A esquizofrenia apresenta um conjunto de sintomas
bastante diversificado e complexo, sendo, por vezes, de difícil
compreensão. Pode surgir e desaparecer em ciclos de recidivas e
remissões. Hoje, é encarada, não como uma doença única, mas, como um
grupo de patologias, atingindo todas as classes sociais e grupos
humanos. Geralmente, o diagnóstico tem mostrado níveis de
confiabilidade, relativamente baixos ou inconsistentes. Explicando,
aqui, a esquizofrenia não é a dupla pessoalidade, pois é muito mais
ampla que isso e não há motivos de incluir, nela, os Transtornos de
Personalidade Múltipla.
Em 2004, no Japão, o termo
japonês para esquizofrenia foi alterado de Seishin-Bunretsu-Byo (doença
da mente dividida) para Togo-shitcho-sho (desordem de integração). Em
2006, ativistas no Reino Unido, sob o jargão de Campanha para a Abolição
do Rótulo de Esquizofrenia, defenderam semelhante rejeição do
diagnóstico de esquizofrenia e uma abordagem diferente para a
compreensão e tratamento dos sintomas associados a ela.
Coube
ao suíço Eugen Bleuer, em 1911, a criação do termo "esquizofrenia"
significando uma dissidência entre pensamento, emoção e comportamento
(esquizo significa cisão e frenia quer dizer mente). É uma doença
crônica que atinge, aproximadamente, 60 milhões de pessoas do planeta
(1% da população mundial), sendo distribuída de forma igual pelos dois
sexos. A diagnose da doença tem sido criticada como desprovida de
validade científica ou confiabilidade, e, em geral, a validade dos
diagnósticos psiquiátricos tem sido objeto de críticas mais amplas. Uma
alternativa sugere que os problemas com o diagnóstico seriam mais bem
atendidos se de dimensões individuais fossem, ao longo das quais todos
variam, de tal forma, que haveria um espectro contínuo, em vez de um
corte distinto entre normal e doente. Geralmente, o esquizofrênico não é
violento ou perigoso. Fora da crise, é uma pessoa como qualquer outra.
Porém, alguns poucos, quando em crise, tornam-se agressivos, verbal ou
fisicamente, pois os delírios ou as alucinações podem fazer com que se
sintam ameaçados.
Não há sintomas determinantes
que possibilitem um diagnóstico preciso, de imediato. Tanto pode
começar, repentinamente, e eclodir numa crise exuberante, como começar,
lentamente, sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de
anos surgir uma crise característica. Os sintomas podem ser confundidos
com "crises existenciais", "revoltas contra o sistema", "alienação
egoísta", uso de drogas, etc. O delírio de identidade (achar que é outra
pessoa) é a marca típica de um doente. É, com frequência, relacionada
com o mendigo que deambula pelas ruas, que fala sozinho, com a mulher
que aparece na TV, dizendo ter outros álteres, e com o "louco" que
aparece nas telenovelas e nos filmes. Foi, durante muitos anos, sinônimo
de exclusão social, e o diagnóstico de esquizofrenia significava
internação em hospitais psiquiátricos (manicômios) ou asilos, como
destino "certo", onde os pacientes ficavam durante vários anos.
Manifesta-se,
habitualmente, na parte final da adolescência ou no início da vida
adulta. Afirma-se que os primeiros sinais e sintomas de esquizofrenia
são traiçoeiros. Os primeiros "sinais" de sossego/calma e afastamento,
visíveis num adolescente, normalmente, passam despercebidos, como não
sendo sinais de alerta, pois, considera-se o fato de que "é, apenas, uma
fase" por que passam os jovens. É importante, porém, que se diga o
quanto é difícil interpretar esses comportamentos, associando-os à
idade. A sintomatologia esquizofrênica se apresenta demasiada
abrangente, sendo uma síndrome com grande componente fisiológico, com a
presença marcante das alucinações e dos delírios. O comportamento,
frequentemente, fica condicionado às ideias delirantes paranoides e às
alucinações auditivo-verbais que os doentes, geralmente, apresentam.
Pouco
se sabe sobre essa doença e, ante o desafio terapêutico, o máximo que
se consegue é obter controle dos sintomas com os antipsicóticos. Faz,
apenas, um pouco mais de 10 anos que a Organização Mundial de Saúde
editou critérios objetivos e claros para a realização do diagnóstico da
esquizofrenia. As causas do processo patogênico são um mosaico: a única
coisa evidente é a constituição pluricausal da doença. Isso inclui
mudanças na química cerebral [a atividade dopaminérgica é muito elevada
nos indivíduos esquizofrênicos], fatores genéticos e mesmo alterações
estruturais.
