quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

DETERMINISMO E LIVRE-ARBÍTRIO

A todo momento temos notícia de acontecimentos os mais variados, porém muito tristes e trágicos. São incontáveis os casos de violência a mais brutal e incompreensível, com todo tipo de pessoas, tanto no que se refere aos agressores quanto aos agredidos; incontáveis os de corrupção, os mais escandalosos, envolvendo também praticamente todo e qualquer tipo de criatura, nos mais diferentes níveis...
O período que atravessa a humanidade apresenta todos os indícios de uma época de transição antecedendo grandes transformações, transformações essas em conformidade com a lei do progresso, uma das leis que regem todo o universo, isto é, criaturas em geral e natureza. Por isso, Allan Kardec adverte, em A Gênese, Cap. XXVII, item 57: "...Quando chegar o momento, os homens serão advertidos pelos índices precursores. tais sinais não estarão nem no sol, nem nas estrelas, mas no estado social e nos fenômenos mais morais do que físicos..."
Os sinais que hoje constatamos, quais sejam as excessos de consumo, de ganância pelo poder financeiro, bélico, religioso, as arbitrariedades e os autoritarismos, a violência e a corrupção superlativas, além do fato assustador de tudo isso ser apresentado, e frequentemente considerado, como rotina da vida do cidadão, comprovam sobejamente a necessidade de revisão de conceitos e preconceitos, a fim de tentarmos ultrapassar esse período de transição de maneira menos dolorosa.
A nossa Doutrina Espírita nos ensina que existe um determinismo fixado pelas leis divinas, ao qual não podemos nos furtar, e uma dessas leis é justamente a lei do progresso – podemos avançar mais facilmente e mais rapidamente, ou com maior dificuldade e mais lentamente e até, em algum momento, ficar temporariamente estacionados; mas avançaremos sempre, visto que a nossa destinação é a perfeição que pode alcançar a criatura.
Existe ainda outro tipo de determinismo, aquele que se prende à nossa programação pré-reencarnatória, quando, auxiliados pelos Espíritos nossos guias e amigos, preparamos as condições e situações da nossa próxima vida na matéria: em que país renasceremos, quem serão nossos pais, se seremos homem ou mulher, se ricos ou pobres etc., etc., etc., naturalmente sempre em função de nossas necessidades de aprendizado e evolução. Consequentemente, uma vez reencarnados dentro de tais ou quais condições e situações, nada poderá mais ser mudado nesse sentido.
Entretanto, a nossa doutrina também nos assegura que, do ponto de vista MORAL, não existe DETERMINISMO, pois somos senhores do nosso LIVRE-ARBÍTRIO. Isso significa que, mesmo sujeitos às contingências da vida, mediante a nossa VONTADE, DETERMINAÇÃO E ESFORÇO, poderemos alterar certas condições, modificar certas situações. Assegura-nos ainda que "existe arrastamento sim, mas não irresistível, porque no meio dessa atmosfera de vícios, se encontram, às vezes, grandes virtudes" (LE q.645).
E é por isso que constatamos tantos casos de pessoas que, ainda que renascendo em meios de penúria e/ou criminalidade e vícios, conseguem superar essas dificuldades, sair desses meios, e conquistar condições de vida mais dignas e agradáveis, podendo mesmo ajudar a familiares ainda presos às circunstâncias infelizes. Recentemente, foi mostrado o caso do engraxate de rua que conseguiu fazer faculdade de direito e agora está se preparando para submeter-se ao exame da OAB! Outro caso divulgado, foi o do morador de rua que, estudando pela internet por benevolência de um proprietário de lan-house, fez concurso para o Banco do Brasil e passou! E quantos são aqueles que vencem deficiências físicas as mais diversas, estudam, trabalham, constituem famílias... E assim existem outros tantos, não noticiados, mas que vemos frequentemente durante a nossa vida, anônimos que superam contingências e circunstâncias as mais difíceis e dolorosas, dando exemplos os mais honrosos a todos que com eles caminham nessa jornada. 
Diante de uma doença grave, muitas vezes originada por um determinismo corretivo prévio, como o câncer, vemos pessoas que conseguem sobrelevar-se a ela, procurar meios de melhor fazer face à enfermidade, enquanto outras sucumbem psicologicamente, inclusive acelerando o processo com sua revolta e queda na depressão... Recentemente, foi noticiado o caso da atriz Angelina Jolie, mãe de 6 filhos pequenos, que, diante da forte probabilidade de desenvolver câncer mamário, optou por retirar ambas as mamas, reduzindo assim a sua probabilidade genética de 87% para 5%, de acordo com estudos e pesquisas médicas. Certamente, sua firme vontade de superação e seu comportamento no decorrer de sua vida (37 anos), lhe permitiram angariar essa possibilidade.
Portanto, amigos, felizmente já sabemos que o determinismo que rege nossa reencarnação, além de estar submetido, primeiramente às leis divinas universais, também está sujeito ao nosso livre-arbítrio.

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