quinta-feira, 31 de março de 2016

AS ALMAS OU ESPÍRITOS NÃO TÊM “SEXO”

Isso mesmo! As almas ou Espíritos não têm “sexo”. Os sexos só existem no organismo para a reprodução dos corpos físicos. Mas os Espíritos não se reproduzem no além, razão pela qual órgãos sexuais são inúteis no “ultra tumba”. Eis aí um tema um tanto quanto instigante. Todavia, após leitura atenta e uma boa compreensão do texto abaixo, será possível a assimilação de juízos e aprendizado.
Aos 2 anos de idade, Tyler, que nasceu menina, disse com todas as palavras para seus pais: “eu sou menino”. Entretanto seus pais insistiram com ele que não. Mostraram fotos do órgão sexual e argumentaram que ela havia nascido com corpo de menina. Tyler respondia: “quando vocês me mudaram?”. Dois anos depois, um psicólogo confirmou a condição: Tyler sofria mesmo de Transtorno de Identidade de Gênero, e recomendou que os pais começassem a tratar a criança como um menino. A “filha”, então, passou a ser carinhosamente tratada como menino.
Há 8 anos o ator Brad Pitt revelou para a entrevistadora Oprah Winfrey que Shiloh, a primeira de seus três filhos biológicos com Angelina Jolie, só queria ser chamada de John. Em 2014, Shiloh, com 10 anos, apresentou-se de terno e gravata à cerimônia de estreia de um filme dirigido por Angelina Jolie. Será que os atores estão certos em apoiar o comportamento da filha? Deveriam desestimulá-lo? O que eles fazem ou deixam de fazer afetará o futuro de Shiloh?
Há escassíssima informação científica para orientar pais em situação como a do casal Pitt e Jolie. Do ponto de vista da psicóloga Kristina Olson, da Universidade de Washington, as 32 crianças transgêneros (entre 5 e 12 anos), que foram submetidas ao Teste de Associação Implícita para medir a velocidade com que associavam aspectos de gênero masculino e feminino à própria identidade,  mostraram uma identificação tão automática com o gênero que escolheram quanto as crianças cisgênero. Embora sejam necessários mais estudos, Kristina afirma que as crianças trans não são confusas, rebeldes nem estão simplesmente fingindo ser o que não são. A identidade que cultivam está bastante arraigada nelas. [1]
A transexualidade é um assunto muito polêmico, e menos discutido do que deveria. Talvez por isso não se compreenda exatamente do que se trata, e essa condição seja motivo de tantos casos de preconceito. Consagradamente transexual é a pessoa que nasceu com um determinado sexo, mas não se identifica com ele. E esse transtorno mental e de comportamento leva tal indivíduo a procurar tratamentos hormonais e até fazer cirurgias para mudar o corpo.
Uma pessoa pode ser cisgênero ou transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero correspondente ao sexo biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é uma menina, se possui órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo considera regra. Já o transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não tem seu gênero definido pelo sexo biológico. Uma pessoa transexual se identifica com o gênero oposto ao sexo com que nasceu. O transexual é transgênero, mas nem todo transgênero é transexual.
Um estudo recente realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicado pela revista Psychological Science, concluiu que as crianças transgênero começam a reivindicar um gênero diferente, ao mesmo tempo que as crianças cisgênero se identificam com o gênero correspondente ao sexo biológico, por volta dos 2 anos. É como se a criança olhasse no espelho e não se reconhecesse. É uma expectativa constante de que ela vá acordar no corpo certo.
A partir de 2013, a justiça alemã garantiu aos pais de recém-nascidos transgêneros três opções para registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido”. [2] Quando existe uma criança transgênero na família, talvez seja importante a procura por apoio moral e psicológico para lidar com esse momento desafiador e estabelecer um canal aberto de comunicação entre os familiares. Por isso, a ajuda de profissionais como pedagogos e psicólogos é oportuna. Mas, na hora de procurar auxílio, é muito importante que tais especialistas entendam sobre identidades transexuais, para que o caso não seja tratado como uma doença, o que de fato não é. O profissional também ajudará a criança a lidar com os preconceitos que ela enfrentará no transcurso da vida.
A sociedade dará sinais de avanço quando compreender que o ser humano não se reduz à morfologia de “macho” ou “fêmea”. O Espírito Emmanuel adverte que “encontramo-nos diante do fenômeno “transexualidade”, perfeitamente compreensível à luz da reencarnação. Inobstante as características morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é essencialmente superior ao simples gênero masculino ou feminino. Aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade em si exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.” [3]
Para os Mensageiros do além, “as características sexuais dos Espíritos fogem do entendimento humano, até porque são os mesmos os Espíritos que animam os corpos de homens e mulheres. Para o Espírito, (re)encarnar no corpo masculino ou feminino [ou sexualmente “indefinido”] pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.” [4] Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. “Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo [experiência masculina ou feminina], como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem [ou mulher] encarnasse só saberia o que sabem os homens e ou as mulheres.” [5]
É urgente amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.” [6]
Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
[1]            Disponível no site http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/criancas-trans-nao-estao-fingindo-elas-existem acesso em 29/02/2016
[2]            Disponível http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130820_alemanha_terceirosexo_dg.shtml  acesso em  03/09/2013
[3]            Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade
[4]            Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Parte 2ª – Capítulo IV – DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS – Sexo nos Espíritos, questões 200, 201 e 202.
[5]            Idem
[6]            Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade

