quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Fim de ano

Richard Simonetti

Trinta e um de dezembro. Confraternização entre espíritas.
Falava-se do que se havia ganhado ou perdido, num balanço de fim de ano, cada qual com sua lembrança mais significativa.
– Vendi pequena propriedade; comprei outra maior.
– Realizei o sonho de meu filho: dei-lhe um automóvel zerinho.
– Foi um ano complicado. Perdi bom dinheiro num desastrado aval.
– O meu foi ótimo. Ampliei meu rebanho bovino.
– Passei por experiência terrível! Fui assaltado!

Alguém perguntou:
– E você, Chico, o que nos diz?
O médium sorriu e respondeu com a simplicidade de sempre:
– Todo dia 31 de dezembro, eu penso: Ah! Jesus amado, agradeço-te por mais um ano de trabalho, em que pude continuar no combate às minhas grandes imperfeições.

***

Certa feita, elaborei uma enquete junto a colegas de trabalho, com uma única pergunta:
O que você está fazendo na Terra?
Incrível! Quase todos, mesmo religiosos, não souberam definir com exatidão.
Espíritas que responderam não foram muito além, explicando que, na condição de habitantes de um planeta de provas e expiações, aqui estão para resgatar dívidas, a fim de se habilitarem a viver em planos mais altos habitados por espíritos sem registro nos serasas siderais.
Serasa, como sabemos, prezado leitor, é o serviço público de registro de pessoas com débitos pendentes.
Raros têm consciência de que a finalidade precípua da existência humana é a nossa evolução.
Dores, dissabores, dificuldades, lutas, doenças, males variados, que nos afligem, podem eventualmente funcionar como depuradores espirituais, em face do que fizemos de errado no passado, mas não produzem evolução.
Esta depende do esforço por superarmos nossas imperfeições, harmonizando-nos com os objetivos da existência, já que não foi por mero diletantismo que Deus nos criou.
Isso implica empenho diário de renovação, reflexão, identificação e superação de nossas mazelas...
Se a cada ano que passa cogitarmos de conquistas ou prejuízos materiais, sem nos darmos ao trabalho de avaliar o que fizemos como espíritos imortais, no terreno cultural, espiritual e moral, então, amigo leitor, estaremos marcando passo nos caminhos da evolução.
***

O Espiritismo é bastante claro ao nos ensinar que ninguém retrograda.
Não retornaremos aos estágios primários; ninguém voltará a viver nas árvores, como símios antropóides que já fomos, embora muita gente o mereça.
Mas, se caminhar para trás é impossível, imitar um poste é comum. Multidões fincam-se no terreno da inconsequência, num marca-passo evolutivo. Perdem tempo, comprometem-se na inércia.
Deus inventou a morte para dar uma sacudida nos postes, com o choque da desencarnação, a reintegrá-los na dinâmica de evolução, que pede movimento, aprimoramento, desenvolvimento de potencialidades, crescimento moral, intelectual e espiritual.
***

Antes que a morte nos imponha penosas surpresas, superemos a vocação para poste e assumamos nossos compromissos com a vida.
E que, a cada fim de ano, antes de fazermos um balanço dos eventos envolvendo o homem perecível, avaliemos as realizações do espírito imortal, dispondo-nos a repetir, com Chico Xavier, em oração:
– Ah! Jesus amado, agradeço-te por mais um ano de trabalho, em que pude continuar no combate às minhas grandes imperfeições.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SOBRE AMORES MATERNAIS Belvedere Bruno

Quando pensamos que todos os caminhos já foram percorridos e uma calmaria do tipo acomodação vai se instalar na vida, eis que surgem ciclones, maremotos, vulcões... 

A quem recorrer nessa altura da vida? Onde encontrar apoio? Fatos começam a se delinear, provando o quanto necessitamos uns dos outros. Uma palavra, um gesto de aceitação fazem com que o mundo perca a tonalidade gris e adquira tom azul. Para mim, a esperança sempre foi azul. 

Observando nossos pais envelhecerem, o que pensamos é que passarão a depender exclusivamente de nós. Esquecemos a força que eles têm, e o quanto podem se agigantar diante das necessidades de um filho.

Em tempos de tsunamis, precisei desesperadamente de ajuda. Não sabia de onde viria. Caminhava em linhas tortas e, intimamente, perguntava qual seria o rumo certo; foi quando senti que mãos firmes me tocavam, e ternos abraços me afagavam, aquietando meu ser e indicando caminhos. Era ela, minha mãe, me oferecendo colo e entoando acalantos. Era o amor falando mais alto, ultrapassando qualquer barreira imaginária.

Não fosse assim, as alegrias que agora colorem meus dias não existiriam, soterradas por pré-conceitos e indiferenças. Restaria em mim um sorriso travado pela desesperança.

Decerto, mereci o bálsamo para a minha alma, quando, de súbito, ela se viu fora de prumo. O mundo, felizmente, voltou a ter a predominância do tom azul em seu colorido.

