sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Perguntas II - Leda Marques Bighetti VIII


Perguntas II


7 - Deve-se fazer estudo da mediunidade nas sessões mediúnicas?

A finalidade da sessão mediúnica é a prática da mediunidade no intercâmbio do Amor com os companheiros desencarnados. As reuniões de estudo normais não só de Mediunidade como de Doutrina de um modo geral teriam seu dia determinado. Como antecipação da sessão mediúnica leituras evangélicas leves, que predisponham aqueles que irão participar do trabalho mediúnico ao relax que atenua o cansaço do dia e plasma na mente dos participantes e no ambiente de trabalho, as vibrações, o perfume consolador do Evangelho de Jesus.

Essa seria uma situação ideal - um dia para estudar Mediunidade, outro dia para o trabalho mediúnico. Pela impossibilidade porém, de reunir o grupo em dois dias diferentes é preferível que antes da sessão em si, se reserve um tempo para o estudo da mediunidade e após a leitura do texto evangélico, e o doar-se no trabalho de amor aos companheiros ali trazidos. (vide estudo V)

8 - O que pensar dos médiuns que se repetem ao longo do tempo em suas comunicações de natureza improdutiva? Como diferenciar o processo anímico do mediúnico e qual a correlação entre os dois?

Os médiuns que se repetem ao longo do tempo em suas comunicações de natureza improdutiva muitas vezes estão envolvidos com fenômenos animistas ou viciações da própria Mediunidade. No exercício deste, aplicar todo o bom senso e cuidados possíveis. Em "O Livro dos Médiuns" Allan Kardec esclarece que "(...) todos somos Médiuns", não querendo isto dizer que todos temos tarefas específicas nesse campo. Na área da Mediunidade há as várias funções, desde as tarefas específicas às auxiliares. Há aqueles em que a Mediunidade pode aflorar em épocas mais avançadas, para, por assim dizer, completar suas aquisições de conhecimento, aformosear sua vida espiritual, uma vez que a Mediunidade nos faculta uma ponte com o mundo transcendente e chega num momento em que abre, facilita espaço para o embelezamento dos nossos valores ético-espirituais ensejando-nos uma visão mais dilatada da vida.

O médium que durante um período se observa e vê que não realiza maiores progressos, as manifestações mais ou menos sempre as mesmas, controle essas exteriorizações e passe a colaborar com a mediunidade da caridade, com a mediunidade do socorro pela prece, com participação na área da ajuda dos que estão exercendo a vivência do amor em outras áreas. A sessão propriamente dita é resultado do grupo de indivíduos ativos e passivos. Manter-se constante atenção, investigação, na vigilância que possibilita perceber se os sintomas estão se exacerbando ou permanecem estáveis.

Há casos em que durante vinte anos o "médium" permanece sentado à mesa sem nada receber ou só evidenciam suspiros, soluços, gemidos. Colocadas ali afoitamente pelo dirigente da casa ou do trabalho, recusam-se a afastar-se, colaborando de outros modos, impedindo-se de perceber, abrir-se para outros ângulos de um mesmo trabalho.

Aqueles que se encontrem nessa característica, deixem a mesa e se coloquem a serviço do conjunto. Que na análise honesta, se aprofundem, se esforcem para o efeito mediúnico ou liberem-se dele.

Por outro lado, há na literatura espírita o caso de um médium polonês, que aos setenta e oito anos, de repente, começou a exercer a mediunidade e até os oitenta e dois anos escreveu trinta maravilhosos livros mediúnicos.

A Mediunidade tem dessas coisas, por isso é necessário bom senso. Atenção sempre, cuidado para não entrar em faixas radicais, extremas, mas ligado, analisar o que está se encandeando, acontecendo ou sucedendo.

Quanto ao Animismo, palavra criada pelo sábio russo Alexandre Aksakof, quer ela significar: fenômenos que procedem do próprio indivíduo. Explica em seus livros (Animismo e Espiritismo vol. 1 e 2) ser difícil estabelecer a fronteira onde termina o animismo e começa o fenômeno mediúnico ou vice-versa. Entretanto o médium, se estiver atento, interessado e vigilante, poderá ele próprio aquilatar numa avaliação íntima o que passou de si, de seu mundo pessoal, de seus dramas e aflições. Da mesma forma, o atendente, se também se mantiver alerta, conhecer e conviver com o médium.

