sábado, 6 de fevereiro de 2016

Reciclagem Mediúnica - Reunião Mediúnica Espírita - I - Leda Marques Bighetti

XIX - Reunião Mediúnica Espírita - I

I - Ao estudar o tema, para não repetir conceitos já vistos no início desta série, algumas retomadas se fazem necessárias. Entre elas destaca-se ressaltar a função básica do Centro Espírita:
  • estudo
  • prática e divulgação da Doutrina Espírita
onde as reuniões mediúnicas se desenvolverão como decorrência (não como fato principal) da consciência do servir, que vai se ampliando mais e mais, na proporção em que entendendo, nos renovamos moralmente. Procurando, viver, o conteúdo doutrinário, que objetiva a transformação moral, passa o homem a sentir necessidade de oferecer o melhor de si para que o outro, encarnado ou desencarnado, fique melhor.
Todos os enfoques serão conforme o Espiritismo, doutrina revelada pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec, contidas em ‘O Livro dos Espíritos" e demais obras básicas.
Por que essas colocações?
É necessário que se distinga intercâmbio mediúnico e Doutrina Espírita, assim como é preciso que se diferencie a prática espírita da não espírita.
Nessa distinção, a prática mediúnica espírita é a que se orienta e rege pelos princípios da Doutrina Espírita obedecendo, portanto, a alguns padrões como:
  • seriedade e bom senso
  • sinceridade, simplicidade, doação, desinteresse e amor
  • visa o despertamento, auxílio e progresso espiritual de encarnados e desencarnados
  • não usa símbolos, vestes especiais, altares, imagens, sons ou qualquer outro fato indutor
  • não tem rituais, cerimônias, cantos, danças, oferendas
  • não usa a mediunidade para respostas, indicações de interesse pessoal ou a serviço/ benefício individual do que quer que seja
  • busca somente benefícios espirituais
  • não é imediatista e ao oferecer o melhor de si nas reflexões que propicia, respeita o livre-arbítrio do outro sem impor, coagir forçar, fazer acordos ou ameaças.
A prática espírita assim orientada é fruto de consolação, progresso moral e ajuda recíproca para encarnados e desencarnados.
II - Como atingir esses objetivos?
A Codificação Espírita aconselha que, antes de se encaminhar alguém à prática mediúnica, se ofereça o estudo para conhecimento da Doutrina Espírita. Esse cuidado encontra-se desde o início do Espiritismo quando na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec, destinava uma das primeiras salas para os neófitos, justamente para que se processasse através do estudo esse conhecimento inicial básico.
Mesmo que esse indivíduo, não se incorpore aos trabalhos da casa, ou ao mediúnico no caso, o conhecimento do que é Doutrina Espírita, seu objetivo, seu estudo, completo, lógico, racional, despertará visão nova da importância da vida, satisfazendo a anseios íntimos das respostas que consolam e libertam.
No caso da reunião mediúnica, esse cuidado dará elementos, a que mesmo se encontre erros humanos, vícios mediúnicos, dor, malícia, ignorância dos Espíritos comunicantes, saberá entender e trabalhar esses aspectos, identificando e compreendendo que cada Espírito reflete expressões próprias do seu momento evolutivo.
Sem esse preparo, encaminhando-se alguém que chega imediatamente ao trato com o fenômeno, saltando essa etapa de verdadeira formação de consciência, produzir-se-ia o "espírita" místico, sobrenatural, mágico, maravilhoso e como conseqüência o mau médium.
III - O que caracteriza uma reunião mediúnica
Exatamente o intercâmbio ostensivo com os desencarnados onde estes se manifestam através dos médiuns, exteriorizando dores, sentimentos, incompreensões, necessidades enfim.
Essas reuniões são privativas, isto é, sem público porque:
  • exigem dos participantes preparo específico. Presença de público dividido entre neófitos, curiosos, descrentes, outros buscando recados ou interesses pessoais etc., dificultam, impedem ou conturbam a formação/manutenção do bom ambiente necessário, prejudicando um trabalho que pede, pela sua delicadeza e natural dificuldade, calma, tranqüilidade, união de sentimentos/pensamentos no ideal de melhor servir com Jesus.
  • é desconsideração, falta de caridade expor dramas pessoais dos comunicantes que estão ali necessitados do auxílio fraternal, discrição, respeito e consideração.
IV - Dentro desse tema, conforme a finalidade a que se destinam, podemos estudar as reuniões mediúnicas em dois momentos:
