Toda vez em que a culpa não emerge de
maneira consciente, são liberados conflitos que a mascaram, levando a
inquietações e sofrimentos sem aparente causa.
Todas as criaturas cometem erros de maior
ou menor gravidade, alguns dos quais são arquivados no inconsciente,
antes mesmo de passarem por uma análise de profundidade em torno dos
males produzidos, seja de referência à própria pessoa ou a outrem.
Cedo ou tarde, ressumam de maneira
inquietadora, produzindo mal-estar, inquietação, insatisfação pessoal,
em caminho de transtorno de conduta.
A culpa é sempre responsável por vários processos neuróticos, e deve ser enfrentada com serenidade e altivez.
Ninguém se pode considerar irretocável enquanto no processo da evolução.
Mesmo aquele que segue retamente o
caminho do bem está sujeito a alternância de conduta, tendo em vista os
desafios que se apresentam e o estado emocional do momento.
Há períodos em que o bem-estar a tudo
enfrenta com alegria e naturalidade, enquanto que, noutras ocasiões, os
mesmos incidentes produzem distúrbios e reações imprevisíveis.
Todos podem errar, e isso acontece
amiúde, tendo o dever de perdoar- se, não permanecendo no equívoco, ao
tempo em que se esforcem para reparar o mal que fizeram.
Muitos males são ao próprio indivíduo
feitos, produzindo remorso, vergonha, ressentimento, sem que haja
coragem para revivê-los e liberar-se dos seus efeitos danosos.
Uma reflexão em torno da humanidade de
que cada qual é possuidor permitir-lhe-á entender que existem razões que
o levam a reagir,quando deveria agir, a revidar, quando seria melhor
desculpar, a fazer o mal, quando lhe cumpriria fazer o bem…
A terapia moral pelo autoperdão impõe-se
como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o
respeito por si mesmo.
Torna-se essencial, portanto, uma
reavaliação da ocorrência, num exame sincero e honesto em torno do
acontecimento, diluindo-o racionalmente e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e mantenha- se em estado de paz interior.
O autoperdão é essencial para uma existência emocional tranquila.
Todos têm o dever de perdoar–se, buscando
não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando- se dos cipós
constringentes do remorso.
Seja qual for a gravidade do ato infeliz,
é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o
bom humor e a alegria de viver.
Em face do autoperdão, da necessidade de
paz interior inadiável, surge o desafio do perdão ao próximo, àquele que
se tem transformado em algoz, em adversário contínuo da paz.
Uma postura psicológica ajuda de maneira
eficaz e rápida o processo do perdão, que consiste na análise do ato,
tendo em vista que o outro, o perseguidor, está enfermo, que ele é
infeliz, que a sua peçonha caracteriza-lhe o estado de inferioridade.
Mediante este enfoque surge um sentimento
de compaixão que se desenvolve, diminuindo a reação emocional da
revolta ou do ódio, ou da necessidade de revide, descendo ao mesmo nível
em que ele se encontra.
O célebre cientista norte-americano
Booker T. Washington, que sofreu perseguições inomináveis pelo fato de
ser negro, e que muito ofereceu à cultura e à Agricultura do seu país,
asseverou com nobreza: Não permita que alguém o rebaixe tanto a ponto de
você vir a odiá-lo.
Desejava dizer que ninguém deve aceitar a
ojeriza de outrem, o seu ódio e o seu desdém a ponto de sintonizar na
mesma faixa de inferioridade.
Permanecer acima da ofensa, não deixar-se atingir pela agressão moral constituem o antídoto para o ódio de fácil irrupção.
Sem dúvida, existem os invejosos, que se
comprazem em denegrir aquele a quem consideram rival, por não poderem
ultrapassá-lo; também enxameiam os odientos, que não se permitem
acompanhar a ascensão do próximo, optando por criar-lhes todos os
embaraços possíveis; são numerosos os poltrões que detestam os
lidadores, porque pensam que os colocam em postura inferior e se
movimentam para dificultar-lhes a marcha ascensional; são incontáveis
aqueles que perderam o respeito por si mesmos e auto-realizam-se
agredindo os lidadores do dever e da ordem, a fim de nivelá-los em sua
faixa moral inferior…
Deixa que a compaixão tome os teus
sentimentos e envolve-os na lã da misericórdia, quanto gostarias que
assim fizessem contigo, caso ainda te detivesses na situação em que eles
estagiam.
Perceberás que um sentimento de
compreensão, embora não de conivência com o seu erro, tomará conta de
ti, impulsionando-te a seguir adiante, sem que te perturbes.
Sob o acicate desses infelizes, aos quais
tens o dever de compreender e de perdoar, porque não sabem o que fazem,
ignorando que a si mesmos se prejudicam, seguirás confiante e
invencível no rumo da montanha do progresso.
Ninguém escapa, na Terra, aos processos
de sofrimento infligido por outrem, em face do estágio espiritual em que
se vive no Planeta e da população que o habita ainda ser constituída
por Espíritos em fases iniciais de crescimento intelecto-moral.
Não te detenhas, porque não encontres
compreensão, nem porque os teus passos tenham que enfrentar armadilhas e
abismos que saberás vencer, caso não te permitas compartilhar das
mesmas atitudes dos maus.
Chegarás ao termo da jornada vitoriosamente, e isso é o que importa.
O eminente sábio da Grécia, Sólon,
costumava dizer que nada pior do que o castigo do tempo, referindo-se às
ocorrências inesperadas e inevitáveis da sucessão dos dias. Nunca se
sabe o que irá acontecer logo mais e como se agirá.
Dessa forma, faze sempre todo o bem,
ajuda-te com a compaixão e o amor, alçando-te a paisagens mais nobres do
que aquelas por onde deambulas por enquanto.
Perdoa-te, portanto, perdoando, também, ao teu próximo, seja qual for o crime que haja cometido contra ti.
O problema será sempre de quem erra, jamais da vítima, que se depura e se enobrece.
Pilatos e Jesus defrontaram-se em níveis morais diferentes.
A astúcia e a soberba num, a sua glória mentirosa e a sua fatuidade desmedida.
A humildade real, a grandeza moral e a
sabedoria profunda no outro, que era superior ao biltre representante do
poder terreno de César.
Covarde e pusilânime, Pilatos não lhe viu
culpa, mas não o liberou, porque estava embriagado de ilusão sensorial,
lavando as mãos,em torno da Sua vida, porém, não se liberando da
responsabilidade na consciência.
Estóico e consciente Jesus aceitou a
imposição arbitrária e infame,deixando-se erguer numa cruz de madeira
tosca, a fim de perdoar a todos e amá-los uma vez mais, convidando-os à
felicidade.
Perdoa, pois, e autoperdoa-te!
Pelo Espírito de: Joanna de Ângelis
Página psicografada na sessão da noite de 4 de janeiro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,Bahia.
Psicografia de: Divaldo P. Franco
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