Enxameiam em toda parte a leviandade e a fantasia atreladas às paixões dissolventes, arrastando multidões.
Manifestam-se, ora com acendrado interesse
por algo fazer, e em momentos outros na condição de indiferença, sob as
justificativas irresponsáveis com que seus apaniguados abandonam as
tentativas de enobrecimento.
Tais qualidades morais negativas, inerentes à condição humana, mostram-se também no caráter de muitos médiuns.
Não se conscientizando estes da gravidade
de que o exercício mediúnico se reveste, permanecem, levianos quão
insensatos, vinculados às mentes ociosas e vulgares da erraticidade
inferior, de onde igualmente procedem…
Podem ser, às vezes, instrumentos de
comunicações sérias, aproveitáveis; no entanto, em razão da condição
vibratória que lhes decorre da conduta, mais facilmente se deixam
influenciar pelos espíritos portadores de iguais condições evolutivas,
com os quais convivem em acentuado comércio psíquico.
Desse modo, constituem a grande mole dos
médiuns frívolos e instáveis. Estão sempre em conflito a respeito da
legitimidade das comunicações de que se vêem objeto, ou, em caso
contrário, tombando em terrível fascinação, acreditam-se portadores de
missões relevantes, impondo as idéias arbitrárias e heterodoxas de que
se tornam irresponsáveis instrumentos.
Incapazes de preservarem o comportamento
salutar, perturbam-se com facilidade e transitam pelas vias da
instabilidade emocional, a um passo de lamentáveis obsessões ou
desequilíbrio mentais outros.
O médium tem deveres para com a faculdade
de que é portador. Concessão superior, bem orientada, ela o pode alçar
às elevadas faixas de pensamento divino, concedendo-lhe momentos de
inigualável empatia e paz. Descuidada, lança-o, por sintonia, aos níveis
inferiores, onde enxameiam as perturbações que o atingem
inexoravelmente.
Para que logre o êxito no cumprimento do
dever que lhe está destinado, o médium não se pode eximir do estudo
constante da própria faculdade, assim com da doutrina espírita,
dedicando-se com unção e seriedade à educação dessas forças que o
colocam em afinidade com outras dimensões da vida.
A convivência com pessoas moralmente
sadias torna-se-lhe um suporte poderoso para o auxiliar na vivência dos
postulados nobres, da mesma forma que a dedicação aos ideais do bem
dão-lhe credenciais para vibrar em campo mais sutil de aspirações,
atraindo a simpatia dos mentores espirituais, sempre interessados no
progresso das criaturas.
O exercício metódico e sistemático da mediunidade adestra o seu possuidor para os cometimentos relevantes.
A ideação positiva e otimista plasma-lhe,
no campo psíquico e emocional, a área apropriada para o intercâmbio
edificante, do qual resultam benefícios para os comunicantes como para o
instrumento utilizado, que passa a desfrutar da preferência dos
servidores felizes no programa de edificação da humanidade.
A mediunidade não pode constituir um estigma, conforme a leviandade de pessoas inescrupulosas deixa transparecer amiúde.
Um sexto sentido como este possui
requisitos especiais que impõem cuidados próprios, como sucede com os
outros que tipificam a normalidade humana.
Cabe às pessoas honestamente interessadas em exercer a mediunidade com segurança e seriedade uma introspecção, avaliando o recurso de
que se encontram depositárias, assumindo com a própria consciência o
dever de conduzir de boa mente o ministério, a ele se dedicando com a
dignidade que lhe dará sustentação.
Simão Pedro, o discípulo afeiçoado de
Jesus, deu exemplo de mediunidade instável, do ponto de vista moral,
quando, sob a inspiração da Mente Divina, identificou o Amigo com o
Messias esperado e, logo depois, sob a influência de entidades
estúrdias, perturbadoras, avassalado por injustificável receio, buscou
impedir que o Senhor marchasse a Jerusalém para o holocausto… Mais
tarde, sob a injunção da dor e da entrega total, tornou-se o excelente
médium do Ressuscitado, levando a mensagem e o exemplo às multidões que o
buscaram até o momento do testemunho pessoal.
Judas, que também O amava, não suportou o
assédio dos espíritos perversos, e, apesar de advertido diretamente…
Desesperado pelo arrependimento que o tomou, sem resistências morais
para a reabilitação, caiu na obsessão total e fugiu pela porta falsa do
suicídio hediondo.
Somente a edificação íntima e a conduta
sadia constituem segurança para quem, portador de mediunidade, busque o
estudo e a prática consciente da faculdade, elevando-se pelo pensamento,
pelas palavras e atos às Esferas da Luz.
Espírito: Vianna de Carvalho
Médium: Divaldo P. Franco
Livro: Médiuns e Mediunidades
Site: Luz do Espiritismo – Grupo Espírita Allan Kardec
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