a) reuniões de educação da mediunidade
b) reuniões de reequilíbrio emocional ou desobsessão
a) Da necessidade e importância da educação mediúnica, aprofundam-se, continuam, aqui os raciocínios abordando "O Livro dos Médiuns" quando Allan Kardec inicia-o com a interrogação - "Há Espíritos?" Daí decorre toda uma análise, pois se como iniciante ou interessado no Espiritismo, não entender, aceitar esse questionamento, como prosseguir para formação de uma consciência no real objetivo do trabalho? Como levar alguém a se preparar, se empenhar para comunicar-se com Espíritos se não se acredita na existência deles?
Para adentrar na atividade mediúnica e educar a faculdade temos que conhecer o que é o Espiritismo, para que se desenvolvam ou decorram a orientação, o conhecimento, aceitação e entendimento do fato mediúnico.
Será nesse processo, verdadeira série, seqüência de acontecimentos, onde um fato vai abrindo campo para outro que vai se aprofundando, apresentando-se nuances várias, onde o médium, o participante vai aprendendo a lidar com seus esgares, trejeitos, na busca de um comportamento educado que substitui as comunicações ruidosas, espalhafatosas, pelo intercâmbio equilibrado. Apresentando-se um Espírito turbulento o médium sabe filtrar a comunicação; se o Espírito é vulgar, não usará linguajar grosseiro.
Poder-se-á questionar - mas nesse caso não estará o médium interferindo na comunicação? De modo algum - se por exemplo, enviamos um recado a alguém com expressões vulgares, sendo o portador, pessoa digna, apresentará a mesma mensagem, com palavras equivalentes, mas não chocantes ou deselegantes.
Será ainda nesse preparo que o médium, o trabalhador entenderá a seriedade do trabalho - a necessidade do preparo pessoal, da serenidade, ordem, disciplina, assiduidade, importância, alcance e relevância do compromisso assumido, do trato fraterno entre todos, sem prevenções ou ciúmes, detalhes aparentemente sem importância, mas que se constituem como condição fundamental para o êxito do empreendimento.
À medida que essas experiências vão se renovando, que o médium vai trabalhando consigo, começa a exteriorizar-se no modo de ser mais responsável, traduzidas em assiduidade, disciplina, interesse que indicam estar a caminho para num futuro ser encaminhado para as reuniões convencionais de mediunidade.
Será ainda nessas reuniões de educação mediúnica, que aqueles que irão conversar com os Espíritos, aprendem, desenvolvem, educam a técnica do saber ouvir, do falar pouco, do dar chance ao outro para que fale da sua dor ou revolta, interferir, entrar, perguntar na hora certa, levando o Espírito a descobrir a raiz da própria dor, e, nesse momento, ele, Espírito desejará saber como poderá ser ajudado, como fazer para libertar-se de situações tão sofridas.
Essa técnica, esse modo se aprende, na análise, na discussão, nas avaliações, nas trocas uma vez que sem isso, num primeiro momento, tão logo o Espírito se manifeste, tendemos a chamá-lo de irmão, falar-lhe de Deus nosso Pai, de Jesus, dos princípios doutrinários, da importância da prece, à alguém que, não só não está interessado, como vive em meio a dores que atribui justamente a um Deus injusto que ainda privilegia seu antagonista, o causador de seus males. Não está interessado em um Jesus que nunca se ocupou dele, de alguém desconhecido que o chama de irmão. Tais colocações, exacerbam, irritam, afastam, somam problemas à situação já existente. Aprende ainda a trabalhar com aqueles que se apresentam de forma inconveniente, discutidores nas comunicações demoradas em diálogos inconseqüentes a prejuízo do tempo em que poderia ser usado no atendimento de tantos outros necessitados.
Todas essas diretrizes, a educação mediúnica, contida principalmente em "O Livro dos Médiuns" assim como em outros autores específicos do assunto, formam o cabedal de conhecimento/prática que configuram o bom médium, aquele que se qualifica para as reuniões mediúnicas nos trabalhos de socorro espiritual/desobsessão.

Bibliografia:


  • Celeiro de Bênçãos - D. P. Franco, pág. 33
  • Pureza Doutrinária - Ari Lex - cap. I - VI
  • Diretrizes de Segurança - D. P. Franco/J. Raul Teixeira - cap. II
  • Reuniões Mediúnicas - Therezinha de Oliveira
  • Diálogo com as Sombras - H. C. Miranda
  • Conduta Espírita - A. Luiz/W. Vieira
  • O Livro dos Médiuns - 2.ª parte
  • Mediunidade - D. P. Franco

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