sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Trabalho no Mundo Espiritual

É natural que nós, trabalhadores da seara espírita, esperemos ser admitidos em alguma tarefa, depois da inexorável viagem de volta ao Mundo Espiritual. Muito justo acalentemos doces esperanças de cooperação ativa no Mundo Maior, diante dos relatos de Benfeitores, que nos mostram atividades constantes e nobres exemplos de dedicação ao Bem. Entretanto, devemos meditar profundamente sobre a qualificação exigida dos trabalhadores no Além. Aqui na Crosta, em nome da fraternidade, da tolerância, ou mesmo por pieguice, são aceitos até cooperadores com pouca noção de responsabilidade, muitos dos quais não têm coragem para abandonar de vez as tarefas, mas também não a têm para se esforçarem, no sentido de se capacitarem a fim de darem melhor conta delas.

No livro “Nosso Lar”, podemos ver algumas situações vivenciadas por André Luiz, quando se candidatou ao trabalho. Quem observa atentamente as suas experiências, verificará que não basta apenas querer participar de alguma atividade no Mundo Espiritual, pois além do conhecimento específico da tarefa em que pretenda colaborar, o Espírito deve ter uma profunda consciência da necessidade de vivenciar os ensinamentos do Evangelho, através do esforço no cultivo da humildade, da benevolência, da tolerância e da disciplina. Na obra “Os Mensageiros”, ele anota as instruções do nobre instrutor Aniceto, que lhe passa algumas noções do regulamento a ser observado por aqueles que se candidatavam a trabalhar com ele.

Aniceto, o instrutor espiritual, revela-se, ao longo da obra, Espírito que alia bondade imensa a conhecimento profundo. Trata-se de verdadeiro modelo de virtudes, entre as quais se destaca a disciplina, tanto para si, quanto para aqueles que trabalham com ele. Aqui na Terra, se chefiando alguma equipe na seara espírita, por certo encontraria forte resistência entre alguns trabalhadores, que o julgariam excessivamente exigente.

André Luiz registra, nos capítulos 2 e 3, algumas recomendações dele aos candidatos. Nos capítulos de 9 a 12, lê-se o relato de vários Espíritos que, embora bem preparados antes da encarnação, falharam no desempenho das tarefas a que se propuseram, talvez porque não tenham tido os alertamentos que temos agora!

Eis alguns tópicos dos capítulos 2 e 3:

Nosso serviço é variado e rigoroso. O departamento de trabalho, afeto à nossa responsabilidade, aceita somente os cooperadores interessados na descoberta da felicidade de servir. Comprometemo-nos, mutuamente, a calar toda espécie de reclamação. Ninguém exige expressão nominal nas obras úteis realizadas, e todos respondem por qualquer erro cometido. Achamo-nos, aqui, num curso de extinção das velhas vaidades pessoais, trazidas do mundo carnal. Dentro do mecanismo hierárquico de nossas obrigações, interessamo-nos tão somente pelo bem divino. Consideramos que toda possibilidade construtiva vem de nosso Pai e esta convicção nos auxilia a esquecer as exigências descabidas de nossa personalidade inferior.

Mais adiante, Tobias comenta a função do Centro de Mensageiros:

Este serviço é a cópia de quantos se vêm fazendo nas mais diversas cidades espirituais dos planos superiores. Preparam-se aqui numerosos companheiros para a difusão de esperanças e consolos, instruções e avisos, nos diversos setores da evolução planetária. Não me refiro tão só a emissários invisíveis. Organizamos turmas compactas de aprendizes para a reencarnação. Médiuns e doutrinadores saem daqui às centenas, anualmente. Tarefeiros do conforto espiritual encaminham-se para os círculos carnais, em quantidade considerável, habilitados pelo nosso Centro de Mensageiros.

Diante do que diz Tobias, não seria prudente examinarmos a possibilidade de termos sido preparados para alguma tarefa relacionada à difusão do Espiritismo? Não seria, por certo, a consulta a um médium o meio de nos certificarmos se temos algum compromisso firmado antes da nossa atual encarnação. Bastaria que observássemos quais as oportunidades de trabalho que nos são oferecidas, buscando na oração a lucidez necessária para nos esclarecermos, mesmo porque, as referências aos que fogem dos compromissos são preocupantes:

Saem milhares de mensageiros aptos para o serviço, mas são muito raros os que triunfam. Alguns conseguem execução parcial da tarefa, outros fracassam de todo. O serviço legítimo não é fantasia. É esforço sem o qual a obra não pode aparecer nem prevalecer.

Aqui na Terra, quantas vezes não são ouvidas reclamações quanto às exigências de um companheiro guindado à posição de dirigente de um grupo de trabalho? Ao solicitar observância de horário, assiduidade, seriedade na execução da tarefa aos companheiros, quantas vezes recebe demonstrações de desagrado, não raro via comentários descaridosos? Aniceto, se encarnado, dificilmente escaparia de ser tachado de “mandão”, ao expressar-se assim:

Esclareça ao novo candidato os nossos regulamentos e venham juntos para as instruções após o meio-dia.

André Luiz, que já assimilara as normas de trabalho, pondera:

Notei que o trabalho no Posto se desenvolvia em ambiente da mais bela camaradagem, não obstante o respeito natural às noções de hierarquia.

Diante do que acabamos de ver, ao ser-nos atribuída uma tarefa, podemos sentir-nos na posse de belíssima oportunidade de serviço no Bem, porta adentro da nossa própria individualidade. Assim, pois, animados desse entendimento de reforma íntima, aproveitemos as oportunidades que nos são concedidas, aqui na Terra, onde as exigências são menores. Se as aproveitarmos convenientemente agora, estaremos nos capacitando a integrar, desde já, equipes de trabalho no Mundo Espiritual durante o sono físico, conforme nos revela André Luiz no livro “Missionários da Luz”, capítulo 8. Integrados nas tarefas espirituais desde agora, teremos maiores chances de nelas permanecermos quando desencarnarmos. Caso contrário, teremos – na melhor das hipóteses – longo período de reeducação espiritual antes de sermos admitidos no trabalho efetivo sob a égide de Jesus.


Por José Passini

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Lição de Chico Xavier a Dirigentes de Casas Espíritas

CHICO XAVIER ABRE MÃO DE UM DONATIVO DE 22 MILHÕES DE CRUZEIROS PARA O LAR DA CARIDADE (HOSPITAL FOGO SELVAGEM) 

No dia 15 de maio 1955, Chico Xavier transferiu o donativo de 22 milhões de cruzeiros para o Lar da Caridade (Hospital do Fogo Selvagem), por generosidade de Dona Maria Auxiliadora Franco Rodrigues. Tal hospital foi construído pela amiga e incansável batalhadora Aparecida Conceição Ferreira. 
Poderia parecer estranho para alguns que Chico trabalhasse numa instituição e transferisse donativos para outra. Estas pessoas não sabiam que Chico era excelente investidor cujo objetivo não era enriquecer o grupo onde trabalhava e sim consolar e divulgar a Doutrina Espírita.
Seu talento mediúnico era também repartido, ele doava todos os direitos dos seus livros a várias editoras. Beneficiou diversas casas assistenciais com os donativos que recebia. Guiado por suas próprias ideias ou de seus mentores espirituais, a partir dessas atitudes de Chico muitos grupos espíritas nasceram.
Ele foi um investidor com visão no futuro espírita. Incentivava os grupos ao trabalho social e ao estudo da doutrina espírita por meio da Codificação.
Chico temia que houvesse um grupo materialmente poderoso dentro da Doutrina Espírita a ditar ordens. O Espiritismo não é uma religião hierárquica, portanto, não devemos formar dirigentes com objetivos autoritários. Nós espíritas não devemos obedecer por temor, mas sim, servir por amor. Um só rebanho, um só pastor... Jesus.


 

DO LIVRO: ATÉ SEMPRE, CHICO XAVIER
NENA GALVES

 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A missão da paternidade



(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec – questões 582 e 583)

A paternidade pode ser considerada como missão?
“Sem dúvidas que é uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o homem pensa, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização fraca e delicada, que o torna propício a todas as impressões. No entanto, há muitos que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a falir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”
 
Os pais são responsáveis pelo transviamento de um filho que envereda pelo caminho do mal, apesar dos cuidados que lhe dispensaram?
“Não; porém, quanto piores forem as disposições do filho, tanto mais pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho.”
 

