domingo, 31 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Pergunta VI - Leila Marques Bighetti VIII

XIII - Perguntas VI

22 - Como o Centro Espírita pode ajudar o médium para que as faculdades nascentes cresçam e desabrochem em frutos?
O Centro Espírita necessita estar preparado para oferecer ao médium condições através de todo um conhecimento, aprendizado, estudo de Mediunidade, a fim de que, ele entenda o que se passa, aprenda trabalhar a potencialidade no interesse de que a faculdade se desenvolva em perfeita harmonia.
Será através dos vários cuidados que aprende na "Educação Mediúnica" que entenderá os sintomas; controlará (sob sua direção) a manifestação que entrará em ritmo de equilíbrio; (sem os exageros, gemidos lancinantes, gritos, contorções, murros, batimentos de pés, mãos, estertores ofegantes ou quaisquer outros gestos violentos) entender-se-á, não como alguém que detém a responsabilidade de missão transcendente, mas como humilde servidor; enfim, desfaz-se da idéia de evidência pessoal, neste ou naquele fenômeno buscando na manifestação mediúnica de que participe o sentido moral dos fatos e lições.
23 - Como entender a mediunidade nas crianças?
Recorde-se que mediunidade é processo consciente que se realiza mente a mente, Espírito a Espírito incluindo relacionar-se magnética, mental e moralmente com entidades dos mais variados tipos evolutivos.
Tal consciência, leva Kardec perguntar aos Espíritos na Codificação como entender ou se ater frente à questão recebendo o seguinte esclarecimento:
"Certamente há inconveniente em se desenvolver a mediunidade das crianças. E sustento que é muito perigoso. Porque esses organismos frágeis e delicados seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito superexcitada. Assim os pais prudentes as afastarão dessas idéias, ou pelo menos só lhes falarão a respeito no tocante às conseqüências morais."
Em nota acresce o tradutor: "Este é um problema de psicologia infantil que serve mais uma vez para comprovar a natureza e a atitude científica do Espiritismo no trato com os problemas psíquicos. Há crianças que revelam precocemente suas faculdades mediúnicas, mas seria errôneo querer desenvolvê-las e aplicá-las de maneira sistemática. O que se deve dar às crianças em geral é o ensino moral do Espiritismo, preparando-as para uma vida bem orientada pelo conhecimento doutrinário, sem qualquer excitação prematura das faculdades psíquicas que se desenvolverão no tempo devido. (LM 221-6, tradução de J. H. Pires)
24 - O Centro Espírita e a família podem ajudar?
Sem dúvida, unir-se-ão na prece em favor da criança, dos Espíritos que dela tentam se acercar; passes ministrados por companheiros responsáveis; freqüência às aulas da Evangelização onde vai assimilando noções doutrinário-evangélicas compatíveis com sua idade; água fluidificada; orientação aos pais para que entendendo o que se passa, tenham condições de ajudar; Evangelho no lar, favorecendo o ambiente em que vivem para ação dos Amigos Espirituais.
25 - Se a faculdade mediúnica é intrínseca ao médium, pode este dispor dela a seu bel prazer?
Recorde-se que mediunato reflete compromisso de serviço ativo para finalidades específicas na encarnação, a exigir desenvolvimento e aplicação a bem do próximo durante toda a vida do médium. Desse modo, não pode dispor dela no uso que bem entenda. A faculdade, repita-se, existe no indivíduo por necessidade própria, como meio ostensivo de servir ao semelhante. O uso implica em conseqüências.
26 - A mediunidade pode ser retirada em determinadas circunstâncias?
Não se trata de retirar; é uma faculdade própria do indivíduo. O que pode acontecer é os Espíritos afastarem-se, ou não mais poderem se servir daquele médium. Vários fatores levariam a essa situação, por exemplo: o desvios dos fins em uso indevidos, o médium pelo exercício mediúnico tornar-se orgulhoso, egoísta, vaidoso; os propósitos ambiciosos fazendo surgir os profissionais da mediunidade. Frivolidades como ler sorte, traçar prognósticos, adivinhações, profecias inquietantes, explicações sobre "inimigos" de outras eras enfim, toda uma aplicação desencorajadora que leva a enfraquecer a coragem, aniquilar a esperança, nas idéias deterministas de erro, queda ou criminalidade, esquecidos de que a cada instante temos condições de reformar causas, alterar situações. A Providência incessantemente oferece oportunidades e possibilidades para reajuste, armando-nos de recursos dentro e fora de nós.
27 - Afastando-se, não poderiam estes Espíritos serem substituídos por outros? Neste caso como entender a suspensão da Mediunidade?
Sim; pelo uso indevido afastar-se-iam aqueles Espíritos comprometidos com o ideal maior de servir ao semelhante; entretanto, haverá sempre Espíritos prontos a se comunicar e serão de teor moral idêntico ao uso que o médium faz da faculdade.
28 - A perda, suspensão, afastamento dos Bons Espíritos é sempre punição?
Não. Muitas vezes, a interrupção demonstra benevolência, solicitude dos Espíritos para com o médium por exemplo: a) quando o médium está fisicamente debilitado e necessita de repouso. (Neste caso não há permissão para que outros os substituam). B) quando os Espíritos, segundo seus objetivos, precisam ter certeza da paciência e perseverança do médium. C) quando o médium precisa da suspensão para perceber que precisa meditar as instruções recebidas e tirar proveito espiritual delas "(...) Por essa meditação dos nossos ensinos é que reconheceremos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome, aos que, na realidade, não passam de amadores de comunicações ". (LM 220, 5.°)
29 - Havendo essa perda ou suspensão como pode o médium reconhecer em qual aspecto se enquadra? Quando há censura, quando benevolência?
Basta interrogar sua consciência: qual o uso que faz ou tem feito da sua faculdade? Qual o bem que dela resulta para os outros? Qual o proveito que tem tirado para seu crescimento espiritual?
"No exercício mediúnico, portanto, aceitar o ato de servir por lição das mais altas na escola do mundo.
Lembremo-nos de que assim como a vida possui trabalhadores para todos os misteres, há médiuns na obra do bem, para execução de tarefas de todos os feitios.
Nenhum existe maior que o outro.
Nenhum está livre do erro.
Todos no entanto guardam consigo a bendita possibilidade de auxiliar.
Esse tem a palavra que educa; aquele a mão que alivia e aquele outro a pena que consola. Esse traz a oração que enleva; aquele transporta a mensagem que reanima e aquele outro mostra a força a restaurar.
Usa pois tuas faculdades mediúnicas como empréstimo da Bondade Divina, para que o orgulho te não assalte.
E recorda Jesus, o Medianeiro Divino; em circunstância alguma requisitou a admiração dos maiorais do seu tempo, e sim passou entre os homens, amparando, compreendendo, ajudando e servindo".

À Bibliografia original acresça-se:


  • O Livro dos Médiuns - A. Kardec - 221-6; 220-5.°

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas V - Leda Marques Bighetti VIII


Perguntas V


17 - O que dizer dos Centros Espíritas que só seguem a orientação dos mentores sem examinar conteúdo à luz da Doutrina Espírita?

Constituem-se como núcleos onde proliferam fanatismo, intolerância e preconceito.

Por que o mentor da casa deve necessariamente ser mais sábio do que as entidades que se comunicam em toda Terra?

O princípio básico de comportamento doutrinário é a universalidade do ensino. Faz-se necessário que prevaleça a opinião da Doutrina. Sob esse enfoque deve a mensagem, a comunicação, a orientação, ser avaliada. Se realmente proceder, o conteúdo, jamais será individualizado, particular, detalhando providências e passos, mas na generalidade, cada um entenderá o significado como pessoal (tipo - o que foi dito ou o que consta aí foi para mim - é o que preciso). Entretanto, a ninguém especificamente é destinada e nessa "impessoalidade" visa, serve ao crescimento do grupo como um todo.

