A seara mediúnica é largo e expressivo campo a trabalhar, exigindo cuidados especiais e acurada dedicação.
As
dificuldades a vencer, desafiadoras, não são poucas, impondo valiosos
investimentos da paciência, no exame crítico da sincera análise dos
resultados obtidos.
Abstraindo-se
os casos de mistificação consciente e irresponsável, que podem e devem
ser enquadrados como desarranjos do comportamento moral, há sempre os
desavisos e distonias, os problemas da filtragem psíquica e,
principalmente, as delicadas colocações da identidade dos Espíritos.
Não
sendo o médium senão um Espírito encarnado, em processo de conquista de
valores morais e intelectivos, as comunicações de que se torna objeto
quase sempre estão em correspondência com a sua própria capacidade,
tendo-se em vista a questão da sintonia.
A mediunidade exige esforço, conhecimento, realização, perseverança, a fim de se poderem colher resultados opimos.
Cresça
o médium e mais amplas serão as suas possibilidades de registro, de
influenciarão, interessando aos Espíritos Superiores o intercâmbio para o
qual se coloca espontaneamente.
Nenhum
programa de violência por parte dos desencarnados devem esperar os
candidatos ao exercício da mediunidade, senão quando provocados pela
insensatez ou perversidade daqueles com os quais sincroniza.
Aprimore-se o servidor e mais fáceis ser-lhe-ão as tarefas a executar.
Afastando-se o fantasma
do animismo, que tem mutilado admiráveis servidores da mediunidade, que
se sentem atormentados pelo receio da fraude inconsciente, surge a
difícil colocação da mediunidade lúcida, passível, sem dúvida, de
equívocos.
A
continuidade, no entanto, dos esforços no exercício da faculdade
latentes em todas as criaturas consegue facultar uma superação do
aparente prejuízo, em decorrência da facilidade com que o médium,
conhecendo as leis dos fluidos, identificará se se trata de uma comunicação anímica ou de Entidades Espirituais.
Muitos
gostariam de lograr transmitir dados que identifiquem os comunicantes
de modo irrefutável, e assinalam que a lucidez mental perturba-os,
impedindo-os de localizar corretamente nomes, datas, detalhes
informativos que bem caracterizem as mensagens de que se fazem
instrumento.
Ainda
aí, o próprio contínuo exercício da faculdade torna maleável o médium,
que logra anular a própria personalidade enquanto assomado pela que lhe
interfere psiquicamente…
Toda
esta problemática pode ser amenizada e até superada por meio de uma
perfeita sintonia e, paralelamente, através da conquista dos valores
íntimos, da concentração, do equilíbrio, da paz.
A mente em repouso reflete com eficiência as imagens que se lhe projetam.
Neste
capítulo, não se descurem os servidores da mediunidade do exame das
comunicações retumbantes, anunciadoras de acontecimentos futuros,
recheadas de dados tendentes a uma reformulação dos conceitos vigentes
da Ciência e que, para melhor impressionarem, trazem firmas de
personalidades célebres, de outras que se santificaram, dos Evangelistas
e até mesmo do Mestre Galileu…
Examinadas
sob criteriosa lógica, não resistem essas mensagens ao bisturi do bom
senso, em face da trivialidade, da insensatez e até mesmo do ridículo de
que se revestem, traduzindo a intenção irresponsável e infeliz dos
frívolos desencarnados, que se utilizam da vaidade dos que os aceitam, a
fim de confundirem e amesquinharem com intentos perturbadores.
Não tem maior importância o nome que subscreve uma página mediúnica e sim o conteúdo de que a mesma é portadora.
A
mensagem sadia deve sempre colimar o progresso moral da criatura humna,
conclamando de forma simples e clara ao auto-aprimoramento e à
conquista dos bens espirituais.
Em
face da necessidade, às vezes, de uma averiguação de identidade, é
imprescindível, quando se trata de personalidades conhecidas, o cotejo
do estila, da forma, sem nunca perder-se de vista o conteúdo que deve
primar pela qualidade e intencionalidade positiva, objetivando
esclarecer, amparar, promover o homem.
É certo que a morte deveste as criaturas dos atavios com que se apresentavam.
Muitos
conceitos, hábitos e características que constituíam bens e valores
perdem o significado, não mais importando-se os Espíritos por
preservá-los, conforme o faziam anteriormente.
Desse
modo, em retornando do Mundo Espiritual, alteram-se os caracteres e o
modo de se expressarem, seja na literatura, na música, na pintura, na
poesia, o que constitui, de certo modo, impedimento para os críticos
rigorosos aceitarem-nos.
Já não têm os Espíritos esse tipo de preocupação, esse interesse pela glória terrena…
Mesmo no corpo físico, o fenômeno é equivalente.
Uma
pessoa que se transfere de um para outro centro cultural, onde os
valores são diversos e outros os hábitos, após uma temporada de largos
anos assimilando os novos condicionamentos, ao volver ao local de
origem, apresentar-se-á diferente de quando partiu. Só uma convivência
mais próxima com alguém que o conheceu fá-lo-á desvelado.
A
nossa questão vincula-se ao cuidado, ao pudor que deve assinalar o
médium que, de momento, seja atirado ao redemoinho das comunicações de
efeito retumbante, que o bom senso espírito repele, impedindo-se a
vaidade – ponte pênsil de acesso à obsessão por fascinação -, que tem
levado à queda, ao desequilíbrio e à alucinação os que transitam por
esse espaço livre e perigoso.
A
humildade real, sem os disparates do fingimento, e a prece ungida de
ardor, no trabalho da caridade ao próximo, mediante atos sacrificais e
abnegação, constituem, por um lado, a terapêutica curadora e, por outro,
a preventiva, a fim de que as futuras florações do bem venham a
produzir em abundância, tornando a seara da mediunidade um campo de paz e
de esperança com trabalho libertador para todos.
Espírito: Vianna de Carvalho
Médium: Divaldo P. Franco – Enfoques Espíritas
Site: Luz do Espiritismo – Grupo Espirita Allan Kardec
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