 
Segundo o livro “Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz [...] "A paternidade e a maternidade, dignamente vividas no mundo, constituem sacerdócio dos mais altos para o Espírito reencarnado na Terra, pois através dela a regeneração e o progresso se efetuam com segurança e clareza" [...]
 

OS BRAÇOS DE MEU PAI
 
“Haverá lugar mais seguro no mundo, do que os braços de meu pai? 
Haverá abraço mais forte, presença mais certa, do que a certeza de meu pai? 
Depois de partir tantas vezes, depois de lutar tantas vezes, haverá outro lar para onde eu possa voltar, senão para a mansão do coração de meu pai? 
Haverá professor mais dedicado, médico mais experiente, conselheiro mais sábio do que este? 
Haverá olhos mais zelosos, ouvidos mais atentos, lágrimas mais sentidas, sorrisos mais serenos do que os dele? 
Existirá mais alguém no mundo que lute por mim como ele? Que se esqueça de suas necessidades pensando nas minhas? Que esteja lá, em qualquer lugar, a qualquer hora, por seu filho? 
Existirá mais alguém no mundo que renuncie a seus sonhos pessoais por mim, e que chegue até a tornar os meus sonhares os seus próprios, por muito me amar, e por muito querer me ver feliz? Existirá alguém? 
Raros são os corações como o dele. Raro como a chuva durante a estiagem. Raro como o sol nas noites eternas dos pólos terrenos.” 
 
Nossos pais são únicos. São destas almas que Deus, em sua bondade sem fim, coloca em nossas vidas, para torná-las completas. 
Nossos pais são únicos. São as estrelas que permanecem no firmamento, dando-nos a beleza e a luz da noite, sem nada exigir em troca. 
São tão valorosos, que mesmo após se tornarem invisíveis aos olhos, e serem vistos apenas em fotografias e sonhos, continuam conosco, com o amor de sempre, com o abraço seguro de todas as horas. 
É por tudo isso que preciso lhe dizer, pai, não somente hoje, mais em todas as manhãs que a vida nos proporcionar; que se meus passos são mais certos hoje, é porque souberam acompanhar os seus; que se hoje sou mais responsável, é porque minha responsabilidade se espelhou na sua; e que se hoje sonho em ser pai, é porque tive em você a maior de todas as inspirações. 
Não sabemos ao certo o tempo em que estaremos juntos, aqui, nesta jornada, mas saiba que nada me fará mais feliz no futuro do que reencontrá-lo, tantas e tantas vezes, em tantas e tantas vidas, porque jamais existirá lugar mais seguro no mundo, do que os seus braços, meu pai querido. 
Minhas preces têm em seus versos o seu nome. 
Meu espelho tem as feições que seu semblante me emprestou. 
Minha fé tem a sua certeza, a sua confiança. 
Meu coração tem as sementes das suas virtudes, e o livro da história de minha felicidade, tem em todas suas páginas, a palavra “pai”. 
 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no poema “Os braços de meu pai” – autor desconhecido.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A FUNÇÃO PSICOLÓGICA DOS SETE CHAKRAS MAIORES

"À proporção que o ser humano amadurece e os chakras se desenvolvem, cada qual representa os padrões psicológicos que envolvem a vida do indivíduo. Quase todos reagimos a experiências desagradáveis obstruindo o sentimento e detendo grande quantidade do fluxo natural de energia.

Isso influi no desenvolvimento e na maturação dos chakras, do que resulta a inibição de uma função psicológica plenamente equilibrada. Se uma criança, por exemplo, for rejeitada muitas vezes tentando dar amor a outrem, deixará provavelmente de tentá-lo, e buscará sustar os sentimentos interiores de amor, aos quais responde com atos. Para fazê-lo, terá de suspender o fluxo de energia através do chakra do coração. Quando se interrompe ou desacelera o fluxo de energia que passa por esse chakra, compromete-se-lhe o desenvolvimento. Por fim, é muito provável que de tudo isso resulte um problema de ordem física.

O mesmo processo funciona no caso de todos os chakras. Toda vez que uma pessoa obstrui uma experiência que está tendo, seja ela qual for, obstrui, por sua vez, os seus chakras, os quais se acabam desfigurando. Os chakras ficam “obstruídos”, atravancados de energia estagnada, giram irregularmente, para trás (num movimento contrário ao dos ponteiros do relógio), e até, em caso de doença, ficam severamente distorcidos ou rasgados.

Quando os chakras funcionam normalmente, cada qual está “aberto” e gira na direção dos ponteiros do relógio, a fim de metabolizar as energias necessárias do campo universal. Um giro no sentido dos ponteiros do relógio tira energia do Campo de Energia Universal (CEU) para o chakra, de maneira muito semelhante à da regra da mão direita no eletromagnetismo, segundo a qual um campo magnético mutável em tomo de um fio induzirá uma corrente naquele fio.

Segurando o fio com a mão direita, os dedos apontarão na direção do pólo magnético positivo. O polegar, automaticamente, apontará na direção da corrente induzida. Às mesmas regras funcionam no caso dos chakras. Se você mantiver a mão direita sobre um chakra, de maneira que os dedos se enrolem no sentido dos ponteiros do relógio em torno da borda exterior do chakra, seu polegar apontará para o corpo e na direção da “corrente”. Assim classificamos o chakra de “aberto” às energias que entram. Ao contrário, se você enrolar os dedos da mão direita na direção contrária à dos ponteiros do relógio em tomo do chakra, o polegar apontará para fora, na direção do fluxo da corrente. Quando o chakra gira num movimento contrário ao dos ponteiros do relógio, a corrente flui para fora do corpo e, desse modo, interfere no metabolismo. Em outras palavras, as energias necessárias, e que experimentamos como realidade psicológica, não fluem para o chakra quando este gira no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Nessas condições, classificamos o chakra de “fechado” às energias que entram.

A maioria das pessoas que tenho observado tem três ou quatro chakras que giram na direção contrária à dos ponteiros do relógio em qualquer tempo. De ordinário, eles se abrem cada vez mais em decorrência da terapêutica. Como os chakras não são apenas metabolizadores de energia, mas também dispositivos que sentem a energia, servem para falar-nos sobre o mundo que nos rodeia. Se “fecharmos” os chakras, não permitiremos que entre a informação.Dessarte, quando fazemos nossos chakras fluírem no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio, lançamos nossas energias para fora, para o mundo, sentimos o que é a energia que lançamos para fora e dizemos que é o mundo. Em psicologia, dá-se a isso o nome de projeção.

A realidade imaginada que projetamos sobre o mundo relaciona-se com a “imagem” do que supúnhamos fosse o mundo através das nossas experiências infantis e através da mente da criança que éramos então. Como cada chakra está relacionado com uma função psicológica especifica, o que projetamos através de cada um deles estará dentro da área geral em que cada qual funciona e será muito pessoal para nós, porque a experiência de vida de toda pessoa é única. Assim, medindo o estado dos chakras, podemos determinar nossas atuais questões de vida a longo prazo.
John Pierrakos e eu relacionamos a disfunção de cada chakra com um distúrbio psicológico.

Qualquer perturbação no chakra, medida pelas técnicas rabdománticas, mostra uma disfunção nessa área de relacionamento psicológico . Desse modo, medindo o estado dos chakras, habilitamo-nos a diagnosticar as necessidades psicológicas do cliente. Também trabalho diretamente com os chakras no intuito de levar a cabo uma mudança psicológica. Inversamente, descobrimos que os padrões psicológicos descritos pelos terapeutas estão ligados ao campo de energia humana em localizações, formas e cores predizíveis.
A Figura mostra a localização dos sete centros principais de energia dos chakras utilizados para diagnosticar estados psicológicos. Eles estão divididos em centros mentais, centros de vontade e centros de sentimento. Para a saúde psicológica, é preciso que os três tipos de chakras, a saber, da razão, da vontade e da emoção, estejam equilibrados e abertos. Os três chakras da área da cabeça e da garganta governam a razão; os que se localizam na frente do corpo governam as emoções, seus equivalentes nas costas governam a vontade. A Figura 9-1 dá uma tabela dos principais chakras e da sua função psicológica.

