“ É o homem,por sua própria vontade,
quem forja as próprias cadeias, é ele quem tece, fio por fio, dia a dia,
do nascimento à morte, a rede de seu destino.”
Léon Denis
Léon Denis
Diante de acontecimentos desagradáveis no dia a dia, logo
responsabilizamos a fatalidade e o destino, sem fazer uma maior
reflexão. Mas, será que tudo em nossa vida está predeterminado? Será
que o nosso destino foi traçado? Como entender fatalidade na visão
espírita?
Lemos nos dicionários que fatalidade é a qualidade de fatal. E que
fatal é o determinado, o marcado, o fixado pelo destino. Ou seja, é a
atuação de uma força maior a nos submeter a acontecimentos que
independem de nós e dos quais não podemos escapar. Precisamos refletir e
ver outros pontos importantes em torno desses conceitos. Sendo a nossa
intenção analisar o assunto dentro da visão espírita, vejamos o que nos
diz O Livro dos Espíritos, Ed. FEB (questão 872):
[…] A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão
prévia e irrevogável de todos os sucessos da vida, qualquer que seja a
importância deles. Se tal fosse a ordem das coisas, o homem seria qual
máquina sem vontade.[…]
Concordamos com essa afirmativa, pois não nos vemos como máquinas. E
se tudo já estivesse escrito, ninguém seria responsável por falta
alguma, tampouco teria mérito por coisa nenhuma. Seríamos meros
fantoches e estaríamos à mercê do destino, o que nos parece incompatível
com o conceito de Justiça Divina que os Espíritos nos apresentam.
Fatal, na verdadeira acepção da palavra, só é o fato de que vamos um
dia biologicamente morrer, pois, quanto às outras coisas, a cada momento
estamos transformando. Entendemos que o destino é quase sempre a
consequência de nossas atitudes mentais e comportamentais, das escolhas
que fazemos utilizando o nosso livre-arbítrio. Esse raciocínio encontra
explicação em O Livro dos Espíritos, no qual a Espiritualidade diz
(questão 859 a):
[…] Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito,
como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequência
de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não
o houvesse praticado, o acontecimento não se teria dado. […]
Contudo, fatalidade não é uma palavra vã, ela está presente no gênero
de existência que nós escolhemos como prova, expiação ou missão, antes
de reencarnações, pois há escolhas quase impossíveis de serem alteradas,
como as doenças congênitas, por exemplo. Conforme lemos na questão
851, também de O Livro dos Espíritos:
A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao
encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu
para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em
que vem a achar-se colocado. […]
Com o uso do livre-arbítrio, temos a liberdade de alterar as escolhas
feitas ainda na Espiritualidade, pois tanto podemos aproveitá-las com
resignação e superação, quanto nos revoltar, perdendo assim a
oportunidade de aperfeiçoamento que estamos vivendo.
O Espiritismo nos ensina a ver nos acontecimentos negativos e
perturbadores muito mais que fatalidade e destino; ensina-nos a ver a
consequência de nossas escolhas equivocadas, não apenas de outras
encarnações, mas, também, da atual. Ensina, ainda, que por mais
difíceis que se apresentem as situações, nós somos senhores dos nossos
destinos e podemos com o uso do livre-arbítrio alterar as nossas
escolhas, para trazermos o melhor à nossa existência.
Autor (a): José Antonio Ferreira da Silva
Reformador (Revista de Espiritismo Cristão) – Federação Espírita Brasileira –
Ano: 127 – Nº 2.159 – Páginas: 40 à 41 – Fevereiro/2009
Reformador (Revista de Espiritismo Cristão) – Federação Espírita Brasileira –
Ano: 127 – Nº 2.159 – Páginas: 40 à 41 – Fevereiro/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário