sábado, 30 de abril de 2016

COMO VIVEM OS ESPÍRITOS 1 – ERRATICIDADE

1 – ERRATICIDADE

Dizemos que a alma ou Espírito reencarna várias vezes, na Terra e outros mundos, para atender às necessidades de aprendizado e evolução que o conduzirão ao pleno domínio de si mesmo e à perfeição relativa, uma vez que a absoluta só é encontrada em Deus. Enquanto estamos nesta condição, todos sabemos como vivemos. Mas e quando fora do corpo? Denominamos de erraticidade à situação do Espírito que, não estando encarnado, ainda possui necessidade de fazê-lo outras vezes para seguir seu aperfeiçoamento e de, intermissão, ao período de tempo em que permanece naquele estado.

Os Espíritos suficientemente evoluídos a ponto de dispensarem novos retornos à Terra ou mundos equivalentes, vivem permanentemente no mundo espiritual, mas não se considera que vivam na erraticidade. Podem voltar, porém, aos mundos inferiores em caráter de missões especiais. Quanto ao intervalo entre duas encarnações é variável para cada Espírito, desde poucos anos a muitos séculos. Raros os casos em que a reencarnação seja quase imediata, mas pode haver. Mas, então, onde ficamos, o que fazemos?

Antes de mais nada é preciso recorrer ao conceito de dimensões emprestado à Geometria e à Física. Infelizmente não podemos nos demorar nele, tendo que acatá-lo como fato consumado e recomendamos o seu exame em bibliografia adequada. Resumidamente temos que vivemos num mundo de três dimensões. Na primeira teríamos uma reta, na segunda acrescentaríamos a superfície e na terceira encontramos o volume. Cada uma destas contém as precedentes. Mas se falamos de existência de seres fora da matéria, devemos logo imaginar que tal situação deve ocorrer numa dimensão diferente.

De fato, o estudo atento das descrições dos Espíritos desencarnados mostram que eles atuam num mundo onde as dimensões tempo e espaço são irrelevantes. Não que não existam como realidade, mas a maneira como eles inserem-se nessa realidade é que difere da dos encarnados. É a partir destes estudos que poderemos começar a entender acontecimentos como o acesso a registros de fatos de vidas anteriores, os fenômenos mediúnicos das premonições (previsões do futuro), de transporte e materializações, de desdobramento (espécie de viagens astrais), bem como de certos atributos de Deus como a onipresença e onisciência.

Em suma: o chamado mundo espiritual é constituído de quatro ou mais dimensões. São universos paralelos que interpenetram, incluem e absorvem o mundo material. Embora, fundamentalmente energético – o nosso de certa forma também o é, mas de energia coagulada – ele é absolutamente real, tanto que, em verdade, ele é o primitivo e este em que vivemos é uma cópia imperfeita daquele, da mesma forma que o corpo físico é a condensação da matriz do perispírito.
Quando o Espírito desencarna, várias situações podem lhe ocorrer. É possível que, dependendo de sua ignorância completa sobre o estilo de vida que o aguardava e de seu pouco adiantamento moral, simplesmente permaneça imantado à crosta terrestre, fixado aos objetos que lhe eram caros ou constituíam seu foco de interesse, como o próprio lar ou, pior, nas proximidades do local em que seu corpo físico experimenta o natural processo de desintegração.

Ou perambula pelas ruas, bares e prostíbulos e mesmo locais de suas antigas atividades profissionais, isto tudo de acordo com suas preferências pessoais e diferentes graus de consciência ou, no caso, inconsciência. Não raro, nem se reconhece como morto, situação que pode durar alguns dias ou muitos anos até que algum tipo de socorro venha arrancá-lo deste estado de perturbação, permitindo que retome a vida normal e ambiente mais apropriado.
E que ambiente seria este? Colônias espirituais amplamente descritas por inúmeros autores desencarnados como André Luiz, por exemplo, através da psicografiado médium Chico Xavier e muitos outros e testemunhos de alguns médiuns que possuem a faculdade de, durante o sono natural ou sonambúlico, desprender-se do corpo físico e excursionar por esses lugares, fazendo relatos sobre o que lá puderam observar.

