Ao aceitarmos as normas da luz do
Evangelho de Jesus a luta parecerá agigantar-se. A fadiga amolece o ânimo
e o desespero inicia todo um trabalho de estiolamento das nossas forças
morais/espirituais.
Forças tiranizantes se comprazem,
parece, com os nossos tormentos.
Abraçamos, dentro do Espiritismo, o
Cristianismo na sua pureza primitiva; guardando a esperança de que, ao nos
esclarecer, possamos caminhar sob a luz da edificação cristã.
Construindo-nos na paz, sonhamos com
uma existência feliz. No entanto, após a dilatação do conhecimento,
começaram a surgir problemas os quais não imaginávamos pudessem existir.
Dificuldades se multiplicaram, dissabores assinalaram nossas horas.
Que estaria ocorrendo? indagamos. Não
ambiocionávamos aumento de capital, nem mordomias nunca antes desejadas..
Natural que os insucessos surpreendam... Paraíso entre os companheiros não
era cogitado, mas a animosidade deles nos deixa perplexos.
Desistir, parece a solução.
Possivelmente estávamos com excesso de ideal. Necessário colocarmos um
freio na marcha. Algo está errado, imaginávamos.
E Joanna de Ângelis nessas horas surge
com seus ensinos e nos diz, confortando-nos: "Todo compromisso elevado
exige esforço no empreendimento, luta na execução, força no ideal."
Permanece imaturo psicologicamente,
logo portador de mente infantil, quem deseja fruir antes de uma produção
farta e segura.
Mudança de visão da vida está a exigir
grande revolução íntima para que a criatura possa despojar-se do chamado
"homem velho" que teima em persistir no nosso interior.
Nosso passado foi construído em cima do
mármore da ilusão dos gozos terrestres, e seus escombros inevitavelmente
surgiram na calçada do êxito imaginado. Sua erradicação vai exigir pesadas
marteladas da vivência cristã-espírita para serem eliminados.
A reconstrução do nosso edifício
espiritual somente se fará após a eliminação dos últimos vestígios de um
passado mal elaborado.
Quanto maior for o nosso horizonte a
conquistar, mais demoraremos na travessia da charco pestilento de nossas
desditas.
Na medida em que dilatamos nossas
percepções espirituais rumo às esferas de Luz, mais nossos inimigos
desencarnado redobram a vigilância sobre os nossos passos e, ante a
perspectiva de perderem o comensal de outras lides infelicitadoras do
passado, atiram-se desordenadamente sobre nós, tomados de ira, dispostos a
tudo...
Necessário orarmos, porfiarmos,
estudarmos, amarmos, praticarmos o bem. Com a oração, elevamo-nos acima
das sombras densas; com a porfia, retemperamos nossas forças; com o
estudo, dilatamos a capacidade de discernir; com o amor, alcançaremos as
láureas da paz, e com a caridade em prática, atraímos a companhia dos Bons
Espíritos, que nos oferecem os tesouros inalienáveis da felicidade sem
impurezas.
Vivendo sob as influências da vida
carnal, somente enxergamos das provas e dificuldades o lado penoso,
esquecidos de que eles mesmos foram por nós selecionados na vida
espiritual, porque lá, na erraticidade, possuímos a lucidez de compará-los
eficazmente com os gozos fugazes e grosseiros, do nosso mundo. O Mentor
Emmanuel, em o livro "Pão Nosso", lição 100, edição FEB, psicografia de
Chico Xavier, entre outras afirmações assinala: "A alegria que estimula
é irmã da dor que aperfeiçoa" - "Não nos espantem dificuldades ou
imprevistos dolorosos" - "Nem sempre o Socorro de Cima surge em forma de
manjar celeste. Comumente aparece na feição de recurso indesejável."
Saibamos ou lembremo-nos de que a
inalterável felicidade foi entrevista no mundo espiritual, e nenhuma
impressão nos causaram os passageiros sofrimentos terrenos a serem
enfrentados, aqui...
É-nos impossível, no estado de
imperfeição em que nos situamos, gozar de uma vida isenta de amarguras,
decepções, frustrações...
No mundo espiritual tomamos
conhecimento de todas elas sem nos abalar, pelo contrário, mostramo-nos
dispostos ao enfrentamento, porque a certeza que nos invade é a de que se
trata da nossa melhoria moral/espiritual, alavanca que nos projetará aos
cimos da Luz, da Paz e do Amor.
ADÉSIO ALVES MACHADO
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