Observemos as áreas gerais de funcionamento psicológico de cada chakra. O primeiro chakra, o centro coccigiano (1), relaciona-se com a quantidade de energia física e com a vontade de viver na realidade física. Quando a força vital funciona plenamente através desse centro, a pessoa tem muita vontade de viver na realidade física. Quando a força vital funciona na sua plenitude, por meio dos três chakras inferiores, combinada com um fluxo pujante pelas pernas abaixo, vem com ela uma clara e direta afirmação de potência física. O cóccix atua como bomba de energia sobre o nível etérico, ajudando a dirigir o fluxo de energia pela espinha, de baixo para cima.
A afirmação de potência física, combinada com a vontade de viver, dá ao indivíduo uma “presença” de força e vitalidade. Ele afirma: “Estou aqui agora” e, com efeito, se acha bem fundamentado na realidade física. A “presença” da força e da vitalidade emana dele em forma de energia vital. Ele age amiúde como gerador, ativando os que o rodeiam, recarregando-lhes os sistemas de energia. Possui uma forte vontade de viver.


Quando se obstrui ou fecha o centro coccigiano, bloqueia-se a maior parte da vitalidade física da força vital, e a pessoa não produz uma impressão vigorosa no mundo físico. Ela não está “aqui”. Evitará a atividade física, estará por baixo em matéria de energia e poderá até ser “enfermiça”. Faltar-lhe-á força física.

O centro púbico (chakra 2.4) relaciona-se com a qualidade do amor ao sexo oposto que a pessoa é capaz de sentir. Estando aberto, facilita a concessão e o recebimento do prazer sexual e físico. Se este centro estiver aberto, a pessoa apreciará o ato sexual e, provavelmente, será orgástica. O orgasmo pleno do corpo, todavia, exige que todos os centros estejam abertos.
O centro sacro (chakra 2B) relaciona-se com a quantidade de energia sexual da pessoa. Com o centro aberto, esta sente a sua força sexual. Se ela obstruir o chakra, a força e a potência sexual que tiver, sejam elas quais forem, serão fracas e decepcionantes. Não terá provavelmente muito impulso sexual, tenderá a evitar o ato sexual, negando-lhe a importância e o prazer que proporciona, do que resultará a subnutrição dessa área. Como o orgasmo banha o corpo de energia vital, o corpo deixará de ser alimentado dessa maneira, e não receberá a nutrição psicológica da comunhão e do contato corporal com outrem.Relação entre os chakras 2.4 e 2B. Os atos sacros como parceiros do chakra púbico. Nos dois pontos em que o centro frontal e o centro dorsal se juntam, no coração do chakra, na espinha, a força vital manifesta o seu segundo impulso e propósito físico mais poderoso — o do desejo de união sexual. Essa força poderosa rompe as barreiras auto-impostas entre duas pessoas e as deixa mais próximas uma da outra.

Desse modo, a sexualidade da pessoa está ligada à sua força vital. (Isso é verdade, naturalmente, em relação a todos os centros: qualquer um deles que seja obstruído também obstrui a força vital na área relacionada.) Como a área pélvica do corpo é a fonte da vitalidade, qualquer centro obstruído nessa área reduz a vitalidade física e sexual. Para a grande maioria da humanidade, a energia sexual atravessa esses dois chakras sexuais e os carrega e descarrega no orgasmo, num movimento que revitaliza e limpa o corpo com um banho de energia, livrando o sistema do corpo da energia bloqueada, dos produtos de refugo e da tensão profunda. O orgasmo sexual é importante para o bem-estar físico.

O mútuo abandono na comunhão profunda, através do dar e do receber no ato sexual, é um dos modos principais que a humanidade tem de liberar a “separabilidade” do ego e experimentar a unidade. Pondo de parte o amor e o respeito a singularidade do parceiro, esta é uma experiência sagrada que coroa os profundos impulsos evolutivos primordiais no nível físico e os profundos anseios espirituais de união com a Divindade. É o casamento entre os aspectos espirituais e físicos de dois seres humanos.

Para os que já atingiram essa comunhão e passaram a outras fases ao longo do caminho espiritual, algumas disciplinas espirituais, como o ioga de Kundalini e a tradição tântrica, afirmam que essa descarga já não é necessária ao bem-estar da pessoa. (A maioria dos seres humanos não figura nessa categoria.) Muitas práticas espirituais utilizam a meditação para conter, transformar e redirigir a energia sexual ao longo de diferentes canais de energia, movendo-a ao longo da corrente de força vertical pela espinha acima para ser transformada em energia vibratória mais elevada, empregada na construção dos corpos de energia espiritual superior. Essa prática, muito poderosa e potencialmente perigosa, precisa ser feita sob orientação capaz. Em seu livro Kundalini, Gopi Krishna fala na transformação, dessa maneira, da sua semente física, o esperma, em energia espiritual, ou Kundalini. Muitas práticas espirituais advogam a retenção do esperma, ou semente espiritual, para transformação.

Obstruções nos chakras 2.4 e 2B. A obstrução do centro púbico pode resultar na impossibilidade de alcançar o orgasmo, na mulher que é incapaz de se abrir e de receber alimentação sexual do companheiro. Ela provavelmente não conseguirá fazer conexão com a vagina e talvez não goze a penetração, mostrando-se mais inclinada à estimulação do clitóris do que à penetração. Poderá também querer ser sempre o parceiro agressivo no ato sexual, isto é, ficar por cima e iniciar a maioria dos movimentos. A distorção aqui cifra-se em que ela precisa estar sempre no controle. Num estado saudável, ela desejaria ser ativa às vezes e receptiva em outras ocasiões mas, nesse caso, teme inconscientemente os poderes do parceiro. Com desvelo, paciência, carinho e aceitação do companheiro, ela poderá, aos poucos, abrir o chakra púbico para receber e desfrutar a penetração. É preciso também que investigue os sentimentos mais profundos de medo e recusa do parceiro, que acompanham esta sua condição, para encontrar as imagens de onde vêm os sentimentos acima descritos. Não estou querendo dizer que a mulher não deve ser agressiva no ato sexual. Estou me referindo apenas a um tipo de desequilíbrio no dar e no receber.

Uma grave obstrução do chakra púbico, no homem, geralmente é acompanhada de orgasmo precoce ou de incapacidade de ereção. O homem tem medo, em algum nível profundo, de entregar toda a sua força sexual e, por isso, a retém. O fluxo de energia amiúde é interrompido, atravancado ou redirigido para as costas, para fora do chakra sacro, de modo que ele emite a energia, no orgasmo, pelo segundo chakra dorsal, em vez de emiti-la pelo pênis. Essa experiência, às vezes dolorosa, resulta numa aversão ao orgasmo e numa evitação do ato sexual, o que precipita dificuldades em outros níveis com a companheira, como acontece com a mulher não-orgástica. Está visto que, muitas vezes, por meio da lei segundo a qual “o semelhante atrai o semelhante”, essas pessoas se encontram e partilham do problema mútuo. Num número demasiado de vezes, a “pseudo” solução tem sido pôr a culpa no parceiro e sair à procura de outro, o que apenas perpetua a situação, até que o “dono” do problema se reconheça finalmente como tal. Nesse ponto, pode começar o trabalho de desenterrar as imagens ou crenças que foram a origem de tudo.

