segunda-feira, 1 de setembro de 2014

CENTRO ESPÍRITA TEM DONO? Warwick Mota

"Dá conta de tua administração."- Jesus. (Lucas, 16:2.)
Procurando subsídios para uma palestra, folheava o livro Os Mensageiros ¹, quando me detive de forma mais demorada no capitulo 34 intitulado "Oficina de Nosso Lar". O que alguns anos atrás não me chamou a devida atenção ao ler o livro, desta feita me prendeu de forma especial, mas especificamente à frase em que Isidoro se dirige hospitaleiro a André Luiz:
"Entrem!
A casa pertence a todos os cooperadores fieis do serviço cristão"
Tal assertiva nos reportou-me imediatamente a um diálogo que tive com um confrade amigo meu, acerca da construção de um Centro Espírita, em que o mesmo fazia questão de afirmar a todo o momento; vou construir o meu próprio Centro. Pois não se encontrava muito à vontade na instituição a que pertencia.
Tais afirmações, levou-me fazer, uma análise do assunto.
Alguns irmãos, ao se sentirem melindrados por algum motivo nas instituições a que pertencem, libertam sentimentos negativos, como, o egoísmo e o personalismo e saem a falar em altos brados: Vou fundar o meu próprio centro. Não estou colocando em questão a iniciativa altruísta cristã de construir um centro, mas sim a ênfase dada ao pronome possessivo MEU, que nos dá a clara idéia de posse.
E estes irmãos, após terem construído os "seus centros," usam de forma mal disfarçada do termo MEU, para imporem regras e empecilhos aos que desejam integrar-se às tarefas enobrecedoras da casa, colocando explicitamente o personalismo nas tarefas que foram distribuídas anteriormente. Quando estes donos, presidentes e detentores também de outras tarefas e "cargos" da casa, são procurados por trabalhadores da instituição que discordam das suas linhas de pensamento, fazem prevalecer as suas condições de "donos de Centro" e suas opiniões se sobrepõe a tudo. Quem não estiver satisfeito que procure outra casa, aqui eu mando.
Esquecem porém que um grupo espírita é um templo aberto à necessidade e à indagação de todas as criaturas, que não se resume, simplesmente, a simples propriedade particular, mas na sua profundidade maior, à condição de escola de amor cristão, de hospital, de oficina de trabalho e, especialmente, de nossos irmãos desencarnados, que trabalham para o Cristo. Tais lembranças reportam-me a ensinamentos de Emmanuel, no livro Fonte Viva, "Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura detém possibilidades enormes no plano em que moureja".
1 - Os Mensageiros, livro da série André Luiz (FEB)
(Publicado na revista O Espírita em 1995 e reproduzido do site do autor com sua autorização)

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