quarta-feira, 30 de março de 2016

Desilusões e Decepções

Mesmo que não pareça, pela dor que causa, desiludir-se é bom.  Desiludir-se é sair de uma ilusão, de uma visão distorcida ou equivocada acerca de alguém, de algo, de alguma circunstância.  Portanto, a desilusão é benéfica, apesar dos dissabores que inicialmente pode causar.  Com o tempo e o amadurecimento, as desilusões passam até a ser bem-vindas, pois indicam crescimento interior.
As decepções possuem outras características.  É expectativa frustrada.  Decepcionar-se é esperar demais de uma situação ou de alguém e não ter os resultados esperados.  Em muitos casos, desilusão e decepção se fundem num só sentimento de abatimento moral, de desânimo e, por vezes, de descrença.
Muitos estão decepcionados com a humanidade que, apesar do grande número de seres moralmente e espiritualmente superiores que por aqui tem passado, permanece no atraso.  Evoluímos muito em técnicas e mesmo em ciência, mas tão pouco em valores humanos e espirituais.  Os apelos do mundo externo são tão fortes que muitos vivem em sua função.  Deles se nutrem e para eles vivem.  A desilusão os aguarda após o retorno à verdadeira vida.
Outros estão decepcionados com a sociedade que criamos, que valoriza em demasia o ter, o possuir, e tão pouco o ser, o caráter, as qualidades e as virtudes morais.  Quando falamos de virtudes não nos referimos a crenças em particular.  O homem de bem independe de uma crença.  Ele faz o bem porque é bom, com naturalidade, sem esperar nada em troca.
Não são poucos os que veem nossa humanidade como uma locomotiva prestes a descarrilar.  É como se tivéssemos entrado em alta velocidade num nevoeiro, sem saber o que vem em seguida.  Um mundo de inseguranças e incertezas, de medos e de sensação de impotência.  Estamos tentando acionar os freios, rever as rotas, corrigir os erros, mas… os que fazem isso ainda são minoria.
Imenso número de pessoas pelo mundo está decepcionado e desiludido com a política e com os políticos.  Passou o tempo das mentiras, dos segredos e dos silêncios.  Graças à internet quase tudo se torno público em tempo real e fica difícil, cada vez mais difícil, mentir e ganhar tempo para manipular o povo.
É errado desprezar a política, pois essa é a vida de relação.  Tudo o que fazemos tem caráter político, seja por ação ou omissão.  A política partidária é outra coisa.  Mostra-se esgotada no atual modelo.  Não tem caráter representativo e o pragmatismo favorece grupos.  É uma luta pelo poder, pelo controle, pela condução do povo segundo critérios de grupos dominantes.
Mas não podemos nos esquecer de que esse mesmo mecanismo pode ser usado para o bem.  Se grupos de pessoas à altura da tarefa assumem o controle político de nações, esses mecanismos podem servir para a construção de sociedades justas, equilibradas, mas fraternas, onde o estímulo ao respeito às diferenças são freqüentes, eliminando – pouco a pouco -, as disposições mentais para o confronto.
