sábado, 4 de fevereiro de 2017

VOLTANDO A FALAR DA MORTE

Como é morrer? Em que consiste, verdadeiramente, a morte? Esta é uma pergunta que desde que o mundo é mundo, tem ocupado angustiosamente as preocupações dos homens. Durante muito tempo, houve um argumento de natureza popular que pode ser expresso sinteticamente do seguinte modo: "Ninguém até hoje voltou da morte para dizer como é." Este argumento, porém, em nossos dias, perdeu bastante a sua validade, por causa não só da Doutrina Espírita, que tem trazido um grande número de mensagens de espíritos desencarnados sobre a vida após a morte, como pelo trabalho de pesquisadores não espíritas, como é o caso do Dr. Raymond Moody Jr, que escreveu um livro bastante conhecido chamado Vida depois da Vida, onde ele estuda depoimentos de pessoas que voltaram à vida depois de serem dadas clinicamente como mortas.

    Vejamos uma dessas descrições: "Deitada numa cama de hospital, comecei a sentir uma dor muito forte no peito. Apertei a campainha ao lado da cama para chamar as enfermeiras; elas vieram e começaram a trabalhar sobre mim. Deitada ali de costas, minha posição era pouco confortável, por isso me virei e, ao fazê-lo, parei de respirar e meu coração deixou de bater. Nesse instante, ouvi as enfermeiras gritarem: 'Código Rosa! Código Rosa!' Enquanto assim falavam, pude sentir-me saindo de meu corpo, deslizando para baixo entre o colchão e o trilho lateral da cama – pareceu-me, na verdade, que eu estava atravessando o trilho – e descendo até o chão. Comecei, então a subir lentamente. Enquanto fazia isto, vi outras enfermeiras entrarem correndo no quarto – talvez uma dúzia delas. Deslizei-me para cima, ultrapassando a altura do lustre – eu o vi flutuando ao meu lado e muito distintamente e então parei, flutuando logo abaixo do teto. Senti-me quase como se fosse um fragmento de papel que alguém houvesse soprado até o teto."
    Esta experiência é chamada de EQM, ou seja, experiência de quase morte. As pessoas que passam por este transe contam coisas muito semelhantes a que acabamos de ler, como também falam de outras coisas como: ruídos fortes, sons musicais, túneis no fim dos quais se avistam luzes muito fortes e até mesmo registram a presença de amigos ou de parentes desencarnados. Seria interessante lembrar que, em nenhum desses relatos, faz-se referências a conceitos tradicionais que lembrem céu ou inferno ou que falam da presença de anjos do tipo clássico.
    Estas experiências têm abalado muito fortemente tanto a ciência materialista que os classifica como embustes ou como alucinações de pessoas moribundas ante a presença chocante da morte. Os religiosos também ficam cautelosos e veem com má vontade esta questão, uma vez que elas não comprovam as posições teológicas e dogmáticas de suas igrejas. Por outro lado, as pesquisas do doutor Moody têm respaldado e mesmo fortificado as explicações sobre a vida post mortem oferecidas pelos espíritos. No relato que apresentamos, que consta no livro de Gary Doore, Explorações Contemporâneas da Vida Depois da Morte, temos algumas coincidências preciosas. A maior delas, por certo, é a própria negação da morte convencional. Reparem que a mulher diz que, depois de ser desligada do corpo temporariamente, ela continua no mesmo hospital onde estava internada. Guarda inteiramente a sua consciência e pode registrar, com grande objetividade, o movimento em seu redor. A rigor, nada se alterou e ela pode ver e ouvir como se estivesse encarnada em um corpo. Uma segunda confirmação das verdades da Doutrina Espírita é a presença patente do perispírito ou corpo fluídico. É neste corpo que ela se sente alçada no ar como se fosse uma pluma.
    Todas essas coisas são muito gratas para os espíritas, porque comprovam que vã não é a nossa fé e que Allan Kardec tinha razão ao dizer que o Espiritismo seria capaz de encarar frente a frente às descobertas da ciência. Assim, o nosso sistema de crenças não nos é imposto por dogmas ou por outra forma qualquer de autoritarismo intelectual. Em razão de seu tríplice aspecto, científico, filosófico e religioso, a doutrina Espírita se torna uma leitura do mundo que consegue unir a fé com a razão e a ciência com religião. Deste ponto de vista, não temos mistérios e tudo o que pregamos pode ser discutido à luz do conhecimento chamado profano. E mais, os espíritas são mesmo capazes de, frente a fatos que contrariem a sua doutrina, rever as suas posições. O que um espírita não pode fazer é negar o fato, pois negar o fato é prova de insanidade e, muitas vezes, de mau caráter.

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