COMO VIVEM OS ESPÍRITOS 1 – ERRATICIDADE
1 – ERRATICIDADE
Dizemos que a alma ou Espírito reencarna
várias vezes, na Terra e outros mundos, para atender às necessidades de
aprendizado e evolução que o conduzirão ao pleno domínio de si mesmo e à
perfeição relativa, uma vez que a absoluta só é encontrada em Deus.
Enquanto estamos nesta condição, todos sabemos como vivemos. Mas e
quando fora do corpo? Denominamos de erraticidade à situação do Espírito
que, não estando encarnado, ainda possui necessidade de fazê-lo outras
vezes para seguir seu aperfeiçoamento e de, intermissão, ao período de
tempo em que permanece naquele estado.
Os Espíritos suficientemente evoluídos a
ponto de dispensarem novos retornos à Terra ou mundos equivalentes,
vivem permanentemente no mundo espiritual, mas não se considera que
vivam na erraticidade. Podem voltar, porém, aos mundos inferiores em
caráter de missões especiais. Quanto ao intervalo entre duas encarnações
é variável para cada Espírito, desde poucos anos a muitos séculos.
Raros os casos em que a reencarnação seja quase imediata, mas pode
haver. Mas, então, onde ficamos, o que fazemos?
Antes de mais nada é preciso recorrer ao
conceito de dimensões emprestado à Geometria e à Física. Infelizmente
não podemos nos demorar nele, tendo que acatá-lo como fato consumado e
recomendamos o seu exame em bibliografia adequada. Resumidamente temos
que vivemos num mundo de três dimensões. Na primeira teríamos uma reta,
na segunda acrescentaríamos a superfície e na terceira encontramos o
volume. Cada uma destas contém as precedentes. Mas se falamos de
existência de seres fora da matéria, devemos logo imaginar que tal
situação deve ocorrer numa dimensão diferente.
De fato, o estudo atento das descrições
dos Espíritos desencarnados mostram que eles atuam num mundo onde as
dimensões tempo e espaço são irrelevantes. Não que não existam como
realidade, mas a maneira como eles inserem-se nessa realidade é que
difere da dos encarnados. É a partir destes estudos que poderemos
começar a entender acontecimentos como o acesso a registros de fatos de
vidas anteriores, os fenômenos mediúnicos das premonições (previsões do
futuro), de transporte e materializações, de desdobramento (espécie de
viagens astrais), bem como de certos atributos de Deus como a
onipresença e onisciência.
Em suma: o chamado mundo espiritual é
constituído de quatro ou mais dimensões. São universos paralelos que
interpenetram, incluem e absorvem o mundo material. Embora,
fundamentalmente energético – o nosso de certa forma também o é, mas de
energia coagulada – ele é absolutamente real, tanto que, em verdade, ele
é o primitivo e este em que vivemos é uma cópia imperfeita daquele, da
mesma forma que o corpo físico é a condensação da matriz do perispírito.
Quando o Espírito desencarna, várias
situações podem lhe ocorrer. É possível que, dependendo de sua
ignorância completa sobre o estilo de vida que o aguardava e de seu
pouco adiantamento moral, simplesmente permaneça imantado à crosta
terrestre, fixado aos objetos que lhe eram caros ou constituíam seu foco
de interesse, como o próprio lar ou, pior, nas proximidades do local em
que seu corpo físico experimenta o natural processo de desintegração.
Ou perambula pelas ruas, bares e
prostíbulos e mesmo locais de suas antigas atividades profissionais,
isto tudo de acordo com suas preferências pessoais e diferentes graus de
consciência ou, no caso, inconsciência. Não raro, nem se reconhece como
morto, situação que pode durar alguns dias ou muitos anos até que algum
tipo de socorro venha arrancá-lo deste estado de perturbação,
permitindo que retome a vida normal e ambiente mais apropriado.
E que ambiente seria este? Colônias
espirituais amplamente descritas por inúmeros autores desencarnados como
André Luiz, por exemplo, através da psicografiado médium Chico Xavier e
muitos outros e testemunhos de alguns médiuns que possuem a faculdade
de, durante o sono natural ou sonambúlico, desprender-se do corpo físico
e excursionar por esses lugares, fazendo relatos sobre o que lá puderam
observar.