Há muita, muita gente mesmo, decepcionada e desiludida com as crenças, seitas e religiões.  O deus mercado, o bezerro de ouro, aparentemente – ou temporariamente – venceu.  Praticamente tudo gira em torno do dinheiro e do poder temporal.  O Criador anda ausente nos discursos e preleções.  Jesus, Buda, Sócrates e tantos outros luminares da humanidade, são citados de passagem por mera conveniência retórica; como uma pitada de sal na mistura de ideias, num esforço para lhes dar algum sabor.
Nem a Doutrina Espírita vem escapando dessa prática.  É natural que ela se apresente com aspectos novos, como desejava e previa Allan Kardec.  Uma doutrina evolucionária e revolucionária, que acompanhe a ciência e os conhecimentos humanos, autocorrigindo-se onde e quando preciso, fazendo das obras do codificador um ponto de partida e não de chegada.  É cada vez menor o número de leitores de obras com certa densidade e há, até mesmo, desprezo pelo conhecimento.
Quase não há mais pesquisa dos aspectos científicos da paranormalidade.  Há pouca ou nenhuma reflexão filosófica e sobram repetições de trechos evangélicos, muitas vezes mal alinhavados, mal interpretados ou claramente adaptados a interesses de grupos.  O senso crítico, autocrítico e o bom senso, recomendados pelo codificador, andam igualmente se afastando do movimento espírita que – em certos casos – se vê às voltas com a mentalidade de rebanho, seguindo pessoas e não mais a Doutrina Espírita.
Coisa para se pensar!
Autor:  Paulo R. Santos
Instituto Espírita Bezerra de Menezes – IEBM – Niterói – RJ
Jornal Informativo “O Espírita Fluminense”
Nº de Edição:  344 – Páginas:  06 e 07 – Setembro / Outubro 2012

terça-feira, 29 de março de 2016

Jesus Guia e Modelo da Humanidade

Desde os tempos mais remotos da humanidade, que o homem precisa aprender a lidar com os seus medos, suas inseguranças, angústias e de todos os tipos de dificuldades encontrados na sua caminhada.
De acordo com a questão 625 do Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos espíritos qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?  “JESUS”.
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens.
Combatendo constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, por mais radical reforma não podia fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”, e acrescentando: aí estão a lei toda e os profetas.
Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos.
O Cristo Consolador:
Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (S. MATEUS, cap. XI, vv. 28 a 30.)
Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei.”
Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos.  Essa condição está na lei por ele ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas, esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.
Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.  (S. JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.)
O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados”.  O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras.
O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.

