O exercício da mediunidade correta impõe disciplinas que não
podem ser desconsideradas, seriedade e honradez que lhe conferem firmeza
de propósitos com elevada qualidade para o ministério.
Porque
independente dos requisitos morais do intermediário, este há de
elevar-se espiritualmente, a fim de atrair as entidades respeitáveis
que o podem promover, auxiliando-o na execução do delicado programa a
que se deve ajustar.
Pelo
fato de radicar-se no organismo, o seu uso há que ser controlado e
posto em regime de regularidade, evitando-se o abuso da função, que lhe
desgasta as forças mantenedoras, como a ausência da ação, que lhe
obstrui mais amplas aptidões que somente se desenvolvem através de
equilibrada aplicação.
Face
à sintonia psíquica responsável pela atração daqueles que se
comunicam, a questão da moralidade do médium é de relevante
importância, preponderando, inclusive, sobre os requisitos culturais,
porquanto estes últimos podem constituir-lhe uma provocação, jamais um
impedimento, enquanto a primeira favorece a união com os espíritos de
igual nível evolutivo.
Embora
os cuidados que o exercício da mediunidade exige, nenhum sensitivo
está isento de ser veículo de burla, de mistificação. Esta pode,
portanto, ter várias procedências: a) dos espíritos que se comunicam,
denunciando a sua inferioridade e demonstrando falhas no comportamento
do medianeiro, que lhes ensejou a farsa; às vezes, apesar das qualidades
morais relevantes do médium, este pode ser vítima de embuste, que é
permitido pelos seus instrutores desencarnados com o fim de pôr-lhe à
prova a humildade, a vigilância e o equilíbrio; b)involuntariamente,
quando o próprio espírito do médium não logra ser um fiel intérprete da
mensagem, por encontrar-se em aturdimento, com estafa, desgaste e
desajustado emocionalmente; c) inconscientemente, em razão da liberação
dos arquivos da memória – animismo – ou por captação telepática direta
ou indireta; d) por fim, quando se sentindo sem a presença dos
comunicantes e sem valor moral para explicar a ocorrência, apela para a
mistificação consciente e infeliz, derrapando no gravame moral
significativo.
Eis
por que o médium se deve preservar dos abusos, não exorbitando das
energias que lhe permitem a ação da faculdade, porquanto esta, à
semelhança de outra qualquer, sofre as alternâncias do cansaço e do
repouso, dá boa da má utilização.
A
prática mediúnica impõe, como condições ético-morais, o idealismo e a
dedicação desinteressada de quaisquer recompensas, pois que o
mercantilismo e a simonia transformam-na em campo de exploração
perniciosa. Não se beneficiando com as retribuições que são encaminhadas
aos médiuns, os espíritos nobres os deixam à própria sorte, sendo assim
substituídos pelos interesseiros e vãos, que passam ao comércio das
forças psíquicas em processo de vampirismo cruel, terminando por
aproximar-se da casa mental do irresponsável, em conúbio danoso. Outras
vezes, sentindo-se obrigado a atender o consulente que lhe
compra o honorário, o sensitivo assume a responsabilidade da mensagem,
mistificando em consciência, na crença de que ao outro está enganando,
sem dar-se conta das conseqüências funestas que o gesto lhe acarreta e
que se apresentarão no momento próprio.
A
venda, porém, da mediunidade, não se dá, exclusivamente, mediante a
moeda de contado, mas, também, através dos presentes de alto preço, da
bajulação chula, do destaque vão com que se busca distinguir os
médiuns, exaltando-lhes o orgulho e a vacuidade.
É
austera e irretocável a recomendação de Jesus quanto ao “dar de graça o
que de graça se recebe”, valorizando-se o conteúdo da concessão
superior, honrando-a com carinho e respeito, em razão da sua
procedência, quanto do seu destino.
A
mistificação mediúnica de qualquer natureza tem muito a ver com o
caráter moral do médium, que, consciente ou não, é responsável pelas
ocorrências normais e paranormais da sua existência.
A
mediunidade é para ser exercida com responsabilidade e pureza de
sentimentos, não se lhe permitindo macular com as enganosas paixões
inferiores da condição humana das criaturas.
Com
a sua vulgarização e a multiplicação dos médiuns , estes, desejando
valorizar-se e dar brilho especial às suas faculdades, apelam para
superstições e exotismos do agrado das pessoas frívolas e ignorantes,
que os incorporam às suas ações, caindo, desse modo, em mistificações da
forma, através dos processos escusos com os quais visam impressionar
os incautos.
A
prática mediúnica dispensa todo e qualquer rito, indumentária, práxis,
condição por estribar-se em valores metafísicos que as formas
exteriores não podem alcançar.
O
mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até mesmo fazê-la
desaparecer, tornando-se, para o seu portador, um verdadeiro prejuízo,
uma rude provação.
Algumas
vezes, como advertência, interrompe-se-lhe o fluxo medianímico, e os
espíritos superiores, por afeição ao médium, permitem que ele o
perceba, a fim de mais adestrar-se, buscando descobrir a falha que
propiciou a suspensão e restaurando o equilíbrio; outras vezes, é-lhe
concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e refazimento.
A mistificação é um dos graves escolhos à mediunidade, todavia, fácil de se evitar, como de se identificar.
A
convivência com o médium dará ao observador a dimensão dos seus
valores morais, e será por estes que se poderá medir a qualidade e as
resistências mediúnicas do mesmo, a possibilidade dele ser vítima ou
responsável por mistificações.
Espírito: Vianna de Carvalho
Médium: Divaldo P. Franco – Médiuns e Mediunidades
Site: Luz do Espiritismo – Grupo Espírita Allan kardec
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