Resolução para o Ano Novo



Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino...

Somos tangidos por fatos e problemas a exigirem a manifestação de nossa vontade em todas as circunstâncias. 

Muito embora disponhamos de recursos infinitos de escolha para assumir gesto determinado ou desenvolver certa ação, invariavelmente, estamos constrangidos a optar por um só caminho, de cada vez, para expressar os desígnios pessoais na construção do destino.

Conquanto possamos caminhar mil léguas, somente progredimos em substância avançando passo a passo.

Daí, a importância da existência terrena, temporária e limitada em muitos ângulos porém rica e promissora quanto aos ensejos que nos faculta para automatizar o bem, no campo de nós mesmos, mediante a possibilidade de sermos bons para os outros.

Decisão é necessidade permanente.

Nossa vontade não pode ser multipartida.

Idéia, verbo e atitude exprimem resoluções de nossas almas, a frutificarem bênçãos de alegria ou lições de reajuste no próprio íntimo.

Vacilação é sintoma de fraqueza moral, tanto quanto desânimo é sinal de doença.

Certeza no bem denuncia felicidade real e confiança de hoje indica serenidade futura.

Progresso é fruto de escolha.

Não há nobre desincumbência com flexibilidade de intenção.

Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino...

Se a eventualidade da sementeira é infinita, a fatalidade da colheita é inalienável.

Guardas contigo tesouros de experiências acumulados em milênios de luta que podem crescer, aqui e agora, a critério do teu alvitre.

Recorda que o berço de teu espírito fulge longe da existência terrestre.

O objetivo da perfeição é inevitável benção de Deus e a perenidade da vida constitui o prazo de nosso burilamento, entretanto, o minuto que vives é o veículo da oportunidade para a seleção de valores, obedecendo a horário certo e revelando condições próprias, no ilimitado caminho da evolução. [Decisão, E - Cap. XXIV - Item 15]

Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino...


Autor: André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Da obra: Opinião Espírita