18 - O que dizer do Centro Espírita que têm mentores preto velho, índios, caboclos ou outros Espíritos que assim se apresentem?

Ama-se indistintamente todos os Espíritos. Na escala cultural de valores, estes, estagiam nas faixas de fixação da personalidade. Somos Espíritos ainda em processos primários da evolução onde o preto velho de hoje, pode ter sido o intelectual de ontem mas o índio de hoje, encarnado como Espírito em estágios primitivos da evolução, não há de ter sido o homem sábio do passado uma vez que o fenômeno sociológico antropológico é evolutivo onde a Lei não se exerce em retrocesso. O homem culto que exerceu mal seu saber pode vir na área do analfabetismo para despertar e desenvolver outros sentimentos, mas não se lhe faz necessário, que no seu processo evolutivo se fixe naquela faixa na qual esteve imerso numa das vezes de sua caminhada no processo da Vida.

Note-se que esse atavismo é cultural brasileiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, o fenômeno ocorre com os índios peles-vermelhas, atavismo da sociedade americana. Por aqui não se comunicam Espíritos com aquela conotação. No nosso caso entra o fator animista africanista da cultura brasileira. Não é questão do preto velho não ter cultura - se ele tem conhecimento não é necessário tomar aquela postura que lhe foi uma necessidade temporária. Se ele vem por exemplo - falando nagô - é perda de tempo - não vamos entendê-lo. Se ele vem falando português errado é um prejuízo que vai deformar a nossa cultura. Se formos um pouco exigentes e prestarmos bem atenção na comunicação veremos que o fenômeno é atávico, não é autêntico - a pessoa usa um certo linguajar que atribui ser do escravo e que na verdade não era porque se essa entidade é esclarecida no além há de ter adquirido a arte de bem falar. Recorde-se também que o Espírito não fala pela boca do médium mas projeta a idéia no perispírito do médium que transforma em palavras e fala. Por ignorância do que é ou como se processa o fenômeno mediúnico, o médium se sente "incorporado", como água na garrafa e toma o trejeito do preto velho. (Há nisso tudo um certo pieguismo onde se adora o preto velho porque ele dá conselhos, fala que a gente vai casar, arranja emprego, fala dos problemas triviais - o preto velho tá lá viu - na briga de zi fiu eu tava lá, viu... E a gente gosta de ter um escravo no além como teve aqui na Terra e toma o Espírito que deve continuar porque era preto e velho. Por que não chamamos o Dr. Bezerra de branco velho? Por que o preto tem que continuar preto velho? Por que não o chamamos de o amigo, o irmão Antônio, José, Teco ou seja lá o que for?

No fundo, ainda somos preconceituosos. Temos inclusive que levar em conta que nem todo preto e velho foi bom. Muitos foram rebeldes, assassinos cruéis e continuam, são como também muito branco é de uma impunidade sem limites. A involução e a evolução estão em todas as áreas.

As entidades a que nos referimos mantém as lembranças por afinidade e como diretores de uma casa espírita, pela vinculação afro-brasileira, impregna sua diretriz mais voltada para o culto africanista que Espírita, uma vez que altamente ligados às práticas animistas e exteriores necessitam, orientam, pedem o incenso, a rosa e a roupa branca, a vela acesa e outras dependências que depõem contra o comportamento espírita uma vez que este independe de qualquer aparência exterior. Não tenhamos portanto, nenhum preconceito contra eles mas não os escravizemos às nossas paixões. (No começo de minha mediunidade várias entidades me apareceram e se comunicaram por mim. Uma delas se dizia preto velho, tornou-se grande amigo, ajudou-me muito e ajuda-me. Incorporava nas reuniões, falava com os mesmos trejeitos e modismos próprios. Interessava-se pelos problemas domésticos - falava: estive lá, não faça isto ou faça aquilo, etc., etc. E o público adorava e eu também adorava até que um dia Joanna de Ângelis disse-lhe: — "Se meu amigo pretende usar o médium de quem me utilizo vai mudar de nome e de comportamento ou não se comunica mais. Não podemos perder tempo com frivolidades. O tempo tem uma programática e não posso admitir a perda dele." A entidade passou a se comunicar com o nome que teve em outra encarnação e ninguém sabe que é o mesmo.) Assim exteriorizar-se com características é remanescente de personalidade. O Espírito é individualidade, isto é, soma de suas personalidades formando um tipo especial. Quando dá um nome é para fazer-se identificar, para sabermos de quem se trata. Tanto quanto possível evitemos fixações negativas porque o mundo espiritual é muito sério e marchamos para unidade não para o separativismo.

19 - O que se entende por mediunismo? Qual diferença com a mediunidade?

O homem é um ser mediúnico. Mediunismo é a forma primitiva da Mediunidade. Provém das selvas onde a idéia básica é o assombro com o mundo misterioso cheio de seres estranhos. Esse sentimento mágico do mundo estabeleceu relações entre os homens, as coisas e os outros seres. A imaginação primitiva passa cultuar o sol, a lua, montanhas coroadas de nuvens, grandes rios, etc. Da reverência aos chefes poderosos nasce a submissão que se estende aos pagés, xamãs, sacerdotes mágicos das tribos e hordas. Aparece a crença nos homens-deuses com poderes divinos produzidos por indivíduos que possuíam "dons" mediúnicos.

A expressão "mediunismo" é criada por Emmanuel para designar, diferenciando, essas formas primitivas da Mediunidade propriamente dita.

Todas as formas das religiões primitivas sem desenvolvimento intelectual e cultural, caracterizam-se por práticas mágicas ligadas ao mediunismo: às religiões africanas misturadas às religiões indígenas; a mistura com o islamismo e catolicismo desenvolveram no Brasil e no continente as diversas formas do mediunismo.

A diferença entre Mediunidade e mediunismo está no problema da conscientização do fenômeno mediúnico. Nas religiões primitivas não havia nem podia haverreflexão sobre o fenômeno, seu sentido, natureza, utilidade e função. Tudo se resumia na aceitação dos fatos e na utilização para finalidades práticas imediatas, do dia-a-dia. Mediunidade é mediunismo desenvolvido, racionalizado submetido à reflexão religiosa e filosófica, às pesquisas necessárias ao esclarecimento do fenômeno, sua natureza, função, leis que o regem etc., etc. Enquanto o mediunismo absorve a herança mágica do passado e mistura-se com religiões, crenças e superstições de toda espécie a Mediunidade rejeita infiltrações que possam alterar, modificar, prejudicar sua natureza racional e comprometer seu desenvolvimento natural.

20 - Daí, como definir Mediunidade?

"(...) Faculdade humana natural pela qual se estabelecem as relações entre os homens e os Espíritos. O contato é feito mente a mente e se desenvolve naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para captação mental e sensorial das coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos atinge com suas vibrações psíquicas e afetivas. Não é poder oculto que se possa desenvolver através de práticas rituais ou pelo poder misterioso de um iniciado ou guru. Mediunidade pertence ao campo da comunicação. Da mesma forma que a inteligência e demais faculdades humanas. Mediunidade se desenvolve no processo de relação e configura-se como simples relacionamento homem/Espírito, uma vez que o fato do Espírito estar encarnado não o priva de relacionar-se com Espíritos libertos, do mesmo modo que um homem encarcerado pode conversar com o cidadão livre, através das grades."

21 - Há, por assim dizer, "sintomas" que anunciariam a Mediunidade no indivíduo?

Não há em geral alguma indicação ostensiva. No primeiro estudo dessa série vimos, justamente as áreas de função, visando despertar os que trabalham nesse campo para os cuidados necessários uma vez que poderá haver sintomas que variarão ao infinito indo desde reações emocionais insólitas, diferentes, a sensação de enfermidades aparentes, calafrios, mal-estar, irritações estranhas até o eclodir, aparecer, sem nenhuma repercussão maior, espontânea, calma, exuberante.
Acrescer na Bibliografia original:
Revista Espírita Informação n.° 68
Paulo e Estevão - Emmanuel, cap. VI

domingo, 17 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas IV - Leda Marques Bighetti VIII


Perguntas IV


12 - É possível encontrar contradições entre os Espíritos?