A Pedagogia do Cristo:
Jesus é o nosso modelo moral por excelência. Destituído de todos os apetrechos míticos com que os séculos o enfeitaram, ele reaparece, à luz do Espiritismo, na sua grandeza de Espirito Puro, que veio a Terra para nos mostrar o caminho da evolução. Surge aos nossos olhos não mais como Rei, Salvador, segunda pessoa de uma trindade irracional, mas como Irmão mais adiantado, Espirito perfeito com o único titulo que aceitou em vida: o de Mestre. E Mestre é Jesus da humanidade. Ele é o pedagogo da nossa educação espiritual. Professor das almas matriculadas na escola da Terra, Ele representa o “ caminho, a verdade e a vida” para o nosso progresso.
Deus, em seu infinito poder e sabedoria, como Causa inteligente e Providencia de todo o universo, é o princípio e o alvo de todas as coisas. Manifesta-se por suas Leis imutáveis, por seu habito de amor, no qual tudo está mergulhado, pela vontade criadora que anima a evolução.  Acima de nossas definições e de nossa compreensão, sabemos que Ele é e que esta na origem de nós mesmos e do todo universal. Os espíritos puros que atingiram a perfeição moral e a sabedoria celeste, são seus colaboradores na criação e na manutenção do universo. Jesus é um desses Espíritos, responsável pela Terra, guia da humanidade e ninguém de nos pode chegar ao Pai senão por ele!

As virtudes de Jesus:
Sua autoridade moral é absoluta, porque já atingiu a perfeição; pelo menos, a perfeição acessível ao nosso entendimento.
Jesus encarnou-se na Terra não em poder e glória terrenos, mas na pobreza e na obscuridade. Podia revelar seu poder espiritual, impondo-se as multidões, vencer os adversários de sua obra, fulminar os hipócritas – mas como pedagogo perfeito exerceu apenas um poder: o poder do amor. Um poder que não se impõe, mas convida; que não violenta, mas converte e transforma os Espíritos, acordando-os para a evolução; um poder que não pune o mal, mas sacrifica-se pelo Bem, tomando sobre si todas as dores e serviços, para a todos arrastar pelo exemplo.
Era humilde, sem fraqueza ou servilismo. Enérgico com os hipócritas, firme com os falsos sábios que conduziam os simples segundo seus interesses, Jesus foi padrão de firmeza e dignidade. Sua serenidade diante dos algozes é também coragem e nobreza; seu perdão e sua doçura são manifestações de sua infinita superioridade.

A Pedagogia do Amor
Quando se pensa no amor de Jesus pela humanidade, fundamento de sua Pedagogia divina, pode-se imaginar que seja um amor difuso, impessoal, em que os homens sejam vistos como massa. Mas não é assim, pois o amor é sempre uma relação de Espírito a Espírito. As próprias palavras e atitudes de Jesus demonstram de sobejo que ele conhece cada um de seus pupilos e esta sempre disponível à nossa aproximação, ao nosso desejo de educação espiritual.  Quanto mais ascendermos e nos depurarmos, mais direto será o nosso contato com sua mente poderosa e com seu coração afetuoso.
Não disse ele que haveria alegria no céu por cada ovelha tornada ao aprisco? Não relatou a consoladora parábola do filho pródigo, onde fala do acolhimento generoso do Pai ao Espírito que volta à trilha do Bem? Nada disso teria sentido se não fôssemos indivíduos perante Jesus, como somos indivíduos mesmo diante da grandeza de Deus. O universo não é frio e impessoal. A Lei não é apenas justiça, mas amor. E o amor se manifesta de ser para ser.
Não só as palavras de Jesus demonstram essa verdade, mas sua ação pedagógica é assim desenvolvida. Ele visita a alma de Madalena, devassando-lhe o passado impuro e elevando-a ao amor purificado; sabe das potencialidades e intenções de Zaqueu, antes que esse lhe respondesse do alto do sicômoro; busca pessoalmente os apóstolos na Galiléia e depois Saulo à portas de Damasco, vendo de antemão as suas possibilidades; dirige-se a cada um que Dele se aproxima, sabendo quem é, seu passado espiritual e suas promessas futuras. Em sua lucidez, sabe que Judas vai trai-lo e que Pedro fraquejará, ainda assim acolhe-os em seu amor e não os desampara.
E sua liderança espiritual na Terra não é devida apenas ao seu exemplo imortal. Sua aura de amor envolve a Humanidade e basta querermos captá-la, na oração e na prática do Bem, para sentirmos seu influxo. Esse amor é o ponto de apoio de nossa evolução. Assim, dentro dos limites das imperfeições humanas, cada educador deve fazer de seu próprio afeto uma âncora de evolução para aquele a quem deseja educar.
Não foi o amor de Jesus, seu sacrifício por nós, que levou os mártires a morrerem nos círculos , os santos e apóstolos de todos os tempos a procurarem seguir seu exemplo ? Não é porque nos sentimos amados e sustentados por Ele, que adquirimos a força de nos sobrepormos à mesquinharias terrenas, vencendo dores e espinhos, avançando embalados por sua Luz ?
Ainda somos deficitários na compreensão da Divindade, a figura mais próxima e mais acessível de Jesus nos reconforta e nos facilita inclusive o entendimento do amor de Deus. E assim também, embora a Humanidade possua seu Mestre maior em Jesus, cada indivíduo não dispensa seus mestres menores, seus guias e seus exemplos mais próximos da moralidade, inteligência e elevação.

