sábado, 16 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas III - Leda Marques Bighetti VIII


Perguntas III

10 - O que dizer do comportamento dos dirigentes que levam pessoas obsediadas diretamente às reuniões mediúnicas para tratamento?


É comportamento leviano de grande desrespeito pelo doente.

Há em nosso Movimento um aspecto que, mesmo desagradando é necessário que se aborde. É que diante de qualquer patologia o aventureiro do Espiritismo vê logo uma Mediunidade para desenvolver ou uma obsessão em curso. A incidência de tal dogmatismo é chocante e generaliza-se a prejuízo do bom nome do Espiritismo.

Alguém, digamos vê seu marido/esposa/mãe ou filho desencarnar, às vezes através de um acidente, de uma tragédia. É natural acontecer aí um trauma e a pessoa pode perfeitamente entrar num estado depressivo, num abalo nervoso, na saudade intensa, no desejo de consumir-se, de morrer, de apagar-se e que pode por sua intensidade caminhar para quadro patológico. Só quem passou pode avaliar a crueza do drama. O apressado olha é diz: — É uma obsessão!

Como, com que instrumento poder-se-ia penetrar os arcanos da vida espiritual para diagnosticar com tal facilidade?

E isso continua - encontra na rua, no ponto de ônibus olha e logo diz: — Unh! você está carregado! Estou sentindo; estou todo arrepiado! e dizemos isso inadvertidamente sem nos preocuparmos com as impressões e medos que despertamos no outro, no avaliado, por nossa "sabedoria", que se caracteriza como fraude consciente que precisamos analisar.

A lembrança sobre a delicadeza da faculdade da vidência. Será que é o que estou vendo? Não será a imaginação? Meus conflitos aí se misturam? Nossa mente é dotada de tal poder que não podemos desconsiderar enganos. O Espiritismo é mais profundo no seu aspecto prático vivencial do que o intercâmbio com os desencarnados. É possível sim que Espíritos de desencarnados se desdobrem, que pensamentos enviados sejam captados porque a Mediunidade é uma antena aberta. Mas os problemas começam a surgir quando começam os diagnósticos quase sempre negativos onde em todos e em todo lugar se vê obsessão. Divulga-se, fala-se do número de obsessores que estão acompanhando ou gerando os problemas disseminando com essa inquietação terrível nas almas que já vivem apavoradas na época do medo onde se tem medo de ter medo do medo. Aí chega alguém e põe na nossa cabeça que estamos obsedados. Imagine-se agora levar uma pessoa portadora de uma alienação, que especificamente não sabemos o que é.

Achamos que é Mediunidade - e se não for? Achamos que é obsessão - e se não for? E se for uma auto-obsessão? Vamos supor que levemos a pessoa a uma sessão e que a problemática seja autêntico fenômeno de obsessão. O médium entra em transe; o obsessor incorpora e diz verdades para as quais nenhum de nós está preparado para ouvir. O doente que está fragilizado, receptivo, assimila, sai dali mais apavorado e fixa seu pensamento naqueles que o obsessor quer. Reforçados por essa idéia de que estão obsediados, pessoas podem chegar ao suicídio, exigindo imensa luta para lhes tirar a idéia dos quadros que lhe foram inadvertidamente passados.

Aos "videntes" reais ou não, recomendar-se-ia que só vejam coisas boas. Mesmo que se tivesse certeza da obsessão. Você já está bem melhor! Você já esteve pior (e é verdade porque todos nós já estivemos pior um dia). Acenemos a esperança e tenhamos cuidado com a cabeça dos outros. Departamento mental é campo muito delicado. Pessoas fixam às vezes uma palavra, uma frase e desencadeiam daí paranóia terrível. Desse modo é de bom alvitre, é prudente, é melhor que não se leve o paciente. Se temos muita certeza de que a pessoa está enferma deixemo-la em sua casa - os mentores é que fazem a conexão.

André Luiz em "Missionários da Luz" cap. II, ao estudar a epífise ou pineal e a importância dessa glândula na Mediunidade enfatiza, quando da freqüência ou presença de pessoas perturbadas a um ato tão delicado e importante, os danos que podem ocorrer a personalidade psíquica, ao campo cerebral do ser e as dificuldades para os médiuns.

O trabalho é de amor - envolvamos o paciente, deixando-o em casa, vibremos, peçamos aos Espíritos responsáveis pelos trabalhos para que tomem as providências necessárias, inclusive se for caso e se eles acharem que assim deve ser, que tragam os obsessores para o atendimento fraterno, para a conversa amiga. Disponhamo-nos a servir e aguardemos até o dia em que, como pessoa lúcida, em convalescença, ele também trabalhe na recuperação da própria saúde. Sobretudo, a precaução, nessas conversas com o encarnado será de despertá-lo para moralização, meio seguro para que se liberte da obsessão. Recordar, estudar com ele, mostrar-lhe a importância da vida moral, do pensamento ou da mudança do pensamento - por exemplo - uma pessoa que vive atormentada pelo sexo - só pensa, busca, procura, lê, conversa, assiste e pratica sexo - como ficará bom da obsessão se é já uma fixação mental? Onde entra o obsessor?

