SEXO NA VISÃO ESPÍRITA
S e x o
Primeira parte de duas
Por que a busca do prazer sexual
é condenada por muitas religiões? Se buscarmos o prazer sexual,
estaremos procedendo de maneira pecaminosa? A prática sexual deve
objetivar apenas a reprodução? Será que a atual liberdade sexual tem
proporcionado a satisfação que o ser humano tanto deseja? Como os
postulados espíritas entendem tão controversa questão?
Falar sobre sexo ainda é se aventurar tanto para o moralismo repressor como para a liberalidade irresponsável.
A mais antiga função da
sexualidade humana é a reprodução e, a mais moderna, o prazer.
Entretanto, relacionado a esse assunto, ainda existe um sistema de
preconceitos, tabus, mitos e culpabilidade, decorrente de ideologias
religiosas e culturais, segundo o qual somente no casamento o sexo é
parcialmente liberado.
As religiões, que no passado se
faziam responsáveis pela orientação filosófica e comportamental dos
indivíduos, em razão da austeridade de seus conceitos e crenças,
controlaram a expressão sexual através de proibições e punições, e, ao
condenarem a busca de satisfação física e emocional, permitiram apenas
que ela fosse considerada em seu aspecto reprodutivo. Apesar de muitas
dessas normas estarem bastante modificadas, ainda existem religiões que,
ao encararem com excessivas restrições o prazer, impedem, por exemplo, o
uso de anticoncepcional ou de preservativos, mesmo nas relações
conjugais.
No entanto, na prática, a atividade sexual tem dois aspectos
distintos: o reprodutivo e a busca de satisfação física. Segundo
pesquisas, atualmente, 99% das relações que um casal tem durante sua
vida em comum visam ao prazer.
Allan
Kardec, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 719, pergunta à
Espiritualidade Maior: “É repreensível ao homem procurar o bem-estar?”
[1]
Resposta:
O bem-estar é um desejo natural. Deus não proíbe senão o abuso.
Ele não incrimina a procura do bem-estar, se esse bem-estar não é
adquirido às custas de ninguém, e se não deve enfraquecer, nem vossas
forças morais, nem vossas forças físicas.
O prazer, em si mesmo, não é
condenável, visto que o ser humano sempre se encontra empenhado na
obtenção de alguma forma de bem-estar, seja na realização de uma
atividade, na aquisição de novos conhecimentos, ao sentir-se com boa
saúde, durante a alimentação, em seu repouso. Com isso, podemos deduzir
que a inconveniência na busca do prazer sexual não diz respeito a algo
inerente ao sexo propriamente dito, mas a quem o pratica, quando essa
criatura é movida por vulgares sentimentos e desequilibradas motivações.
Complementando as considerações acima, apresentamos o parecer
de três entidades espirituais sobre tão “desconcertante” assunto. Para
muitas pessoas ele ainda o é.
1 – Joanna de Ângelis:
Freud, com muito acerto,
descobriu na libido (desejo sexual) a resposta de inúmeros transtornos
psicológicos e físicos, psiquiátricos e comportamentais que afligem o
ser humano.
(…) Examinando a sociedade como vítima da castração religiosa
ancestral, decorrente das inibições, frustrações e perturbações de seus
líderes, que através de mecanismos proibitivos para o intercâmbio
sexual, condenavam-no como instrumento de sordidez, abominação e pecado,
teve a coragem intelectual e científica de levantar a bandeira da
libertação, demonstrando que o gravame se encontra mais na mente do
indivíduo do que no ato propriamente dito.
(…) A contribuição de Freud
para a libertação da criatura humana, arrancando-a da hipocrisia
vitoriana e clerical anteriores, dando-lhe dignidade, é de valor
inestimável.
(…) O que tem faltado é conveniente orientação educacional para
a vida sexual, assim como equilíbrio por parte de religiosos e
educadores, líderes de massas e agentes multiplicadores sociais, que
sempre refletem as próprias dificuldades de relacionamento e vivência
sexual. [2]
2 – Cairbar Schutel:
Sexo tem um sentido de troca positiva de sensações e vibrações carnais e fluídicas.
(…) Não se retira do ato sexual, com isso, o seu característico de prazer. É
prazer e continuará sendo no mundo material. Deve ser, inclusive, para
justificar e incentivar a sua prática. Não é fonte exclusiva para a
procriação, mas, sobretudo, para troca de energias e sentimentos entre
os seres que se unem para um consórcio de vida, permutando experiências e
desenvolvendo projetos. [3]
Silvia Helena Visnadi Pessenda
REFERÊNCIAS:
[1] KARDEC, Allan. O livro dos
espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100.
ed. Araras, SP: IDE, 1996.
[2] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira
(psicografado por). O despertar do espírito. 4. ed. Salvador, BA: Livr.
Espírita Alvorada, 2000. Cap. “Problemas psicológicos contemporâneos”.