É uma bênção, nesses casos, ter um parceiro que aceita, compreensivo e vigorosamente empenhado, ajudar. Se as duas pessoas, em lugar de se recriminarem mutuamente, admitirem a dificuldade, poderão concentrar-se em dar amor, compreensão e apoio um ao outro e, assim, desenvolver uma nova forma de mutualidade. Esse tipo de crescimento demanda tempo e paciência. Demanda a concessão verdadeira, sem exigir que os seus desejos sejam satisfeitos pela outra pessoa. E, à medida que a confiança e o respeito mútuos crescem, a partir da renúncia às recriminações e da outorga do amor, a sexualidade costuma abrir-se e crescer, numa troca nutritiva. Não é incomum estar fechado um desses centros quando o outro está aberto. Muitas vezes é precisamente assim que os pares de chakras (dianteiro/traseiro) funcionam nas pessoas. O funcionamento será exagerado num deles e reduzido no outro, porque a pessoa não tolera a força de ter ambos os aspectos de um chakra funcionando ao mesmo tempo. Para alguns, por exemplo, é muito difícil sentir uma tremenda força sexual e estar, ao mesmo tempo, muito aberto para dar e receber no ato do amor. A força sexual transmuda-se não raro em fantasia, em vez de permitir que o momento se expanda pela imersão do eu nas profundezas e mistérios pessoais do parceiro ou parceira. Os seres humanos, infinitamente belos e maravilhas complexas, raro permitem a si mesmos vagar desinibidos por essa beleza e maravilha. Os problemas psicológicos que acompanham o desequilíbrio nos chakras 2A e 2B acarretam circunstâncias de vida insatisfatórias.

Por exemplo, quando o centro dorsal é forte numa direção idêntica à dos ponteiros do relógio, a pessoa terá um forte impulso sexual e, provavelmente, uma grande demanda de relações sexuais. O problema está em que a grande quantidade de energia e impulso sexuais não é acompanhada da capacidade de dar e receber sexualmente. Dessa maneira, será muito difícil satisfazer a um impulso forte. Se o centro dorsal estiver forte numa direção contrária à dos ponteiros do relógio, o mesmo será verdade; o impulso, entretanto, também provavelmente será acompanhado de imagens negativas, talvez até de fantasias sexuais violentas. É evidente que isso tornará o impulso ainda mais difícil de satisfazer, e o dono de uma configuração dessa natureza terá de empenhar-se em muita sublimação a fim de evitar totalmente a questão, por envergonhar-se desses sentimentos íntimos. Por outro lado, a pessoa pode ter muitos parceiros sexuais e, nesse caso, perder a possibilidade de uma comunhão profunda entre duas almas no ato sexual. A pessoa pode romper compromissos sexuais ou ser incapaz de assumi-los.

O plexo solar (chakra 3.4) está associado ao grande prazer que deriva do profundo conhecimento do nosso lugar único e ligado dentro do universo. Uma pessoa que tenha aberto o chakra 3A pode erguer os olhos para o céu estrelado, à noite, e sentir que lhe pertence. Está firmemente assentada no seu lugar dentro do universo. E o centro do seu aspecto único de expressão do universo manifesto e disso lhe advém sabedoria espiritual.

Se bem que o chakra do plexo solar seja mental, seu funcionamento saudável está diretamente vinculado à vida emocional do individuo. Isso é verdade porque a mente ou os processos mentais servem de reguladores da vida emocional. A compreensão mental das emoções as coloca numa estrutura de ordem e define de maneira aceitável a realidade.

Se estiver aberto e funcionar harmoniosamente, o centro terá uma vida emocional profundamente satisfatória, que não o esmagará. Quando, porém, estiver aberto, mas a membrana protetora estendida sobre ele estiver rasgada, terá grandes extremos não controlados de emoções. Poderá sofrer a influência de fontes exteriores, procedentes do astral, que talvez o confundam. Poderá perder-se no universo e nas estrelas. Acabará sentindo dores físicas na área, em virtude de um uso exagerado desse chakra, e poderá acabar padecendo de uma moléstia, como o esgotamento ad-renal.
Se estiver fechado, esse centro lhe obstruirá os sentimentos, não lhe permitindo talvez sentir coisa alguma. Ele não se dará conta do significado mais profundo das emoções, que empresta outra dimensão à existência. Poderá não estar ligado à própria unicidade dentro do universo e ao seu propósito maior.

Muitas vezes esse centro funciona como obstáculo entre o coração e a sexualidade. Se ambos estiverem abertos e o plexo solar obstruído, os dois funcionarão separadamente; isto é, o sexo não estará profundamente ligado ao amor, e vice-versa. Os dois se ligam muito bem quando um deles dá tento de sua existência firmemente enraizada no universo físico e da longa linha histórica de seres humanos que serviram para criar o veículo físico que a pessoa possui agora. Nunca devemos subestimar o quão profundamente físico é o ser que cada um de nós representa.
O centro do plexo solar é muito importante no que diz respeito ao relacionamento humano. Quando uma criança nasce, subsiste um umbigo etérico entre mãe e filho. Esses cordões representam um relacionamento humano. Toda vez que uma pessoa estabelece relação com outro ser humano, crescem cordões entre os dois chakras 3A. Quanto mais fortes forem as associações entre as duas pessoas, tanto mais fortes e mais numerosos serão os cordões. Nos casos em que a relação está terminando, os cordões vão-se desligando devagar.

Também se desenvolvem cordões entre outros chakras de pessoas relacionadas umas com as outras, mas os cordões do terceiro chakra parecem uma reencenação do relacionamento entre o filho e a mãe, e são muito importantes em termos de análise transacional no processo terapêutico. A análise transacional é um método de determinar a natureza da sua interação com outras pessoas. Você interage com elas como uma criança interagiria com um dos pais (filho/pai)? Ou interage como se elas fossem a criança e você o adulto (adulto/criança)? Ou age como adulto? Esse tipo de análise revela muita coisa acerca de suas reações pessoais diante de outras pessoas. A natureza dos cordões do chakra, que você constrói na sua primeira família, será repetida nas relações seguintes, que você construir depois. Quando você é criança, os cordões filho/mãe representam exatamente isso, a relação entre o filho e a mãe. Quando adulto, você, muito provavelmente, cria cordões dependentes filho/mãe entre você e seu companheiro ou companheira. À proporção que se movimenta pela vida e amadurece, você transforma gradativamente os cordões filho/mãe em cordões adulto/adulto.

O centro diafragmático (chakra 3B), localizado atrás do plexo solar, está associado à nossa intenção no tocante à saúde física. Se alguém tiver muito amor à saúde dirigido ao próprio corpo, e intentar mantê-lo saudável, esse centro estará aberto. Também conhecido como Centro da Cura, associa-se à cura espiritual. Diz-se que em alguns curadores o mesmo centro, muito grande e desenvolvido é também um centro da vontade, como o localizado entre as omoplatas, e menor, por via de regra, do que os outros centros da vontade, a não ser em pessoas com capacidades curativas. Esse centro, associado ao centro do plexo solar na parte dianteira do corpo, estará habitualmente aberto se o centro do plexo solar estiver aberto. Se uma pessoa tiver o plexo solar aberto e, por conseguinte, estiver coerente ao seu lugar no universo, admitindo-se que ele se ajuste tão perfeitamente quanto cada haste de relva e os “lírios do campo”, a auto-aceitação dessa pessoa se manifestará, no nível físico, como saúde física. A saúde total — mental, emocional e espiritual — exige que todos os centros estejam abertos e equilibrados.

O leitor verá, à medida que passarmos pelas descrições dos chakras, que os aspectos frontais e dorsais de cada um funcionam juntos como um par, e que o equilíbrio entre eles é mais importante do que tentar escancarar apenas um.

O chakra do coração (chakra 4.4) é o centro por cujo intermédio amamos. Através dele flui a energia do nexo com toda a vida. Quanto mais aberto estiver esse centro, tanto maior será a nossa capacidade de amar um círculo de vida cada vez mais amplo. Quando o centro funciona, nós nos amamos, amamos nossos filhos, nossos companheiros, nossas famílias, nossos animais de estimação, nossos amigos, nossos vizinhos, nossos conterrâneos, nossos semelhantes e todas as criaturas da terra.

Através desse centro, ligamos cordões aos centros do coração das pessoas com as quais temos uma relação de amor. Isso inclui filhos e pais, assim como amantes e cônjuges. Vocês, provavelmente, já ouviram a expressão “cordões do coração”, referente a esses cordões. Os sentimentos de amor que fluem através do chakra muitas vezes nos trazem lágrimas aos olhos. Depois de experimentarmos esse estado aberto de desejo, compreendemos quanta falta nos fez antes e choramos. Quando o chakra está aberto, a pessoa pode ver todo o individuo dentro do seu semelhante. Pode ver a unicidade, a beleza e a luz interiores em cada individuo, bem como os seus aspectos negativos ou subdesenvolvidos. No estado negativo (fechado), a pessoa tem dificuldade em amar — amar no sentido de dar amor sem nada esperar de volta.