Nessas colônias, como Nosso Lar, a mais
conhecida e bem descrita na obra homônima, clássico da literatura
espírita escrita em 1944, a vida transcorre como na Terra. Tudo lá é
extremamente organizado e encontram-se construções como casas de
moradia, hospitais, escolas, jardins e meios de transporte. As pessoas
trabalham, estudam, divertem-se e repousam.
Aqui um detalhe: ao tomarmos contato com
esse tipo de informação é importante notar que as experiências dos
seres que lá trabalham estão condicionadas às suas necessidades e
hábitos. Por exemplo, contam-nos que muitos de seus habitantes
alimentam-se normalmente, bem como possuem outras necessidades
fisiológicas. Em locais mais densos, digamos assim, onde é maior a
inferioridade moral dos que lá estão, é comum se falar em orgias sexuais
regadas a alcoólicos.
Em Nosso Lar, os Espíritos
recém-recolhidos ficam em tratamento nos quais são medicados por
magnetização, mas também por remédios “naturais” ou quando, já em
situação melhor, levam uma vida normal como na Terra com afazeres
diversos, mas dependentes de troca de vestuário, alimentos, sono, etc.
Já os colaboradores mais antigos e, portanto, mais esclarecidos
dispensam estas muletas psicológicas. Necessitam de energias para
manter-se em atividade, mas as retiram diretamente da natureza pela
respiração ou através de manipulações especiais, porém de modo
automático e sem necessidade de receber a forma de alimento específico
com relação aos da Terra como pão ou frutas. É energia em estado puro.
Diz-se que o Nosso Lar encontra-se
localizado geograficamente a algumas dezenas de quilômetros acima da
cidade do Rio de Janeiro, mas poderia ser diferente, como dissemos, e
termos alguma colônia embutida no nosso globo, uma vez que para os
Espíritos, também a depender da sua capacidade de dominar as forças
naturais e os fluidos, não há barreiras materiais. Pela sua constituição
atravessam paredes de qualquer espessura ou material e deslocam-se
quase que instantaneamente de um ponto a outro.
Repetimos que tudo isso é relativo, pois
temos descrições de Espíritos aos quais lhes é interdito uma coisa como
outra. Usam portas para entrar ou sair e o deslocamento se faz por meio
de veículos adequados e gastam tempo para isso, embora menores que
aqui. Talvez com as novas tecnologias estejamos nos aproximando da
construção de aparelhos voadores tão velozes que possam confirmar a tese
de que tudo o que existe e é criado por aqui, na verdade já existia
primeiro nas dimensões espirituais.
Enfim, o mundo espiritual é tão real
como o nosso. Quando estivermos lá, nos reconheceremos por inteiro, com
nossa identidade pessoal, com nossos atributos de conhecimento e
sentimento, nossa memória preservada, um corpo idêntico quanto à
morfologia ao de carne e que continuará nos servindo de instrumento de
atuação sobre tal mundo, que sentiremos as mais das vezes tão sólido sob
nossos pés como o temos aqui.
Portanto, não há motivo para nos
inquietarmos com o que vamos encontrar do lado de lá. Tudo com que temos
que nos preocupar é o preparo da bagagem. Vai depender o nosso bem
estar nesse novo lar, ou melhor, o regresso ao nosso antigo lar, do que
ajuntarmos de bom por aqui. Seremos atraídos inexoravelmente para
segmentos dessa outra dimensão e para a companhia de outras
individualidades, de acordo com os hábitos que cultivarmos durante o
exílio na Terra. Pensamentos, emoções, palavras e atos formarão o
conjunto de créditos ou débitos que determinarão o local mais justo e
merecido a cada um de nós após o abandono do corpo físico.
Enquanto uns permanecerão extraviados,
perturbados e perturbando por aqui, outros já serão contemplados com
atenções especiais que auxiliarão a se recuperar rapidamente da
transição readaptando-se à nova ordem de coisas. Outros mais irão talvez
diretamente até para ambientes mais purificados, enquanto para muitos o
destino será as zonas umbralinas, onde experimentarão sofrimentos
atrozes, decorrentes do seu livre-arbítrio e em completo desrespeito às
leis divinas.
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