Lembrar que todos temos fixações, vícios de linguagem, exteriorizamos características que nos identificam.

Quando no fenômeno mediúnico esses aspectos se fizerem ostensivos, repetitivos, exaustivos, o fenômeno é mais anímico que mediúnico. Quando os estertores, as pancadas, a forma barulhenta ou grosseira, se repetir em grande proporção o fenômeno pode ser mais anímico que mediúnico, decorrente da falta de conhecimento ou educação mediúnica do médium.

Quando no fenômeno ocorrerem idéias que não são comuns ao médium, encadeadas sem a contribuição do raciocínio, chegando as idéias prontas é mediúnico, porque não foi resultado de uma elucubração, de um trabalho da personalidade do sensitivo.

Essa é a regra, a teoria onde só o equilíbrio de cada um, a convivência do grupo ligado aos ideais maiores do servir com Jesus, o trabalho atento dos doutrinadores, do coordenador do grupo, a honestidade reinante entre todos é que irá, nas avaliações constantes que são feitas, dimensionar quando o fenômeno é anímico, quando o fenômeno é mediúnico.

9 - Como entender e lidar com o animismo?

Animismo, já vimos que é o conjunto de fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente do médium em ação.

Podem ocorrer em relação aos efeitos físicos ou efeitos intelectuais onde a própria Inteligência encarnada comanda manifestações ou delas participa, numa demonstração de que o perispírito pode desdobrar-se e atuar com seus recursos e implementos característicos, fora do corpo físico.

Seres em desenvolvimento para vida eterna, encarnados e desencarnados guardam consigo, quer no plano físico ou extra-físico as faculdades adquiridas, tem todos os meios de que já se muniu para continuar seu trabalho de aperfeiçoamento. Recordado isso fica mais fácil entender que as criaturas na Terra partilham, até certo ponto, dos sentidos que caracterizam, a criatura desencarnada e consegue muitas vezes, desenfaixar-se do corpo denso e proceder como a Inteligência desprendida do corpo físico ou ainda obedecer aos ditames dos Espíritos desencarnados como agente mais ou menos fiel de seus desejos.

É possível portanto cair a mente nos estados anormais de sentido inferior dominado por forças do passado que a imobilizam, temporariamente em atitudes estranhas ou indesejáveis levando a certos tipos de recordação segundo os compromissos cármicos a que se acham presas.

Freqüentemente companheiros nessa modalidade de provação regeneradora são encontráveis nas sessões mediúnicas, mergulhados em complexos estados emotivos, dando até impressão que personificam outras entidades, quando na realidade exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência o campo mental em que viveram noutras épocas, sob o fascínio dos desencarnados que as subjugam.

Nessas ocorrências não poderá faltar a paciência e o carinho. As vítimas desse processo não podem ser rotuladas de mistificadores inconscientes, pois representam de fato, agentes desencarnados a eles jungidos por teias fluídicas de significativa expressão. São estes Espíritos encarnados sofredores ou conturbados idênticos aos desencarnados que se manifestam a requerer esclarecimento e socorro, amparo espontâneo e auxílio fraterno onde reajustarão as ondas mentais, cuidados estes que se estenderão aos companheiros do pretérito operando reconstituição de novos caminhos.

Nesse entendimento, nas reflexões, ponderações em torno da oportunidade de tais situações, acolher os companheiros ainda hipnotizados por forças que, a distância, ainda os comandam, como reflexos condicionados que, com a ajuda devida abrem-se a total capacidade de superação.

A tarefa espírita, que para o encarnado como para o desencarnado é contribuir para aperfeiçoamento e renovação dos impulsos mentais, onde através daeducação e do amor aconteça o entendimento, o amparo, a superação, recuperando-se o companheiro à atividade livre para a sementeira de luz.
Bibliografia constante no estudo VIII. Acresça-se:
Missionários da Luz - André Luiz, cap. II
Animismo e Espiritismo, vol. 1 e 2. A. Aksakof
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz - XXIII

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