O chakra do coração é o mais importante dos que se utilizam no processo curativo. Todas as energias metabolizadas através dos chakras sobem pela corrente de força vertical, atravessando as raízes dos chakras e entram no chakra do coração antes de saírem das mãos ou dos olhos do curador. No processo de cura, o coração transforma as energias do plano da terra em energias espirituais e as energias do plano espiritual em energias do plano da terra para serem usadas pelo paciente. Isto será mais desenvolvido no capitulo sobre a cura.

No meio do caminho entre as omoplatas, o chakra 4B se associa à vontade do ego, ou vontade externa. o centro a partir do qual agimos no mundo físico. Saímos em pós daquilo que desejamos.
Se o centro girar no sentido horário, tomaremos uma atitude positiva no tocante à realização de coisas na vida e veremos outras pessoas como sustentáculos das realizações. Teremos experiências para sustentar essa opinião porque as vivemos. Experimentaremos a concordância entre a nossa vontade e a vontade divina. Veremos a vontade dos nossos amigos em harmonia com a nossa. Se você quiser, por exemplo, escrever um livro, imaginará seus amigos ajudando-o e imaginará o livro sendo aceito pelos editores com palavras como estas: “Sim, é exatamente o que estávamos procurando.”

Por outro lado, se o centro estiver girando em sentido anti-horário, o oposto será verdadeiro. Suporemos erroneamente que a vontade de Deus e a de outras pessoas se opõem à nossa. As pessoas parecerão estorvos em nossa caminhada para obter o que desejamos ou em nosso afã de realizar alguma coisa. Teremos de passar pelo meio ou por cima delas para conseguir o que desejamos, em lugar de vê-las como se nos estivessem ajudando. Acreditaremos em declarações como: “minha vontade se sobrepõe a sua e minha vontade se sobrepõe à de Deus”. Aqui estão envolvidas crenças arraigadas em relação ao modo com que o universo funciona.

Uma imagem do universo como sitio basicamente hostil, onde os agressores fortes sobrevivem, às vezes se reduz a: “se eu não conseguir o que quero, é sinal de que minha sobrevivência final está em jogo”. A pessoa funciona por controle e procura tornar o seu mundo seguro controlando os outros. A solução, para ela, consiste em compreender o modo com que cria um ambiente hostil através da sua agressão e, em seguida, arriscar-se a deixar que tudo vá como vai e verificar se a sobrevivência é possível sem controle. A assunção desse risco conduzirá finalmente a experiências de um universo benigno, abundante e seguro, em que a existência da pessoa é apoiada pelo todo.

Em outro caso, o centro pode ser superativo. Pode ter dimensões muito amplas no sentido horário acompanhado de um pequeno chakra do coração na mesma direção ou na direção contrária. Nesse caso, a vontade da pessoa não é particularmente negativa; é tão-somente usada para cumprir a função que o centro do coração cumpriria. Em lugar de ser capaz de deixar correr, de confiar e amar, isto é, em vez de mandar mais energia pelo chakra do coração (4A), a pessoa a compensa com a sua vontade. Deixa correr mais energia através do aspecto dorsal do chakra 4 entre as omoplatas. E pode estar dizendo veladamente: “Quero seguir o meu caminho sem precisar pensar na sua humanidade.” Essa pessoa funciona mais pela vontade do que pelo amor, ou pelo poder sobre o intimo mais do que pelo poder proveniente do intimo. E a distorção em virtude da qual “possuiríamos” o nosso parceiro, ou parceira, em lugar de sermos seus iguais.

O chakra da garganta (SÃ), localizado na frente da garganta, associa-se à tomada de responsabilidade pelas nossas necessidades pessoais. O recém-nascido elevado ao peito, mas precisa sugar antes de conseguir a nutrição. O mesmo princípio vigora pelo resto da vida. À proporção que a pessoa amadurece, a satisfação das suas necessidades repousa cada vez mais sobre si mesma. Alcança-se a maturidade e esse chakra funciona apropriadamente quando deixamos de censurar os outros pelas nossas falhas e nos aventuramos a criar o de que precisamos e o que desejamos.

O centro mostra também o estado da pessoa no respeitante ao recebimento do que quer que lhe esteja destinado. Se o centro for medido como se fosse contrário ao sentido horário, a pessoa não receberá o que lhe é dado.
Isto se associa, em primeiro lugar, a uma imagem do que lhe está destinado. Ou seja, se a pessoa enxerga o mundo como um lugar negativo, geralmente hostil, será cautelosa e alimentará expectativas negativas a respeito do que a aguarda. Poderá esperar mais hostilidade, violência ou humilhação do que amor e nutrição. Como ela constrói um campo de força negativa com suas expectativas negativas, atrairá para si uma alimentação negativa. Vale dizer, se ela tiver expectativas de violência, terá violência dentro em si mesma e, portanto, a atrairá, consoante a lei segundo a qual o semelhante atrai o semelhante, como ficou explicado no Capitulo 6 sobre a natureza do Campo da Energia Universal.

À medida que a pessoa abre o centro da garganta, atrai, pouco a pouco, mais alimentação até poder receber tanta que será capaz de manter o centro da garganta aberto na maior parte do tempo. Nesse ínterim, pode atrair uma alimentação negativa logo após a abertura do centro, por acreditar que é isso o que lhe está reservado. Depois que tiver passado por essa experiência, e se tiver ligado à causa original dentro em si mesma e houver reencontrado a confiança interior, reabrirá o centro da garganta. O processo de abrir e fechar continuará até que todas as concepções errôneas sobre receber ou deixar entrar se transformem em confiança num universo benigno e alimentador.

O aspecto de assimilação que ocorre no verso do quinto chakra (SB), ao qual às vezes se dd o nome de centro profissional, está associado ao sentido do eu da pessoa dentro da sociedade, da profissão e entre os iguais. Se uma pessoa não se sentir à vontade nessa área da sua vida, o desconforto poderá ser coberto pelo orgulho, que compensa a falta de respeito próprio.
O centro localizado na parte posterior do pescoço estará geralmente aberto se a pessoa for bem-sucedida e bem-ajustada ao trabalho e satisfeita com esse trabalho como a sua tarefa na vida. Se ela tiver escolhido uma profissão ao mesmo tempo estimulante e satisfatória e estiver dando o melhor de si no trabalho, este centro estará em pleno florescimento. A pessoa será profissionalmente bem-sucedida e estará recebendo apoio para alimentar-se do universo. A não ser esse o caso, ela se absterá de dar o que tem de melhor. Será mal-sucedida e disfarçará a ausência de sucesso com o orgulho. “Sabe” intimamente que seria “melhor” se pudesse dar o que tem de melhor ou se obtivesse um emprego mais estimulante. Seja como for, nunca faz uma coisa nem outra, e se socorre da defesa do orgulho a fim de evitar o verdadeiro desespero que há por baixo. Sabe que, na verdade, não está vencendo na vida. Desempenhará provavelmente o papel de vitima, declarando que a vida não lhe deu oportunidades para que pudesse desenvolver o seu grande talento. Há que liberar o orgulho e há que sentir e liberar a dor e o desespero também.

Nesse centro, desvelaremos outrossim o medo do fracasso que obstrui o impulso de sair para fora e criar o que tão deveras desejamos. Isso também é válido em relação às amizades pessoais e à vida social em geral. Evitando o contato, a pessoa evita igualmente revelar-se e sentir, de um lado, o medo de não ser querida e, de outro, a competição e o orgulho (“sou melhor do que você; você não é suficientemente bom para mim”). Uma vez que os nossos sentimentos de rejeição nascem dentro de nós e depois os projetamos para fora, sobre o outro, evitamos que o outro evite a rejeição. Assumir o risco de procurar conseguir a profissão por que ansiamos, de mover-nos na direção dos contatos que ambicionamos e de revelar nossos sentimentos a respeito são maneiras de liberá-los e, desse modo, abrir o chakra.