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Perseverança

Sérgio Biagi Gregório  
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Sobre a Perseverança: 4.1. Obstáculos à Perseverança; 4.2. Construção da Perseverança; 4.3. Tenacidade e Obstinação. 5. Doutrina e Mediunidade: 5.1. O Conhecimento da Doutrina Espírita; 5.2. O Desenvolvimento Mediúnico; 5.3. A Evocação de Espíritos. 6. Aspectos Evangélicos: 6.1. Ingratidão; 6.2. Até ao Fim; 6.3. A Vida Futura. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O que se entende por perseverança? É possível distinguir a tenacidade da obstinação? Quais são os obstáculos à perseverança? O Evangelho de Jesus Cristo pode nos auxiliar? Como? Com essas questões, damos início ao nosso estudo.
2. CONCEITO
Perseverança - É a firmeza ou constância num sentimento, numa resolução, num trabalho, apesar das dificuldades e dos incômodos. É a virtude que contribui para o êxito na vida humana. Para a Teologia católica, a perseverança é uma virtude conexa com a da fortaleza; fortifica a vontade contra o temor de males iminentes e as dificuldades que provêm de um longo exercício da virtude.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A perseverança compreende a continuidade nos esforços feitos na mesma linha, sem o qual o empreendimento humano está fadado à esterilidade. Quando observamos que muitos planos não se concretizam é porque o poder de realização não correspondeu à faculdade de concepção. Conta-se que Goethe ruminou durante trinta anos a concepção do Fausto. Nesse período, a obra foi germinando, criando raízes para, finalmente, vir à luz. Assim, é forçoso que não percamos o nosso bom humor se aquilo que almejamos não está se tornando real. Para tanto, há diversas frases de consolo e estímulo: "Deus está com os que perseveram"; "Aquele que perseverar até o fim, será salvo"; "Não interessa o que se trata de levar a termo: o que importa é perseverar até o fim"; "Somos precipitados, quando dizemos que a natureza nos negou isso ou aquilo. Um pouco mais de constância, e o resultado será oposto"; "Todas as estradas da vida têm os seus espinhos. Se entrares numa delas, prossegue, porque retroceder é covardia"; "Poucas são as coisas por si próprias impossíveis; e o que freqüentemente nos falta não são os meios para obtê-las, é a constância".
4. SOBRE A PERSEVERANÇA
4.1. OBSTÁCULOS À PERSEVERANÇA
1) Rotina – É o principal obstáculo. Uma ruptura do automatismo, por insignificante que seja, abre um caminho. Liberta o pensamento e tonifica o psiquismo superior. Importa detectar os automatismos que alimentam a nossa inércia.
2) Desânimo – É a grande arma dos Espíritos das trevas, porque ela quebra a faculdade mestra, que é a chave do homem, ou seja, a vontade. A preguiça moral, o gosto da comodidade e a instabilidade do humor são outros tantos fatores do desânimo.
3) Medo da mudança – Todo o esforço desacostumado é penoso e por isso dá nascimento a uma idéia de incapacidade de avançar. Após muitos automatismos guardados em nosso subconsciente, ficamos paralisados e não nos pomos em marcha para o novo, para o que possa nos trazer algum progresso de nossa alma. (Courberive, 1960)
4.2. CONSTRUÇÃO DA PERSEVERANÇA
A verdadeira vontade não é desejo, é autodeterminação refletida.
Preferimos vegetar numa mediocridade aceita, a elevar-nos a uma situação melhor à custa de trabalhos metódicos e perseverantes. Para muitos seres humanos, a felicidade consiste na lei do menor esforço, na rotina e no torpor. Isso equivale a matar a vida interior, porque, para estar vivo, o espírito deve sempre se renovar por um trabalho contínuo.
São Domingos não revogava jamais – sem razão suficiente – uma decisão tomada diante de Deus, após muito refletir e orar.
Para que haja perseverança deve haver também a concentração, ou seja, focalizar nossa atenção sobre um único ponto e partir ao seu encalço, pois pluribus intentus, minor fit ad singula sensus: olhando muitas coisas ao mesmo tempo, prestamos menos atenção a cada uma em particular.
Mons. d’Hulst dizia: "Ao lado da perseverança que jamais tomba há aquela que se levanta sempre". Quer dizer, se mantivermos a nossa atenção voltada para os nossos próprios objetivos da vida, não faremos conta do fracasso ou do êxito, pois estaremos apenas compenetrados do dever que nos foi reservado.
4.3. TENACIDADE E OBSTINAÇÃO
A diferença entre tenacidade e obstinação é que esta última não sabe adaptar-se à realidade. Aos obstinados falta a flexibilidade, elemento de suma importância para a realização de todos os empreendimentos humanos. Um exemplo pode esclarecer este ponto. Desejamos ir, em linha reta, de A para B. No meio do caminho encontramos um muro. Os tenazes param, olham, contornam o muro e dão continuidade à sua trajetória; os obstinados batem com a cabeça no muro, pois não tiveram a flexibilidade de mudar o caminho, contornar o problema, a dificuldade. (Courberive, 1960)
5. DOUTRINA E MEDIUNIDADE
5.1. O CONHECIMENTO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O que caracteriza o estudo sério é a continuidade. Quem quiser estudar uma ciência deverá fazê-lo de maneira metódica. Ir do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido. O estudo da Doutrina Espírita deve ser feito por homens sérios, perseverantes, isentos de prevenções e animados de uma firme e sincera vontade de chegar a um resultado.
"Se quereis respostas sérias sede sérios vós mesmos, em toda a extensão do termo e mantende-vos nas condições necessárias: somente então obtereis grandes coisas. Sede, além disso, laboriosos e perseverantes em vossos estudos, para que os Espíritos superiores não vos abandonem como faz um professor com os alunos negligentes". (Kardec, 1995, Introdução, VIII)
5.2. O DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
O desenvolvimento da mediunidade é um trabalho lento e perseverante, pois no começo podem surgir problemas diversos que nos fazem desistir do intento almejado. É preciso, pois, perseverar, ser constante e aplicar. Esta admoestação é feita principalmente para aqueles que começam a freqüentar uma Casa Espírita. Nessas circunstâncias, os Espíritos menos evoluídos tentam inibir os nossos primeiros passos rumo ao nosso aperfeiçoamento espiritual. Eles nos dificultam de várias maneiras: inspiram algum parente para nos visitar – justamente na hora que estamos nos aprontando para sair, algum contratempo de trânsito, um mal-estar momentâneo etc. Aprendamos a nos desvencilhar desses empecilhos.
5.3. A EVOCAÇÃO DE ESPÍRITOS
Os Espíritos não estão sempre ao nosso dispor. Embora eles nos influenciem os pensamentos, não é a toda hora que estão dispostos a se comunicarem conosco. Eles, muitas vezes, estabelecem dia e hora para que não haja perda de tempo, nem para eles que têm muito que fazer e nem para nós que também temos os nossos compromissos com o exercício da profissão e com os deveres de cada dia. Assim, mesmo que não estejamos conseguindo uma comunicação mediúnica, devemos prosseguir, porque é a continuidade do trabalho que mostra o nosso progresso, mesmo que ainda não estejamos colhendo o que estamos buscando.
6. ASPECTOS EVANGÉLICOS
6.1. INGRATIDÃO
O evangelho adverte: "Quem comete o mal nele se torna escravo, só a verdade torna livre". Muitas vezes fazemos o bem ao nosso próximo e somos pagos com ingratidão. Quantos não são os casos de ingratidão dos filhos para com os pais. No momento que estes, já exaustos pelos labores da vida, quando mais precisavam dos cuidados especiais de seus filhos, são muitas vezes postos em cômodos frios e imundos ou em casas de repouso. Lembremo-nos de que a ingratidão é uma prova para a nossa persistência em fazer o bem. A gentileza é uma atitude que tem em si mesma a sua recompensa. Não é conveniente esperar o reconhecimento dos outros. Por isso, embora o ingrato seja egoísta, não percamos tempo em reprimi-lo, mas continuemos a nossa tarefa. Observe a vida de Jesus: trouxe-nos a doutrina do amor, salvou a muitos e a si mesmo não pode se salvar.
6.2. ATÉ AO FIM
"Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo Jesus". (Mateus, 24,13)
Esta mensagem do Espírito Emmanuel mostra que Jesus não se refere a um fim que simbolize término e, sim, à finalidade, ao alvo, ao objetivo. O evangelho será pregado aos povos para que as criaturas compreendam e alcancem os fins superiores da vida. Nesse sentido, para quebrar o casulo da condição de animalidade, os espíritos precisam perseverar. É uma árdua tarefa. É necessário apagar as falsas noções de favores gratuitos da divindade. Emmanuel lembra-nos, também, de que as portas do céu permanecem abertas. Para que nos elevemos até lá precisamos das asas do amor e da sabedoria. Muita gente se desanima e prefere estacionar, século a fio, nos labirintos da inferioridade. Contudo, os bons trabalhadores sabem perseverar. (Xavier, 1977, cap. 36)
6.3. A VIDA FUTURA
"A conseqüência da vida futura decorre da responsabilidade dos nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na distribuição da felicidade a que todos os homens aspiram, os bons e os maus não poderiam ser confundidos. Deus não pode querer que uns gozem dos bens sem trabalho e outros só o alcancem com esforço e perseverança". (Kardec, 1995, pergunta 962). Este comentário de Allan Kardec mostra que o nosso empenho em fazer o bem, apesar de todas as dificuldades terá a sua conseqüência. Por isso mesmo não é conveniente ficarmos nos comparando com outros e com aqueles que sobem e se locupletam à custa da ignorância alheia. Mais dias ou menos dias seremos cobrados pelo que fizemos.
7. CONCLUSÃO
A perseverança em nossos propósitos mais lídimos é um apanágio para a nossa alma enfermiça. Ela nos traz o sentimento do dever cumprido. Assim, em qualquer dificuldade, lembremo-nos da frase de Jesus: "Não tema, crê".
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
COUBERIVE, J. de. O Domínio de Si Mesmo. Tradução de M. Cecília de M. Duprat. 2.ed., São Paulo: Paulinas, 1960
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977

