segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica Leda Marques Bighetti V - Formação do Grupo de Trabalho

A formação de um grupo de trabalho, no caso, em mediunidade, deverá assim como os outros ter objetivos. Para que é a reunião?
  • oferecer condições à manifestação de Espíritos familiares que venham trazer mensagens mais ou menos íntimas, pessoais?
  • para observação e experimentação de natureza científica?
  • para atendimento de pronto-socorro?
  • para os chamados trabalhos de desobsessão?
  • para... etc., etc., etc..
Esse objetivo normalmente é decidido pelo grupo depois que os companheiros encarnados que vão compor a equipe já estão selecionados.
1 - Mas como se formará um grupo?
A seleção das pessoas ocorrerá sob a liderança que fará os convites e coordenará os esforços. Esse dirigente deverá dispor de certa dose de autoridade moral, sem que esta lhe confira poderes ditatoriais e arbitrários. No trabalho espírita todos são de igual importância. É imprescindível ser composto por pessoas que se harmonizem e estando interessadas num trabalho sério e contínuo não se desencoraje pelas dificuldades nem se deixe fascinar pelos pseudo-guias.
A cada bom grupo de encarnados dispostos à tarefa, corresponderá o equivalente dos desencarnados. Representará a soma de valores morais de seus componentes, e terá como ponto fraco as fraquezas que os caracteriza.
Não haverá formação de grupo quando os que se reúnem não se comunicam, não expressam seus pensamentos, não se expõem, não se conhecem, se hostilizam, onde há ciúme, prevenções entre as pessoas.
Até a discordância ideológica acentuada, acirrada (mesmo em outras áreas do pensamento) pode criar dificuldades. (Não quer dizer isto que todos devem pensar identicamente do mesmo modo, ou se transformar em indivíduos sem idéias próprias, despersonalizadas).
A franqueza, a discussão, a busca, o esclarecimento de pontos conflitados, a avaliação etc. são necessários ao crescimento do próprio grupo, desde que, não atinja os estágios da rudeza ou da imposição que fere e afasta.
Quando se aborda essa concordância ideológica, fala-se no sentido de que todos tem o mesmo ideal - os objetivos, os pensamentos são da mesma natureza (amar, servir) condição esta que deve prevalecer o tempo todo.
Um só participante que desafine poderá transformar-se em brecha por onde Espíritos em desajuste sutilmente saberão introduzir fatores de instabilidade, desarmonia, perturbação chegando até a eventual desintegração do grupo.
Esses cuidados, a manutenção de um clima harmônico servirá de base ao trabalho dos desencarnados que é de alta complexidade. A parte mais delicada, desde o cuidadoso planejamento das tarefas até sua realização no plano físico com todas as providências que isso requer, é ali que se realiza. A dignidade dos encarnados, o trabalho de cada um é decisivo para os desencarnados. Daí o grande cuidado na formação do grupo; é preferível recusar alguém que se tenha alguma dúvida séria do que mais tarde conviver com inadaptações ou afastamentos. Mesmo aqueles que são convidados, colocam claramente os porquês, os comos, a importância e necessidade do empenho pessoal e que realmente só assumam após estágio, por exemplo de três a quatro meses, tempo este suficiente para que os arroubos, os entusiasmos arrefeçam e a realidade se firme. Nessa abertura e honestidade e liberdade, os que ficarem, formam sim o grupo coeso, a equipe homogênea, confiável.
2 - Quantos componentes formarão o grupo?
difícil limitar, estabelecer números. Se, em tese, a um grupo pequeno seria mais fácil a homogeneização dos ideais, também as possibilidades seriam limitadas. É portanto relativo, havendo perfeitamente possibilidade de se ter um grupo grande e os integrantes unidos, sem personalismo, ciúme, melinderes.
O certo é que, conforme essa união vai acontecendo, a feição do trabalho vai mudando. Os desencarnados encontrando campo propício, trazem Espíritos com necessidades mais complexas e abrangentes.
3 - É necessário o estudo?
