Escritores, jornalistas, romancistas, telenovelistas, oradores,
enfim, todas as pessoas que se utilizam de uma caneta, computador,
câmera ou microfone no exercício de sua profissão, têm uma
responsabilidade específica e direta sobre a conseqüência que vai
provocar – no leitor ou ouvinte ou espectador – aquilo que diz ou
escreve.
As novelas maciçamente assistidas, que as emissoras de TV transmitem
nos horários nobres, são um exemplo típico da influência que exercem na
população: imitação de figurinos, repetição de falas e bordões,
comportamentos, etc.
Será que os autores das novelas sabem aquilatar as conseqüências dos
exemplos terríveis que colocam no ar, ao vivo e a cores, para a grande
massa de expectadores desses programas largamente consumidos? Exemplos
que se constituem em aulas de bandidagem e de crueldades inomináveis,
levando pessoas vulneráveis a se sentirem autorizadas a fazer igual,
repetir atitudes, copiar comportamentos que as conduzem a situações
infelicitantes vida a fora.
Léon Tolstoi, no prefácio do livro “Sublimação”, de Yvonne do Amaral Pereira,
presta contundente depoimento acerca do suicídio de Anna Karenina –
personagem de um dos seus mais famosos romances – que inspirou gesto
igual a muitas mulheres vítimas de descontroladas paixões. Esses fatos
fizeram dele, segundo suas próprias palavras, uma pessoa atormentada,
que carregava na consciência o peso de um remorso que o acompanhou pela
vida, comprometendo a sua paz.
O “quarto poder” – expressão usada para definir o poder da mídia em
relação aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário – tem a incrível
capacidade de manipular a opinião pública, a ponto de ditar regras de
comportamento e de influenciar nas escolhas dos indivíduos. Joga com as
emoções da população, favorecendo o interesse de terceiros em busca de
fama e conquista de audiência. É uma guerra das mais ferrenhas.
Agora, já se fala no “quinto poder” – o mundo da propaganda e da
publicidade – que fascina multidões de consumistas vorazes, que se
permitem aceitar tudo o que o talento criativo de seus profissionais
joga no ar e no psiquismo das pessoas, através da imprensa falada,
escrita, televisada e da mídia virtual. Nem todos são capazes de
identificar esse polvo cruel e desumano que, com os seus tentáculos,
envolve as mentes dos desavisados imprimindo-lhes, subjetivamente, a
marca do desejo incontrolável de possuir o produto anunciado. Mais cruel
e mais desumana é a publicidade infantil que cria consumidores
precoces, afetando igualmente crianças, filhas de famílias em situação
de risco social, as quais crescem frustradas e amarguradas por não terem
a mínima chance de adquirir os produtos anunciados que, para elas,
significam a felicidade. Nos países mais desenvolvidos existem leis que
restringem a publicidade infantil, para que a população infanto-juvenil
abstenha-se de desenvolver a necessidade do consumismo desenfreado.
Na questão 209, do livro O CONSOLADOR, Emmanuel discorre
sobre os efeitos produzidos pelo labor intelectual na Terra asseverando
que “o homem de inteligência que vende a sua pena, a sua opinião e o seu
pensamento no mercado da calúnia, do interesse, da ambição e da maldade
cultiva espinhos e agrava responsabilidades pelas quais responderá um
dia, quando houver despido a indumentária do mundo, para comparecer ante
as verdades do Infinito”.
Porém, não podemos generalizar. A veiculação de textos e programas
com mensagens positivas existe em menor escala, mas existe, levando aos
leitores e espectadores mais seletivos e mais exigentes bons produtos,
que se constituem em um alimento saudável para o espírito. Há no mercado
editorial livros e revistas de excelente conteúdo. Os canais
convencionais, a TV aberta, a Internet e a indústria cinematográfica
também oferecem produtos de qualidade superior. Isso significa que o
consumidor final desses produtos tem a opção de escolher o que mais lhe
apraz. Compete a ele decidir com que tipo de alimento vai se nutrir
espiritualmente.
Sonhamos com o dia em que essa guerra por audiência e pela ambição
desmedida em estar no topo da lista dos que vendem mais dará lugar a uma
mídia que seduza pelos valores morais, pela nobreza dos sentimentos,
pela excelência do caráter bem formado, pelo interesse único em bem
servir a humanidade. Exatamente assim, no melhor estilo das grandes
civilizações. Como? Fazendo a nossa parte. Quando? Agora. Por quê? Simplesmente porque nós merecemos.
Maria das Graças Vidigal
Fonte: FEAK
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