Como inimigos hábeis, não nos atacam eles nas nossas fortalezas, mas sim nas fraquezas de caráter; no caso, estimulam, sugerem aquilo que o indivíduo gosta. Recordar-se aqui, a literatura grega com o calcanhar de Aquiles, o notável conquistador de Tróia, o guerreiro tão bem vestido que não oferecia condições a que alguma arma o atingisse até que, alguém observou que ao dar o passo, fazia-se espaço mínimo entre a armadura e seu calçado expondo o calcanhar. Dirigindo para esse ponto, a flecha certeira mata Aquiles. O paralelo se faz, no sentido de lembrar que todos temos "um calcanhar de Aquiles" e os companheiros espirituais que não gostam de nós, estimulam justamente aí, nesse ponto vulnerável. Daí que a primeira preocupação do Centro Espírita, a primeira terapia para cura da obsessão é a transformação moral.

Poder-se-á dizer — mas não é fácil. Realmente não o é; se fosse fácil não haveria obsediados. Qualquer terapia na área das doenças mentais é muito complexa e requer muito cuidado, trabalhando-se com o doente para que ele se melhore não esquecendo, que mesmo que se apresente comportalmente alucinados, ele ouve, ele absorve, assimila o modo, a forma a que se falou com ele, o modo como foi tratado. Ao recobrarem a lucidez recordam o que foi feito com ele porque rarissimamente há bloqueio da consciência (quase que só nos casos autistas). Na maioria das vezes, o eu consciente está vigilante, só que não tem forças para controlar-se equilibradamente.

11 - Como entender a comunicação com Espíritos de outros planetas encarnados e desencarnados?

Allan Kardec recebeu mensagens de Espíritos que diziam habitar Marte, Júpiter, etc. descrevendo-lhes a forma de vida. Aceita-se sim em Doutrina Espírita o intercâmbio interplanetário de entidades com alto poder psíquico. O que generaliza no meio espírita é a crença de que Espíritos de outras galáxias estão vindo à Terra em corpo físico com os quais se apresentam e mantém contato.

Reflitamos que essa área exige opiniões científicas, reservando-se à Ciência que opine a respeito como ensina a própria Codificação - "à Ciência cabe a tarefa de equacionar aquilo que não podemos explicar e quando a Ciência se posicionar, o Espiritismo aceitará."

Reflitamos por ora que se a informação procede de seres do Sistema Solar é possível aceitar-se Seres de outras galáxias se materializarem e realizarem fenômenos ditos interplanetários, difícil entender ou aceitar.

Considerando-se o termo Galáxia - a Via Láctea com duzentos bilhões de sóis, portanto, de sistemas planetários onde avaliando-se dificuldades, problemas, etc., etc., etc., nenhum contato ostensivo se fez como buscar outras galáxias?

O astrofísico inglês sir James Jeans faz reflexões seguintes: considerando nossa galáxia como a roda de uma carruagem onde hipoteticamente tivéssemos colocado o sol - se partimos do ponto central com a velocidade da luz num bólido espacial chegaríamos a orla da Via Láctea daí a 25 séculos. Ainda, se considerarmos nossa Via Láctea como a dimensão de espaço físico que medeia do extremo norte da América do Norte ao extremo sul da América do Sul a Terra seria, neste espaço, a ponta de um alfinete; o sol a cabeça desse alfinete e o sistema solar teria a dimensão de pequena moeda. O homem está começando a ensaiar passos para sair agora da cabeça do alfinete para girar em torno da moedinha. Partindo do princípio, que haja sistemas muito mais velhos que o nosso (que tem apenas 2 bilhões de anos fomentando a vida) é provável que em nossa galáxia outros seres já desenvolveram tecnologia mais avançada que a nossa e venham visitar-nos. A hipótese, porém relativa a outras galáxias contradiz-se pelo absurdo.

Em parapsicologia, ensina-se que na área da telepatia se transmitem símbolos e não palavras que, quando o telepata vai transmitir a palavra maçã porque (apple, manzana) a palavra varia de país para país - ele pensa na fruta - maçã - onde o símbolo é o mesmo em qualquer país. Quando o telepata, portanto, projeta o símbolo maçã - o receptor capta o projetado e exprimir-se-á no seu vocabulário, na sua língua.

Os seres de outras galáxias possuem símbolos que nós não temos, desconhecemos, não possuímos os símbolos usados por eles impedindo parapsicologicamente a comunicação (para que haja comunicação é necessário haver o entendimento do que é falado/apresentado). Seria o mesmo que irmos a uma tribo e tentarmos projetar na mente do índio, técnicas de cibernética ou computação que ele não tem a menor idéia para entender, assimilar ou explicar.

É impossível então? Não podemos afirmar ser impossível - nossa simplicidade é que ainda nos limita.

Dizer estarem aí as naves espaciais em cujo bojo a nave-mãe traz 600 naves e os radares nada captam, a avançada ciência da astrofísica nada registra, dão origem às pseudo-ciências onde as afirmações de que são de outra galáxia e que médiuns mantém contato, medram se expandem sem convencer. Quanto a serem do nosso sistema ou ao redor de nós, apesar das dificuldades todas, com ressalvas, com cuidado e muito bom senso, até poderia se aceitar como possível.
Bibliografia constante no estudo VIII. Acresça-se:
Missionários da Luz - André Luiz, cap. II
Animismo e Espiritismo, vol. 1 e 2. A. Aksakof
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz - XXIII

Nenhum comentário:

Postar um comentário