A Didática do Mestre
Jesus não ensinou em cátedras, não fez parte de corporações científica, não se revestiu de nenhum título terreno e não fundou escolas ou instituições, nem mesmo nelas ensinou. E foi o maior dos Mestres. Seu local de ação era a casa de Pedro, eram as praças, os montes, as margens do lago de Genesaré e sua mensagem atingia a todos indistintamente. Ensinava sem nenhum outro instrumento a não ser seus atos de amor, suas palavras simples e sua autoridade divina.
Jesus curava, servindo o povo, aliviando-lhe as dores, conquistando-lhe o coração pelo seu devotamento, e ensinava por histórias. Em seu sermões e parábolas, usou o poder da síntese e a linguagem poética para atingir seus ouvintes. Pelas parábolas, adequava-se as linguagens do povo, aproveitava as situações do cotidiano, e portanto, a experiência diária dos que o ouviam. Não dava aula de metafísica abstrata, mas ensinava por histórias compreensíveis princípios claros de moralidade. Eis uma capacidade didática imprescindível: a de saber se achegar ao educando, em seu nível de interesse, de vivência e de compreensão.

Libertação pelo Amor
Jesus, o Homem, fez-se o exemplo mais vívido do amor de que o mundo tem notícias.
Submetido à injunções porque passam todas as criaturas, a Sua trajetória fez-se assinalada pelas mais vigorosas páginas de compreensão e brandura para com todos, exercendo autoridade e carinho em perfeita harmonia, mesmo nas situações mais chocantes, sem perder o equilíbrio nem a afetividade. Quando austero, educava amorosamente e com energia; quando meigo orientava com ternura e segurança; ante a hipocrisia insidiosa e perversa, assumia a atitude de enfrentamento sem descer à condição infeliz do seu antagonista, repreendendo-o e desmascarando-o com o objetivo de educá-lo.
Jesus, na condição de peregrino do amor, demostrou como é possível curar as feridas do mundo e dos seres humanos com a exteriorização do amor em forma de compaixão, de bondade, de carinho e de entendimento.
Quando os pobres eram tidos por desprotegidos de Deus e os enfermos graves eram expulsos das cidades, porque se encontravam mortos, tendo os seu nomes cancelados do Livro dos vivos, Ele os exaltou em inesquecível bem aventurança, principalmente àquele que o forem de espírito de avareza e de paixões inferiores. Nunca se apartou dos doentes e odiados, visitando os samaritanos detestados e oferecendo-lhes os bens eternos da Sua mensagem confortadora e rica de paz.
Jamais temeu os poderosos, os intrigantes, os fariseus odientos e ingratos, os saduceus materialistas e utilitaristas, sem porém os detestar, lamentando o estado em que se encontravam, longe de Deus e de si mesmos, intoxicados pelo orgulho e vencidos pela avareza, infelicitadores, porque infelizes em si mesmos, sem se permitirem lugar propício ao despertamento para a realidade espiritual.
É graças ao amor que os relacionamentos atingem a sua plenitude, porque o egoísmo cede lugar ao altruísmo e o entendimento de respeito como de confiança alicerça mais os sentimentos que se harmonizam, produzindo bem-estar em quem doa tanto quanto em quem recebe.