O centro da testa (chakra 6A) está associado à capacidade de visualizar e compreender conceitos mentais. Isso inclui os conceitos de realidade, ou o universo da pessoa, ou a maneira com que ela vê o mundo, ou como acha que o mundo provavelmente lhe responderá. Se o centro girar no sentido anti-horário, a pessoa terá conceitos mentais confusos ou imagens acerca da realidade que, sobre não serem verdadeiras, são geralmente negativas. Quem os adota projeta-os no mundo e por eles cria o seu mundo. Se o centro estiver atravancado e fraco, a pessoa terá, de ordinário, obstruídas suas idéias criativas pela simples razão de que a quantidade de energia que atravessa o centro é pequena. Se o centro girar vigorosamente no sentido horário, a pessoa terá a capacidade de gerar idéias fortes, que são negativas. Se isso estiver combinado com um centro executivo que funciona vigorosamente, localizado na base da cabeça (chakra 6B), isso poderá devastar a vida da pessoa.

Durante o processo terapêutico de purificar ou de classificar nossas imagens de crença negativa, quando uma imagem surge no sistema de energia e começa a funcionar de maneira dominante, o centro girará, provavelmente, em sentido anti-horário, ainda que gire, de hábito, no sentido oposto. O processo terapêutico traz a imagem para o primeiro plano e faz que ela se manifeste na vida da pessoa. Com ajuda terapêutica, esta compreenderá e verá claramente a imagem como ela é. O centro, então, virará ao contrário e passará a girar no sentido horário. Por via de regra, o movimento em sentido anti-horário pode ser detectado pelo terapeuta amadurecido em razão da qualidade instável do sentimento que acompanha o movimento nesse sentido. Será manifesto para o terapeuta não ser esse o estado normal das coisas. O chakra, por exemplo, pode até mostrar um movimento caótico, a indicar ao terapeuta que uma questão relativa a um dos conceitos de realidade do cliente lhe está abalando vigorosamente a personalidade.

Na parte dorsal da cabeça, o centro executivo mental (chakra 6B) se associa à implementação das idéias criativas formuladas através do centro da testa. Se o centro executivo da vontade estiver aberto, as idéias da pessoa serão seguidas da ação apropriada para fazê-las materializarem-se no mundo físico. Se não estiver aberto, a pessoa terá dificuldade para aproveitar suas idéias.

É especialmente frustrante ter o centro frontal (6A) aberto e o dorsal fechado. A pessoa tem muitas idéias criativas, que nunca parecem funcionar. Existe habitualmente uma desculpa que as acompanha e que põe a culpa no mundo exterior. De ordinário, a pessoa precisa simplesmente exercitar-se na maneira de levar avante, passo a passo, o que deseja realizar. Ao fazer esse trabalho gradativo, muitos sentimentos emergirão. “Não posso suportar uma espera tão longa”; “Não quero assumir a responsabilidade por esse acontecimento”; “Não quero pôr à prova essa idéia na realidade física”; “Não aceito esse longo processo de criação. Quero que tudo aconteça sem tanto trabalho”; “Você faz o trabalho, eu entro com a idéia.” Essa pessoa provavelmente não se exercitou, desde o início, no modo de dar os passos simples no mundo físico para levar a cabo o propósito escolhido, por ser provavelmente avessa a estar na realidade física e na posição de aprendiz.

Por outro lado, se o centro girar no sentido dos ponteiros do relógio e o centro da idéia girar em sentido contrário, teremos uma situação ainda mais inquietante. Ainda que os conceitos básicos da pessoa não estejam na realidade, ela continuará a levar adiante os conceitos distorcidos com certa dose de sucesso. Se você acredita, por exemplo, que este mundo é um lugar detestável, onde “todo mundo procura os seus interesses, de modo que cada qual pega o que quer”, e você tem a capacidade de fazê-lo porque sabe como se haver, ou seja, se a sua vontade executiva está funcionando, você poderá agir como um criminoso. Nesse caso, é provável que o seu coração também esteja atravancado. Sua vida comprovará sua idéia, até certo ponto. Você será bem-sucedido, até certo ponto, até ser apanhado. Ou, com esse tipo de configuração, você tentará fazer que aconteça alguma coisa, o que é simplesmente impossível no mundo físico. Ou você poderá ser o autor do movimento que executa as idéias de outra pessoa, sejam elas quais forem.

O centro da coroa (chakra 7) está associado à conexão da pessoa com sua espiritualidade e a integração de todo o seu ser, físico, emocional, mental e espiritual.
Se o centro estiver fechado, a pessoa provavelmente não terá uma conexão experiencial com a sua espiritualidade. Não terá provavelmente o “sentimento cósmico” e não saberá do que estão falando as pessoas quando falam de suas experiências espirituais. Se o centro estiver fechado, a pessoa provavelmente experimentará com freqüência sua espiritualidade de forma muito pessoal, peculiar a ela. Essa não é uma espiritualidade definida pelo dogma nem se relaciona facilmente com palavras. É, antes, um estado de ser, um estado de transcendência da realidade mundana para o infinito. Vai além do mundo físico e cria no individuo um sentido de totalidade, de paz e fé, dando um sentido de propósito à sua existência."
Mãos de Luz - Barbara Ann Brennan

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Renovação de ânimo

O desânimo é inimigo sutil do ser humano. Instala-se a pouco e pouco, terminando por vencer as resistências morais, que se sentem desestimuladas por falta de suporte emocional para a luta.
São várias as causas do desânimo. Pode ser resultante de uma enfermidade orgânica, que gera perda de energia, por consequência, de entusiasmo pela vida.
Pode resultar de estresse decorrente de agitação ou de tensões continuadas. Também por frustrações profundas, que deixam n’alma um grande vazio.
Contudo, seja qual for a causa, o importante é não se deixar envolver pelo desânimo, desalentador e destruidor de vidas.
Se a causa é a enfermidade, o estresse ou a frustração, há que se buscar a terapia conveniente.
Por vezes, um pequeno estímulo, um alento é suficiente para se sair de um estado de desânimo para o de entusiasmo.
Um ilustre juiz contou, certa vez, um episódio que transformou toda a sua vida. Aos dezesseis anos de idade, viu-se obrigado a deixar a escola e a se empregar como varredor numa fábrica.
Quando veio a crise econômica da década de 1930, numa tarde cinzenta, na véspera de Natal, ele foi despedido, junto com centenas de outros empregados.
Quando saiu para a rua, ao final do turno de trabalho, foi seguindo no meio de uma fila silenciosa e sombria de operários.
Embora adolescente, ele se sentia envelhecido num mundo sem esperanças.
À sua frente, caminhava um homem magro e mal vestido. Aquele homem também fora despedido. Mas ia assobiando pelo caminho.
O rapaz se aproximou dele e perguntou:
O que você vai fazer agora?
E o desconhecido respondeu com naturalidade:
Acho que vou para a Àfrica. Lá, rapaz, as estrelas sobre o deserto são do tamanho de ameixas. Ou talvez eu vá para o Rio de Janeiro. As luzes ali sobem sem parar da praia até o céu.
O mundo é bem grande, rapaz, e o que há nele dá de sobra para fazer qualquer homem feliz, desde que não tenha medo de ir aonde a cabeça e o coração o levarem.
Para o adolescente, aquelas palavras tiveram um grande efeito. Foi como se tivesse sido aberta uma janela na parede de uma prisão e ele pudesse ver através de milhões de quilômetros.
Foi para casa com a cabeça cheia de planos. Se aquele homem, bem mais maduro do que ele, tinha forças para tecer planos para o futuro, ele, adolescente, deveria ter muito mais.
E, pensando assim, na semana seguinte não somente conseguiu encontrar um meio de se manter, como se matriculou numa escola noturna, perseguindo o seu sonho que viria se tornar realidade: formar-se em Direito e seguir a carreira da magistratura. Ser juiz.
*   *   *
Nunca será demais insistir que a oração é arma poderosa para o combate ao desânimo. Ela favorece a canalização de energias superiores, que vertem da Divindade em direção ao indivíduo que se encontra em atitude receptiva.
Com a prece, a criatura vai sentindo momentos de bem-estar e euforia. São momentos rápidos, mas que pela constância, vão se fixando na criatura, até se tornarem habituais, preenchendo o vazio interior.
O hábito da oração sincera restitui a alegria de viver, oferecendo ao ser metas saudáveis e renovadoras, que o enriquecem de paz interior.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Relógio marcando dez horas,
do livro 
Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O clarim e do
item 
Cansaço e desânimo, do cap. A busca, do livro O despertar do Espírito, 
pelo
Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de  Divaldo Pereira Franco, ed. LEA
L.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A Família como Instrumento de Redenção Espiritual

Autor: Deolindo Amorim e Hermínio C. Miranda.


