quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Discernimento


“Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja para vós de inegável evidência. Quando aparecer uma ideia nova, por menos duvidosa que vos pareça, fazei-a passar pelo crivo da razão e da lógica e rejeitai corajosamente o que a razão e o bom senso reprovarem. É melhor repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desabaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal ou uma demonstração irrefutável virá vos afirmar a sua autenticidade.”¹
A aptidão para avaliar algo com sensatez e clareza é o que se denomina discernimento ou bom senso, tão bem utilizado por Allan Kardec em toda sua vida e, especialmente, em sua obra, daí o respeito, a segurança e a admiração que se nutre por ele.
Nestes dias, em que a comunicação se faz facilitada e célere, observa-se que as opiniões circulam o globo na velocidade da luz, levando consigo os pontos de vista, as opiniões que, por melhores que sejam, carregam consigo o subjetivismo e o personalismo.
Imersos nesta onda de aproveitamento das facilidades que a midiática proporciona, verifica-se que, diante de tantas opiniões, se têm tido poucas, muito poucas reflexões.
Estes são dias que nos exigem atenção e vigilância. No entanto, esquecidos do crivo da razão, do bom senso, transmitem-se opiniões e informações nem sempre verdadeiras que exaltam, muitas das vezes, a discórdia, a divisão, a dúvida, sem avaliar os efeitos presentes e futuros.
Mais do que antes, olhai, vigiai e orai são diretrizes para os que desejam colocar o Evangelho em suas vidas. É no olhai que o discernimento se faz, para que a vigilância seja praticada com garantia,
sem desvio do foco a vigiar. Temos o Espiritismo e, com ele, podemos proporcionar conforto, consolo, esclarecimento e orientação.
Em vez de opiniões, mais reflexões. O espírita é portador da mensagem cristã e tem o dever de prestar o testemunho vivido, falado ou escrito da Doutrina que abraçou. O momento exige renúncia dos pontos de vista, das opiniões pessoais, mas requer aplicação das ideias espíritas em nós mesmos, primeiramente, antes de divulgarmos aos outros. Assim nos diz a razão, o bom senso, o discernimento.

REFERÊNCIA:
1 KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 20, it. 230, Espírito Erasto.

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