Sim uma vez que eles não pensam da mesma forma. Cada um tem uma bagagem, está num degrau evolutivo, de um modo que a apreciação sobre um mesmo ponto será variável. Admitir todos pensando igual, seria imaginá-los em mesmo nível o que é impossível, uma vez que os Espíritos nada mais são do que a Humanidade desencarnada. As comunicações terão o cunho da ignorância ou saber que lhes seja peculiar no momento; o da superioridade ou inferioridade moral que os caracterize. Necessário conhecer, saber a "Escala Espírita", uma vez que como os homens há entre os Espíritos inteligências com todas as nuances e diferenças. Cuidado portanto quando sem análise, cegamente seguimos o Espírito, simplesmente porque ele falou, disse etc. (LM 229)

Para que serve então o ensino dos Espíritos se não oferecem eles mais certeza que o ensino humano? (LM 300, 2.°)

Ao homem compete, como lembramos acima, analisar, distinguir. Assim como não aceitamos com igual confiança o ensino de todos os homens, igualmente devemos proceder com os Espíritos. Os superiores jamais se contradizem e a linguagem é sempre a mesma - mudará a forma da expressão para adequá-la ao entendimento de quem ouve mas a idéia fundamental é a mesma.

Em síntese, parte das contradições que se dizem encontrar nas comunicações espíritas derivam de:
Ignorância de certos Espíritos.
Embuste dos Espíritos inferiores que por maldade ou malícia usam o nome de outro Espírito e dizem justamente o contrário do que ele havia dito em outro lugar ou outro dia.
Da vontade do próprio Espírito que fala segundo o tempo, o lugar e as pessoas e que pode julgar conveniente não dizer tudo a toda gente.
Insuficiência da linguagem humana para exprimir ou explicar as coisas do mundo espiritual.
Da deficiência ou insuficiência dos médiuns que nem sempre permitem ao Espírito expressar plenamente seu pensamento, enfim, que cada um interpreta o que ouve, lê ou o que o outro fala segundo suas idéias, preconceitos ou pontos de vista que tem sobre o assunto. Assim só o estudo, a observação aexperiência e a isenção de todo o sentimento de amor próprio pode ensinar a distinguir esses diversos aspectos.

13 - Quem trabalha com Mediunidade, a que outra ocorrência precisa estar atento?

É necessário estar atento com as mistificações, isto é, com enganos, ilusões, burlas, abuso de credulidade proveniente de encarnados e desencarnados, que requerem em qualquer dos casos cautela e firmeza para não se deixar iludir.

14 - Haveria um meio de nos preservarmos dela?

O médium ou aquele que estuda, certamente terá muito mais facilidade de perceber engodos quando desperto para o fim essencial do Espiritismo, que é o crescimento do homem no seus aspecto moral, espiritual e conseqüente melhoramento da Humanidade, ouvir, analisar e perceber nas instruções dos Espíritos conteúdos que envolvam estes aspectos. As mensagens dos Espíritos que não enganam ou mistificam consiste em emitir raciocínios visando tudo quanto possa ser útil ao Espírito imortal.

Quando porém, procurarmos os Espíritos ou nos Espíritos indicações para uso pessoal, honras, riquezas, paixões ou quaisquer assuntos fúteis ou materiais, sem dúvida, conviveremos com Espíritos enganadores. Quando vemos portanto os Espíritos como substitutos dos adivinhos e feiticeiros - com segurança - seremos enganados, uma vez que estaremos lidando com Espíritos tão materializados e inferiores quanto nós mesmos, incapazes de perceberem o conjunto, detidos ainda nas particularidades, nos detalhes, nos imediatismos. Conclui-se que só é mistificado quem merece.

15 - Como explicar - há pessoas que nada perguntam e que são enganadas pelos Espíritos que vêm espontaneamente sem serem chamados?

Realmente essas pessoas nada perguntam, entretanto se comprazem em ouvir, o que dá na mesma. Se fossem vigilantes, se acolhessem com prudência, análise e reserva tudo quanto se afasta do objetivo essencial do Espiritismo, esses Espíritos levianos não as tomaria por joguete.

16 - Por que Deus permite que pessoas sinceras que aceitam o Espiritismo de boa fé sejam mistificadas?

Precisamos recordar que os Espíritos mistificadores usam de astúcia para nós difícil de imaginar. Dispõem, arquitetam, planejam com arte, combinam meios de persuadir, que realmente podem resultar em problemas para os que não se achem em guarda.

Ora pode ser o recado particular, com época determinada, indicações precisas, detalhadas e relativas aos interesses materiais. Ora, testam através da cobiça na revelação de tesouros ocultos, anúncios de heranças ou outras fontes de riquezas. Outras vezes ainda com nomes importantes, teorias pessoais, sistemas científicos ousados, enfim tudo quanto se afaste do objetivo moral das comunicações.

Um encarnado experiente pode ser mistificado?

Colhemos na Revista Espírita Mensal - Informação n.° 68 - a seguinte entrevista com Francisco Cândido Xavier, a qual transcrevemos:

1 - Foi você vítima de mistificação algumas vezes?

FCX - Muitas.

E até hoje isso acontece ou pode acontecer?

FCX - Sim.

2 - Por que sucede isso a você, que já psicografou tantos livros?

FCX - Decerto que o mundo espiritual permite que eu passe por essas provações para mostrar-me que receber livros dos Instrutores Espirituais não me cria privilégio algum, que estou apenas cumprindo um dever e que sou um médium tão falível quanto qualquer outro, com necessidade constante de vigilância, oração, trabalho e boa vontade.

Outro exemplo, encontramos em Paulo quando da sua estada em Filipes. Havia ali célebre pitonisa, cujas palavras eram interpretadas como oráculo infalível. Na primeira pregação estava ela presente. Terminada a exposição do Apóstolo a moça em altos brados se põe a exclamar:

— Recebei os enviados do Deus Altíssimo! (…) Eles anunciam a salvação! (…).

Paulo e Silas ficaram um tanto perplexos, mas nada disseram.

No dia seguinte, porém, repetiu-se o fato atirando-lhes a jovem elogios e títulos pomposos.

Paulo atento espera e tão logo termina a pregação na praça, ao começar a moça a gritar: "— Recebei os mensageiros da redenção! Não são homens, são anjos do Altíssimo, o convertido de Damasco desceu da tribuna a passos firmes e, aproximando-se da locutora dominada por estranha influência, intimou a entidade manifestante em tom imperativo:

— Espírito perverso, não somos anjos, somos trabalhadores do Evangelho; em nome de Jesus Cristo, ordeno-te que te retires para sempre! Proíbo-te em nome do Senhor, estabeleceres confusão entre as criaturas, incentivando interesses mesquinhos do mundo em detrimento dos sagrados interesses de Deus.

O fato provocou enorme admiração popular.

O próprio Silas, que de algum modo se comprazia ao ouvir os elogios da pitonisa e os interpretava como conforto espiritual estava boquiaberto, e tão logo se vê a sós com Paulo pergunta-lhe:

— Acaso não falava ela em nome de Deus? Sua propaganda não seria para nós valioso auxílio?

Paulo sorriu e sentenciou:

— Porventura Silas, poder-se-á na Terra julgar qualquer trabalho antes de concluído? Aquele Espírito poderia falar em Deus mas não vinha de Deus. Que fizemos para receber elogios? Dia e noite, estamos lutando contra as imperfeições de nossa alma. Jesus mandou que ensinássemos, a fim de aprendermos duramente. Não ignoras como vivo em trabalho com o espírito dos desejos inferiores. Então? Seria justo aceitarmos títulos imerecidos quando o Mestre rejeitou o qualificativo de "bom"? Claro que se aquele Espírito viesse de Jesus, outras seriam as suas palavras. Estimularia nosso esforço, compreendendo nossas fraquezas".