[3] SCHUTEL, Cairbar (espírito); GLASER, Abel (psicografado
por). Fundamentos da reforma íntima. 3. ed. Matão: Casa Editora O
Clarim, 2000. Cap. “Sexualidade”.
SEXO NA VISÃO ESPÍRITA
O Livro Gênese, do Velho Testamento,
mostra claramente que, a simbólica perda do paraíso, foi ocasionada pelo
pecado de Adão e Eva ter experimentado O FRUTO DA ÁRVORE DA CIÊNCIA
(CONHECIMENTO) DO BEM E DO MAL (Gênese, 2:9). Mais tarde, os teólogos
encasquetaram que o pecado exercitado pelo casal se tratava de sexo,
mais exatamente o prazer sexual. Sexo, portanto, passou a ser sinônimo
de pecado.
Quanto maior o prazer, maior o pecado.
Os casais deveriam estar convenientemente vestidos, evitando a
sensualidade pecaminosa; não era prudente casar-se com mulher muito
bonita, porque aumentava o desejo; carícias sensuais nem pensar! Era
mais prazer pecaminoso. Tomás de Aquino (em Súmula Teológica) leva aos
extremos a ideia, proclamando que o homem que ama a esposa com muita
paixão transgride o Bem do casamento e pode ser rotulado de adúltero;
Agostinho (em Solilóquios), afirma que nada afasta mais o homem das
alturas do que os carinhos da mulher e aqueles movimentos do corpo, sem
os quais ele não pode possuir sua esposa.
Os teólogos buscavam fórmulas para que o
sexo, que não podiam proibir, sob pena de extinguirem a raça humana,
fosse diminuído na vida familiar e exercitado não como parte da comunhão
afetiva, mas exclusivamente para a procriação. O sexo era proibido aos
domingos, dias consagrados ao Senhor; no jejum de quarenta dias, antes
da Páscoa; vinte dias antes do Natal; dias antes de Pentecostes; três ou
mais dias antes de receber a comunhão; durante o período menstrual,
semanas entes e depois do parto. Quanto menos tempo disponível, menos
pecado. Para conter os fiéis apregoava-se que o sexo nos períodos
proibidos gera filhos deficientes físicos e mentais e doenças como a
lepra e a tuberculose.
ENTÃO, O SEXO DEVE SER LIVRE?
O sexo sempre foi livre e deve ser
livre. Portanto, não devemos concordar com a promiscuidade e a
vulgaridade com que ele é exercido, mas à liberdade com
responsabilidade, mediante a consciência da sua finalidade. Hoje a mente
das pessoas está no sexo; é a cabeça sexual. O estômago, quando se come
demais, tem indigestão. Qualquer órgão de que se abusa, sofre o efeito
imediato. O problema do sexo é a mente. Criou-se o mito que a vida foi
feita para o sexo, e não o sexo para a vida. Depois da revolução sexual
dos anos 60, o sexo saiu do aparelho genésico e foi para a cabeça. Só se
pensa, fala respira sexo. E quando o sexo não funciona, por exaustão,
parte-se para os estimulantes, como mecanismos de fuga, o que demonstra
que o problema não é dele, e sim, da mente viciada. Se o problema fosse
do sexo, as pessoas ‘saciadas’ seriam todas felizes, o que, realmente
não acontece. Ou a criatura conduz o sexo, ou este a arruína. Ou se
disciplina o estômago, ou se morre de indigestão.
SEXO É AMOR?
Não, sexo é um fenômeno biológico de
atração magnética, porque os animais o praticam e não se amam. O amor é
um sentimento, o sexo é um veículo de sensações. Quando irrigado pelas
superiores emoções do amor, ele ilumina a alma e, sem o tempero
santificante desta emoção, ele atormenta o Ser.
E O SEXO ANTES DO CASAMENTO?
A sugestão ao jovem espírita é a atitude
casta. Uma atitude casta não quer dizer isenta de comunhão carnal, mas
sim, de respeito, de pureza. Deve-se colocar o amor acima do sexo,
porque quando o sexo é moralizado pelo amor, sabe-se quando, como e onde
atuar. Quando mencionamos castidade, não nos referimos à abstinência
total e absoluta, mas ao respeito. Um casal que se respeita vive
castamente. Amem, e o amor dirá o que fazer. Se tiverem o sexo
pré-conjugal, procurem honrá-lo através do matrimônio. O Espiritismo nos
ensina a “amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo”.
Temos que nos amar, e a melhor maneira é
a de nos respeitarmos. Portanto, sexo, sim, mas, amor também. Amor com
responsabilidade. Sexo com responsabilidade, assumindo-se as
conseqüências: filhos, compromissos com o parceiro(a) até quando
possível, para evitarmos dramas piores com a separação. Portanto, sexo
não é um ato pecaminoso, errado ou sujo; o erro está na maneira que,
algumas pessoas, fazem uso dele. Dúvidas sobre o assunto?
Leiam o livro “VIDA e SEXO”,
psicografado por Francisco Cândido Xavier,
com ensinamentos do Espírito Emmanuel.
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