domingo, 28 de dezembro de 2014

Poder da Fé

1 – E depois que veio para onde estava a gente, chegou a ele um homem que, posto de joelhos, lhe dizia: Senhor, tem compaixão de meu filho, que é lunático e padece muito; porque muitas vezes cai no fogo, e muitas na água. E tenho-o apresentado a teus discípulos, e eles o não puderam curar. E respondendo Jesus, disse: Ó geração incrédula e perversa, até quando hei de estar convosco, até quando vos hei de sofrer? Trazei-mo cá. E Jesus o abençoou, e saiu dele o demônio, e desde àquela hora ficou o moço curado. Então se chegarão os discípulos a Jesus em particular e lhe disseram: Por que não pudemos nós lançá-lo fora? Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé. Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível. (Mateus, XVII: 14-19).

            2 – É certo que, no bom sentido, a confiança nas próprias forças torna-nos capazes de realizar coisas materiais que não podemos fazer quando duvidamos de nós mesmos. Mas, então, é somente no seu sentido moral que devemos entender estas palavras. As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, a má vontade, em uma palavra, que encontramos entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas, são outras tantas montanhas que atravancam o caminho dos que trabalham para o progresso da humanidade. A fé robusta confere a perseverança, a energia e os recursos necessários para a vitória sobre os obstáculos, tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas. A fé vacilante produz a incerteza, a hesitação, de que se aproveitam os adversários que devemos combater; ela nem sequer procura os meios de vencer, porque não crê na possibilidade de vitória.
            3 – Noutra acepção, considera-se fé a confiança que se deposita na realização de determinada coisa, a certeza de atingir um objetivo. Nesse caso, ela confere uma espécie de lucidez, que faz antever pelo pensamento os fins que se têm em vista e os meios de atingi-los, de maneira que aquele que a possui avança, por assim dizer, infalivelmente. Num e outro caso, ela pode fazer que se realizem grandes coisas
            A fé e verdadeira é sempre calma. Confere a paciência que sabe esperar, porque estando apoiada na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao fim. A fé insegura sente a sua própria fraqueza, e quando estimulada pelo interesse torna-se furiosa e acredita poder suprir a força com a violência. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança, enquanto a violência, pelo contrário, é prova de fraqueza e de falta de confiança em si mesmo.
            4 – Necessário guardar-se de confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humildade. Aquele que a possui deposita a sua confiança em Deus, mais do quem em si mesmo, pois sabe que, simples instrumento da vontade de Deus, nada pode sem Ele. E por isso que os Bons Espíritos vêm em seu auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é sempre castigado cedo ou tarde, pela decepção e os malogros que lhes são infligidos.
            5 – O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre o fluído, agente universal, modifica-lhe a qualidade e lhe dá impulso por assim dizer irresistível. Eis porque aquele que alia, a um grande poder fluídico normal, uma fé ardente, pode operar, unicamente pela sua vontade dirigida para o bem, esses estranhos fenômenos de cura e de outra natureza, que antigamente eram considerados prodígios, e que entretanto não passam de conseqüências de uma lei natural. Essa a razão porque Jesus disse aos seus apóstolos: Se não conseguistes curar, foi por causa de vossa pouca fé.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Fé Inabalável