Essas duas passagens mostram ser comum a aproximação de entidades mistificadoras porém isto de forma alguma quer dizer que o médium ou um grupo está obsediado. Servirão sim, para o alerta de que tudo deve ser submetido ao "crivo da razão". Como lembra Erasto "(…) Melhor repelir dez verdades do que admitir uma só falsidade. Caso seja a verdade, que neste momento estamos recusando, justamente porque é a verdade dia mais ou dia menos ela se imporá". É melhor ser cuidadoso do que se comprometer.

Lembrar que o mistificador é um Espírito necessitado e que os Amigos Espirituais permitem que venham a um grupo, para que recebam ajuda. Ele só se imporá a este caso ache brechas que lhe propiciem a ação. Caso o médium e o grupo esteja atento, recebê-lo, levá-lo a entender com firmeza mas educadamente que não está enganando ninguém, mas sempre a si mesmo.

Na mistificação portanto há mentira, engodo, engano que os desencarnados tentam passar para os encarnados. Não confundir com Animismo (já estudado VERDADE E LUZ n.° 164) onde o desajuste psíquico do médium tenta passar consciente ou inconscientemente seu mundo mental.
Acrescer na Bibliografia original:
Revista Espírita Informação n.° 68
Paulo e Estevão - Emmanuel, cap. VI

sábado, 16 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas III - Leda Marques Bighetti VIII


Perguntas III

10 - O que dizer do comportamento dos dirigentes que levam pessoas obsediadas diretamente às reuniões mediúnicas para tratamento?


É comportamento leviano de grande desrespeito pelo doente.

Há em nosso Movimento um aspecto que, mesmo desagradando é necessário que se aborde. É que diante de qualquer patologia o aventureiro do Espiritismo vê logo uma Mediunidade para desenvolver ou uma obsessão em curso. A incidência de tal dogmatismo é chocante e generaliza-se a prejuízo do bom nome do Espiritismo.

Alguém, digamos vê seu marido/esposa/mãe ou filho desencarnar, às vezes através de um acidente, de uma tragédia. É natural acontecer aí um trauma e a pessoa pode perfeitamente entrar num estado depressivo, num abalo nervoso, na saudade intensa, no desejo de consumir-se, de morrer, de apagar-se e que pode por sua intensidade caminhar para quadro patológico. Só quem passou pode avaliar a crueza do drama. O apressado olha é diz: — É uma obsessão!

Como, com que instrumento poder-se-ia penetrar os arcanos da vida espiritual para diagnosticar com tal facilidade?

E isso continua - encontra na rua, no ponto de ônibus olha e logo diz: — Unh! você está carregado! Estou sentindo; estou todo arrepiado! e dizemos isso inadvertidamente sem nos preocuparmos com as impressões e medos que despertamos no outro, no avaliado, por nossa "sabedoria", que se caracteriza como fraude consciente que precisamos analisar.

A lembrança sobre a delicadeza da faculdade da vidência. Será que é o que estou vendo? Não será a imaginação? Meus conflitos aí se misturam? Nossa mente é dotada de tal poder que não podemos desconsiderar enganos. O Espiritismo é mais profundo no seu aspecto prático vivencial do que o intercâmbio com os desencarnados. É possível sim que Espíritos de desencarnados se desdobrem, que pensamentos enviados sejam captados porque a Mediunidade é uma antena aberta. Mas os problemas começam a surgir quando começam os diagnósticos quase sempre negativos onde em todos e em todo lugar se vê obsessão. Divulga-se, fala-se do número de obsessores que estão acompanhando ou gerando os problemas disseminando com essa inquietação terrível nas almas que já vivem apavoradas na época do medo onde se tem medo de ter medo do medo. Aí chega alguém e põe na nossa cabeça que estamos obsedados. Imagine-se agora levar uma pessoa portadora de uma alienação, que especificamente não sabemos o que é.

Achamos que é Mediunidade - e se não for? Achamos que é obsessão - e se não for? E se for uma auto-obsessão? Vamos supor que levemos a pessoa a uma sessão e que a problemática seja autêntico fenômeno de obsessão. O médium entra em transe; o obsessor incorpora e diz verdades para as quais nenhum de nós está preparado para ouvir. O doente que está fragilizado, receptivo, assimila, sai dali mais apavorado e fixa seu pensamento naqueles que o obsessor quer. Reforçados por essa idéia de que estão obsediados, pessoas podem chegar ao suicídio, exigindo imensa luta para lhes tirar a idéia dos quadros que lhe foram inadvertidamente passados.

Aos "videntes" reais ou não, recomendar-se-ia que só vejam coisas boas. Mesmo que se tivesse certeza da obsessão. Você já está bem melhor! Você já esteve pior (e é verdade porque todos nós já estivemos pior um dia). Acenemos a esperança e tenhamos cuidado com a cabeça dos outros. Departamento mental é campo muito delicado. Pessoas fixam às vezes uma palavra, uma frase e desencadeiam daí paranóia terrível. Desse modo é de bom alvitre, é prudente, é melhor que não se leve o paciente. Se temos muita certeza de que a pessoa está enferma deixemo-la em sua casa - os mentores é que fazem a conexão.

André Luiz em "Missionários da Luz" cap. II, ao estudar a epífise ou pineal e a importância dessa glândula na Mediunidade enfatiza, quando da freqüência ou presença de pessoas perturbadas a um ato tão delicado e importante, os danos que podem ocorrer a personalidade psíquica, ao campo cerebral do ser e as dificuldades para os médiuns.

O trabalho é de amor - envolvamos o paciente, deixando-o em casa, vibremos, peçamos aos Espíritos responsáveis pelos trabalhos para que tomem as providências necessárias, inclusive se for caso e se eles acharem que assim deve ser, que tragam os obsessores para o atendimento fraterno, para a conversa amiga. Disponhamo-nos a servir e aguardemos até o dia em que, como pessoa lúcida, em convalescença, ele também trabalhe na recuperação da própria saúde. Sobretudo, a precaução, nessas conversas com o encarnado será de despertá-lo para moralização, meio seguro para que se liberte da obsessão. Recordar, estudar com ele, mostrar-lhe a importância da vida moral, do pensamento ou da mudança do pensamento - por exemplo - uma pessoa que vive atormentada pelo sexo - só pensa, busca, procura, lê, conversa, assiste e pratica sexo - como ficará bom da obsessão se é já uma fixação mental? Onde entra o obsessor?

Como inimigos hábeis, não nos atacam eles nas nossas fortalezas, mas sim nas fraquezas de caráter; no caso, estimulam, sugerem aquilo que o indivíduo gosta. Recordar-se aqui, a literatura grega com o calcanhar de Aquiles, o notável conquistador de Tróia, o guerreiro tão bem vestido que não oferecia condições a que alguma arma o atingisse até que, alguém observou que ao dar o passo, fazia-se espaço mínimo entre a armadura e seu calçado expondo o calcanhar. Dirigindo para esse ponto, a flecha certeira mata Aquiles. O paralelo se faz, no sentido de lembrar que todos temos "um calcanhar de Aquiles" e os companheiros espirituais que não gostam de nós, estimulam justamente aí, nesse ponto vulnerável. Daí que a primeira preocupação do Centro Espírita, a primeira terapia para cura da obsessão é a transformação moral.

Poder-se-á dizer — mas não é fácil. Realmente não o é; se fosse fácil não haveria obsediados. Qualquer terapia na área das doenças mentais é muito complexa e requer muito cuidado, trabalhando-se com o doente para que ele se melhore não esquecendo, que mesmo que se apresente comportalmente alucinados, ele ouve, ele absorve, assimila o modo, a forma a que se falou com ele, o modo como foi tratado. Ao recobrarem a lucidez recordam o que foi feito com ele porque rarissimamente há bloqueio da consciência (quase que só nos casos autistas). Na maioria das vezes, o eu consciente está vigilante, só que não tem forças para controlar-se equilibradamente.

