A sociedade humana pode ser comparada a imensa floresta de criações
mentais, onde cada espírito, em processo de evolução e acrisolamento,
encontra os reflexos de si mesmo.
Aí dentro os princípios de ação e reação funciona exatos.
As pátrias, grandes matrizes do progresso, constituem notáveis fulcros
da civilização ou expressivos redutos de trabalho, em que vastos grupos
de almas se demoram no serviço de auto-educação, mediante o serviço à
comunidade, emigrando, muita vez, de um país para outro, conforme se
lhes faça precisa essa ou aquela aquisição nas linhas da experiência.
O lar coletivo, definindo afinidades radicais e interesses do clã, é o
conjunto das emoções e dos pensamentos daqueles que o povoam.
Entre as fronteiras vibratórias que o definem, por intermédio dos breves
aprendizados “berço-túmulo”, que denominamos existências terrestres,
transfere-se a alma de posição, conforme os reflexos que haja lançado de
si mesma e conforme aqueles que haja assimilado do ambiente em que
estagiou.
Atingida a época da aferição dos próprios valores, quando a morte física
determina a extinção da força vital corpórea, emprestada ao espírito
para a sua excursão de desenvolvimento e serviço, reajuste ou elevação,
na esfera da carne, colhemos os resultados de nossa conduta e, as vezes,
é preciso recomeçar o trabalho para regenerar atitudes e purificar
sentimentos, na reconstrução de nossos destinos.
Dessa forma, os corações que hoje oprimem o próximo, a se prevalecerem
da galeria social em que se acastelam, na ilusória supremacia do ouro,
voltam amanhã ao terreno torturado da carência e do infortúnio,
recolhendo, em impactos diretos, os raios de sofrimento que semearam no
solo das necessidades alheias,.
E se as vítimas e os verdugos não souberem exercer largamente o perdão
recíproco, encontramos no mundo social verdadeiro círculo vicioso em que
se entrechocam, constantemente, as ondas da vingança e do ódio, da
dissensão e do crime, assegurando clima favorável aos processos da
delinqüência.
Sociedades que ontem escravizaram o braço humano são hoje obrigadas a
afagar, por filhos do próprio seio, aqueles que elas furtaram à terra em
que se lhes situava o degrau evolutivo.
Hordas invasoras que talam os campos de povos humildes e inermes, neles
renascem Como rebentos do chão conquistado, garantindo o refazimento das
instituições que feriram ou depredaram.
Agrupamentos separatistas, que humilham irmãos de cor, voltam na
pigmentação que detestam, arrecadando a compensação das próprias obras.
Citadinos aristocratas, insensíveis aos problemas da classe obscura,
depois de respirarem o conforto de avenidas suntuosas costumam renascer
em bairros atormentados e anônimos, bebendo no cálice do pauperismo os
reflexos da crueldade risonha com que assistiram, noutro tempo, à dor e à
dificuldade dos filhos do sofrimento.
Em todas as épocas, a sociedade humana é o filtro gigantesco do
espírito, em que as almas, nos fios da experiência, na abastança ou na
miséria, na direção ou na subalternidade, colhem os frutos da plantação
que lhes é própria, retardando o passo na planície vulgar ou
acelerando-o para os cimos da vida, em obediência da evolução.
Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Pensamento e Vida,
Médium: Francisco Cândido Xavier
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