Referências Bibliográficas
XXII COMEERJ – EVANGELIZAR É MISSÃO DO BRASIL – Módulo II – Pedagogia de Jesus.
KARDEC, Allan — O Livro dos Espíritos — edição nº 86 — Editora FEB (Federação Espírita Brasileira) – Questões:  625 até 627 —Rio de Janeiro/2005.
KARDEC, Allan — A Gênese — edição nº 39 — Editora FEB (Federação Espírita Brasileira) – Capítulo 15:  Os Milagres do Evangelho —Rio de Janeiro/2000.
KARDEC, Allan — O Evangelho Segundo o Espiritismo — Edição:  125, Editora:  FEB (Federação Espírita Brasileira), Rio de Janeiro/2006.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Olá amigos do ideal Espírita - devido a aprendizados com a saúde deveremos retornar as postagens em 28 de março.

Agradeço a compreensão.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Reciclagem Mediúnica - Viver Mediúnico - Leda Marques Bighetti

XXII - Viver Mediúnico

No caminhar dos dias, o interesse por assuntos relacionados ao Espiritismo, desperta mais e mais atenção. Muitos que procuram o Centro Espírita na busca de consolo e entendimento para suas dores.
Nesse sentido, cresce a responsabilidade dos espíritas, daqueles que colaboram na difusão da doutrina.
No atender, receber pessoas, não pode a casa espírita oferecer enganos, leviandades, resoluções imediatistas ou simplórias.
"O Espiritismo é ao mesmo tempo, ciência experimental e doutrina filosófica que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos bem como de suas relações com o mundo corporal".
Como tal, requer muita leitura, estudo, reflexão, requisitos insubstituíveis, imprescindíveis à sua compreensão e vivência. Dedicação a esses aspectos há que representar disciplina permanente, que, mantendo a atualização, coloca frente-a-frente a outros códigos do conhecimento.
O que muitas vezes acontece, é acomodação aos princípios doutrinários, sem preocupação do estudo global e sistemático. Não é possível conhecer doutrina Espírita só no saber, que se transmite oralmente. Esse "ouvir dizer" é responsável pela transformação dos conceitos em preconceitos ou nas práticas infundadas, desligadas do entendimento doutrinário. É um comodismo que favorece as inovações e fugas para o sincretismo.
No fecho dessa série, consegue-se perceber que a Mediunidade se enquadra nesses modelos. Basta lembrar que grande número de companheiros chegam ao Centro devido a um ‘(...) problema de mediunidade" (O problema mediúnico - Verdade e Luz n.° 173, junho/2000). Alguém lhe disse que, aquela dor de cabeça, insônia, irritabilidade, etc., seria devido a influência de desencarnados, que se "encostam", provocando as determinadas mazelas.
Se, pode até ser aceitável, que o desconhecedor do Espiritismo pense assim, desolador é encontrar Centros que também interpretam dessa forma, assegurando que a situação, o "problema" é de mediunidade, e como tal precisa "desenvolvê-la". Acresça-se os "diagnósticos" da obsessão onde se encaminha a referida pessoa para as sessões de desobsessão.
Acomodados nessa leviandade, afirma-se a visão passiva de uma potencialidade, como se o encarnado fosse a perpétua vítima indefesa de desencarnados hábeis, esquecidos de que, os encarnados é que propiciam, ofertam campo à influência mediúnica.
Em "O Livro dos Espíritos" - q. 466 - ensinam os Espíritos: "(...) nossa missão é a de te pôr no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, se não quando tu desejas o mal".
Na questão seguinte perguntando se é possível afastar a influência desses Espíritos, respondem: "Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos".
Por superficial que possa ser o estudo desses itens, ressalta, percebe-se ser a vontade do encarnado que estabelece os vínculos. Nesse campo o ser humano é totalmente ativo; é o agente. Se assim não fosse, qual o significado do livre-arbítrio?