11 - Como entender a comunicação com Espíritos de outros planetas encarnados e desencarnados?

Allan Kardec recebeu mensagens de Espíritos que diziam habitar Marte, Júpiter, etc. descrevendo-lhes a forma de vida. Aceita-se sim em Doutrina Espírita o intercâmbio interplanetário de entidades com alto poder psíquico. O que generaliza no meio espírita é a crença de que Espíritos de outras galáxias estão vindo à Terra em corpo físico com os quais se apresentam e mantém contato.

Reflitamos que essa área exige opiniões científicas, reservando-se à Ciência que opine a respeito como ensina a própria Codificação - "à Ciência cabe a tarefa de equacionar aquilo que não podemos explicar e quando a Ciência se posicionar, o Espiritismo aceitará."

Reflitamos por ora que se a informação procede de seres do Sistema Solar é possível aceitar-se Seres de outras galáxias se materializarem e realizarem fenômenos ditos interplanetários, difícil entender ou aceitar.

Considerando-se o termo Galáxia - a Via Láctea com duzentos bilhões de sóis, portanto, de sistemas planetários onde avaliando-se dificuldades, problemas, etc., etc., etc., nenhum contato ostensivo se fez como buscar outras galáxias?

O astrofísico inglês sir James Jeans faz reflexões seguintes: considerando nossa galáxia como a roda de uma carruagem onde hipoteticamente tivéssemos colocado o sol - se partimos do ponto central com a velocidade da luz num bólido espacial chegaríamos a orla da Via Láctea daí a 25 séculos. Ainda, se considerarmos nossa Via Láctea como a dimensão de espaço físico que medeia do extremo norte da América do Norte ao extremo sul da América do Sul a Terra seria, neste espaço, a ponta de um alfinete; o sol a cabeça desse alfinete e o sistema solar teria a dimensão de pequena moeda. O homem está começando a ensaiar passos para sair agora da cabeça do alfinete para girar em torno da moedinha. Partindo do princípio, que haja sistemas muito mais velhos que o nosso (que tem apenas 2 bilhões de anos fomentando a vida) é provável que em nossa galáxia outros seres já desenvolveram tecnologia mais avançada que a nossa e venham visitar-nos. A hipótese, porém relativa a outras galáxias contradiz-se pelo absurdo.

Em parapsicologia, ensina-se que na área da telepatia se transmitem símbolos e não palavras que, quando o telepata vai transmitir a palavra maçã porque (apple, manzana) a palavra varia de país para país - ele pensa na fruta - maçã - onde o símbolo é o mesmo em qualquer país. Quando o telepata, portanto, projeta o símbolo maçã - o receptor capta o projetado e exprimir-se-á no seu vocabulário, na sua língua.

Os seres de outras galáxias possuem símbolos que nós não temos, desconhecemos, não possuímos os símbolos usados por eles impedindo parapsicologicamente a comunicação (para que haja comunicação é necessário haver o entendimento do que é falado/apresentado). Seria o mesmo que irmos a uma tribo e tentarmos projetar na mente do índio, técnicas de cibernética ou computação que ele não tem a menor idéia para entender, assimilar ou explicar.

É impossível então? Não podemos afirmar ser impossível - nossa simplicidade é que ainda nos limita.

Dizer estarem aí as naves espaciais em cujo bojo a nave-mãe traz 600 naves e os radares nada captam, a avançada ciência da astrofísica nada registra, dão origem às pseudo-ciências onde as afirmações de que são de outra galáxia e que médiuns mantém contato, medram se expandem sem convencer. Quanto a serem do nosso sistema ou ao redor de nós, apesar das dificuldades todas, com ressalvas, com cuidado e muito bom senso, até poderia se aceitar como possível.
Bibliografia constante no estudo VIII. Acresça-se:
Missionários da Luz - André Luiz, cap. II
Animismo e Espiritismo, vol. 1 e 2. A. Aksakof
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz - XXIII

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas II - Leda Marques Bighetti VIII


Perguntas II


7 - Deve-se fazer estudo da mediunidade nas sessões mediúnicas?

A finalidade da sessão mediúnica é a prática da mediunidade no intercâmbio do Amor com os companheiros desencarnados. As reuniões de estudo normais não só de Mediunidade como de Doutrina de um modo geral teriam seu dia determinado. Como antecipação da sessão mediúnica leituras evangélicas leves, que predisponham aqueles que irão participar do trabalho mediúnico ao relax que atenua o cansaço do dia e plasma na mente dos participantes e no ambiente de trabalho, as vibrações, o perfume consolador do Evangelho de Jesus.

Essa seria uma situação ideal - um dia para estudar Mediunidade, outro dia para o trabalho mediúnico. Pela impossibilidade porém, de reunir o grupo em dois dias diferentes é preferível que antes da sessão em si, se reserve um tempo para o estudo da mediunidade e após a leitura do texto evangélico, e o doar-se no trabalho de amor aos companheiros ali trazidos. (vide estudo V)

8 - O que pensar dos médiuns que se repetem ao longo do tempo em suas comunicações de natureza improdutiva? Como diferenciar o processo anímico do mediúnico e qual a correlação entre os dois?

Os médiuns que se repetem ao longo do tempo em suas comunicações de natureza improdutiva muitas vezes estão envolvidos com fenômenos animistas ou viciações da própria Mediunidade. No exercício deste, aplicar todo o bom senso e cuidados possíveis. Em "O Livro dos Médiuns" Allan Kardec esclarece que "(...) todos somos Médiuns", não querendo isto dizer que todos temos tarefas específicas nesse campo. Na área da Mediunidade há as várias funções, desde as tarefas específicas às auxiliares. Há aqueles em que a Mediunidade pode aflorar em épocas mais avançadas, para, por assim dizer, completar suas aquisições de conhecimento, aformosear sua vida espiritual, uma vez que a Mediunidade nos faculta uma ponte com o mundo transcendente e chega num momento em que abre, facilita espaço para o embelezamento dos nossos valores ético-espirituais ensejando-nos uma visão mais dilatada da vida.

O médium que durante um período se observa e vê que não realiza maiores progressos, as manifestações mais ou menos sempre as mesmas, controle essas exteriorizações e passe a colaborar com a mediunidade da caridade, com a mediunidade do socorro pela prece, com participação na área da ajuda dos que estão exercendo a vivência do amor em outras áreas. A sessão propriamente dita é resultado do grupo de indivíduos ativos e passivos. Manter-se constante atenção, investigação, na vigilância que possibilita perceber se os sintomas estão se exacerbando ou permanecem estáveis.

Há casos em que durante vinte anos o "médium" permanece sentado à mesa sem nada receber ou só evidenciam suspiros, soluços, gemidos. Colocadas ali afoitamente pelo dirigente da casa ou do trabalho, recusam-se a afastar-se, colaborando de outros modos, impedindo-se de perceber, abrir-se para outros ângulos de um mesmo trabalho.

Aqueles que se encontrem nessa característica, deixem a mesa e se coloquem a serviço do conjunto. Que na análise honesta, se aprofundem, se esforcem para o efeito mediúnico ou liberem-se dele.

Por outro lado, há na literatura espírita o caso de um médium polonês, que aos setenta e oito anos, de repente, começou a exercer a mediunidade e até os oitenta e dois anos escreveu trinta maravilhosos livros mediúnicos.

A Mediunidade tem dessas coisas, por isso é necessário bom senso. Atenção sempre, cuidado para não entrar em faixas radicais, extremas, mas ligado, analisar o que está se encandeando, acontecendo ou sucedendo.