Sempre. Mesmo aqueles que já se julgam suficientemente informados e conhecedores da Doutrina Espírita, vale a pena como revisão ou atualização. Impossível um grupo onde todos conheçam tudo em profundidade. Será nessa troca que se descobrirão aspectos essenciais à tarefa e que muitas vezes passará desapercebido ao conhecimento próprio. Cuidado ainda, ou alerta ao grupo onde só dois ou três falam e os demais ficam calados - alguém está monopolizando, sufocando ou atemorizando alguém.
4 - Como fazer o estudo?
Na realidade o ideal seria que, no dia do trabalho mediúnico, após a preparação evangélica o trabalho se iniciasse. O estudo da mediunidade ficaria para outro encontro específico à este. Pela dificuldade da locomoção ou outros fatores usa-se dez ou quinze minutos para este estudo e após o texto evangélico a envolver o ambiente em clima consolador, iniciando-se após o intercâmbio. Poder-se-á fazer de outras formas? Claro, a forma será sempre adequada à realidade de cada grupo, cidade, região, etc.. O importante é que os médiuns estudem (que se dediquem ao estudo fora do trabalho em si) mas imprescindível é a preparação evangélica que envolvendo os corações na ternura consoladora do Evangelho de Jesus, toca também corações que descrêem, que nada mais esperam ou desejam. Como se desenrolaria o estudo? (mediunidade e evangélico). É importante que não se configure como leitura monótona - desde que tenha acontecido o estudo em casa, o enriquecimento se fará pela troca, pelas dúvidas, pela revisão que esclarecendo, promove a integração.
Nesse trabalho não só os encarnados se beneficiam (principalmente o Evangélico) mas também os desencarnados que ali estão e já vão sendo consolados com a esperança ou coragem que se desprende dos ensinamentos do Mestre.
Para a equipe, esse é um período muito útil: afinizam-se os membros, ajustam-se tendências, revelam-se potencialidades e até mesmo se exclui num processo de seleção natural, aqueles que não desejam se integrar num trabalho que exige participação, renúncia, dedicação, assiduidade, estudo e amor.
Os impacientes, os que não entenderam que necessitam se preparar, os que gostam de vir quando dá certo, quando podem ou não tem outra coisa para fazer, espontaneamente deixarão o grupo, prejudicando nesse afastar-se apenas a si próprios.
Talvez mais adiante, acordem e resolvam dedicar-se com mais segurança e firmeza. Tarefa como essa, não pode ser imposta, forçada. Tem que se apoiar no impulso interior, no desejo de servir, apagar-se dentro da equipe, de modo que os resultados sejam impessoais - coletivo, não creditáveis ao trabalho individual deste ou daquele.
O compromisso de um grupo mediúnico é de amor fraterno que necessita apoiar-se no perfeito entrosamento emocional de todos que se amam, respeitam, sentem gosto em trabalhar juntos.
Sem isso, como doar amor, como colocar o sentimento em ação a favor de tantas necessidades que ali serão trazidas. Sem dúvida o que garante a estabilidade do grupo mediúnico, são todos esses cuidados que refletirão o equilíbrio psíquico e emocional daqueles que o compõem.
5 - Detalhando, que cuidados seriam necessários ao dirigente do grupo?
a) O dirigente é aquele que no campo material coordena o trabalho. É o motivador que sem ser ditador deve dispor de certa autoridade moral disciplinando, harmonizando esforços, atento às necessidades que uma vez identificadas, prontamente necessitam ser trabalhadas. Necessário: conhecimento doutrinário, familiaridade com as propostas renovadoras de Jesus, autoridade moral - fé, certeza, amor, paciência, sensibilidade, tato, energia, vigilância, humildade, destemor, previdência, etc., etc., etc..
A direção terrena cabe aos encarnados e os desencarnados não interferem, desejam apenas que se assumam responsabilidades e que se mantenha clima de harmonização. O dirigente do trabalho será alguém que se mantém lúcido o tempo todo sem transe de espécie alguma.
