- Por Antonio Moris Cury
No
intervalo compreendido entre as reencarnações (reencarnação = entrar de
novo na carne, isto é, em novo corpo físico), em geral, o Espírito
imortal, no exercício de seu livre-arbítrio, escolhe o gênero de provas
por que há de passar em sua próxima experiência e, com isso, assume
desde logo a responsabilidade por suas decisões e logicamente pelas
conseqüências delas decorrentes. Sendo importante destacar que esta
escolha diz respeito ao gênero das provas propriamente dito, e não às
suas particularidades, razão pela qual os Mentores Espirituais, como
sempre, recomendam cautela.
Toda
reencarnação é precedida de planejamento. O Espírito trabalha,
pesquisa, estuda e observa para fazer a sua escolha. Tal afirmação às
vezes provoca surpresa, por existir quem acredite que, na Terra, integra
determinada família por engano. Entretanto, e como facilmente se pode
observar, um mínimo de planejamento é necessário até mesmo para o
cumprimento de tarefas primárias de nosso dia-a-dia. E quanto ao
trabalho (toda ocupação útil é trabalho” – “O Livro dos Espíritos”, questão 675),
não deveria nos surpreender a afirmação de sua existência após a
desencarnação diante do que disse Jesus, o Cristo, há mais de dois mil
anos: O Pai trabalha até hoje, isto é, sempre!
De
outra parte, informado do planejamento, há quem não compreenda, por
exemplo, a razão de alguém escolher a prova da miséria quando poderia
optar pela prova da riqueza, que proporciona facilidades, conforto,
bem-estar. No entanto, completada a informação, passa a entender que
ambas as provas são difíceis e que a prova da riqueza provavelmente seja
mais difícil porque pode torná-lo avaro e egoísta; pode lançá-lo aos
vícios.
De
certo modo, agimos assim, quando fisicamente adoentados, por exemplo,
tomamos o remédio mais desagradável para nos curarmos de pronto.
Está
mais do que comprovado que precisamos aprender, crescer, progredir
intelectual e moralmente e que não nos encontramos em férias, e muito
menos em férias permanentes.
Até atingir a perfeição relativa, o Espírito passa por provas e expiações (“A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando” – “A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação.”
– livro “Dimensões da Verdade”, Espírito Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal, cap. “Sob testes e exames”). O
ideal é que enfrentemos com fé, resignação e amor, mantendo-nos ativos,
trabalhando e estudando sempre, procurando eliminar quanto antes as
queixas de nossa vida.
A propósito, como já esclareceu André Luiz, Espírito, no livro Agenda Cristã: “As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.” (psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB, cap. 38).
Na mesma linha, no livro “Para Uso Diário”, o Espírito Joanes aconselha: “Evite
a lamentação, uma vez que ela em nada lhe auxiliará. Não diminuirá o
peso da sua cruz, nem dispensará as nuvens que estejam toldando,
porventura, os seus horizontes.” (psicografia de José Raul Teixeira, Ed. Fráter, cap. 20).
Como
se pode observar com muita facilidade, a queixa não soluciona qualquer
problema. Logo, se não resolve nem sequer acrescenta nos outros um só
grama de simpatia por nós, cabe perguntar: que postura devo adotar? Qual
a mais adequada? Qual a que mais nos beneficia?
A
reencarnação, repetimos para enfatizar, é sempre precedida de
planejamento, de modo que ninguém está solto, só, e muito menos por
acaso na Terra, havendo fortíssimas razões para termos renascido neste
ou naquele país, nesta ou naquela cidade, nesta ou naquela família, com
incontáveis facilidades ou dificuldades, etc., mesmo que agora não
saibamos identificá-las e apontá-las.
A
reencarnação, como bênção de oportunidade, reflete a Justiça de Deus.
Oportunidade de corrigir nossos erros, males e equívocos, ainda que
parcialmente, de ajustar e reajustar contas. Oportunidade de
crescimento, de evolução, de progresso intelectual e moral. Oportunidade
ímpar de dar nova direção à nossa Vida, com o ingresso definitivo na
estrada do Bem, praticando-o onde quer que nos encontremos.
Fonte: Mundo Espírita
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