Se o elogio pode produzir efeitos negativos sobre o médium, a palavra de incentivo não lhe deve ser negada.
Os
médiuns, de uma maneira geral, necessitam de mecenas que os auxiliem a
perseverar, de companheiros devotados que lhes secundem os esforços na
Doutrina.
O
pequeno ou grande grupo que orbita em torno do medianeiro é o seu
sustentáculo na tarefa; companheiros que orem por ele, que escutem os
seus desabafos, que registrem as suas queixas, que auscultem as suas
necessidades sim, porque com facilidade se esquece que o médium é um ser
humano. Não se trata de idolatria; trata-se de irmãos que estejam
dispostos a doar a ele as energias imprescindíveis à continuidade do
serviço espiritual…
Dirigentes
de reuniões mediúnicas indiferentes às provas dos médiuns que com eles
operam deveriam, a nosso ver, abdicar de suas funções. Criar condições
para que o medianeiro produza é tão importante quanto ser médium. Que
seria da terra sem a enxada do lavrador? Por mais fértil e justamente
por isto , seria tomada pela erva daninha.
O
dirigente espírita precisa cobrar presença do medianeiro nas reuniões,
insistir mesmo pelo seu comparecimento e não simplesmente dizer que cada
qual sabe de sua responsabilidade… Dirigir significa orientar, tomar
providências, solucionar problemas, antecipar-se a eles, enfim, zelar
para que a atividade seja produtiva. Não é tornar o medianeiro
dependente psicologicamente, mas criar uma atmosfera espiritual que lhe
seja propícia, que o faça querer comparecer à casa espírita onde, com
certeza, haverá de se refazer dos seus desgastes psíquicos.
O
médium carece não apenas do apoio dos instrumentos espirituais
desencarnados; muitas vezes, o amparo dos confrades encarnados é que o
auxilia nos instantes de compreensível debilidade, quando as suas
imperfeições afloram e ele se deixa dominar pelo desânimo. Não é apenas
receber, através do concurso do medianeiro, a palavra esclarecedora da
espiritualidade – ignorar a carência dos médiuns é deixá-los, seguindo,
sob a influência das trevas. Somos de parecer que cada núcleo espírita
deveria manter um grupo de apoio aos médiuns – apoio doutrinário e
mediúnico, mas também pessoal. É claro que, para tanto, o discernimento é
indispensável, pois, em qualquer setor de atividades, o excesso produz
deformações.
O dirigente espírita indiferente aos seus médiuns seria o mesmo que o
pastor que não se importasse com o rebanho. Jesus após o episódio da
crucificação, ainda não esteve por cerca de quarenta dias com os
companheiros com os companheiros, cooperando para que vencessem as
indecisões de ordem íntima?! Será que os apóstolos teriam se lançado com
tanta determinação ao serviço de pregação da Boa Nova, se o Senhor não
tivesse voltado do túmulo?!…
A
tarefa do dirigente espírita junto aos médiuns é muito importante,
decisiva mesmo nas opções que venham a fazer; ele deve se assemelhar à
de um pai preocupado com a formação dos filhos… Muitos medianeiros que
têm feito a glória do Espiritismo talvez tivessem se perdido, caso não
tivessem contado com o pulso firme de um benfeitor encarnado.
Não
é só obter do médium o que ele possa oferecer, sem noção de suas lutas
para ser fiel ao compromisso assumido. Se a poda periódica é
indispensável à árvore, objetivando-lhe o fortalecimento, o adubo
igualmente o é.
Médium: Carlos A. Baccelli.
Espírito: Odilon Fernandes.
Livro: Conversando com os Médiuns.
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