Quanto ao Animismo, palavra criada pelo sábio russo Alexandre Aksakof, quer ela significar: fenômenos que procedem do próprio indivíduo. Explica em seus livros (Animismo e Espiritismo vol. 1 e 2) ser difícil estabelecer a fronteira onde termina o animismo e começa o fenômeno mediúnico ou vice-versa. Entretanto o médium, se estiver atento, interessado e vigilante, poderá ele próprio aquilatar numa avaliação íntima o que passou de si, de seu mundo pessoal, de seus dramas e aflições. Da mesma forma, o atendente, se também se mantiver alerta, conhecer e conviver com o médium.

Lembrar que todos temos fixações, vícios de linguagem, exteriorizamos características que nos identificam.

Quando no fenômeno mediúnico esses aspectos se fizerem ostensivos, repetitivos, exaustivos, o fenômeno é mais anímico que mediúnico. Quando os estertores, as pancadas, a forma barulhenta ou grosseira, se repetir em grande proporção o fenômeno pode ser mais anímico que mediúnico, decorrente da falta de conhecimento ou educação mediúnica do médium.

Quando no fenômeno ocorrerem idéias que não são comuns ao médium, encadeadas sem a contribuição do raciocínio, chegando as idéias prontas é mediúnico, porque não foi resultado de uma elucubração, de um trabalho da personalidade do sensitivo.

Essa é a regra, a teoria onde só o equilíbrio de cada um, a convivência do grupo ligado aos ideais maiores do servir com Jesus, o trabalho atento dos doutrinadores, do coordenador do grupo, a honestidade reinante entre todos é que irá, nas avaliações constantes que são feitas, dimensionar quando o fenômeno é anímico, quando o fenômeno é mediúnico.

9 - Como entender e lidar com o animismo?

Animismo, já vimos que é o conjunto de fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente do médium em ação.

Podem ocorrer em relação aos efeitos físicos ou efeitos intelectuais onde a própria Inteligência encarnada comanda manifestações ou delas participa, numa demonstração de que o perispírito pode desdobrar-se e atuar com seus recursos e implementos característicos, fora do corpo físico.

Seres em desenvolvimento para vida eterna, encarnados e desencarnados guardam consigo, quer no plano físico ou extra-físico as faculdades adquiridas, tem todos os meios de que já se muniu para continuar seu trabalho de aperfeiçoamento. Recordado isso fica mais fácil entender que as criaturas na Terra partilham, até certo ponto, dos sentidos que caracterizam, a criatura desencarnada e consegue muitas vezes, desenfaixar-se do corpo denso e proceder como a Inteligência desprendida do corpo físico ou ainda obedecer aos ditames dos Espíritos desencarnados como agente mais ou menos fiel de seus desejos.

É possível portanto cair a mente nos estados anormais de sentido inferior dominado por forças do passado que a imobilizam, temporariamente em atitudes estranhas ou indesejáveis levando a certos tipos de recordação segundo os compromissos cármicos a que se acham presas.

Freqüentemente companheiros nessa modalidade de provação regeneradora são encontráveis nas sessões mediúnicas, mergulhados em complexos estados emotivos, dando até impressão que personificam outras entidades, quando na realidade exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência o campo mental em que viveram noutras épocas, sob o fascínio dos desencarnados que as subjugam.

Nessas ocorrências não poderá faltar a paciência e o carinho. As vítimas desse processo não podem ser rotuladas de mistificadores inconscientes, pois representam de fato, agentes desencarnados a eles jungidos por teias fluídicas de significativa expressão. São estes Espíritos encarnados sofredores ou conturbados idênticos aos desencarnados que se manifestam a requerer esclarecimento e socorro, amparo espontâneo e auxílio fraterno onde reajustarão as ondas mentais, cuidados estes que se estenderão aos companheiros do pretérito operando reconstituição de novos caminhos.

Nesse entendimento, nas reflexões, ponderações em torno da oportunidade de tais situações, acolher os companheiros ainda hipnotizados por forças que, a distância, ainda os comandam, como reflexos condicionados que, com a ajuda devida abrem-se a total capacidade de superação.

A tarefa espírita, que para o encarnado como para o desencarnado é contribuir para aperfeiçoamento e renovação dos impulsos mentais, onde através daeducação e do amor aconteça o entendimento, o amparo, a superação, recuperando-se o companheiro à atividade livre para a sementeira de luz.
Bibliografia constante no estudo VIII. Acresça-se:
Missionários da Luz - André Luiz, cap. II
Animismo e Espiritismo, vol. 1 e 2. A. Aksakof
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz - XXIII

domingo, 10 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas I - Leda Marques Bighetti VIII

- Perguntas I

1 - Como entender a expressão "desenvolver Mediunidade?

O termo "desenvolver" significa:
aumentar
ampliar
fazer progredir
crescer, sentido que no desempenho mediúnico referencia edificar, construir, usar, torna a Mediunidade digna, elevada constituindo-se em trabalho que necessita aliar-se ao estudo, ao conhecimento, à perseverança no espaço e no tempo a fim de que a faculdade se amplie em perfeita harmonia.

Desenvolvimento mediúnico na realidade é educação; educação mediúnica, onde o médium aprende a controlar, selecionar, dirigir suas relações espirituais; ampliar, dinamizar seu potencial transformando-se no bom médium, que não precisa ser pessoa extraordinária mas apenas proceder na vida como o "homem de bem" para "domar suas más inclinações".

2 - Mediunidade depende da moral?

Não. Em si, como faculdade, mediunidade não depende do fator moral. Pessoas dignas, indignas a possuem. É faculdade orgânica como por exemplo, a vista, a eloqüência que a possuem malfeitores ou não, e que podem usá-las para o bem ou mal. Sob o ponto de vista espiritual no sentido que até então temos estudado, moral é indispensável uma vez que os campos mentais elevados serão atraídos ou oferecer-se-á sintonia a mentes boas ou melhores através das características do homem moralizado. Na busca dos fatores morais da abnegação, desinteresse, humildade, seriedade, paciência, perseverança, bondade, estudo, trabalho, etc., etc. estabelece-se essa ligação com esses Irmãos Maiores. Ainda, o homem moralizado sutiliza, por essa busca constante, seu pensamento no melhor e assim aguça as percepções mediúnicas, levando-o a maior demonstração de serviço de acordo com suas disposições individuais.

3 - Como entender a expressão "bom médium"?

Bom médium é aquele que agrega em si características essenciais a se refletirem sob várias formas. Assim: materiais - há que ser pessoa estudiosa - uma vez que o processo mediúnico acontece de pensamento a pensamento, mente a mente; quanto mais aquisições mentais em termos de vida atual (consciente) e passada (inconsciente) tiver, mais apto se coloca para compreender a idéia do Espírito, que de preferência, desses médiuns se serve, uma vez que a comunicação se torna mais fácil, do que através de um médium preguiçoso, limitado e sem conhecimento. Há que ser sério não querendo significar triste e sim o contrário de leviano. Servir-se-á da sua faculdade só para fins verdadeiramente úteis. Jamais a utilizará para futilidades, satisfazer curiosos, indiferentes ou provar o que quer que seja. Há que sermodesto, isto é, não se atribuirá mérito pelas comunicações que receba ou efeitos que cause. Não se julga a salva de mistificações e procura, pede, aceita avaliação nesse sentido em relação ao seu trabalho. Édevotado, perseverante, sabe que tem um compromisso e assim prepara-se constantemente não falta ao trabalho, é responsável. Abre mão com prazer, de alguns hábitos visando o bem do outro. É seguroembora humilde, tem certeza da natureza dos Espíritos que o assistem e assim entrega-se confiante ao trabalho. Sabe que o maior inimigo do médium está nele mesmo, assim evita o personalismo, a ambição, a rebeldia pois sabe que esses aspectos abrem ou levam a campos improdutivos. Ainda desfrutará de condições físicas livres de enfermidades ou desequilíbrio orgânico. Além desses cuidados pessoais, há que ter virtudes, isso é buscar a prática do bem, uma vez que os bons Espíritos precisam desses pontos com os quais sintonizam com o médium. Assim as qualidades propiciadoras desse campo atrativo seriam a bondade, benevolência, simplicidade de coração, amor ao próximo, desprendimento das causas materiais, etc., etc. Os defeitos que os afastariam, abrindo pelo mesmo processo campo às entidades das sombras seriam: o orgulho, egoísmo, inveja, ciúme, ódio, cupidez, sensualidade e demais sentimentos que escravizam o homem à matéria.

