Quando
procuramos um médium, não procuramos por ser Rita, Maria ou José.
Buscamos determinadas qualidades que tornam o médium mais apto à tarefa
que se apresenta. Buscamos, entre os médiuns da mesa, o perfil mais
apropriado. Servimo-nos daquele que melhor se adapta à necessidade do
momento.
Neste sentido é que dizemos que as ligações mediúnicas mais saudáveis são impessoais.
Se
nos ligamos afetivamente aos médiuns com que trabalhamos? Claro! Mas
não lhe somos exclusivos, nem ele o é para nós, e não hesitaremos em
buscar outro medianeiro mais qualificado para um mister diferente, se
esta providência se mostrar cabível.
Espíritos
que se ligam aos médiuns por motivos pessoais existem, e não são
poucos. Haja vista, toda a gama dos obsessores e subjugadores. Também as
afinidades estabelecidas em existências anteriores poderão facilitar o
contato com estas criaturas. Mas o bom médium não vive de ligações
pessoais com almas familiares ou simpáticas. Ele busca, no estudo e
autoconhecimento aliados à humildade, a possibilidade de ser mais útil a
uma variedade maior de Espíritos e eficiente numa diversidade de
situações.
Aliás, se fazemos alguma distinção com relação aos médiuns é no que tange ao desenvolvimento destas virtudes:
- o estudo sincero e o empenho real em aprender sobre a mediunidade e as leis espirituais;
- o conhecimento de si mesmo que diminui a possibilidade de ser enganado por suas próprias fraquezas;
- a humildade, que evita interferências personalistas do orgulho e da vaidade.
Se existe um médium para preferirmos exclusivamente como instrumento e, não, como ser humano, é este.
Acostume-se,
portanto, o médium a não tomar como pessoais as ligações que se
estabelecem na reunião, a não se tornar defensor ou acusador da criatura
necessitada que o procura para fins de reajustamento íntimo, nem se
considere agraciado pela chance de ser intermediário de palavras
sublimes.
A
prudência pede que se abstenha de comentários que denunciem
preferências ou antipatias por esta ou aquela entidade comunicante. O
amor abraçará a todos, na medida em que aumentar dentro de nós.
Entregar-se
ao serviço mediúnico com bondade e sem acúmulo de expectativas sobre o
próprio desempenho e sobre as comunicações recebidas é a melhor maneira
de não se ver surpreendido, mais tarde, pela fileira dos equívocos de
julgamento.
Quando,
na sua tarefa habitual, o médium consegue igualmente se desprender de
suas exigências e maneirismos pessoais, quando consegue relevar seu
desejo de atender somente a determinada faixa de Espíritos em benefício
da experimentação e do socorro às criaturas em sofrimento, torna-se
facilitador do próprio aprendizado e desenvolvimento.
Quando,
ao contrário, fecha-se no limite de mimos e idiossincrasias é ele, mais
que qualquer outro, quem perde a oportunidade da lição presente na
experiência.
No
silêncio de sua alma, cada um sabe o que pode ou não fazer com sua
faculdade sem prejudicar a saúde física e emocional. Que ninguém se
prejudique com o pretexto de servir, e recorra aos Espíritos
orientadores para esclarecer-se e assegurar-se do que é apropriado a
cada momento. Mas também, que ninguém se negue a possibilidade de tentar
algo novo, por preconceitos ou receios sem maior justificativa que os
próprios preconceitos.
Que
ninguém busque os louros da glória entre os homens, porque no ponto
mais alto do exercício mediúnico encontram-se a abnegação e o
desinteresse.
Entender
a mediunidade como a moeda recebida em confiança na parábola dos
talentos; aplicá-la, não exclusivamente segundo nossos gostos, mas
segundo as necessidades da vida; investi-la sem medo, mas com bom senso,
e sem distribuição indiscriminada dos seus bens, tudo isto são
responsabilidades de todo bom médium.
Unicamente
o discernimento e a humildade conferem parâmetros seguros a este
exercício, discernimento e humildade que não podem conviver com o
personalismo.
Autores: Werneck / Rita Foelker
Site: Luz do Espiritismo – Grupo Espírita Allan Kardec
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