"Allan Kardec afirmou: Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.
Acreditar em Deus, na imortalidade do Espírito, na excelência dos postulados da reencarnação e permitir-se abater quando convidado á demonstração da capacidade de resistência, é lamentável queda na leviandade ou clara demonstração de que a fé não é real... 
Permitir-se depressão porque aconteceram fenômenos desagradáveis e até mesmo desestruturadores do comportamento, significa não somente debilidade emocional que apenas tem fortaleza quando não há luta, mas também total falta de confiança em Deus. 
Quando a fé é raciocinada, estribada nas reflexões profundas em torno dos significados existenciais, tem capacidade para enfrentar os problemas e solucioná-los sem amargura nem conflito, para atender as situações penosas com tranquilidade, porque identifica em todas essas situações as oportunidades de crescimento interior para o encontro com a VERDADE. 
O conhecimento do Espiritismo liberta a consciência da culpa, o indivíduo de qualquer temor, facultando-lhe uma existência risonha com esperança e realizações edificantes pelos atos. Não apenas enseja as perspectivas ditosas do porvir, mas sobretudo ajuda a trabalhar o momento em que se vive, preparando aquele que virá". 


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Atitudes Renovadas

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Oração de Final de Ano

Senhor Deus, dono do tempo e da eternidade,
teu é o hoje e o amanhã,
o passado e o futuro.
Ao acabar mais um ano,
quero te dizer obrigado por tudo aquilo
que recebi de ti.
Obrigado pela vida e pelo amor,
pelas flores, pelo ar e pelo sol,
pela alegria e pela dor,
pelo que foi possível e pelo o que não foi.
Ofereço-te tudo o que fiz neste ano,
o trabalho que pude realizar,
as coisas que passaram pelas minhas mãos
e o que com elas pude construir.
Apresento-te as pessoas
que ao longo destes meses amei,
as amizades novas e os antigos amores.
Os que estão perto de mim
e aqueles que pude ajudar,
os com quem compartilhei a vida,
o trabalho, a dor e a alegria.
Mas também Senhor,
hoje eu quero te pedir perdão.
Perdão pelo tempo perdido,
pelo dinheiro mal gasto,
pela palavra inútil
e o amor desperdiçado.
Perdão pelas obras vazias
e pelo trabalho mal feito,
perdão por viver sem entusiasmo.
Também pela oração que aos poucos fui adiando
e que agora venho apresentar-Te
por todos os meus olvidos,
descuidos e silêncios
novamente Te peço perdão.
Nos próximos dias começaremos um ano novo.
Paro a minha vida diante do novo calendário
que ainda não se iniciou e
Te apresento estes dias que
somente Tu sabes se chegarei a vivê-los.
Hoje Te peço por mim, meus parentes e amigos,
a paz e a alegria
a fortaleza e a prudência,
a lucidez e a sabedoria.
Quero viver cada dia com otimismo e bondade,
levando a toda parte um coração
cheio de compreensão e paz.
Fecha meus ouvidos a toda falsidade
e meus lábios às palavras mentirosas,
egoístas ou que magoem.
Abre sim, o meu ser a tudo o que é bom.
Que o meu espírito seja repleto de bênçãos
para que eu as derrame por onde passar.
Senhor, a meus amigos e amigas que estão lendo esta
mensagem,
enche-os de sabedoria, paz e amor
e que nossa amizade dure para sempre
em nossos corações.
Enche-me também de bondade e alegria,
para que todas as pessoas que eu encontrar
no meu caminho, possam descobrir em mim
um pouquinho de Ti.
Dá-nos um ano feliz e
ensina-nos a repartir a felicidade.
Amém!
(desconheço a autoria)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Natal de Jesus

A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano Novo, na memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor fraterno, diante dos nossos compromissos com o Tempo.

Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios excelsos da Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos dias incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os recursos para o bem supremo.

A recordação do Mestre desperta novas vibrações no sentimento da Cristandade.

Não mais o estábulo simples, nosso próprio espírito, em cujo íntimo o Senhor deseja fazer mais luz...

Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos do idealismo evangélico 

Natural o tom festivo das nossas manifestações de confiança renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que o Natal nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal.

E o ensejo de novas relações, acordando raciocínios enregelados com as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou.

