sábado, 17 de janeiro de 2015

PRECONCEITOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA por Ivone Molinaro Ghiggino

Numa viagem aérea, uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos, ao ocupar seu lugar na classe econômica, viu que o passageiro a seu lado era negro. Visivelmente perturbada, chamou a comissária de bordo, dizendo-lhe ser um absurdo terem-na colocado ao lado de um negro. Portanto, exigia umamudança de assento... A aeromoça procurou acalmá-la, e afirmou que ia verificar a disponibilidade delugares no avião. Voltou, em seguida, confirmando que a classe econômica e a executiva estavam lotadas; contudo, havia um lugar livre na 1ª classe. Explicou que essa troca de lugares não erapermitida, mas que, tendo em vista as circunstâncias, o comandante considerou que seria inadmissívelobrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa desagradável. Então, ante a surpresa da mulherbranca, atenciosamente dirigiu-se ao senhor negro, convidando-o a ocupar a poltrona da 1ª classe!... E foi aplaudida pelos outros passageiros...

Embora com elogiável desfecho, eis aí um terrível exemplo de preconceito, que é “qualquer opinião ousentimento, favorável ou desfavorável, concebido sem exame crítico, conhecimento ou razão, isto é, formado antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos”; é uma “idéiapreconcebida”, que leva à aversão e à intolerância a outras raças, credos, religiões, etc., conduzindoaté a entranhadas superstições.

Infelizmente, existe também entre crianças: numa Creche Municipal, em Salvador, a professora trouxepara a sala de aula bonecos com vários tons de pele e fotos de pessoas de características físicasdiferentes. Uma das crianças, Brenda, com 3 anos e meio, apontou a fotografia de uma menina negra, e disse que era “feia’; quando a professora lhe perguntou “por que era feia?”, ela respondeu “porqueela é igual a mim!...”

Absurdamente, vários desses conceitos que numerosas pessoas assumem como seus, foram-lhes transmitidos de geração em geração, habitualmente sem justificação plausível que os ampare comolegítimos: “todo cigano é ladrão”, “todo judeu é avarento”, “os índios são improdutivos e preguiçosos”(preconceitos étnicos); “mulher ao volante é um perigo”; “o velho está ultrapassado”, etc...

Dizem os psicólogos que os preconceitos geralmente estão ligados a três causas, que claramente se inter-ligam: a ignorância (falta de conhecimento sobre determinado assunto), invariavelmente acompanhada de teimosia, que é sua “escrava fiel”; o medo (o milenar da lepra, o da aids, o de tudoque é diferente ou desconhecido, etc.); e, finalmente, o orgulho. Como vemos, a base geral é sempre aignorância.

E as conseqüências são terríveis, levando à discriminação, à marginalização, à violência, aantagonismos que conduzem a débitos dolorosos... (exemplo: a 11 de maio deste ano, a internettransmitiu notícia do Estado indiano de Gujarat, onde um homem, tornando-se pai de gêmeas, considerou que, por serem meninas, era sinal de má sorte; assim, matou-as ao enterrá-las vivas!...)

O Espiritismo aniquila qualquer forma de preconceito, através de seguros e comprovados esclarecimentos: Deus é “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (L. Espíritos, # 1); os espíritos (nós) fomos todos criados “simples e ignorantes, isto é, sem saber” (idem, # 115); todostemos o mesmo destino: a felicidade absoluta, através da conquista da perfeição relativa (nuncaseremos iguais a nosso Criador), alcançada paulatinamente nas diversas encarnações; todos com as mesmas oportunidades de aprendizado e progresso; reencarnaremos seguindo planejamento préviovisando resgatar erros pretéritos, ultrapassar provas pedidas e realizar as missões - ainda pequenas -que nos cabem (idem, # 132: objetivo da encarnação); desse modo, em cada encarnação vivenciamos determinadas situações (financeira, social, física, familiar, etc.), exatamente as que nos sãonecessárias ao aprendizado e à evolução; Deus ama a todos os seus filhos igualmente, sem“protecionismo” (nada de “anjos”, “demônios”, etc.).

Por conseguinte, somos todos iguais, irmãos (L. Espíritos: “Da Lei de Igualdade”); apenas assituações se invertem nas diferentes encarnações, para nosso crescimento espiritual. Preconceito é anti-evangélico, irracional, absurdo! A convicção lógica na reencarnação e a certeza da justiça e doamor divino o destroem!...

O Espiritismo, “Cristianismo Redivivo”, ensina-nos que o valor real de cada um de nós não está na aparência, mas no que pensamos, sentimos e agimos acorde com as leis divinas, seguindo os ensinosdo Cristo, que é para nós “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Numa quermesse em pequena cidade da Amazônia, um senhor vendia balões de cores variadas; bom vendedor, para chamar a atenção dascrianças, deixou um balão vermelho se soltar e elevar-se nos ares, depois um azul e um branco. Umindiozinho a tudo assistia fascinado, observando que o balão amarronado, da cor de sua pele, não erasolto. Foi ao vendedor e indagou: “Se o senhor soltasse o marrom, ele subiria também?” O vendedorsorriu, e soltando o dito balão, respondeu: “Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o fazsubir.” É isso mesmo! Busquemos a verdade que anulará o medo e destruirá o orgulho, pois somostodos “balões-irmãos” elevando-nos rumo Pai, nosso Criador!

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