... Reconcilia-te com o teu adversário – advertiu Cristo – enquanto estás a caminho com ele.

E não é precisamente no círculo aconchegante da família que estamos a caminho com aquele que a nossa insensatez converteu em adversário?

O espiritismo coloca, pois, sob perspectiva inteiramente renovada e até inesperada, além de criativa e realista, a difícil e até agora inexplicável problemática do inter-relacionamento familial. Se um membro de nossa família tem dificuldades em nos aceitar, em nos entender, em nos amar, podemos estar certos de que tais dificuldades foram criadas por nós mesmos num relacionamento anterior em que as nossas paixões ignoraram o bom senso.

- E a repulsão instintiva que se experimenta por algumas pessoas, donde se origina? Perguntou Kardec aos seus instrutores (LIVRO DOS ESPÍRITOS, Pergunta 389).

- São espíritos antipáticos que se adivinham e reconhecem, sem se falarem.

O ponto de encontro de muitas dessas antipatias, que necessitam do toque mágico do amor e do entendimento, é a família consangüínea, célula de um organismo mais amplo que é a família espiritual, que por sua vez, é a célula da instituição infinitamente mais vastas que são a família mundial e, finalmente, a universal.

A Doutrina considera a instituição do casamento como instrumento do “progresso na marcha da humanidade” e, reversamente, a abolição do casamento como “uma regressão à vida dos animais”. (Questões 695 e 696, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS). Como vimos há pouco, é também essa a opinião dos cientistas especializados responsáveis.

Ao comentar as questões indicadas, Kardec acrescentou que – “O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas”.

No que, mais uma vez, estão de acordo estudiosos do problema do ponto de vista científico e formuladores e divulgadores da Doutrina Espírita.

Isto nos leva à delicada questão do divórcio, reconhecido como uma das principais causas desagregadoras do casamento e, por extensão, da família.

O problema da indissolubilidade do casamento foi abordado pelos Espíritos, de maneira bastante sumária, na Questão nº. 697. Perguntados sobre se “Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana a indissolubilidade absoluta do casamento”, responderam na seguinte forma:

- É uma lei muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis.

O que, exatamente, quer dizer isso?

Em primeiro lugar, convém chamar a atenção para o fato de que a resposta foi dada no contexto de uma pergunta específica sobre a indissolubilidade absoluta. Realmente, a lei natural ou divina não impõe inapelavelmente um tipo rígido de união, mesmo porque o livre arbítrio é princípio fundamental, direito inalienável do ser humano. “Sem o livre arbítrio – consta enfaticamente da Questão nº. 843 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS – o homem seria máquina”.

A lei natural, por conseguinte, não iria traçar limites arbitrários às opções humanas, encadeando homens e mulheres a um severo regime de escravidão, que poderá conduzir a situações calamitosas em termos evolutivos, resultando em agravamento dos conflitos, em lugar de os resolver, ou pelo menos atenuá-los.

Ademais, como vimos lembrando repetidamente, o Espiritismo não se propõe a ditar regras de procedimento específico para cada situação da vida. O que oferece são princípios gerais, é uma estrutura básica, montada sobre a permanência e estabilidade de verdades testadas e aprovadas pela experiência de muitos milênios. Que dentro desse espaço se movimente a criatura humana no exercício pleno de seu livre arbítrio e decida o que melhor lhe convém, ante o conjunto de circunstâncias em que se encontra.

O casamento é compromisso espiritual previamente negociado e acertado, ainda que nem sempre aceito de bom grado pelas partes envolvidas. São muitos, senão maioria, os que se unem na expectativa de muitos anos de turbulência e mal-entendidos porque estão em débito com o parceiro que acolhem, precisamente para que se conciliem se ajustem, se pacifiquem e se amem ou, pelo menos, se respeitem e estimem.

Mergulhados, porém, na carne, os bons propósitos do devedor, que programou para si mesmo um regime de tolerância e autocontrole, podem falhar. Como também pode exorbitar da sua desejável moderação o parceiro que vem para receber a reparação, e em lugar de recolher com serenidade o que lhe é devido (e outrora lhe foi negado) em atenção, apoio, segurança e afeto, assume a atitude do tirano arbitrário que, além de exigir com intransigência o devido, humilha, oprime e odeia o parceiro que, afinal de contas, está fazendo o possível, dentro das suas limitações, para cumprir seu compromisso. Nesses casos, o processo de ajuste – que será sempre algo difícil mas poderá desenrolar-se em clima de mútua compreensão – converte-se em vingança irracional.

Numa situação dessas, mais freqüentes do que poderíamos supor, a indissolubilidade absoluta a que se refere a Codificação seria, de fato, uma lei antinatural. Se um dos parceiros da união, programada com o objetivo de promover uma retificação de comportamento, utilizou-se insensatamente da sua faculdade de livre escolha, optando pelo ódio e a vingança, quando poderia simplesmente recolher o que lhe é devido por um devedor disposto a pagar, seria injusto que a lei recusasse a este o direito de recuar do compromisso assumido, modificar seus termos, ou adiar a execução, assumindo, é claro, toda as responsabilidades decorrentes de seus atos, como sempre, aliás.

A lei divina não coonesta a violência que um parceiro se disponha a praticar sobre o outro. Além do mais, a dívida não é tanto com o indivíduo prejudicado quanto com a própria lei divina desrespeitada. No momento em que arruinamos ou assassinamos alguém, cometemos, claro, um delito pessoal de maior gravidade. É preciso lembrar, contudo, que a vítima também se encontra envolvida com a lei, que, paradoxalmente, irá exibir a reparação da falta cometida, não para vingá-la, mas para desestimular o faltoso, mostrando-lhe que cada gesto negativo cria a sua matriz de reparação. O Cristo foi enfático e preciso ao ligar sempre o erro à dor do resgate. “Vai e não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”, disse ele.

Não há sofrimento inocente, nem cobrança injusta ou indevida. O que deve paga e o que está sendo cobrado é porque deve. Assim a própria vítima de um gesto criminoso é também um ser endividado perante a lei, por alguma razão concreta anterior, ainda que ignorada. Se, em lugar de reconciliar-se, ela se vingar, estará reabrindo sua conta como novo débito em vez de saldá-la.

A lei natural, portanto, não prescreve a indissolubilidade mandatária e absoluta do casamento, como a caracterizou Kardec na sua pergunta. Conseqüentemente, a lei humana não deve ser mais realista do que a outra que lhe é superior; deve ser flexível, abrindo espaço para as opções individuais do livre arbítrio.

Isso, contudo, está longe de significar uma atitude de complacência ou de estímulo à separação dos casais em dificuldades. O divórcio é admissível, em situações de grave conflito, nas quais a separação legal assume a condição de mal menor, em confronto com opções potencialmente mais graves que projetam ameaçadoras tragédias e aflições imprevisíveis: suicídios, assassinatos, e conflitos outros que destroem famílias e acarretam novos e pesados compromissos, em vez de resolver os que já vieram do passado por auto-herança.

Convém, portanto, atentar para todos os aspectos da questão e não ceder precipitadamente ao primeiro impulso passional ou solicitação do comodismo ou do egoísmo. Dificuldades de relacionamento são mesmo de esperar-se na grande maioria das uniões que se processam em nosso mundo ainda imperfeito. Não deve ser desprezado o importante aspecto de que o casamento foi combinado e aceito com a necessária antecipação, precisamente para neutralizar diferenças e dificuldades que persistem entre dois ou mais Espíritos.

O que a lei divina prescreve para o casamento é o amor, na sua mais ampla e abrangente conotação, no qual o sexo é apenas a expressão física de uma profunda e serena sintonia espiritual. Estas uniões, contudo, são ainda a exceção e não a norma. Ocorre entre aqueles que, na expressão de Jesus, Deus juntou, na imutável perfeição de suas leis. Que ninguém os separe, mesmo porque, atingida essa fase de sabedoria, entendimento e serenidade, os Espíritos pouco se importam de que os vínculos matrimoniais sejam indissolúveis ou não em termos humanos, dado que, para eles vige a lei divina que já os uniu pelo vínculo supremo do amor.