E a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas retificando atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para conosco, restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem necessárias.

È o passo definitivo para a descoberta de novas sementeiras de serviço edificante, atrav6s da visita aos irmãos mais sofredores do que n6s mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à cooperação no progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio do “amemo-nos uns aos outros”.

Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o Ano Novo à nossa vida.

O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo.

Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.

Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal.

O primeiro renova a alegria.

O segundo reforma a responsabilidade.

Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e atividade e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo de sua infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do Amor.

Não nos esqueçamos.

Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós.



Autor: Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Fonte de Paz

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório  
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Nascimento de Jesus: 4.1. A Manjedoura; 4.2. Anúncio Profético; 4.3. Uma Nova Luz. 5. A Simbologia do Natal: 5.1. Papai Noel; 5.2. O Espírito do Natal; 5.3. Numa Véspera de Natal. 6. A Mensagem do Cristo através do Espiritismo: 6.1. Um Conquistador Diferente; 6.2. O Espiritismo como Revivescência do Cristianismo; 6.3. Festa de Natal para os Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
De onde vem o termo Natal? Por que 25 de dezembro? Desde quando se comemora nesta data? Qual o espírito do Natal? Qual o significado dos presentes, das árvores e do Papai Noel? Tencionamos desenvolver este assunto analisando o nascimento de Cristo, o espírito natalício e os subsídios oferecidos pelo Espiritismo, para uma melhor interpretação da sua simbologia.
2. CONCEITO
Natal - Do latim natale significa nascimento. Dia em que se comemora o nascimento de Cristo (25 de dezembro). 
3. HISTÓRICO
As Igrejas orientais, desde o século IV, celebravam a Epifania (“aparição” ou “manifestação”), em 6 de janeiro, cujo simbolismo referia-se ao mistério da vinda ao mundo do Verbo Divino feito homem. Em Roma, desde o tempo do Imperador Aureliano (274), o dia 25 de dezembro (solstício de Inverno, no calendário Juliano) era consagrado aoNatalis Solis Invicti, festa mitríaca do “renascimento” do Sol. A Igreja romana não tardou em contrapor-lhe a festa cristã do Natale de Cristo, o verdadeiro “sol de justiça”. Esta festa pronto se estendeu por todo o Ocidente, não tardando também em ser adotada por todas as igrejas orientais. (Enciclopédia luso-Brasileira de Cultura)
O nascimento de Cristo sempre esteve envolvido em controvérsias. Para uns, seria 1.º de janeiro; para outros, 6 de janeiro, 25 de março e 20 de maio. Pelas observações dos chineses, o Natal seria em março, que foi quando um cometa, tal qual a estrela de Belém, reluziu na noite asiática no ano 5 d.C. Como data festiva, é um arranjo inventado pela Igreja e enriquecida através dos tempos pela incorporação de hábitos e costumes de várias culturas: a árvore natalina é contribuição alemã (século VIII); o Papai Noel (vulgo São Nicolau) nasceu na Turquia (século IV); os cartões de natal surgiram na Inglaterra, em meados do século XIX. (Estado de São Paulo, p. D3)
4. NASCIMENTO DE JESUS
4.1. A MANJEDOURA
Conta-se que Jesus nascera numa manjedoura, rodeado de animais. Um monge diz que isso não é verdade, pois como a casa de José era pequena para abrigar toda a sua família, o novo rebento deu-se no estábulo. Em termos simbólicos, a manjedoura revela o caráter humilde e simples daquele que seria o maior revolucionário de todos os tempos, sem que precisasse escrever uma única palavra. Os exemplos de sua simplicidade devem nortear os nossos passos nos dias que correm. De nada adianta dizermo-nos adeptos de Cristo e agirmos de modo contrário aos seus ensinamentos.
4.2. ANÚNCIO PROFÉTICO
O nascimento de Jesus fora anunciado pelos profetas da antiguidade, nos seguintes termos: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus convosco)”. Na época predita veio ao mundo o arauto, o Salvador, aquele que tiraria os “pecados” do mundo.  Os judeus, contudo, não entenderam a grande mensagem do Salvador: esperavam-no na condição de rei, de governador. Ele, porém, dizia ser rei, mas não deste mundo. Enaltecendo a continuidade desta vida, vislumbrava-nos a expectativa da vida futura, muito mais proveitosa e sem as dificuldades materiais da vida presente.  
4.3. UMA NOVA LUZ 
O nascimento de Jesus coincide com a percepção de uma nova luz para a humanidade sofredora. Os ensinamentos de Jesus devem servir para transformar não apenas um homem, mas toda a Humanidade. Numa simples visão de conjunto, observamos o que era planeta antes e no que se transformou depois de sua vinda. O Espírito Emmanuel, em Roteiro, diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21)  
5. A SIMBOLOGIA DO NATAL 
5.1. PAPAI NOEL 
Papai Noel, símbolo do Natal, é usado pelos comerciantes, a fim de incrementar as vendas dos seus produtos no final de cada ano. O espírito do natal, segundo a propaganda, está relacionado com a fartura da mesa, a quantidade de brinquedos e outros produtos que o consumidor possa ter em seu lar. À semelhança dos reflexos condicionados, estudados por Pavlov, há repetiçãointensidade e clareza dos estímulos à compra, dando-nos a entender que estamos comemorando o renascimento de Cristo. Se não prestarmos atenção, cairemos na armadilha do consumismo exacerbado, dificultando a meditação e a reflexão durante esta data tão especial para a Humanidade.  
5.2. O ESPÍRITO DO NATAL 