4 - Por que a recomendação de que as sessões mediúnicas não podem ser de portas abertas?

Seria lícito fazer funcionar um laboratório de Química diante de pessoas irresponsáveis como desconhecedoras da reações das substâncias que estão nas provetas e retortas? Seria lícito o atendimento de pessoas problematizadas diante do olhar curioso da massa? Justificar-se-ia conduzir o leigo e desinformado a uma tarefa de profundidade sem ministra-lhe o mínimo de esclarecimento?

A sessão mediúnica é atividade de grande envergadura que exige de seus membros recolhimento e concentração. Ter as portas abertas para o público em geral, segundo os postulados kardecistas é agir com leviandade e desconsideração pela qualidade do trabalho, transformando o cometimento de alta envergadura no espetáculo curioso das pessoas frívolas, porque se há de compreender que aqueles que vêm a uma sessão espírita pela primeira vez, ou sem o espírito do trabalho em si, não o fazem com unção e respeito porque nem sabem do que se trata, buscam antes o espetáculo, o miraculoso, o sobrenatural, o recado, o imediato.

Daí a necessidade do conhecer, do aprender, do entender o significado e a magnitude da experiência que vão viver, para que saibam preparar-se e conduzir-se durante seu desenvolvimento.

Antes da Codificação, quando as reuniões eram frívolas e as entidades vinham para divertimento das reuniões que se faziam com caráter social, portas eram abertas e todos participavam no ambiente de irresponsabilidade e frivolidade e até diversão. Desde que a Doutrina foi apresentada e "O Livro dos Médiuns" publicado, surgiram as técnicas e a ética de como lidar com o fenômeno. No capítulo XXIII consta que "(...) um dos maiores escolhos à prática do Espiritismo é a mediunidade por causa das obsessões", chamando atenção para as atividades com os desencarnados realizadas em ambientes frívolos com pessoas irresponsáveis ou desconhecedoras e que caminham para conseqüências obsessivas geradoras de dependências no desrespeito a essas mesmas entidades e atividades, já que não se pode pedir a pessoas que desconhecem um comportamento compatível com a grandeza da tarefa que se desenvolve.

5 - O que dizer do pensamento de alguns espíritas que acreditam que as reuniões mediúnicas devem servir para atrair pessoas ao Espiritismo?

Voltamos ao engodo. Sessão mediúnica é uma terapêutica, sua finalidade é a iluminação, não a satisfação da curiosidade ou divertimento, mesmo porque o frívolo jamais será atraído pela seriedade do cometimento, exigindo sempre mais.

Pudesse a sessão mediúnica atrair pessoas ao Espiritismo, todos aqueles que investigaram médiuns, ter-se-iam tornado espíritas, o que não se deu. Charles Richet prêmio Nobel de Fisiologia, uma das notáveis culturas do século IXX, estudou quarenta anos os médiuns e desencarnou sem acreditar na comunicação dos Espíritos. Encontrou sempre mecanismos de evasão para justificar o fenômeno, negando-o inclusive. Na sua grande obra "Metapsíquica humana", em nenhuma vez cita a palavra Espírito. Criou inclusive hipóteses absurdas como por exemplo em que nos fenômenos da materialização, os médiuns ingeriam antes metros de tule e depois por regurgitação eliminavam para fazer com que esses véus flutuassem no ar. Um cientista do talhe de Richet - esquecido dos sucos gástricos e que se esses tecidos viessem do estômago teriam que vir úmidos e com odores característicos das substâncias encarregadas da digestão. Os médiuns eram examinados em todos os seus orifícios naturais. Aplicavam-se-lhes purgativos e vomitórios para provar que eles nada traziam no organismo e nem assim Richet se tornou espírita. A sessão mediúnica não pode ser usada para atrair público.

É necessário critério nas realizações de natureza mediúnica para que não se exponha a mediunidade como espetáculo. Preparemos as pessoas para que elas possam fazer uma análise cultural, científica do fenômeno. Aquele que persegue o fenômeno raramente se torna espírita - o fenômeno pelo fenômeno cada vez exige mais - amanhã quer um acontecimento mais evidente, depois mais impactante e por fim que o absurdo porque a novidade de hoje será a monotonia de amanhã e o fato deslumbrante de agora o cansaço de mais tarde.

Lembrar ainda que a mediunidade não é objeto da Doutrina Espírita - a meta desta é criar um nova mentalidade, promover o homem, torná-lo responsável, cidadão nobre, justo, que luta contra suas imperfeições no sentido de renovando-se, desenvolver seu potencial perfectível.

6 - Como entender os grupos mediúnicos que não analisam nem avaliam os resultados dos seus trabalhos?

Que os trabalhos e os resultados estão sempre sob suspeição, porque se não houver intercâmbio honesto entre os dirigentes e os médiuns, os doutrinadores e os médiuns enfim, um diálogo franco, uma análise honesta das comunicações e da atuação dos participantes, o trabalho perde sua estrutura comportamental, os médiuns se envolvem em melindres, os doutrinadores em susceptibilidades não aprendendo a trabalhar com lealdade e sobretudo com espírito de cooperação.

Todas as tarefas necessitam comentários, avaliação inclusive na área do intercâmbio mediúnico onde o médium precisa ter a honestidade de em terminando o trabalho, colocar: — Naquela comunicação o companheiro não percebeu bem a necessidade do Espírito uma vez que ele queria dizer tal coisa e não aquilo que você supôs. O doutrinador por sua vez, também precisa desse clima aberto para dizer ao médium: — Naquela determinada comunicação houve desequilíbrio de sua parte ou na forma de falar / ou nos gestos violentos / ou no barulho feito etc., etc. E em qualquer comentário feito não se ofender uma vez que todos procuram melhor forma para trabalhar, servir de modo mais eficiente onde o amor encontre campo livre e aberto para expandir-se levando esperanças, certeza, possibilidade.

A realidade dosada com amor só pode ajudar. É necessário se faça avaliação das atividades mediúnicas e que não fiquemos inimigos dos companheiros. Seja o comentário procedente ou não, é pelo diálogo que se esclarecem as situações ficando sempre a advertência à vigilância, para que não fiquemos vaidosos, nem presunçosos, nem nos achemos donos da verdade.
Bibliografia consultada para a série:
Kardec, A. - O Livro dos Espíritos
O Livro dos Médiuns
A Gênese
Obras Póstumas
Franco, Divaldo P. - Coleção de fitas K7 - Entrevista - O Centro Espírita
Pires, J. Herculano - O Centro Espírita / Mediunidade
VERDADE E LUZ - Estudando Kardec - janeiro a agosto/1998 (bibliografia constante)
Emmanuel - Pensamento e Vida - 2 - 26
Pão Nosso - 44 - 110
Religião dos Espíritos - 59
Caminho, Verdade e Vida - 153
Consolador - 98 -99
Luiz, André - F. C. Xavier - Mecanismos da Mediunidade
Nos Domínios da Mediunidade
Miranda, H. C. - Diversidade dos Carismas - Vol. 1 e 2
Denis, Léon - No Invisível
Delanne, Gabriel - Fenômeno Espírita, O
Autores Diversos - Projeto Manoel Philomeno de Miranda - Vol. 1 - 2 e 3



quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica Leda Marques Bighetti VII - O trabalho mediúnico II

