O
espírita no mundo assemelha-se ao homem que se embrenha na selva…
Determinado a vencê-la, ele precisa atravessar a floresta encontrando a
grande clareira no vale ensolarado; no entanto as dificuldades são
imensas para que as supere…
Ele
se defrontará com os mais diversos perigos e obstáculos; sem bússola
que o norteie, correrá o risco de perder-se na mata fechada; forças da
Natureza conspirarão contra o tentame, porquanto a floresta, nunca
dantes devassada, quer permanecer inexplorada…
À
medida que avança, o homem se depara com cipoais a se enrodilharem nas
pernas, provocando-lhes sucessivas quedas… Terrenos escorregadios,
pântanos, areias movediças, serpentes, troncos praticamente
intransponíveis, insetos de todas as espécies, mas o homem procede
decidido a vencer a escura floresta, para alcançar, do outro lado, a
claridade solar…
Assim,
simbolicamente, acontece com o espírita. Podemos vê-lo no mundo
atravessando a gigantesca floresta das provações; alem de lutar contra o
próprio carma, contra as próprias limitações, ele se vê diante de
problemas e empecilhos exteriores, no entanto precisa vencer o matagal
espesso da vida turbulenta e alcançar o outro lado, varar a floresta,
abrindo picadas para que outros, mais tarde, possam seguir-lhe os
passos. Às vezes, o homem, na floresta, se sente como que detido pelas
ramagens; caminhada vacilante, dois passos adiante, um passo atrás,
esfalfado e sedento…
Assim
também acontece com o espírita. Quantas vezes o companheiro de ideal
supõe não esta realizando pregresso algum na romagem terrestre?! Quantas
vezes se imaginam retrocedendo, em vez de avançar e se pergunta
agoniado e aflito: – Estarei verdadeiramente caminhando, saindo do
lugar, buscando a luz que me proponho?!…
Figuradamente,
o espírita se defronta com o chão desnivelado da incompreensão e como
trecho escorregadio da vaidade pessoal, todavia ele não deve se deter e
não deve se lançar a essa aventura sem bússola que o norteie, para que
não ande em círculo e não se perca no labirinto das amargas experiências
de desilusão.
Com
a bússola da fé, o espírita é convidado a caminhar, passo a passo,
superando as dificuldades, podando os galhos pontiagudos de suas
próprias mazelas, corrigindo-se em seus equívocos… Naturalmente lhe será
lícito o descanso, mas não o desânimo; ser-lhe-á lícito o repouso no
refazimento das energias, mas não a desistência diante do que se propõe…
A
vida na terra se assemelha a uma floresta em que o espírito
desencarnado se embrenha, como propósito de vará-la e alcançar o vale
majestoso e belo de sua própria redenção espiritual.
De
fato, o trilho é estreito, convenhamos, no entanto, que, dentro de um
matagal, quanto mais estreito o trilho, com mais segurança e noção de
ruma se poderá movimentar ao longo do seu curso…
Impossível
abrir-se um caminho largo em meio à floresta sem lamentável perda de
tempo, mesmo por que, para que o homem possa atravessá-la com êxito, não
há necessidade que ele construa uma estrada ampla… Bastar-lhe-á pequeno
espaço desimpedido, onde apóie os pés com firmeza para seguir adiante…
Que
o espírita agradeça tudo o quanto possa constrangê-lo a manter-se na
direção e tudo o quanto possa discipliná-lo para que chegue ao outro
lado, no nosso caso, o outro lado significa o regresso à Vida Espiritual
com a bagagem da experiência acumulada…
Que
os companheiros de Doutrina Espírita compreendam, pois, o imperativo de
seguirem adiante, com determinação e coragem, e continuem varando a
floresta repleta de gritos e gemidos que nos representem o eco da
própria consciência culpada.
Pelo Espírito de: Irmão José
Psicografia de: Carlos a. Baccelli
Livro: Mediunidade, Corpo e Alma
Site: Luz do Espiritismo – Grupo Espírita Allan Kardec
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