O espírito do Natal deve ser entendido como a revivescência dos ensinos de Cristo em cada uma de nossas ações. Não há necessidade de esperarmos o ano todo para comemorá-lo. Se em nosso dia-a-dia estivermos estendendo simpatia para com todos e distribuindo os excessos de que somos portadores, estaremos aplicando eficazmente a “Boa-Nova” trazida pelo mestre Jesus. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. A perfeição moral exige distinção entre espírito e matéria. A riqueza existe para auxiliar o homem no seu aperfeiçoamento espiritual. Se lhe dermos demasiado valor, poderemos obscurecer nossa iluminação interior. Útil se torna, assim, conscientizarmo-nos de que somos usufrutuários e não proprietários dos bens terrenos.  
5.3. NUMA VÉSPERA DE NATAL 
Conta-nos o Espírito Irmão X que Emiliano Jardim, cujas noções materialistas estragavam-lhe os pensamentos, viera a sofrer uma dor de paternidade, ao ver o seu filho arrebatado pela morte. Abatido pela dor, começa a se interessar pelo Catolicismo. Porém, repelia veemente todos os que pensavam de forma diferente a respeito do Cristo. Do Catolicismo passa para o Protestantismo, mas sem que o Mestre penetrasse no seu interior. Depois de longa luta, Emiliano sente-se insatisfeito e ingressa nos arraiais espiritistas. Emiliano, como acontece à maioria dos crentes, vislumbra a verdade dos ensinamentos de Jesus, anseia por vê-lo nos outros homens, antes de senti-lo em si mesmo.  
Com o passar do tempo, teve outros revezes. 
Numa véspera de Natal, em que o ambiente festivo lhe falava da ventura destruída do coração, Emiliano quis por termo à própria vida.  
Na hora amargurada em que o mísero se dispunha a agravar as próprias angústias, uma voz se fez ouvir no recôndito de seu espírito:
“— Emiliano, há quanto tempo eu buscava encontrar-te; mas sempre me chamavas através dos outros, sem jamais me procurar em ti mesmo! Dá-me tua dor, reclina a cabeça cansada sobre o meu coração!... Muitas vezes, o meu poder opera na fraqueza humana. Raramente meus discípulos gozam o encontro divino, fora das câmeras do sofrimento. Quase sempre é necessário que percam tudo, a fim de me acharem em si mesmos”.
Emiliano estava inebriado. E a voz continuou:
“— Volta ao esforço diário e não esqueças que estarei com os meus discípulos sinceros até ao fim dos séculos! Acaso poderias admitir que permaneço em beatitude inerte, quando meus amigos se dilaceram pela vitória de minha causa? Não posso estacionar em vãs disputas, nem nas estéreis lamentações, porque necessitamos cuidar do amoroso esclarecimento das almas. É por isso que estou, mais freqüentemente, onde estejam os corações quebrantados e os que já tenham compreendido a grandeza do espírito de serviço. Não te rebeles contra o sofrimento que purifica, aprende a deixar os bonecos a quantos ainda não puderam atravessar as fronteiras da infância. Não analises nunca, sem amar. Lembra-te de que quando criticares teu irmão, também eu sou criticado. Ainda não terminei minha obra terrestre, Emiliano! Ajuda-me, compreendendo a grandeza do seu objetivo e entendendo a fragilidade dos teus irmãos”. (Xavier, 1982, p. 40) 
6. A MENSAGEM DO CRISTO ATRAVÉS DO ESPIRITISMO 
6.1. UM CONQUISTADOR DIFERENTE 
A história está repleta de conquistadores: Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio; Nabucodonosor, arrasando Nínive e atacando Jerusalém; Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões; Napoleão Bonaparte, atacando os povos vizinhos. A maioria desses homens fizeram as suas conquistas à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exército e prisões, assassínio e tortura.
“Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro. Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; entretanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular”. (Xavier, 1978, cap. 49, p. 261) 
6.2. O ESPIRITISMO COMO REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO 
De acordo com os princípios doutrinários do Espiritismo, Jesus foi o personificador da segunda revelação da lei de deus, pois a primeira viera com Moisés, no monte Sinai, onde recebera a tábua dos Dez Mandamentos. Como Moisés misturou a lei humana com a lei divina, Jesus veio para retificar o que de errado havia, como é o caso de transformar a lei do “olho por olho” e a do “dente por dente” na lei do amor e do perdão. A sua pregação da boa nova veio ensinar ao homem a lei de causa e efeito e da justiça divina, quer seja nesta ou na outra vida, ou seja, a vida futura. Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos superiores,  deu continuidade a esta grande obra de elucidação dos caminhos da evolução. 
6.3. FESTA DE NATAL PARA OS ESPÍRITAS 
Na noite em que o mundo cristão festeja a Natividade do Menino Jesus, os espíritas devem se lembrar de comemorar o nascimento da Doutrina Espírita, entendida como a terceira revelação, um novo marco no desenvolvimento espiritual da humanidade, em que todos os problemas, todas as dúvidas, todas as dores serão explicadas à luz da razão e do bom senso. Dentro deste contexto, a lei da reencarnação é um dos princípios fundamentais para o perfeito entendimento do sofrimento e da dor. De acordo com a reencarnação ou a diversidade das vidas sucessivas, temos condições de melhor vislumbrar o nosso futuro, que nada mais é do que uma continuidade daquilo que estivermos fazendo nesta vida. Optando pela prática do bem, teremos uma vida futura feliz; escolhendo o mal, teremos que sofrer as suas conseqüências, no sentido de nos adaptarmos à lei do progresso, que é inexorável.  
7. CONCLUSÃO 
Jesus, através de seus emissários, está sempre falando conosco, no sentido de nos incentivar a amar cada vez mais o nosso próximo, independentemente de como este esteja nos tratando. Pergunta-se: que vantagem há em amarmos os que nos amam?  
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
ESTADO DE SÃO PAULO. 21/12/1996
XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.
XAVIER, F. C. Reportagens de Além-Túmulo, pelo Espírito Irmão X. 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1982.