1 - Encaminhamento para o encerramento
Assim como as sessões têm hora para começar naqueles cuidados normais de:
  • chegar antes
  • manter-se em estudo
  • fechar a porta alguns instantes antes do início não permitindo a presença de estranhos
também há o momento próprio para encerrar, bem como alguns cuidados, voltados a um trabalho que na realidade, não se encerra na marcação dos ponteiros, mas prossegue diuturno dos tratamentos sempre a requerer providências, cuidados, energias, fluidos, boa vontade, amor sem barreiras.
Para isso, mais ou menos, cinco minutos antes da hora convencionada para o final, pode-se delicadamente, tocar os médiuns e eles entenderão esse sinal, como indicativo para que desconcentrem ou então, mais prático seria ligar música suave que também funcionará como aviso, fechando assim o campo psíquico antes receptivo. Nesse processo, entra todo o grupo em ritmo vibratório para os encaminhamentos que se seguirão.
Há necessidade imperiosa de respeito ao horário, que sem ser rígido, a ponto de se interromper comunicações que estão acontecendo, numa variante onde minutos a mais, podem ser perfeitamente aceitos. Por que tais cuidados?
Todo trabalho mediúnico, nesse sentido que estamos estudando é assistido pela equipe do lado de lá. Esgotado o prazo combinado eles (assim como os encarnados) têm que se retirar. Outros compromissos, tarefas inadiáveis os aguardam em outros locais frente a outras situações. Tal ausência significa que o ambiente espiritual fica desguarnecido, enfraquecido nos seus mecanismos de segurança. Espíritos turbulentos, conhecedores dessa mecânica procuram infiltrar-se, aproveitando para provocar distúrbios ou levar alguma aflição ao grupo.
Não é entretanto só por essa possível ação que se deve manter horários. Sobretudo é também respeito a um trabalho de equipe, que envolve dois planos, onde encarnados e desencarnados tem compromissos e responsabilidades outras.
Desse modo, no tempo aprazado, verificando-se que todos estão bem com as vibrações e a prece, encerra-se a parte ostensiva da reunião propriamente dita.
É hora agora da Avaliação, que é feita após cada trabalho e precisa ser útil a todos. Daí a necessidade de ser trazida às reflexões, pontos que realmente enriqueçam, esclareçam pelas lições implícitas, pelos ensinamentos contidos. É o momento de se analisar como o trabalho se desenvolveu - por exemplo - quem conversa com o Espírito, sentiu não ter conseguido encaminhar a melhor reflexão ou percebido algum detalhe. O médium, pode ter sentido que o atendente deixou passar esta ou aquela situação que seria o ponto alto para atender à necessidade do companheiro e que o teria conseguido, se dirigisse a conversa nesta ou naquela direção.
O tempo da Avaliação é para esse esclarecimento que significa fortalecimento e aprendizado para todos. O clima há que ser mantido em serenidade, interesse e contar com aparticipação de todos. Ressalte-se que não se dedica esse espaço para comentar o enredo dos dramas atendidos - reciprocamente está se procurando uma melhor forma de trabalhar, analisando desempenhos para aprendizado do todo.
E se houver algum caso muito interessante, não poderá de modo algum ser analisado no grupo?
Sem dúvida haverá situações onde se apresentam lições inusitadas. Necessitam ser colocados ao grupo para que se perceba outras reações contidas em ações aparentemente normais, com desfechos e conseqüências que fogem ao corriqueiro. Esse é o momento dos comentários, que entretanto não se configuram como usuais, não acontecem todos os dias. Seria de bom tom, que o atendente, ao se defrontar com um caso destes, antes de despedir-se do Espírito atendido, peça-lhe licença para torná-lo público ao grupo o seu caso, explicando-lhe o porque, o estudo que será feito, as lições passíveis naquela experiência o quanto poderá servir para todos. Por que isso? Basta que nos coloquemos no lugar do Espírito e teremos a resposta: será que gostaríamos de ver nossos problemas confiados a alguém, no auge do desespero e dor, ser comentado sem nosso assentimento sem entender porque?
Não esquecer ainda que ao contar esses casos, os Espíritos atendidos ainda ali permanecem ou estão sendo retirados do recinto. Seria desastroso presenciarem, ouvirem seus dramas expostos sem entender o objetivo. Repercutiria nele como leviandade, abuso de uma confiança, aproveitamento de uma situação que para ele foi significativa e que agora o confunde. Sente revolta, dissonância entre as palavras de incentivo, compreensão e amor fraterno que antes lhe foram oferecidas e a situação de comentário que agora não entende.
Em qualquer dos casos, porém, a Avaliação visa crescimento, é rápida, não polemiza ou se prolonga avançando no tempo.
2 - A sala mediúnica, o retorno ao lar - o trabalho que prossegue
ideal seria ter-se local só para ser usado para as reuniões mediúnicas. Dado ao clima que aí é mantido, Espíritos permanecem em tratamento ou repouso.
Dificilmente encontraremos essa disponibilidade de local específico. Daí porque nas salas do Centro onde habitualmente se realizam as sessões tem-se o cuidado de evitar reuniões sociais, conversas descuidadas, mantendo-se ou usando esses locais para atividades nobres, estudos, leituras, etc., nessa preocupação de manter elevado o teor vibratório do ambiente, preservando-o em favor dos desencarnados que aí permanecem, não interferindo na proteção magnética mantida pelos Amigos Espirituais.
Terminado o trabalho, rápida e silenciosamente todos colaboram para as providências usuais do restabelecimento da ordem (cadeiras no lugar - janelas fechadas - luzes apagadas - copinhos no lixo - mesa limpa - chão sem papeis enfim, tudo preparado como se imediatamente outra atividade fosse começar). Há entre os companheiros felicidade, alegria por mais uma oportunidade no Bem, no grupo que se estima, na atmosfera reconfortante em que se envolvem, entretanto, as vozes são discretas, pela consciência que se tem, de que várias e desconhecidas providências ali continuam se desenvolvendo. Ao sair, sem a formação de grupinhos na porta do Centro, retorna-se rapidamente ao lar. O trabalho, na parte espiritual prossegue e se estivermos interessados, nos dispusermos, durante o sono físico, o Espírito emancipado pode juntar-se à equipe espiritual para continuação dos trabalhos ou preparo de futuras tarefas.
No novo dia que surge, no tempo que intermedia até o próximo trabalho, vive-se nesse clima de tranqüilo cuidado.
Inúmeros Espíritos em tratamento ou em processos pessoais investigativos contam que acompanham os participantes dos trabalhos mediúnicos para testar, verificar a boa vontade, a sinceridade daqueles que o atenderam, que com ele conversaram, se praticam o que dizem. É possível que outros enfurecidos, pelo que classificam como intromissão procurem envolver, caso sejam oferecidas brechas causadas pelos impulsos da cólera, maledicência, impaciências, etc., etc.
Atenção para perceber quando algum desses sinais cruzem o mundo mental desestabilizando-o. É momento de parar, pensar, orar, mudar o padrão, a onda, a ligação. Certamente no próximo encontro cobrarão providências percebidas ou não, situação essa talvez mais significativa para eles próprios que confiando, sentem-se atraídos para o espírito de renovação e luta sentidos naquele que um dia se dispôs oferecer-lhe atenção.
Tal consciência não visa tornar o trabalhador da sessão mediúnica em alienado do contexto da vida, ser a parte em incômodas manias ou o desagradável "perfeito" incapaz de errar. Não, significa estar alerta para recompor tão logo se permita, entre ou se perceba em faixas de desequilíbrio
"Todos podem transmitir recados espirituais, doutrinar irmãos e investigar a fenomenologia, mas sejamos fiéis servidores do bem, trazendo o cérebro repleto de inspiração superior e o coração inflamado na fé viva".

Bibliografia

  • Emmanuel, Vinha de Luz - lição 24

(Jornal Verdade e Luz Nº 170 de Março de 2000)