Em suma, recuar ante uma situação de desarmonia no casamento, de um cônjuge difícil ou de problemas aparentemente insolúveis é gesto e fraqueza e covardia de graves implicações. Somos colocados em situações dessas precisamente para resolver conflitos emocionais que nos barram os passos no caminho evolutivo. Estaremos recusando exatamente o remédio prescrito para curar mazelas persistente que se arrastam, às vezes, por séculos ou milênios aderidas à nossa estrutura espiritual.

A separação e o divórcio constituem, assim, atitudes que não devem ser assumidas antes de profunda análise e demorada meditação que nos levem à plena consciência das responsabilidades envolvidas.

Como escreveu Paulo com admirável lucidez e poder de síntese.

_ “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

O Espiritismo não é doutrina do não e sim da responsabilidade, Viver é escolher, é optar, é decidir. E a escolha é sempre livre dentro de um leque relativamente amplo de alternativas. A semeadura, costumamos dizer, é voluntária; a colheita é que é sempre obrigatória.

É no contexto da família que vem desaguar um volume incalculável de conseqüências mais ou menos penosas resultantes de desacertos anteriores, de decisões tomadas ao arrepio das leis flexíveis e, ao mesmo tempo, severas, que regulam o universo ético em que nos movimentamos.

Para que um dia possamos desfrutar o privilégio de viver em comunidades felizes e harmoniosas, aqui ou no mundo póstumo, temos de aceitar, ainda que relutantemente, as regras do jogo da vida. O trabalho da reconciliação com espíritos que prejudicamos com o descontrole de nossas paixões, nunca é fácil e, por isso, o comodismo nos empurra para o adiantamento das lutas e renúncias por onde passa o caminho da vitória.

Como foro natural de complexos problemas humanos e núcleo inevitável das experiências retificadoras que nos incumbe levar a bom termo, a família é instrumento da redenção individual e, por extensão, do equilíbrio social.

Não precisaria de nenhuma outra razão para ser estudada com seriedade e preservada com firmeza nas suas estruturas e nos seus propósitos educativos.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O Egoísmo


EMMANUEL
Paris, 1861

O egoísmo, esta chaga da humanidade, deve desaparecer da Terra, porque impede o seu progresso moral. É ao Espiritismo que cabe a tarefa de fazê-la elevar-se na hierarquia dos mundos. O egoísmo é portanto, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Digo coragem, porque esta é a qualidade mais necessária para vencer-se a si mesmo do que para vencer aos outros. Que cada qual, portanto, dedique toda a sua atenção em combatê-lo em si próprio, pois esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias terrenas. Ele é a negação da caridade, e por isso mesmo, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo da caridade, e Pôncio Pilatos o do egoísmo. Porque, enquanto o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos, dizendo: Que me importa! Disse mesmo aos judeus: Esse homem é justo, por que quereis crucificá-lo? E, no entanto, deixa que o levem ao suplício.

É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo à invasão dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve não ter ainda cumprido toda a sua missão. E é a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, que cabem a tarefa e o dever de extirpar esse mal, para dar ao Cristianismo toda a sua força e limpar o caminho dos obstáculos que lhe entravam a marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para que ela possa elevar-se na escala dos mundos, pois já é tempo da humanidade vestir a sua toga viril, e para isso é necessário primeiro expulsá-lo de vosso coração.

*
PASCAL
Sens, 1862

Se os homens se amassem reciprocamente, a caridade seria mais bem praticada. Mas, para isso, seria necessário que vos esforçásseis no sentido de livrar o vosso coração dessa couraça que o envolve, a fim de torná-lo mais sensível ao sofrimento do próximo. O Cristo nunca se esquivava: aqueles que o procuravam, fossem quem fossem, não eram repelidos. A mulher adúltera, o criminoso, eram socorridos por ele, que jamais temeu prejudicar a sua própria reputação. Quando, pois o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se a caridade reinasse na Terra, o mal não dominaria, mas se apagaria envergonhado; ele se esconderia, porque em toda parte se sentiria deslocado. Seria então que o mal desapareceria; compenetrai-vos bem disso.

Começai por dar o exemplo vós mesmos. Sede caridosos para com todos, indistintamente. Esforçai-vos para não atentar nos que vos olham com desdém. Deixai a Deus cuidar de toda a justiça, pois cada dia, no seu Reino, Ele separa o joio do trigo.
O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem caridade não há tranqüilidade na vida social, e digo mais, não há segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, essa vida será sempre uma corrida favorável ao mais esperto, uma luta de interesses, em que as mais santas afeições são calcadas aos pés, em que nem mesmo os sagrados laços de família são respeitados.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Doutrina Espírita: Uma Nova era para A Humanidade


No dia 18 de abril de 1857, nascia a Doutrina Espírita com a publicação de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, pseudônimo do grande pedagogo francês Hypolitte León Denizard Rivail.

Nascida na França, a Doutrina Espírita floresceu no Brasil por determinação de Jesus como parte do planejamento para o advento do Consolador para a Humanidade inteira.

Hoje em pleno século XXI, com 156 anos de existência são poucos aqueles que compreendem o significado real do Espiritismo para a Humanidade. Seria essa Doutrina uma religião a mais a competir com as outras milhares que existem na atualidade ou é algo muito maior do que nós concebemos, mesmos aqueles que participam do Movimento Espírita?

Vejamos o que é a Doutrina Espírita e qual o seu significado para a Humanidade:
Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. João 14: 15 e 16
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. João 14:26
Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de Verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. João 15:26
Eu tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas presentemente não as podeis suportar. João 16:12
Quando vier esse Espírito de Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porquanto não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tenha escutado e vos anunciará as coisas porvindouras. João 16:13

Já antevendo, que os Seus ensinamentos seriam esquecidos e deturpados, Jesus nos promete enviar o Consolador para ficar conosco para sempre, reviver o que Ele tinha dito e nos ensinar aquilo que Ele não podia ter dito, devido à imaturidade da Humanidade na época.

Quando O Livro dos Espíritos é publicado em 1857, marco inaugural do advento da Doutrina Espírita, o Consolador chega para ficar para sempre conosco, pois está centrado nos Espíritos que fazem parte da plêiade que compõem o chamado Espírito Santo, liderados pelo Espírito de Verdade, que é o próprio Cristo, conforme nos dizem Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão, na 2ª. parte capítulo IV: Ninguém deve ignorar que Espírito Santo designa a legião dos Espíritos santificados na luz e no amor, que cooperam com o Cristo desde os primeiros tempos da Humanidade e Alexandre no livro Missionários da Luz de André Luiz, em uma palestra sobre mediunidade:
“[...] o próprio Jesus nos afirma: "eu sou a porta... Se alguém entrar por mim será salvo e entrará, sairá e achará pastagens!” Por que audácia incompreensível imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor?”

O Consolador é aquele que chega para nos dar a noção de que as Leis da Reparação, da Justiça, do Amor e da Misericórdia são os instrumentos para realmente fazer com que todas as coisas na Terra sejam justas.

O Consolador veio dar as provas necessárias pelas evidências intelectuais e morais para que a criatura perceba que a sua destinação é o bom, o nobre, o que edifica, sempre levando em consideração as suas conquistas, suas potenciais capacidades de se erguer para que ela possa se conectar com as necessidades mais profundas descobrindo-se um Espírito imortal em evolução.

Diz Allan Kardec em A Gênese:
O Espiritismo realiza todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz se compreenda o que era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade considerava inadmissível. Teve precursores e profetas, que lhe pressentiram a vinda. Pela sua força moralizadora, ele prepara o reinado do bem na Terra.

É essa a razão da existência da Doutrina Espírita: restaurar o Cristianismo, revivendo todas as práticas dos primórdios da era cristã, que perdurou por 300 anos e agora o Espiritismo tem como missão principal reviver para que se inicie a era da transformação moral da Humanidade por meio da vivência cristã.

Por Alírio de Cerqueira Filho