De que adiantaria submeter alguém às sessões de desobsessão, se não estiver ela sensibilizada para se modificar, autoconhecer-se, auto-educar-se. A maioria desses "problemas mediunidade" são situações de caráter pessoal, de educação.
Entenda-se educação, como processo que englobando a instrução, ilustra sim a mente sobre um ou vários ramos da ciência, mas liga-se ao caráter, fala de feitio moral, distingue a criatura pela firmeza da vontade, e desenvolvimento dos poderes do Espírito "(...) o poder e a formação intelectual sem integridade de caráter constituem-se em ameaça para o próprio homem e para o meio com que convive". "(...) Educar é transformar o homem dando-lhe uma concepção de vida fundamentada na supremacia do Espírito e dos valores morais".
Daí ser injustiça ligar Mediunidade a problemas e por decorrência culpar o Espiritismo pela existência deles.
Ao contrário, é a Doutrina Espírita que apreendida leva à compreensão do fenômeno através dos tempos. Esclarece o envolvido a que exerça, use sua faculdade de modo ordenado, tranqüilo, perfeitamente compatível com qualquer atividade que exerça ou meio em que viva. Quando as manifestações expontâneas ocorram, não haverá pânico, desorientação, mas respeito e satisfação, por entender que está se preparando para servir, intermediando planos, em tarefa nobre que exige sim preparo, doação, mas que reserva alegrias inesperadas e duradouras advindas da oportunidade de doar-se no Bem, para que o outro fique melhor.
A Mediunidade generalizada, que todos possuem, geralmente permanecendo estagnada, sem ser percebida, trabalhada, sem que se dê importância ou valor passa a ser compreendida e usada, como disposição natural do Espírito para expandir-se, projetar-se entrar em relação com outras mentes, como ativo centro emissor e receptor de pensamentos. Configura-se como talento divino a ser utilizado na própria renovação que liberta. Propicia afloramento das percepções íntimas do ser, constituindo-se por isso em instrumento de evolução, uma vez que o uso responsável, o estado moral será a determinante da maior ou menor abrangência.
Vida e mediunidade, constituir-se-ão como único processo. "O ato de viver passa a ser um ato mediúnico, Somos Espíritos que se manifestam através de corpos materiais. A vida é comunicação entre planos". Nesse entender relaciona-se o homem com os demais Espíritos sem medo ou desconfianças infundadas, sem pretensão vaidosa ou interesses mesquinhos; confiante nas leis da vida estrutura mente aberta, lúcida, seletiva o que proporciona? Intuição clara da realidade antes confusa; captação fácil das sugestões amigas, percepção direta e profunda dos rumos a seguir em todas as situações.
"Mediunidade é isso: afloramento na consciência das forças e vetores que formam a riqueza insuspeitada do nosso inconsciente; será inspiração a guiar no momento certo".
Nessa dinâmica, vozes internas começam a ser percebidas e a existência a se revelar em múltiplas e ricas perspectivas.
Quando se atingir essa compreensão. Mediunidade não será mais apenas meios de comunicação com desencarnados, mas campo aberto para as relações sociais e espirituais na busca consciente e prazerosa do Bem.
Quanto mais essas relações forem aprimoradas, equilibradas, dirigidas na busca desse melhor, essa mediunidade interior aflora e a essência divina do homem se comunica através de sua realidade humana. "É esse o mais belo ato mediúnico, o fenômeno mais significativo da Mediunidade, aquele que distintamente nos revela a imortalidade pessoal.
A "divindade de Jesus" não se revelava "por parte de Deus", mas como "criatura de Deus" que no exercício da sua conduta moral interligava-se, mantinha-se unido às elevadas mentes voltadas para o Amor.