Nessas colônias, como Nosso Lar, a mais conhecida e bem descrita na obra homônima, clássico da literatura espírita escrita em 1944, a vida transcorre como na Terra. Tudo lá é extremamente organizado e encontram-se construções como casas de moradia, hospitais, escolas, jardins e meios de transporte. As pessoas trabalham, estudam, divertem-se e repousam.

Aqui um detalhe: ao tomarmos contato com esse tipo de informação é importante notar que as experiências dos seres que lá trabalham estão condicionadas às suas necessidades e hábitos. Por exemplo, contam-nos que muitos de seus habitantes alimentam-se normalmente, bem como possuem outras necessidades fisiológicas. Em locais mais densos, digamos assim, onde é maior a inferioridade moral dos que lá estão, é comum se falar em orgias sexuais regadas a alcoólicos.

Em Nosso Lar, os Espíritos recém-recolhidos ficam em tratamento nos quais são medicados por magnetização, mas também por remédios “naturais” ou quando, já em situação melhor, levam uma vida normal como na Terra com afazeres diversos, mas dependentes de troca de vestuário, alimentos, sono, etc. Já os colaboradores mais antigos e, portanto, mais esclarecidos dispensam estas muletas psicológicas. Necessitam de energias para manter-se em atividade, mas as retiram diretamente da natureza pela respiração ou através de manipulações especiais, porém de modo automático e sem necessidade de receber a forma de alimento específico com relação aos da Terra como pão ou frutas. É energia em estado puro.

Diz-se que o Nosso Lar encontra-se localizado geograficamente a algumas dezenas de quilômetros acima da cidade do Rio de Janeiro, mas poderia ser diferente, como dissemos, e termos alguma colônia embutida no nosso globo, uma vez que para os Espíritos, também a depender da sua capacidade de dominar as forças naturais e os fluidos, não há barreiras materiais. Pela sua constituição atravessam paredes de qualquer espessura ou material e deslocam-se quase que instantaneamente de um ponto a outro.

Repetimos que tudo isso é relativo, pois temos descrições de Espíritos aos quais lhes é interdito uma coisa como outra. Usam portas para entrar ou sair e o deslocamento se faz por meio de veículos adequados e gastam tempo para isso, embora menores que aqui. Talvez com as novas tecnologias estejamos nos aproximando da construção de aparelhos voadores tão velozes que possam confirmar a tese de que tudo o que existe e é criado por aqui, na verdade já existia primeiro nas dimensões espirituais.

Enfim, o mundo espiritual é tão real como o nosso. Quando estivermos lá, nos reconheceremos por inteiro, com nossa identidade pessoal, com nossos atributos de conhecimento e sentimento, nossa memória preservada, um corpo idêntico quanto à morfologia ao de carne e que continuará nos servindo de instrumento de atuação sobre tal mundo, que sentiremos as mais das vezes tão sólido sob nossos pés como o temos aqui.

Portanto, não há motivo para nos inquietarmos com o que vamos encontrar do lado de lá. Tudo com que temos que nos preocupar é o preparo da bagagem. Vai depender o nosso bem estar nesse novo lar, ou melhor, o regresso ao nosso antigo lar, do que ajuntarmos de bom por aqui. Seremos atraídos inexoravelmente para segmentos dessa outra dimensão e para a companhia de outras individualidades, de acordo com os hábitos que cultivarmos durante o exílio na Terra. Pensamentos, emoções, palavras e atos formarão o conjunto de créditos ou débitos que determinarão o local mais justo e merecido a cada um de nós após o abandono do corpo físico.

Enquanto uns permanecerão extraviados, perturbados e perturbando por aqui, outros já serão contemplados com atenções especiais que auxiliarão a se recuperar rapidamente da transição readaptando-se à nova ordem de coisas. Outros mais irão talvez diretamente até para ambientes mais purificados, enquanto para muitos o destino será as zonas umbralinas, onde experimentarão sofrimentos atrozes, decorrentes do seu livre-arbítrio e em completo desrespeito às leis divinas.

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