segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Culto aos Mortos


O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus (Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne depois que o Espírito o abandona. 
Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser vencido seria a morte. Isto é, quando os homens estivessem em condição de compreender o verdadeiro sentido da vida, deixariam de ver na morte uma inimiga, uma vez que não existe morte.

  O que se habituou o homem a chamar morte nada mais é do que o afastamento do Espírito do corpo carnal.

Temos a convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que o dois de novembro será comemorado nos templos religiosos e com elucidações evangélicas. Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e muito mais consentânea com sociedades mais esclarecidas e religiosamente bem formadas.

▬  Há duas razões para assim pensarmos:

  Em primeiro lugar, já o dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo mas do Espírito.

  E, em segundo lugar, não é nos cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para recebimento das preces que, em seu favor, devem ser proferidas.

Os cemitérios são os laboratórios de transformação das vestes carnais das almas que as abandonaram.

  Os cemitérios devem ser visitados, sim, como um ambiente de respeito se ali vamos em acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso Criador e Pai.

Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que nos lerem, mormente se este artigo vier a cair em mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge aquele que se deixou perder nos caminhos do materialismo comportamental dos vícios e das paixões e que, assim, esqueceu de Deus.

  A Doutrina Espírita nos mostra que somos Espíritos eternos e imortais. Quando encarnados, temos o corpo físico, o corpo espiritual (o perispírito) e o Espírito.

▬  Quando desencarnados, nos desligamos de nosso corpo físico:

  A vontade,
  As emoções,
  A inteligência,
  Tudo está no Espírito.

Portanto, logo percebemos que a morte como conhecemos não existe. Ninguém morre, no sentido de acabar. O espírito é eterno e imortal. A morte então é uma passagem do plano físico para o plano espiritual. Isso se dá para que desenvolvamos nossas qualidades morais.

  E embora tenhamos um grande desenvolvimento intelectual, a morte ainda não é bem entendida para a maioria de nós, mesmo os espiritualistas e até os espíritas, se tocarmos no sentido do apego. Embora o entendimento esteja na mente, o coração responde diferente.

Não é à toa que uma enorme quantidade de espíritos desencarnados expressarem suas dificuldades na vida de além túmulo, com relação as saudades de seus entes queridos, e vice-versa. E é este excesso de apego que cria situações extremamente desconfortantes, onde entramos em grande desequilíbrio nos momentos de separação mais brusca.

  Mesmo quem entende a morte, sofre a dor da separação. Porém, é preciso modificar a nossa ideia acerca da vida, que não se resume a vida material, mas essencialmente a vida espiritual.

Nossos entes queridos são empréstimos de Deus para que possamos nos desenvolver cada vez mais. Mas que amor é esse, que desenvolvemos por eles, que em vez de pacificar nossa evolução, que em vez de fazer o bem, acaba prejudicando com o peso da saudade?

  O dia de finados deve ser visto então como mais um dia em que devemos elevar nosso pensamento a Deus, orando fervorosamente por aqueles que já partiram, para que esta prece, feita sempre de coração, seja um alívio para aqueles que nós amamos e já partiram para a pátria espiritual.

A prece está entre os maiores bens que podemos fazer em benefício daqueles que já partiram, mas não é estagnada a apenas uma data no ano. Se quem partiu está na condição de sofrimento ou de perturbação, a prece será de grande benefício.

  Se quem partiu está consciente, lúcido de sua realidade espiritual, da mesma forma, a prece chegará como um bálsamo ao coração de quem amou, pela lembrança e pelo carinho.

▬  Vejamos o que nos dizem os Espíritos, através de Kardec:

P ▬ 321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?

R ▬ “Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”

P ▬ a) Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?

R ▬ “Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento.

P ▬ 323. A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?

R ▬ “Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”  ("O Livro dos Espíritos")

  O Pai que nos criou a todos não para a morte mas para a vida eterna. Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se espiritualmente. Esses se colocam na posição de mortos-vivos, porque espiritualmente nulos.

Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter nos cemitérios em pranto e oração pelos seus “mortos” é um dever a que temos de submeter-nos por compreensão.

▬  Mas em hipótese alguma devemos deixar perder-se a oportunidade quando realmente oportuna de:

  Elucidar,
  Consolar,
  E esclarecer.

  Aqueles que sofrem convencidos de que seus entes mais queridos realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o Espírito, agora, está mais vivo do que nunca.

(ADDE)
Fonte: Reformador.

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