quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Reuniões espíritas

O Livro dos Médiuns em seu capítulo 29 trata das Reuniões e Sociedades Espíritas. Vou examinar os itens 324 a 333 que tratam das Reuniões Espíritas.

As reuniões espíritas foram divididas por Kardec em três tipos básicos: frívolas, experimentais e instrutivas.
As reuniões ditas frívolas são aquelas em que se buscam interesses fúteis, tais como a leitura da sorte, interesses pessoais, entretenimento, jogos e brincadeiras com os espíritos. Atraem principalmente espíritos brincalhões, zombeteiros e fúteis, assim como os encarnados que dela participam.

As reuniões ditas experimentais são aquelas em que se busca a produção de efeitos físicos. Seus assistentes se dividem entre os curiosos e os estudiosos. Para uns não é mero passatempo enquanto outros a vêem como uma oportunidade de aprendizado e de comprovarem o que estudaram teoricamente. Kardec alerta que se as experiências forem feitas com método e prudência resultados muito bons poderão ser obtidos.

Por fim as reuniões instrutivas. Kardec nos alerta que é neste tipo de reuniões que se pode obter o melhor ensinamento, mas, que para isso é necessário que se obedeça a algumas condições.

A primeira condição é a seriedade de propósitos. Nesse tipo de reunião comparecem espíritos sérios, porém, como em toda reunião, os espíritos são atraídos pela afinidade de propósito. Assim, espíritos sérios comparecem a reuniões realizadas com seriedade. Segundo Kardec: “Uma reunião só é verdadeiramente séria quando se ocupa exclusivamente de coisas úteis”

Em seguida nos alerta que a instrução espírita não se reduz ao ensinamento moral dado pelos espíritos, mas, também pelo estudo dos fatos. E, no estudo se incluem as causas, seus efeitos e tudo o que leve ou a um conhecimento novo ou à confirmação de um princípio já conhecido. Portanto, tal estudo não pode ser conduzido de forma leviana e ligeira. Mas, com seriedade de propósitos e trabalho constante.

A seguir Kardec nos fala sobre a utilidade desse tipo de reunião para médiuns de manifestações inteligentes. E, nos alerta sobre a necessidade do estudo constante e da humildade por parte do médium. Um médium que se considere infalível é facilmente enganado, envolvido por espíritos que o queiram enganar, e, portanto alguém que facilmente poderá recair na obsessão – em especial do tipo fascinação.

Para se evitar isso o conselho de Kardec, sempre atual, é que o médium submeta suas comunicações a outras pessoas para que seja feito um controle, reproduzo abaixo o que diz Kardec:
“Um dos grandes obstáculos à mediunidade, como já dissemos, é a obsessão e a fascinação. Os médiuns podem, portanto, iludir-se de muita boa-fé sobre omérito do que obtêm, e compreende-se que os Espíritos enganadores têm toda a liberdade de ação quando lidam com um médium que não quer enxergar; é por isso que esses Espíritos afastam o médium de todo exame e, se for preciso, fazem-no tomar aversão por qualquer pessoa que possa esclarecê-lo. Favorecidos pela idéia do isolamento e da fascinação, eles podem facilmente lhe fazer aceitar tudo o que querem.
Não é demais repetir: aí se encontra não apenas a dificuldade, mas também o perigo. O único meio que o médium tem de escapar disso é o controle de pessoas desinteressadas e benevolentes, que, julgando as comunicações com equilíbrio e imparcialidade, podem abrir-lhe os olhos e fazer com que perceba o que não pode ver por si mesmo. Acontece que todo médium que teme esse julgamento já está no caminho da obsessão; aquele que acredita que a luz é feita apenas para ele está completamente subjugado; se leva a mal as observações, se as repele, se com elas se irrita, não há dúvidas sobre a má natureza do Espírito que o assiste.”

No mesmo sentido José Herculano Pires nos alerta em seu livro Mediunidade sobre o perigo do isolamento do médium.

Assim, Kardec recomenda a todos os médiuns que dêem preferência à participação em reuniões instrutivas, na companhia de pessoas sérias, e, não tenham a vaidade de se achar infalíveis. E, continua seu alerta, informando que o médium obsedado coloca em risco a seriedade da reunião, e se assemelha a um doente que se recusa a tratamento médico.

A outra condição para a realização de boas reuniões instrutivas é a unidade de pensamentos e propósitos dos que dela participam. Não se fala em número de participantes, mas, de unidade de propósitos. Cem pessoas com o mesmo objetivo atrairão espíritos afins e produzirão resultados estupendos, dez com objetivos diversos nada conseguirão. Assim, mesmo que a reunião tenha poucos participantes, que eles estejam unidos em relação aos fins que pretendem atingir. Se seu objetivo é o estudo que todos tenham esse objetivo, se é obter-se a comunicação com algum desencarnado também. Os espíritos que serão atraídos para a reunião serão aqueles que se afinem com os espíritos que dela participam e seus propósitos. Assim, bons propósitos atraem bons espíritos. E, propósitos fúteis atraem espíritos fúteis.

Outra condição é a regularidade das comunicações. Existem espíritos que são “frequentadores habituais” de certas reuniões, seja por serem os espíritos protetores dos participantes, seja por que são mais frequentemente evocados por eles. Entretanto, os espíritos não estão à nossa disposição e a regularidade de dia e horário da reunião assegura a freqüência dos bons espíritos. Porém, se a regularidade de dia e horário, e a pontualidade a ele, facilita a presença dos bons espíritos, os espíritos verdadeiramente superiores não são meticulosos nesse sentido:
“A exigência de pontualidade rigorosa é um sinal de inferioridade, como qualquer outra ingenuidade.”


Um exemplo de fácil compreensão é a prática do evangelho no lar, que nada mais é do que uma reunião espírita do tipo instrutiva, com o objetivo de estudo do evangelho.

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