campo do saber e do amor, eleva-se, dignifica-se, e, livre dos entraves materiais, sobe às alturas inacessíveis ao sofrimento, alcançando, dessa forma e só assim, a felicidade real, tão desejada por todos. Aquele que não quer compreender rebaixa-se, desmoraliza-se, e, absorvido pelas paixões, desce às voragens da dor, para expiar e reparar as faltas, as transgressões das leis divinas. (…) A vida na Terra, para os que acumulam tesouros nos Céus, é a senda luminosa que liga a Terra aos Céus, é a estrada comunicativa que lhes permite a passagem para se apossarem desse tesouro. Os que vivem na Terra pela Terra, são da Terra; os que vivem na Terra sem serem da Terra, são dos Céus. A vida na Terra é efêmera; a Vida nos Céus é eterna, e a posse da Vida Eterna consiste no cumprimento da Lei: ‘Buscai o Reino de Deus e a sua justiça, que tudo o mais vos será dado por acréscimo’, como nos ensinou Jesus”
Autor: Édo Mariani
Jornal “O Espírita Fluminense”
Instituto Espírita Bezerra de Menezes – IEBM – Niterói – RJ
Janeiro/Fevereiro 2010