Na atualidade, alguns
neurotransmissores vêm sendo colocados na implicação da fisiopatologia
dessa doença, tais como a serotonina e a noradrenalina. Do ponto de
vista fisiológico, e apesar das grandes descobertas já realizadas até
aqui, no campo dos mecanismos etiopatogênicos, é preciso considerar que o
arsenal, ainda, não se esgotou. Isso porque, afora as contribuições
psicossociais, há que se levar em consideração o Espírito imortal,
agente causal fundamental. Segundo Jung, "A investigação da
esquizofrenia constitui uma das tarefas mais importantes da psiquiatria
futura. O problema encerra dois aspectos: um fisiológico e um
psicológico... "(1)
É importante frisar que a
Esquizofrenia tem cura. Até bem pouco tempo, pensava-se que era
incurável e que se convertia, obrigatoriamente, em uma doença crônica e
para toda a vida. Atualmente, entretanto, sabe-se que uma porcentagem de
pessoas que sofre desse transtorno pode recuperar-se por completo e
levar uma vida normal, como qualquer outra. Algumas, com quadros mais
graves, apesar de dependerem de medicação, chegam a melhorar até o ponto
de poderem desempenhar bem seu ofício, casar e constituir família. O
matemático norte-americano, John Nash, que, em sua juventude, sofria de
esquizofrenia, conseguiu reverter sua situação clínica e ganhar o Prêmio
Nobel de Ciências Econômicas, em 1994.
Percebe-se,
atualmente, certo conflito entre a ala conservadora da Psiquiatria e o
Espiritismo, que tomou vulto entre nós, em virtude do crescimento do
movimento espírita brasileiro. Na proporção em que o conceito de matéria
se pulverizou nas mãos dos físicos, e atingiu o plano da física
quântica, verificou-se uma nova revolução copernicana, no que tange à
concepção do homem integral. Hoje, há grande número de psiquiatras
espíritas que estabelece o diálogo entre corpo e espírito.
A
propósito, as doenças são do corpo ou da alma? Encontramos, em "O Livro
dos Espíritos", parte II, capítulo VII, que "a matéria é apenas o
invólucro do Espírito. Unindo-se ao corpo, o Espírito conserva os
atributos de natureza espiritual; que o exercício das faculdades do
Espírito depende dos órgãos que lhes servem de instrumento." (2) Traz o
Espírito certas pré-disposições ao renascer. O princípio das faculdades
está no Espírito e não nos órgãos. Na visão espírita,
"esquizofrênicos"são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por
habitarem corpos, cujos órgãos comprometidos os impedem de se
manifestarem plenamente.
As enfermidades
fisiopsíquicas são efeitos e não causas: Tanto as distonias mentais
quanto as doenças orgânicas expressam os resultados de ações
desequilibradas do Espírito, cuja conduta negativa prejudica,
primeiramente, o próprio autor, abrindo zonas mórbidas em seu psiquismo,
refletindo-se no seu perispírito e registrando-se no corpo físico em
reencarnações posteriores. "A mente transmite ao carro físico, a que se
ajusta durante a encarnação, todos os seus estados felizes ou infelizes,
equilibrando ou conturbando o ciclo de causa e efeito..."(3) Portanto, é
uma patologia que guarda a sua origem profunda no Espírito que
delinquiu. É mister levar em conta a influência negativa, através da
obsessão, o que contribui para o agravamento do quadro e para o
surgimento de outras disfunções características do transtorno. Por isso
mesmo, é preciso vê-la como sendo um processo misto de natureza
espiritual, fisiológica, obsessiva e com influências psicossociais.
A
divisão da mente, a diluição da memória, o afastamento da realidade
parecem denunciar uma espécie de nostalgia psíquica que determina a
inadaptação do espírito à realidade atual. Podem ocorrer casos típicos
de auto-obsessão nas modalidades variáveis da Esquizofrenia. Os casos se
agravam com a participação de entidades obsessoras, geralmente atraídas
pelo estado dos pacientes. Este é motivo relevante para a prática da
desobsessão.
Psiquiatria e Espiritismo podem
ajudar-se, mutuamente, ao que parece, em futuro bem próximo. Não há
razão para que a Psiquiatria condene os processos espíritas no
tratamento dos casos de obsessão e auto-obsessão. É muito importante
ampliar o entendimento das causas originais da esquizofrenia e
considerar imprescindível o tratamento espiritual [desobsessão, passe,
água fluidificada, oração] oferecido pela Doutrina Espírita, com base
nos ensinamentos do Cristo, que, um dia, inevitavelmente, constará nas
propostas científicas para o tratamento de todas as doenças humanas.
FONTES:
(1)Jung, Carl Gustav. Psicogênese das Doenças Mentais, RJ: Editora Vozes, 1999
(2)Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB , 1999, parte II, capítulo VII
(3)Xavier,
Francisco Cândido e Vieira Waldo. Evolução em Dois Mundos, Ditado pelo
Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB 2003
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