b) Os médiuns - por não serem pessoas privilegiadas sujeitos tanto quanto qualquer um, à influenciações que podem se apresentar até de forma mais intensa pela facilidade de sintonia já estudada, espera-se, como dos demais componentes a vigilância, a renovação pessoal, usando a vida nesse trabalho contínuo consigo. A assiduidade funciona em caráter de compromisso. Para cada Espírito trazido são necessários fluidos semelhantes. Um Espírito pode ser novamente trazido. Não encontrando os fluidos que lhe são afins porque o médium para tal providência faltou fará com que os amigos espirituais alterem programação, improvisem recursos ou mesmo adiem providências que esperavam cumprir naquela oportunidade. O mesmo pode acontecer com a programação da noite que por eles montada sendo o qualificação das energias que contam dispor. Faltar portanto, só em condições justificáveis, de preferência avisando antes, assim como os períodos de viagem ou férias onde se justifica o afastamento e o tempo do retorno. antes mesmo de parecer excesso de rigorismo, é significação de entendimento, responsabilidade, educação.
c) Doutrinador no seu significado próprio - pessoa que ensina, instrui, orienta, conversa conforme o pensamento doutrinário, no caso a Doutrina Espírita. É o que atende, dialoga com os desencarnados. Lembrar que os Espíritos trazidos não estão em condições de receber aulas doutrinárias. Não estão dispostos a ouvir pregações nem aprender como estudante paciente. Sabe ou não que é Espírito, tem problema da mais variada característica, portanto, não se trata aí de um confronto de inteligências, mas do atendimento à esse problema apresentado, onde o sentimento precisa ser atingido, no zelo, no cuidado, na palavra fraterna firme, na providência enfim, que a situação requeira. O conhecimento doutrinário torna-se para esse atendente em importante base de sustentação que lhe propicia certeza de que a Doutrina Espírita dispõe de todos os informes que necessita para cuidar das manifestações que chegam precisando de quem os socorra, ouça com paciência, tolerância, respeito, informando o que precisa, intercalando ora aqui, ora ali uma reflexão evangélica se houver possibilidade. Moral do doutrinador - imprescindível, não no sentido de se apresentar como alguém que não erra, não se engana, mas como alguém em luta, que tem como legítima, a intenção do bem, que se esforça. Essa busca dá, por melhorias pessoais dignidade e valor ao homem. Os Espíritos respeitarão tal combate que procura na renovação preparar-se mais para ajudar melhor. Necessidade ainda de que o atendente não monopolize o médium; acabada a entrevista, dá lugar para que outro também trabalhe oferecendo mais ostensivamente sua preparação de amor.
6) Pode haver no grupo companheiros que não ofereçam condições mediúnicas e nem de doutrinadores/atendentes?
Pode; desde que contribuam para o clima de segurança e harmonia, mantendo-se em atitude dinâmica, construtiva, dispostos à cooperação. Esses companheiros em atitude de prece onde meditem sobre a passagem evangélica estudada, ou por exemplo, sobre um ensinamento de Jesus, uma atitude, uma parábola, formam quadros que são usados em tratamento de Espíritos que às vezes nem conseguem ainda ouvir a voz humana. Tal atitude é bem diversa, daquele que dorme ou se imiscui mentalmente nas comunicações que estão acontecendo e nesse caso cria clima de conflito, divergente às vezes da orientação que está se desenvolvendo.
Detalhes, situações aparentemente insignificantes mas que no conjunto, somam-se, personalizando um grupo que moralmente se renova para o bem infinito. Serve elevando-se, aprende a conquistar novos horizontes, aprende que amar é engrandecer-se. "Trabalhando e servindo, aprendendo e amando, a nossa vida íntima se ilumina e se aperfeiçoa, entrando gradativamente em contacto com os grandes gênios da imortalidade gloriosa."

Bibliografia:

  • Miranda, H. C. - Diálogo com as sombras
  • Miranda, H. C. - Alquimia da Mente
  • Emmanuel - Roteiro

(Jornal Verdade e Luz Nº 170 de Março de 2000)

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