"Sois deuses", referenciando lembrar ao homem que nele repousa a divindade do Criador com a qual pode participar dos poderes da Criação alcançando valores, desenvolvendo para a luz essa natureza divina.
"Viver mediunicamente, não é viver envolvido por um Espírito estranho, mas viver essa plenitude de possibilidades". A tranqüilidade, a segurança, o saber, o equilíbrio que se busca está em cada um. Podemos ser médiuns dessa natureza divina desconhecida ou soterrada pelo apego aos formalismos, à magia e à idolatria. O pensamento, o sentimento moral, a vida buscando o melhor exterioriza-se em atos, a divindade interna.
Como atualizar essa divindade?
No dia-a-dia, no afastar das exterioridades procurando a verdade de modo sincero no coração e na mente. Essa busca, esse trabalho pessoal coloca acima das ilusões, desgasta vaidades, orgulho vazio. É o manter-se alerta frente o momento, que passa carregado de convites, de exercícios para as percepções espirituais. Esse estado não será nunca forçado mas vai fluindo espontaneamente à medida que o ser entende e se dispõe a lidar ao mesmo tempo com a realidade interna e com as idéias que despontam na mente. Sabendo distinguí-las faz a melhor opção na aplicação dos princípios cristãos. Para isso há que despertar e incorporar os princípios da vigilância.
"Vigiai e orai" significando precaver, cuidar, trabalhar, defender-se sem cansaço no Bem. "Vibra com a vida que estua, sublime, ao redor de ti, e trabalha infatigavelmente dilatando as fronteiras do bem, aprendendo e ajudando aos outros em teu próprio favor. Essa é a mais alta fórmula de vigiar e orar para não cairmos em tentação".
Reafirme-se: esse viver mediúnico não é específico ao médium de mediunato, mas a todos, onde a vida diária se apresentará como contribuição da faculdade mediúnica no trabalho pessoal que livrando de perturbações e obsessão de toda espécie, liberta-o dele próprio. O uso permanente da faculdade na percepção da realidade dupla, a interna e a externa, espiritual e material combinadas no perceber global do todo.
Nesse viver mediúnico, quer se encontre o homem no mediunato ou na mediunidade generalizada, Albino Teixeira sintetiza em "Decálogo para médiuns":
  • Não afastar-se dos deveres e compromissos que abraçou na vida, reconhecendo que é impossível manter intercâmbio espiritual claro e constante com o Plano Superior, sem base na consciência tranqüila.
  • Não descuidar-se do autodomínio, a fim de controlar as próprias faculdades.
  • Não ignorar que desenvolvimento mediúnico, antes de tudo significa educar-se o médium a si mesmo para ser mais útil.
  • Não desejar "fazer tudo", mas fazer o que deve e possa no auxílio aos outros.
  • Não recusar críticas ou discussões e sim aceitá-las de boa vontade por teste de melhoria e aperfeiçoamento dos próprios recursos.
  • Não guardar ressentimentos.
  • Não fugir do estudo, nem da disciplina para discernir e agir com segurança.
  • Não relaxar a pontualidade das tarefas que lhe cabem, a não ser por motivos de reconhecida necessidade.
  • Não olvidar pessoas nos benefícios que preste.
  • Não olvidar que o melhor médium para o Mundo Espiritual, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, será sempre aquele que estiver resolvido a burilar-se, decidido a instruir-se disposto a esquecer-se e pronto a servir.

Livros consultados:

  • Kardec, Allan - O principiante espírita
  • Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - 466, 467
  • Camargo, Pedro - O Mestre na Educação - 12
  • Lobo, Ney - Espiritismo e Educação
  • Miranda, H. C. - Crônicas de um e de outro - 74
  • Pires, J. Herculano - Mediunidade
  • Peralva, Martins - Mediunidade e Evolução - 5 - 27
  • Novo Testamento - 14:38
  • Emmanuel - Palavras de Vida Eterna - 3
  • Emmanuel - O Consolador - pág. 177