"Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado. Não sabemos como dar esses qualificativos aos que julgam "a priori", levianamente, sem tudo ter visto; que não imprimem a seus estudos a continuidade, a regularidade e o recolhimento indispensáveis. Ainda menos saberíamos dá-los a alguns que, para não decaírem da reputação de homens de espírito, se afadigam por achar um lado burlesco nas coisas mais verdadeiras, ou tidas como tais por pessoas cujo saber, cujo caráter e convicções, lhes dão direito à consideração de quem quer que se preze de bem-educado. Abstenham-se, portanto, os que entendem não serem dignos de sua atenção os fatos. Ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros."
O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá. (...)".
Allan Kardec foi quem fez essa importante colocação em "O Livro dos Espíritos", Capítulo VIII-Introdução, o que consideramos um alerta para os que, ao se aproximarem do Espiritismo, o julgariam ou o questionariam sem o devido estudo prévio.
Na nossa vida diária como espíritas, acostumamo-nos a conversar com as pessoas que estão se aproximando do Espiritismo e sermos bombardeados por uma série de perguntas, as quais geram respostas que intrigam aqueles que as fazem. Somos da opinião de que, em qualquer crença, as respostas às seguintes questões deveriam ser dadas com muita clareza: "O que somos? De onde viemos? Para aonde iremos? O que é Deus? Devo ser bom? Por quê?..." e assim por diante.
Recorreremos, ainda, às palavras de Bruno Bertocco, em seu livro intitulado "Deus":
"O que toda criatura desapaixonada, equilibrada, sincera e honesta deve fazer, antes de julgar qualquer coisa, de fazer suas críticas a respeito, de negá-la ou aceitá-la, é, inicialmente, adquirir as respectivas informações concernentes à sua existência, aproximar-se para o devido reconhecimento da sua natureza, através da pesquisa e do estudo dos fatores relacionados à sua causa, ou dos fenômenos produzidos pelas forças originárias da parte fundamental, podendo, dessa forma, com conhecimento de causa, tirar suas conclusões, baseadas nos fatos, e formular seu veredicto com justeza, a respeito de tal coisa."
Muitas pessoas aproximam-se do Espiritismo pelos mais variados motivos. No entanto, poucas conseguem perseverar no estudo necessário para entendê-lo: ficam à margem, deslumbrados por alguns de seus aspectos e com grandes dúvidas sobre outros.
É por isso que o Movimento Espírita tem enfatizado, ao longo do tempo, a necessidade da implantação do estudo sistematizado da Doutrina Espírita em cada centro espírita. Lembrando o memorável Herculano Pires (1914-1979), o Espiritismo ainda continua um "desconhecido", e, a maioria, movida pela ânsia de soluções imediatistas, ainda não busca uma nova filosofia de vida, a par de uma explicação para o porquê "do ser, do destino e da dor".
O slogan "Comece pelo Começo", utilizado nas campanhas promovidas pela USE-União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, tendo como figura nos cartazes as obras da Codificação - "O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e O Inferno, e A Gênese" -, pode parecer óbvio. No entanto, constatamos que muitas pessoas que são espíritas, ou as que estão estudando o Espiritismo há algum tempo, não começaram pelo começo; muitas vezes, nem o "O Livro dos Espíritos" chegaram a ler. Ora, não há nada mais aconselhável, se quisermos de fato estudar o Espiritismo: começar pelo começo, e o começo é a Codificação.
Depois de Allan Kardek - o Codificador do Espiritismo -, podemos citar autores importantes, tais como: Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Camille Flamarion, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Eliseu Rigonatti, Yvonne A. Pereira, Hermínio C. Miranda, Martins Peralva, Cairbar Schutel, Richard Simonetti e muitos outros, além, é claro, dos autores espirituais Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Manoel Philomeno de Miranda e vários outros.
Há muito para ler e estudar. Assim, torna-se necessária uma boa organização por parte daquele que vai estudar o Espiritismo, para não empregar o tempo de forma equivocada, seja não começando realmente pelo começo, ou mesmo lendo obras "pseudo-espíritas" ou controvertidas, sem pureza doutrinária. Portanto, que cada um possa analisar sua posição, de forma a encontrar o caminho verdadeiramente correto.
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