XAVIER, F. C. Pontos e Contos, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O SENTIDO DO NATAL - para reflexão


Um homem deixou para fazer suas compras de Natal no último instante. Nas ruas o vai-e-vem da multidão apressada. Ele, entre esbarrões, comprando aqui e ali. De súbito, pula um moleque à sua frente pedindo, quase implorando para que ele comprasse duas canetas para ajudá-lo. Nervoso, ele manda o garoto sair da frente. Apressou o passo e só parou, quando percebeu que havia ganho certa distância do garoto.
Foi à loja de brinquedos e é mal atendido. A balconista, exausta e irritada, vende descortesias e ele prontamente deu o troco.
Ao voltar para casa, guiou o carro como se estivesse à frente de um exército inimigo, queixando-se sistematicamente de todos os que atravancavam o seu caminho.
Quando chegou enfim, mal-humorado, seu filho caçula recebeu-lhe com a ansiedade dos que aguardam uma notícia. A sala estava iluminada, em clima de festa. Sentindo a paz doméstica, recordou a sua vergonhosa performance naquela maratona de véspera de Natal. E observando a alegria de seu filho diante dos embrulhos coloridos, reviu arrependido a expressão tristonha da criança que tentou vender-lhe duas canetas . . .
Contou este fato a um amigo. Este, porém, disse-lhe:
- Meu amigo, você não entendeu o sentido do Natal. Esta comercialização é lamentável que, sob indução da propaganda, transforma o ato de presentear numa obrigação. Há quem se ofenda se não recebe algo dos familiares. É bom presentear, nos dá alegria. É sempre um gesto de carinho, uma manifestação de bem-querer. Mas, o ideal seria que não houvesse tempo certo para isso, tira muito a espontaneidade do gesto e a magia da dádiva. Porém, é sempre bom lembrar que nos reunimos para celebrar o nascimento de Jesus. E que Este, só renascerá, quando nos dispusermos a vivenciar integralmente sua mensagem. Portanto, amigo, vivencie o Natal amando ao próximo, fazendo aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem, porque tudo que fizermos ao menor de nossos irmãos, é ao "aniversariante" que estaremos fazendo. Este é o verdadeiro sentido do Natal. Mas lembre-se amigo, não espere o próximo Natal para consertar . . .
Envergonhado, o homem concordou com o amigo.
Muitos de nós nos comportamos como o homem da história. Por isso, na comemoração do nascimento de Jesus, que haja alegria, pois a lembrança do Cristo já é por si um estímulo espiritual a reflexões mais profundas; que se promovam festas na família, nas instituições ou nos ambientes de nossa convivência, mas que a alegria tenha um sentido mais elevado, não deixemos nos desvirtuar pelos desperdícios e pelos abusos que comprometem o corpo e o espírito. Procuremos “cristianizar” o Natal, ou seja, que as pessoas não se preocupem somente com a festa, com a comida, com os presentes, porque a festa não é do Papai Noel, é de Jesus. E quem deveria receber presentes é o aniversariante.
Então, perguntemos: “Que presente daremos à Jesus?”
Se ficarmos em dúvida, procuremos no Evangelho um pedido Dele para nós.